Por Fernando Brito, em seu blog:
O patético desfile militar pela Praça dos Três Poderes acabou e, de prático, ficou apenas a impressão de ridículo.
Todos sabem que temos um Presidente que sonha um papel de guarda pretoriana.
Todos também já sabemos que temos um Ministro da Defesa que, em apenas quatro anos, escalou de um comando regional do Exército para o de chefe das Três Armas à custa de expedientes políticos junto ao poder: interventor no Rio de Janeiro, depois ministro da Casa Civil e, finalmente, oferecendo-se como alternativa para Bolsonaro apunhalar outros generais: o então ministro Fernando Azevedo e Silva e os então comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica.
Temos de saber, agora, até onde se poderá aceitar que, em nome da hierarquia, se poderá quebrar, como se fez hoje, a disciplina, desvirtuando a rotina militar para servirem, seus blindados, como carros alegóricos das ambições golpistas do presidente, para vibração de suas falanges que saudavam o simulacro de “intervenção militar”.
Há, porém, o que os chefes militares deveriam saber. Perguntas simples, que altos oficiais não tem o direito de evitar.
É possível um golpe sem suporte na mídia, no parlamento, no Judiciário, no poder econômico e, sobretudo, numa conjuntura mundial que o tornaria inaceitável ao mundo?
Se não é, o que pretendem?
Ameaçar com um golpe impossível, senão de ser dado, de ser mantido?
Desgastar a imagem que as Forças Armadas, que se reconstruiu em três décadas de auto-contenção?
Servirem como brinquedinho para um psicopata recalcado, que borbulha de felicidade ao dar ordens abusivas aos generais que, ao contrário dele, seguiram em suas carreiras militares por respeitarem a lei e os regulamentos que ele, quando tenente, desprezava?
Depois desta exibição pueril, vão todos para a caixa, porque ninguém mais, além de Bolsonaro, os quer na praça.
Voltarão a ser usados semana que vem, quando Bolsonaro, o cego de cabeça oca, posará para fotos de capacete e binóculos fazendo o papel de coroa e de visão que ele precisa fingir ter.
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