Por Tereza Cruvinel, em seu blog:
O impeachment foi e está sendo uma aliança entre a fome a vontade de comer.
A fome dos corruptos para “estancar a sangria” através do acordão em torno de Michel Temer e a vontade de comer dos “capitalistas rentistas e financistas – os grandes vitoriosos do momento”, como disse Bresser Pereira.
As duas pontas da aliança seguem comandando o baile no governo bicéfalo, que tem uma cabeça a serviço do mercado e outra a serviço da “maioria parlamentar”. Uma servindo à outra, como nesta madrugada em que a maioria passou o trator no plenário aprovando a anti-meta fiscal de R$ 170 bilhões de déficit. Horas antes fora apresentada ao distinto público a mais violenta proposta de arrocho já defendida por um governo. Os decretos do arrocho salarial de Delfim Netto, na ditadura, ficam pálidos diante da ideia de limitar o crescimento da despesa pública à inflação do ano anterior.
Tal proposta parte do pressuposto de que a população não cresce, e com isso mais crianças chegam à idade escolar, exigindo mais gastos com a educação, mais pessoas precisam de serviços de saúde, mais velhos sem previdência precisão do BPC (benefício de prestação continuada da assistência social) e assim por diante.
Se a despesa não pode crescer, tem que haver um controle demográfico. Que tal uma cota de extermínio para que o povo caiba dentro do PIB e do orçamento?
São elas:
1) Desvinculação das despesas com educação e saúde da receita e teto para elas. Isso significa retroceder nos avanços obtidos no setor e liquidar com o Plano Nacional de Educação, aprovado depois de discutido com todo o país por longo tempo.
2) Autorização para que os acordos sindicais prevaleçam sobre a legislação trabalhista. Isso significa que os patrões podem impor, especialmente às categorias mais fracas, as regras que quiserem, mesmo que estejam em desacordo com as leis trabalhistas.
3) Desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo. Isso significa que em breve os milhões de aposentados do INSS que ganham um salário mínimo começarão a ganhar menos que este piso.
4) Definição da idade mínima para a previdência. Isso significa que todos só poderão se aposentar aos 65 anos. Inclusive as mulheres, com toda as jornadas da vida que elas carregam. Se for imposta a regra aos que já estão no sistema, será garfada nos direitos e nas expectativas geradas pelos anos de contribuição na certeza de que a aposentadoria viria mais cedo.
Delfim, na ditadura, era mesmo fichinha com seus decretos de arrocho cuja votação eu cobri como jovem repórter.
O impeachment foi e está sendo uma aliança entre a fome a vontade de comer.
A fome dos corruptos para “estancar a sangria” através do acordão em torno de Michel Temer e a vontade de comer dos “capitalistas rentistas e financistas – os grandes vitoriosos do momento”, como disse Bresser Pereira.
As duas pontas da aliança seguem comandando o baile no governo bicéfalo, que tem uma cabeça a serviço do mercado e outra a serviço da “maioria parlamentar”. Uma servindo à outra, como nesta madrugada em que a maioria passou o trator no plenário aprovando a anti-meta fiscal de R$ 170 bilhões de déficit. Horas antes fora apresentada ao distinto público a mais violenta proposta de arrocho já defendida por um governo. Os decretos do arrocho salarial de Delfim Netto, na ditadura, ficam pálidos diante da ideia de limitar o crescimento da despesa pública à inflação do ano anterior.
Tal proposta parte do pressuposto de que a população não cresce, e com isso mais crianças chegam à idade escolar, exigindo mais gastos com a educação, mais pessoas precisam de serviços de saúde, mais velhos sem previdência precisão do BPC (benefício de prestação continuada da assistência social) e assim por diante.
Se a despesa não pode crescer, tem que haver um controle demográfico. Que tal uma cota de extermínio para que o povo caiba dentro do PIB e do orçamento?
São elas:
1) Desvinculação das despesas com educação e saúde da receita e teto para elas. Isso significa retroceder nos avanços obtidos no setor e liquidar com o Plano Nacional de Educação, aprovado depois de discutido com todo o país por longo tempo.
2) Autorização para que os acordos sindicais prevaleçam sobre a legislação trabalhista. Isso significa que os patrões podem impor, especialmente às categorias mais fracas, as regras que quiserem, mesmo que estejam em desacordo com as leis trabalhistas.
3) Desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo. Isso significa que em breve os milhões de aposentados do INSS que ganham um salário mínimo começarão a ganhar menos que este piso.
4) Definição da idade mínima para a previdência. Isso significa que todos só poderão se aposentar aos 65 anos. Inclusive as mulheres, com toda as jornadas da vida que elas carregam. Se for imposta a regra aos que já estão no sistema, será garfada nos direitos e nas expectativas geradas pelos anos de contribuição na certeza de que a aposentadoria viria mais cedo.
Delfim, na ditadura, era mesmo fichinha com seus decretos de arrocho cuja votação eu cobri como jovem repórter.
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