Do site da UJS:
Uma onda de ódio assola o país a algum tempo. Detectamos suas consequências e diariamente somos bombardeados com notícias desse tipo. Apenas para citar casos recentes, dessa semana, podemos lembrar o atleta do Palmeiras, Felipe Melo, que ao declarar seu apoio ao xenófobo e preconceituoso, Bolsonaro, ainda chamou os grevistas de “vagabundos” e incitou a violência contra os trabalhadores que lutam pelos seus direitos. Alguns dias depois, na última terça (2), durante manifestação contra a imigração no país, integrantes de um grupo de extrema direita saudaram a brutalidade da PM contra um grupo de refugiados que reside no país, e gritaram coisas como “comunistas tem que morrer”.
Cenas e atitudes que em um passado recente eram inimagináveis em nosso país, como atos xenófobos, por exemplo, passam a fazer parte do nosso cotidiano. Mas de onde vem todo esse ódio? Esse comportamento já estava em gestação de alguma forma que parte da esquerda e dos que lutam por direitos humanos não perceberam?
Os fatores que apontam para os rumos que o Brasil tomou são muitos. Para Renata Mielli, do Barão de Itararé e coordenadora do FNDC, “a mídia hegemônica, os meios de comunicação de massa, as principais emissoras de televisão comercial, algumas revistas e jornais, e os portais de Internet ligados a esses meios de comunicação, tem adotado nos últimos anos uma postura não jornalística na cobertura dos fatos. É uma postura politizada, sem isenção, sem busca de uma objetividade jornalística. A cobertura que tem sido feita por esses meios de comunicação é amplamente seletiva e impregnada de preconceitos e com focos de criminalização tanto da política quanto dos movimentos sociais, mas em particular de um setor da política, que é o setor da esquerda. Ao adotar essa cobertura seletiva e politizada, sem isenção, ela vai contribuindo e sendo determinante para radicalizações de visões na sociedade, uma radicalização que leva a extremos e que alimenta o discurso do ódio e a intolerância que temos visto frequentemente na sociedade brasileira”.
E para detectarmos essa seletividade da mídia apontada por Mielli, basta pararmos em uma banca de jornal ou zapearmos os principais noticiários de TV aberta no país. A manipulação é escancarada. Ainda segundo Renata, a mídia cumpre um papel de intermediação nas sociedades atuais, construindo uma “narrativa a partir de uma visão única de sociedade e que não contribui para a formação de um senso crítico, para ponderações de posições, não contribui para o diálogo e nesse contexto acaba sendo instrumento de disseminação do discurso do ódio e intolerância”, completa a coordenadora do FNDC.
Falando na perspectiva da luta pela emancipação das mulheres, nesse contexto de grandes retrocessos e conservadorismo, Maria das Neves, dirigente feminista da UJS, aponta que “ainda somos uma sociedade machista, fruto da cultura patriarcal. A misógina, o ódio as mulheres, é um dos reflexos do momento político que vive o país. O fascismo avança e com ele todas as formas de opressão. Nós, mulheres, somos as primeiras a sofrer as consequências. A Reforma da Previdência, Trabalhista e a terceirização são a prova concreta. Lutar é a única opção!”.
Segundo a antropóloga urbana, Keyllen Nieto, colombiana que vive no Brasil, “a crescente onda de ódio, manifestada cada vez mais violentamente pela extrema direita tem diversas manifestações e repercussões. A intolerância religiosa, a transfobia, homofobia, xenofobia, o cerceamento das práticas democráticas nas escolas e muitas outras pautas sociopolíticas e econômicas passaram a ser escancaradas com a ascensão mundial dá ultra direita e o Brasil não escapa disto. A agenda política do atual governo é um claro exemplo e, contrário ao que um governo democrático e progressista faria, não mostra nenhuma intenção mediadora, pedagógica ou preventiva destas violências. Ao deixar forças sociais polarizadas e cada vez mais antagônicas não se promove o diálogo mínimo e nem as políticas públicas que contemplem as populações mais vulneráveis”.
A presidenta da UNE, Carina Vitral, coloca alguns dos motivos que acredita serem causadores desse cenário “vivemos um período de crise econômica onde as tensões de classe se acirram e isso acontece no mundo todo. A eleição do Trump, o Brexit, o golpe no Brasil e outras demonstrações no mundo todo, mostram que a crise recrudesce as nações”. Como forma de nos contrapormos a essa situação, a antropóloga Keyllen aponta que “como sociedade civil organizada, devemos promover as práticas de diálogo, resolução pacífica de conflitos e solidariedade com as causas que contemplem os direitos humanos”.
Como podemos perceber atualmente, estamos aparentemente caminhando para o lado oposto em todas as esferas e longe das soluções apontadas pelas entrevistadas, e com a crise econômica se aprofundando, o receituário neoliberal, como sempre, é extinguir direitos e promover retrocessos para a população, mas se o cenário não apresenta perspectivas otimistas para nosso campo, as ruas se tornam o espaço onde devemos lutar pelo Brasil que acreditamos e de lá não devemos sair.
