sábado, 6 de setembro de 2014

Mídia usa "delação" para ajudar Aécio

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

A última sexta-feira foi permeada por especulações e até pânico da classe política por conta do conteúdo dos depoimentos que o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto da Costa – preso em março pela Polícia Federal no âmbito da Operação Lava Jato – vem dando após acordo de “delação premiada” que fez com o Ministério Público e a Justiça.

Costa propôs acordo de “delação premiada” que pode lhe valer a quase absolvição dos crimes cometidos. Por esse acordo, tem que denunciar envolvidos em um suposto esquema de corrupção que haveria na Petrobrás. Tem que denunciar, sobretudo, políticos envolvidos.

O vazamento do que Costa está afirmando em sua “delação premiada” é uma irresponsabilidade da mídia, com destaque para o papel da Veja – sempre ela – no que, aliás, é uma ilegalidade.

Para os que acham que contra o PT vale-tudo, porém, convém refletir sobre o denunciante.

Quando Costa foi preso, em março, a Polícia Federal encontrou em sua residência 180 mil dólares e 720 mil reais – tudo em espécie. Além disso, o ex-executivo da Petrobrás ganhou um caro automóvel Land Rover do doleiro Alberto Yousseff, também preso nessa operação da PF e condenado no caso Banestado.

Costa teme acabar como Marcos Valério, que pode terminar seus dias na cadeia. O acordo de delação premiada pode salvá-lo desse destino; sua pena seria praticamente extinta. Porém, delatando supostos comparsas ou não esse indivíduo é um criminoso e tudo que disser no âmbito do acordo que fez com as autoridades é suspeito até prova em contrário.

O que Costa está dizendo terá que ser tudo muito bem checado porque alguém como ele pode mentir para prejudicar quem ele julga que não o apoiou ou para preservar quem acha que vale a pena, por esta ou aquela razão. Ou seja: enquanto as “delações” do sujeito não forem verificadas, tudo que está dizendo é suspeito.

O processo de verificação dessas informações deve levar meses e terminará muito depois das eleições em segundo turno. Neste momento, portanto, os meios de comunicação que estão divulgando nomes e partidos dos acusados por Costa estão sendo irresponsáveis e agindo com claro objetivo eleitoral.

Como sempre, coube à Veja, de forma criminosa e eleitoreira, divulgar o conteúdo não verificado das denúncias do ex-diretor da Petrobrás. E para saber o que Veja pretende o leitor nem precisa se submeter à pena de ler aquele lixo de publicação. Na porta da Veja há uma lixeira que chamam de blog do Reinaldo Azevedo que já delata a intenção da revista.




Por contraditório que pareça, as denúncias de Veja são sempre muito “transparentes” quanto a suas intenções, ainda que esse não seja o objetivo da revista. Nesse caso em particular, a “transparência” é gritante. Um outro trecho do post de Azevedo sobre a denúncia da revista que o emprega, deixa tudo ainda mais claro.

“(…) VEJA teve acesso a parte do depoimento de Paulo Roberto e traz reportagens exclusivas na edição desta semana, com a lista dos nomes citados por Paulo Roberto. Entre eles, estão cabeças coroadas da política brasileira, como o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu numa acidente aéreo no dia 13 de agosto (…) Uma coisa é certa: as revelações de Paulo Roberto atingem em cheio as duas candidatas que lideram a disputa pela Presidência da República: Dilma, por razões óbvias, e Marina, por razões menos óbvias, mas ainda assim evidentes. Ela é a atual candidata do PSB à Presidência. Confirmadas as acusações de Paulo Roberto, é de se supor que o esquema ajudou a financiar as ambições políticas de Campos, de que ela se tornou a herdeira (…)”

Precisa dizer mais? É óbvio que o vazamento de supostas declarações de Costa às autoridades visa matar dois coelhos com uma cajadada só.

Não se tem garantia de não haver tucanos ou demos envolvidos nas “denúncias” de Costa. O vazamento das informações pode ser seletivo ou, pior, Costa pode estar mentindo, inventando acusações para ter o que oferecer às autoridades em troca de sua liberdade.

Essa é a última cartada que a mídia tucana tem para tentar reverter o que lhe constitui um verdadeiro desastre político, ou seja, a eleição presidencial ficar restrita entre duas candidatas que, por razões distintas, não lhe interessa.

Não, Marina não interessa à mídia. Aliás, a tucanérrima imprensa paulista tem produzido crescentes colunas, artigos e editoriais anti Marina. O Estadão já divulgou editorial atacando a “fadinha da floresta”, Reinaldo Azevedo e congêneres vêm batendo pesado nela, dizendo-a “até pior” do que Dilma. Neste sábado, a Folha, em editorial, também atacou a candidata do PSB.

As razões da tucanérrima imprensa paulista para temer Marina explicam-se pela charge do blogueiro, no alto da página. Ainda que o banco Itaú tenha escrito o programa de governo de Marina, ela, assim como o PSOL e o PSTU, esteve por trás dos protestos tresloucados de 2013 e deste ano. No fim, os sócios “de esquerda” desse consórcio ficaram a ver navios e Marina foi quem lucrou.

Seja como for, as relações pretéritas de Marina com a esquerda e suas sistemáticas idas e vindas sobre vários assuntos estão metendo medo na direita midiática, apesar do aval do Itaú e de um economista cabeça-de-planilha que assessora a candidata do PSB.

Por que Veja cuidou de atingir Dilma e Marina? Porque se focasse só em Dilma a beneficiária seria Marina. Atacando a ambas, a mídia acredita que o beneficiário natural será Aécio. Pode até não ser suficiente para levá-lo de volta ao segundo lugar, mas a ideia é vitaminar o tucano para que o PSDB não eleja só meia dúzia de deputados. É simples assim.

1 comentários:

Missionária e Escritora Ester Neves disse...

Dilma, mulher de mãos limpas, SIM!
Fosse corrupta não buscava criar condições para promover um governo transparente. Teria feito como FHC, que a primeira coisa que fez foi acabar com a CEI (Comissão Especial de Investigação), criada por Itamar Franco - para subsidiá-lo com informações a respeito desse cancro - demonstrando que um governo transparente não estava em seus planos.
Corrupção não se acaba por decreto, nem com atividades messiânicas, ou com a utilização de bola de cristal. Para continuar lendo acesse:
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