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O Plano de Governo da candidata Marina Silva propõe uma política externa que reveja as relações do Brasil com os Estados Unidos (EUA) e a União Europeia (EU), no sentido de maior aproximação. O plano é dúbio, bate e sopra na diplomacia de Lula e Dilma, mas se oferece como a melhor opção para os parceiros mais ricos.
Coincidência, talvez, pois, para os EUA e os países da UE seria muito bom que as eleições brasileiras levassem à Presidência da República alguém bastante afinado com a política externa de FHC. Alguém que baixasse a cabeça para os patrões de Washington, Londres, Paris ou Berlin e se possível falasse com eles em inglês, francês ou alemão, como fazia FHC.
O embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, ex-secretário-geral do Itamaraty, confirma essa tendência. Em recente entrevista à agência de notícias brasileira Carta Maior, ele diz que “se ela (Marina) for eleita, será a vitória de um modelo diplomático similar ao que tivemos nos anos 90”.
Não há comunicados oficiais ou declarações explícitas da parte deles, os mandatários dos países centrais. A mídia desses países é que deixa transparecer a preferência de lá, já que Aécio Neves, que seria o preferido, é apontado como fora do páreo pelas pesquisas. Assim, Marina é a melhor opção para essas potências ocidentais.
Nas 12 páginas em que o programa do PSB de Marina trata do tema, a aproximação do Brasil aos demais países do BRICS (China, Índia, Rússia e África do Sul), por exemplo, é tratada com ironia. Diz o documento: “A sorte destes parece depender menos de profecias do que de políticas acertadas em produtividade, inovação, participação em cadeias produtivas e acordos seletivos de comércio”.
O texto ignora solenemente as decisões tomadas pelos países do BRICS em recente reunião, aqui no Brasil, que são históricas. Na ocasião, o BRICS deixou de ser apenas um bloco político para ganhar forte peso econômico, forçando o caminho para a busca de uma nova ordem mundial, há muito pleiteada pela maioria das nações em conclaves mundiais.
Diz o documento de Marina, porém, que a política externa brasileira “não pode ser refém de facções ou agrupamentos políticos”, numa referência à aproximação com a América Latina e África. E fala da existência de “diplomacias paralelas”, numa crítica velada ao acompanhamento que o Palácio do Planalto faz desse setor, através do assessor especial para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia.
O documento crítica, de igual modo, a política de fortalecimento do Mercosul, com a decisão adotada por aquele organismo de negociar em bloco com possíveis parceiros, em especial os membros da UE. E arremata: “Salvo um par de acordos de livre comércio com mercados inexpressivos, a tônica do Mercosul é o imobilismo”.
A proposta de Marina, no fim das contas, é de que o Brasil deixe em segundo plano o Hemisfério Sul, inclusive seus vizinhos sul-americanos, e passe a fortalecer suas relações bilaterais com os EUA e a UE. A altivez da política externa brasileira estaria, pois, nessas relações, não nos laços que possa ter com os emergentes ou os pés-rapados latino-americanos e africanos.
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