Uma onda de ódio assola o país a algum tempo. Detectamos suas consequências e diariamente somos bombardeados com notícias desse tipo. Apenas para citar casos recentes, dessa semana, podemos lembrar o atleta do Palmeiras, Felipe Melo, que ao declarar seu apoio ao xenófobo e preconceituoso, Bolsonaro, ainda chamou os grevistas de “vagabundos” e incitou a violência contra os trabalhadores que lutam pelos seus direitos. Alguns dias depois, na última terça (2), durante manifestação contra a imigração no país, integrantes de um grupo de extrema direita saudaram a brutalidade da PM contra um grupo de refugiados que reside no país, e gritaram coisas como “comunistas tem que morrer”.
Cenas e atitudes que em um passado recente eram inimagináveis em nosso país, como atos xenófobos, por exemplo, passam a fazer parte do nosso cotidiano. Mas de onde vem todo esse ódio? Esse comportamento já estava em gestação de alguma forma que parte da esquerda e dos que lutam por direitos humanos não perceberam?
Os fatores que apontam para os rumos que o Brasil tomou são muitos. Para Renata Mielli, do Barão de Itararé e coordenadora do FNDC, “a mídia hegemônica, os meios de comunicação de massa, as principais emissoras de televisão comercial, algumas revistas e jornais, e os portais de Internet ligados a esses meios de comunicação, tem adotado nos últimos anos uma postura não jornalística na cobertura dos fatos. É uma postura politizada, sem isenção, sem busca de uma objetividade jornalística. A cobertura que tem sido feita por esses meios de comunicação é amplamente seletiva e impregnada de preconceitos e com focos de criminalização tanto da política quanto dos movimentos sociais, mas em particular de um setor da política, que é o setor da esquerda. Ao adotar essa cobertura seletiva e politizada, sem isenção, ela vai contribuindo e sendo determinante para radicalizações de visões na sociedade, uma radicalização que leva a extremos e que alimenta o discurso do ódio e a intolerância que temos visto frequentemente na sociedade brasileira”.
E para detectarmos essa seletividade da mídia apontada por Mielli, basta pararmos em uma banca de jornal ou zapearmos os principais noticiários de TV aberta no país. A manipulação é escancarada. Ainda segundo Renata, a mídia cumpre um papel de intermediação nas sociedades atuais, construindo uma “narrativa a partir de uma visão única de sociedade e que não contribui para a formação de um senso crítico, para ponderações de posições, não contribui para o diálogo e nesse contexto acaba sendo instrumento de disseminação do discurso do ódio e intolerância”, completa a coordenadora do FNDC.
Falando na perspectiva da luta pela emancipação das mulheres, nesse contexto de grandes retrocessos e conservadorismo, Maria das Neves, dirigente feminista da UJS, aponta que “ainda somos uma sociedade machista, fruto da cultura patriarcal. A misógina, o ódio as mulheres, é um dos reflexos do momento político que vive o país. O fascismo avança e com ele todas as formas de opressão. Nós, mulheres, somos as primeiras a sofrer as consequências. A Reforma da Previdência, Trabalhista e a terceirização são a prova concreta. Lutar é a única opção!”.
Segundo a antropóloga urbana, Keyllen Nieto, colombiana que vive no Brasil, “a crescente onda de ódio, manifestada cada vez mais violentamente pela extrema direita tem diversas manifestações e repercussões. A intolerância religiosa, a transfobia, homofobia, xenofobia, o cerceamento das práticas democráticas nas escolas e muitas outras pautas sociopolíticas e econômicas passaram a ser escancaradas com a ascensão mundial dá ultra direita e o Brasil não escapa disto. A agenda política do atual governo é um claro exemplo e, contrário ao que um governo democrático e progressista faria, não mostra nenhuma intenção mediadora, pedagógica ou preventiva destas violências. Ao deixar forças sociais polarizadas e cada vez mais antagônicas não se promove o diálogo mínimo e nem as políticas públicas que contemplem as populações mais vulneráveis”.
A presidenta da UNE, Carina Vitral, coloca alguns dos motivos que acredita serem causadores desse cenário “vivemos um período de crise econômica onde as tensões de classe se acirram e isso acontece no mundo todo. A eleição do Trump, o Brexit, o golpe no Brasil e outras demonstrações no mundo todo, mostram que a crise recrudesce as nações”. Como forma de nos contrapormos a essa situação, a antropóloga Keyllen aponta que “como sociedade civil organizada, devemos promover as práticas de diálogo, resolução pacífica de conflitos e solidariedade com as causas que contemplem os direitos humanos”.
Como podemos perceber atualmente, estamos aparentemente caminhando para o lado oposto em todas as esferas e longe das soluções apontadas pelas entrevistadas, e com a crise econômica se aprofundando, o receituário neoliberal, como sempre, é extinguir direitos e promover retrocessos para a população, mas se o cenário não apresenta perspectivas otimistas para nosso campo, as ruas se tornam o espaço onde devemos lutar pelo Brasil que acreditamos e de lá não devemos sair.
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