Por Dario Pignotti, no site Carta Maior:
Durante um ato organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, Lula falou de sua condição de “favorito” e prometeu que se for eleito, deixará sem efeito as medidas do governo através de um “referendo revogatório”.
“Temer vendeu a alma ao diabo (…) está vendendo tudo”.
Também aproveitou de lançar o ex-presidente Luiz Marinho como candidato ao governo do estado de São Paulo. Marinho é ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a organização sindical que convocou uma greve, com data ainda a ser determinada, para se manifestar contra a reforma da previdência, a qual enfrenta fortes resistências da população.
Segundo Lula, ele e Luiz Marinho fariam uma dupla “para dar inveja a Messi e Neymar, vamos a fazer a maior revolução democrática já vista neste país”.
Lula também falou de desemprego, recordou sua história de líder sindical, comandando as greves mais importantes nos tempos da ditadura. “Não se pode perder a esperança” insistiu ele, diante dos militantes reunidos, demonstrando estar seguro de sua vitória.
Os 12,7 milhões de desempregados registrados em outubro são argumentos que explicam a falta de apoio ao governo, e também a recuperação da popularidade de Lula, que concluiu seu segundo mandato, em dezembro de 2010, com apenas 4% de desemprego.
Desde sua chegada ao Palácio do Planalto, Temer tomou medidas como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, além de uma reforma trabalhista que praticamente acabou com as negociações colectivas, a elevação das jornadas de trabalho e a criação de uma nova modalidade: o “contrato intermitente”, cuja aplicação permite pagar salários abaixo do mínimo e até cobrar multa ao empregado que falta sem aviso prévio.
Lula disse, em outro evento recente, que foi um “radical”, mas que não tem medo do “mercado”, cujos operadores fizeram soar os alarmes do caos sobre um eventual retorno ao poder do sindicalista. “Não posso voltar para fazer o mesmo que fiz, tenho que fazer mais (…) vamos lutar por isso”, prometeu.
Não para de crescer. Luiz Inácio Lula da Silva obteve entre 34% e 37% de intenções de voto numa pesquisa publicada neste domingo (3/12) pelo diário Folha de São Paulo, visando as eleições de outubro de 2018. Os números do Instituto Datafolha confirmaram a curva ascendente na popularidade do ex-mandatário observada desde 2016, com uma guinada mais forte este ano, quando o Partido dos Trabalhadores (PT), começou a se reconstruir depois do golpe híbrido (parlamentário-midiático-judiciário) que derrubou Dilma Rousseff.
Entre agosto e setembro, Lula reforçou o contacto direto com seus seguidores através de uma caravana pela qual visitou vários estados da região Nordeste, a mais pobre do país – e de onde ele é oriundo –, e que foi seguida por outra, entre outubro e novembro, por municípios do estado de Minas Gerais, o segundo mais populoso do país.
Nesta semana ele retoma sua peregrinação no Espírito Santo, sempre andando de ônibus, e desta vez seguindo rumo ao Rio de Janeiro, um dos estados mais afetados pelo desemprego e a recessão que começou a ser superada a conta-gotas: o Produto Interno Bruto cresceu 0,1% em setembro.
A pesquisa do Datafolha mostrou o líder do PT com 34% dos votos potenciais para a eleição de 2018, seguido pelo militar retirado Jair Bolsonaro, com 17%. A dirigente ambientalista Marina Silva tem 9% e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin aparece com 6%, empatado com Ciro Gomes, representante do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Quando a consulta foi realizada sem o nome de Marina Silva, Lula saltou para 37%, Bolsonaro 18%, Alckmin e Ciro 7%.
Um dado destacável é que o ex-presidente conquistou um pouco menos que a soma de todos os seus adversários, com o que ficou próximo dos 50% dos votos válidos, cifra necessária para ser eleito no primeiro turno. Visto desde um outro ângulo, o fato destacado é que o petista cresce tanto quando a rejeição do atual governo do presidente Michel Temer.
Em julho de 2016, Lula contava com 21% dos votos potenciais para um hipotético primeiro turno, e não vencia nas simulações de segundo turno. Naquele momento, a avaliação de Temer mostrava 14% de imagem positiva. Na sondagem desta semana, além de se mostrar perto de uma possível vitória no primeiro turno, Lula também venceria qualquer adversário no segundo turno, segundo as simulações. Enquanto isso, Temer exibe meros 5% de apoio e 71% de desaprovação.
Claro que estas simulações eleitorais são válidas somente se for respeitado o (pouco) que resta de normalidade institucional. Quanto mais robustas as chances de vitória de Lula, mais rápido parecem se mover os trâmites no Supremo Tribunal Federal (STF) para permitir uma mudança de sistema de governo, adotando um parlamentarismo que poderia neutralizar o poder do futuro chefe de Estado.
Ademais, o Tribunal Federal nº 4 de Porto Alegre sinaliza uma possível antecipação da decisão em segunda instância sobre a sentença dada a Lula por crime de corrupção, proferida pelo juiz Sérgio Moro, em meio à Operação Lava Jato, apesar da falta de provas contundentes sobre os delitos apontados. Essa pressa judicial em emitir uma sentença de segunda instância, recomendada recentemente pelos diários O Globo e Folha, impediria a inscrição da candidatura de Lula. Um golpe dentro do golpe.
E não somente isso: em Brasília há quem especule que as eleições podem ser adiadas ou canceladas, sob qualquer pretexto, mas com o claro fim de impedir o triunfo do petista e até mesmo para permitir que Temer continue em liberdade – porque quando perder os foro de presidente, ele terá que responder pelas acusações contra si na Lava Jato, este sim com provas claras.
