quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Oposição dá o primeiro tiro do impeachment

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

O golpômetro ficou doido.

Aparentemente vai ser assim por tempo indeterminado, pois é exatamente isso o que caracteriza um momento de instabilidade, o sobe e desce enlouquecido dos índices de estabilidade do governo.

Horas depois de cair quatro pontos, volta a subir mais cinco, por causa do avanço das movimentações da oposição para aplicar um golpe parlamentar.



Eduardo Cunha faz um jogo duplo, delicado, como que medindo as forças de um lado e outro. Ele não aceitou nenhum pedido de impeachment, nem sinalizou que irá aceitar, mas acatou uma questão de ordem da oposição sobre o tema.

É uma questão de ordem perigosa, uma armadilha inteligente da oposição, porque dá início, na prática, a estudos concretos para um processo de impeachment, na medida em que faz a máquina administrativa da Câmara iniciar os trabalhos para dar uma forma legal ao golpe.

A imprensa noticia a entrada da própria presidenta como articuladora política de seu governo, caso se confirme a informação de que Giles Azevedo, um de seus assessores mais próximos, assumirá a articulação política.

Não seria má notícia, se houvesse mais confiança, o que não é o caso, na capacidade política da presidente de gerir as contradições e dilemas da relação do Executivo e o Congresso.

No entanto, está claro que, se há alguém que pode interromper o processo deliberado de desestabilização do governo, é a própria presidenta, se agir com a rapidez e a objetividade necessárias.

Na Folha, o colunista Bernardo Mello Franco afirma que "começou a batalha do impeachment", referindo às movimentações parlamentares da oposição desta terça-feira, onde prevaleceram gritos e não debate.

É impressionante o investimento da Folha, e da mídia em geral, em infográficos e vídeos pró-impeachment. E a Dilma continua dando entrevistas e publicando seus artigos prioriatiamente nesses jornais, aumentando o prestígio daqueles mesmos que querem derrubá-la.

O jogo está claro.

As forças do golpe empurram Dilma, praticamente ameaçam, como fez o editorial da Folha no final de semana, para que ela imponha medidas conservadoras, que desagradam os movimentos sociais organizados, com vistas a lhe surrupiar o que resta ao governo de apoio nas ruas.

Em seguida, usam a carga máxima de seu arsenal semiótico para descrever o impeachment como algo muito normal e democrático.

A extrema direita nunca espumou tanto sangue pela boca como agora.

As conspirações, por sua vez, continuam avançando. Na próxima sexta-feira de manhã, o dono da UTC, chamado pela política política do golpe de "chefe do cartel de empreiteiras" deporá no TSE, no processo que o PSDB move contra Dilma.

A acusação é surreal.

Pessoa disse ter doado R$ 7,5 milhões à campanha de Dilma por temer prejuízos em negócios com a Petrobrás. O montante foi declarado à Justiça Eleitoral.

Pessoa teve prejuízos sim. Foi preso e sua empresa está à beira da falência - por ter doado à campanha de Dilma. Ou seja, os próprios fatos negam completamente a versão psicodélica da polícia política.

O horário e o dia do seu depoimento são convenientes para entrar na roda midiática do final de semana, dando tempo para as revistas semanais prepararem novas edições.

A irresponsabilidade com que a operação Lava Jato foi conduzida, quebrando grandes empresas de engenharia, vazando seletivamente, prendendo preventivamente por tempo exagerado, ameaçando famílias dos réus, promovendo espetáculos televisivos, tudo contribuiu para causar terrorismo penal, político e econômico.

Até o momento, as conspirações estão realizando seus objetivos: queriam derrubar a economia brasileira e promover instabilidade política; conseguiram.

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