Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:
Um dos momentos mais bonitos da sabatina de Bolsonaro na Globo News se deu quando o candidato disparou: “Você sabe que sou apaixonado por você, né, Gabeira?”
Ao final, se animou mais: “Vou dar um abraço hétero no Gabeira agora!”
Conquistou o coração dos bolsominions. Mas Fernando Gabeira é ídolo da extrema direita há algum tempo.
Vou repetir o que escrevi aqui:
Tem um passado na luta armada, sequestrou o embaixador americano Charles Elbrick, vestiu tanga de crochê e hoje é um convertido, alguém que enxergou a luz e abandonou a heresia marxista para ficar ao lado dos cidadãos de bem.
Subiu nos palanques do golpe e posou sorridente com os fascistas do MBL, a quem naturaliza com palavras melífluas.
Em 2017, escreveu que a milícia, “um movimento que se destacou na oposição ao governo de esquerda, tem uma clara opção liberal”.
Àquela altura, qualquer cidadão medianamente informado - e o Gabeira é jornalista - sabia das picaretagens da galera em nome desse liberalismo.
Ele não titubeou em apoiar a intervenção militar no Rio de Janeiro no dia seguinte ao decreto, num artigo que circulou bonito pela hordas bolsonaristas.
“Não tenho o direito de encarar o Exército com os olhos do passado, fixado no espelho retrovisor. Além de seu trabalho, conheci também as pessoas que o realizam”, escreveu, com autoridade auto outorgada em Haiti.
O mesmo Gabeira que passou pano numa farsa arquitetada pela Globo e por um governo corrupto foi convidado pela BBC a falar de Marielle Franco e se saiu com as mesmas relativizações.
Marielle sabia qual era o foco da operação e nunca hesitou em expôr a farsa. Onde ela era firme e determinada, o ex-deputado é um peixe ensaboado.
“Sua morte é um grande desafio e uma grande agressão a todos nós. Independente de posições politicas”, diz ele.
“Não acredito que tenha sido a intervenção militar que a matou. Mas sua morte poderia ser, potencialmente, uma reação à intervenção federal por parte dos setores da polícia que estão sendo atingidos”.
Que setores estão sendo atingidos??
Gabeira vive num mundo à parte, advogando uma causa que tem na execução de Marielle um símbolo de seu fracasso.
As “posições políticas” que ele desdenha fazem, sim, toda a diferença. Não fossem elas, Marielle provavelmente estaria viva.
Gabeira é o epítome do isentão (“Ninguém pode servir a dois senhores”, Mateus, 6:24).
Marielle tinha lado. O MBL tem lado. Gabeira finge que não tem. E, nesse sentido, é mais nocivo que os bolsonaros que abraça.
Ao final, se animou mais: “Vou dar um abraço hétero no Gabeira agora!”
Conquistou o coração dos bolsominions. Mas Fernando Gabeira é ídolo da extrema direita há algum tempo.
Vou repetir o que escrevi aqui:
Tem um passado na luta armada, sequestrou o embaixador americano Charles Elbrick, vestiu tanga de crochê e hoje é um convertido, alguém que enxergou a luz e abandonou a heresia marxista para ficar ao lado dos cidadãos de bem.
Subiu nos palanques do golpe e posou sorridente com os fascistas do MBL, a quem naturaliza com palavras melífluas.
Em 2017, escreveu que a milícia, “um movimento que se destacou na oposição ao governo de esquerda, tem uma clara opção liberal”.
Àquela altura, qualquer cidadão medianamente informado - e o Gabeira é jornalista - sabia das picaretagens da galera em nome desse liberalismo.
Ele não titubeou em apoiar a intervenção militar no Rio de Janeiro no dia seguinte ao decreto, num artigo que circulou bonito pela hordas bolsonaristas.
“Não tenho o direito de encarar o Exército com os olhos do passado, fixado no espelho retrovisor. Além de seu trabalho, conheci também as pessoas que o realizam”, escreveu, com autoridade auto outorgada em Haiti.
O mesmo Gabeira que passou pano numa farsa arquitetada pela Globo e por um governo corrupto foi convidado pela BBC a falar de Marielle Franco e se saiu com as mesmas relativizações.
Marielle sabia qual era o foco da operação e nunca hesitou em expôr a farsa. Onde ela era firme e determinada, o ex-deputado é um peixe ensaboado.
“Sua morte é um grande desafio e uma grande agressão a todos nós. Independente de posições politicas”, diz ele.
“Não acredito que tenha sido a intervenção militar que a matou. Mas sua morte poderia ser, potencialmente, uma reação à intervenção federal por parte dos setores da polícia que estão sendo atingidos”.
Que setores estão sendo atingidos??
Gabeira vive num mundo à parte, advogando uma causa que tem na execução de Marielle um símbolo de seu fracasso.
As “posições políticas” que ele desdenha fazem, sim, toda a diferença. Não fossem elas, Marielle provavelmente estaria viva.
Gabeira é o epítome do isentão (“Ninguém pode servir a dois senhores”, Mateus, 6:24).
Marielle tinha lado. O MBL tem lado. Gabeira finge que não tem. E, nesse sentido, é mais nocivo que os bolsonaros que abraça.
1 comentários:
Tenho grande dificuldades para acreditar em transformações ideológicas radicais que levam alguém a ter uma trajetória como a de Gabeira,Aloisio Nunes ou Mirian Leitão, por exemplo. Para mim, muitos infiltrados não identificados pelas organizações políticas em que atuaram simplsmente despiram-se de seus disfarces, como os usam declaradamente os agentes que se infiltram em outras organizações (esse é um tema recorrente da cinematográfia ocidental, e não se trata de ficção sem referência na realidade). A credibilidade e a confiança das organizações obrigadas a viver na clandestinidade não se conquista facilmente, sabendo-se que,para conquista-la, deve-se participar, muitas vezes, de batismos de fogo, de ações de risco, como, talvez, um sequestro de um embaixador, ou trocas de tiros em uma batalha campal. Muitos infiltrados, informantes de vários níveis, parte da imensa rede montada a partir dos órgãos de inteligência da ditadura, como o Cinemar, simplesmente foram viver suas vidas, como se não tivessem sido colaboradores desses órgãos, dada a pouca invasividade de suas atividades. Certamente, cada qual,em função da importância do papel que cumpriram,receberam sua prometida paga, como uma indicação para um cargo qualquer, um curso nos EUA, etc, sem que nós sequer nos déssemos conta de que estavam sendo pagos por serviços espúrios prestados como arapongas, como poderia ser o caso, por exemplo,de uma hipotética universitária, ligada a um oficial fuzileiro naval, que aceitou namorar um membro de uma organização de esquerda para passar informações ao Cinemar e que,cumprida a missão, termina o relacionamento, simulando o fim da paixão, em um desfecho aparentemente normal. Algo assim certamente nos escaparia dado o seu aparente proselitismo. Outros,agentes mais competentes, puderam continuar funcionando a serviço das mesmas forças que os recrutaram, surgindo como militantes declarados da reação, uns como jornalistas, outros como políticos profissionais, outros como escritores, etc. Tudo isso me parece ser bem mais factível do que alguém arriscar a vida, lutando em defesa dos interesses do povo em tempos de regime fascista, se converter em militante reacionário, em tempos de democracia.Sabemos que não temos provas, mas nós também temos cá as nossas convicções.
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