Inveja a Messi e Neymar
Entre agosto e setembro, Lula reforçou o contacto direto com seus seguidores através de uma caravana pela qual visitou vários estados da região Nordeste, a mais pobre do país – e de onde ele é oriundo –, e que foi seguida por outra, entre outubro e novembro, por municípios do estado de Minas Gerais, o segundo mais populoso do país.
Nesta semana ele retoma sua peregrinação no Espírito Santo, sempre andando de ônibus, e desta vez seguindo rumo ao Rio de Janeiro, um dos estados mais afetados pelo desemprego e a recessão que começou a ser superada a conta-gotas: o Produto Interno Bruto cresceu 0,1% em setembro.
A pesquisa do Datafolha mostrou o líder do PT com 34% dos votos potenciais para a eleição de 2018, seguido pelo militar retirado Jair Bolsonaro, com 17%. A dirigente ambientalista Marina Silva tem 9% e o governador de São Paulo Geraldo Alckmin aparece com 6%, empatado com Ciro Gomes, representante do Partido Democrático Trabalhista (PDT). Quando a consulta foi realizada sem o nome de Marina Silva, Lula saltou para 37%, Bolsonaro 18%, Alckmin e Ciro 7%.
Um dado destacável é que o ex-presidente conquistou um pouco menos que a soma de todos os seus adversários, com o que ficou próximo dos 50% dos votos válidos, cifra necessária para ser eleito no primeiro turno. Visto desde um outro ângulo, o fato destacado é que o petista cresce tanto quando a rejeição do atual governo do presidente Michel Temer.
Em julho de 2016, Lula contava com 21% dos votos potenciais para um hipotético primeiro turno, e não vencia nas simulações de segundo turno. Naquele momento, a avaliação de Temer mostrava 14% de imagem positiva. Na sondagem desta semana, além de se mostrar perto de uma possível vitória no primeiro turno, Lula também venceria qualquer adversário no segundo turno, segundo as simulações. Enquanto isso, Temer exibe meros 5% de apoio e 71% de desaprovação.
Claro que estas simulações eleitorais são válidas somente se for respeitado o (pouco) que resta de normalidade institucional. Quanto mais robustas as chances de vitória de Lula, mais rápido parecem se mover os trâmites no Supremo Tribunal Federal (STF) para permitir uma mudança de sistema de governo, adotando um parlamentarismo que poderia neutralizar o poder do futuro chefe de Estado.
Ademais, o Tribunal Federal nº 4 de Porto Alegre sinaliza uma possível antecipação da decisão em segunda instância sobre a sentença dada a Lula por crime de corrupção, proferida pelo juiz Sérgio Moro, em meio à Operação Lava Jato, apesar da falta de provas contundentes sobre os delitos apontados. Essa pressa judicial em emitir uma sentença de segunda instância, recomendada recentemente pelos diários O Globo e Folha, impediria a inscrição da candidatura de Lula. Um golpe dentro do golpe.
E não somente isso: em Brasília há quem especule que as eleições podem ser adiadas ou canceladas, sob qualquer pretexto, mas com o claro fim de impedir o triunfo do petista e até mesmo para permitir que Temer continue em liberdade – porque quando perder os foro de presidente, ele terá que responder pelas acusações contra si na Lava Jato, este sim com provas claras.
Inveja a Messi e Neymar
Durante um ato organizado pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo, Lula falou de sua condição de “favorito” e prometeu que se for eleito, deixará sem efeito as medidas do governo através de um “referendo revogatório”.
“Temer vendeu a alma ao diabo (…) está vendendo tudo”.
Também aproveitou de lançar o ex-presidente Luiz Marinho como candidato ao governo do estado de São Paulo. Marinho é ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), a organização sindical que convocou uma greve, com data ainda a ser determinada, para se manifestar contra a reforma da previdência, a qual enfrenta fortes resistências da população.
Segundo Lula, ele e Luiz Marinho fariam uma dupla “para dar inveja a Messi e Neymar, vamos a fazer a maior revolução democrática já vista neste país”.
Lula também falou de desemprego, recordou sua história de líder sindical, comandando as greves mais importantes nos tempos da ditadura. “Não se pode perder a esperança” insistiu ele, diante dos militantes reunidos, demonstrando estar seguro de sua vitória.
Os 12,7 milhões de desempregados registrados em outubro são argumentos que explicam a falta de apoio ao governo, e também a recuperação da popularidade de Lula, que concluiu seu segundo mandato, em dezembro de 2010, com apenas 4% de desemprego.
Desde sua chegada ao Palácio do Planalto, Temer tomou medidas como o congelamento dos gastos públicos por 20 anos, além de uma reforma trabalhista que praticamente acabou com as negociações colectivas, a elevação das jornadas de trabalho e a criação de uma nova modalidade: o “contrato intermitente”, cuja aplicação permite pagar salários abaixo do mínimo e até cobrar multa ao empregado que falta sem aviso prévio.
Lula disse, em outro evento recente, que foi um “radical”, mas que não tem medo do “mercado”, cujos operadores fizeram soar os alarmes do caos sobre um eventual retorno ao poder do sindicalista. “Não posso voltar para fazer o mesmo que fiz, tenho que fazer mais (…) vamos lutar por isso”, prometeu.
* Artigo publicado originalmente no jornal argentino Página/12.
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