sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Juros e a pressão total contra o Brasil

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:



O que explica a “revolta” do mercado à decisão do Banco Central de não elevar (mais) a taxa de juros?

Não é, sequer, a primeira vez que faz isso.

É o mesmo que faz desde que a Selic chegou aos mesmos 14,25% ao mês, o que quer dizer que não se trata de qualquer heterodoxia.

Em novembro, ainda com Joaquim Levy na Fazenda, tomou-se a mesmíssima decisão, pelos mesmos seis votos a dois e com os votos contrários dos mesmos conselheiros (Tony Volpon e Sidnei Corrêa Marques, diretores do BC) que votaram, outra vez, contra, na reunião de ontem.

(Parêntesis quase ao vivo. Comentário desonesto de Míriam Leitão, que sabe muito bem disso, cita o fato de dois votos contrários como fonte de “suspeita” de politicagem na decisão do BC).

Alguém terá a cara-de-pau de negar que o quadro de ameaça inflacionária não era o mesmo, então?

O que mudou, então, a ponto de alguns energúmenos dizerem que “O BC perdeu credibilidade” e que a a insensata escalada ao céu (céu dos especuladores, inferno dos empreendedores e consumidores) dos juros chegou ao seu limite, por ser, nas palavras do Prêmio Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o que “está matando a economia brasileira”, ao lado da crise mundial?

Mudou aquilo que significava a presença de Joaquim Levy no Ministério da Fazenda: o fato de que o país não vai seguir apostando num arrocho cada vez maior como forma (que se provou suicida) como forma de sanear o déficit público, pela única razão de que ela não funciona.

Não se vai curar uma inflação que é feita de custos (mercado menor, custo maior; energia e, sobretudo, o custo do dinheiro, que são os juros) e de pessimismo econômico com mais custo e mais pessimismo.

O gráfico dos juros reais, que publico no alto do post, dá – até visualmente – o tamanho da insensatez de fazer-se nova elevação dos juros reais.

E como isso se fará, na prática?

O primeiro passo, quase que com toda a certeza, será naquilo que tem condições mais rápidas de se espalhar no tecido econômico: a construção civil, que tem um número imenso de obras paralisadas ou se arrastando a passos de cágado.

Reflexo imediato no emprego, pois foi o setor que mais contribuiu, com o corte de 600 mil vagas, para o aumento do do desemprego.

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