Por Gustavo Aranda, Maria Lucia Erwin e Vinicius Segalla, no site Jornalistas Livres:
Renato Oliveira, ex-subsecretário de comunicação de Embu das Artes (SP) e líder do MBL até, pelo menos, dezembro de 2016, comandou esquemas de marketing piramidal – prática ilegal – e, após se ver envolvido em atentado contra um jornalista na Grande São Paulo, está tendo sua participação da liderança do Movimento Brasil Livre apagada da história.
Desde a última terça-feira (20), o grupo apagou diversas postagens nas redes sociais da entidade em que Oliveira era protagonista. Em nota publicada no mesmo dia, o MBL minimizou a influência do ex-subsecretário no Movimento ao longo dos últimos anos. Renato foi indiciado pela polícia por lesão corporal grave, após perseguir e jogar o carro contra o chargista Gabriel Binho, deixando o local sem prestar socorro.
"O sr. Renato Oliveira fez parte do Movimento Brasil Livre (MBL) na qualidade de apoiador e voluntário", diz a nota oficial.
A verdade, contudo, é bem outra.
Basta uma pesquisa rápida na internet para encontrar vídeos que mostram acanhados Kim Kataguiri, Fernando Holiday e Renan Santos ao lado de Renato Oliveira, dono de uma oratória muito segura e convincente apesar da pouca idade.
É que a escola de Renato é mais antiga. Para conquistar novos investidores para os esquemas de pirâmide ao lado do velho amigo e atual secretário de Tecnologia e Comunicação Jones Donizette (PRP), era preciso muita lábia e persuasão, aptidões que os dois parecem ter de sobra.
Foi na luta para entorpecer desavisados sobre as maravilhas piramidais da Telexfree (acusada de operar uma das maiores fraudes financeiras da história do Brasil) e da PayMony (braço empresarial da Telexfree), que Renato Oliveira e seu amigo Jones Donizette aprenderam a arte da retórica e do convencimento.
Este modelo comercial de pirâmides é proibido por lei no Brasil por prática similar ao estelionato.
A Telexfree encerrou suas atividades em 2014, condenada a pagar 5,5 milhões de multa depois de lesar mais de 4 milhões de divulgadores. A Paymony também foi fechada, prejudicando os “sócios” do negócio, que até hoje buscam reaver o dinheiro investido na Justiça.
Não é a toa que do alto de um palanque do MBL, Renato Oliveira diz que tiveram que “contar muitas moedas” para montar a surpreendente estrutura que os acompanhava.
Se é verdade o rompimento do grupo com Renato não é possível saber. Nenhuma ata de sua expulsão foi apresentada. E se ela aconteceu, certamente não foi pela falta de ética do colega, cujo histórico estava aí para qualquer menino que cresceu na era digital ver.
O fato é que se o mestre dos trambiques, como sabemos agora um jovem perigoso, esteve “por um curto período” no MBL como diz a nota do grupo, lá ele encontrou sedentos pupilos para o curso que montou com seu ex-chefe Jones Donizetti, que vamos lembrar, ainda é o Secretario de Comunicação de Embu das Artes.
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