A desonestidade de Soninha Francine

Por Rogério Tomaz Jr., no blog Conexão Brasília-Maranhão:

Soninha, ex-vereadora e candidata derrotada do PPS à prefeitura de São Paulo na recente eleição, aplicou mais um golpe perfeitamente afinado com a baixaria da turma de José Serra e seus tucanos amestrados.

A título de criticar o PT e o candidato Fernando Haddad, a quem ela chama de “poste”, assim como a oposição conservadora (des)qualificou a então candidata Dilma Rousseff, a jornalista (?) afirmou que Lula se declarou admirador de Hitler.

“Hitler, que Lula declarou admirar em uma entrevista” é a frase (confira o post aqui), que distorce completamente a realidade do que foi dito pelo ex-presidente, em entrevista à Playboy em 1979.

Segue o trecho da entrevista, com destaque meu:

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Playboy – Há alguma figura de renome que tenha inspirado você? Alguém de agora ou do passado?

Lula [pensa um pouco]- Há algumas figuras que eu admiro muito, sem contar o nosso Tiradentes e outros que fizeram muito pela independência do Brasil (…). Um cara que me emociona muito é o Gandhi (…). Outro que eu admiro muito é o Che Guevara, que se dedicou inteiramente à sua causa. Essa dedicação é que me faz admirar um homem.

Playboy – A ação e a ideologia?

Lula – Não está em jogo a ideologia, o que ele pensava, mas a atitude, a dedicação. Se todo mundo desse um pouco de si como eles, as coisas não andariam como andam no mundo. (…)

Playboy – Alguém mais que você admira?

Lula [pausa, olhando as paredes] – O Mao Tse-Tung também lutou por aquilo que achava certo, lutou para transformar alguma coisa.

Playboy – Diga mais…

Lula – Por exemplo… O Hitler, mesmo errado, tinha aquilo que eu admiro num homem, o fogo de se propor a fazer alguma coisa e tentar fazer.

Playboy – Quer dizer que você admira o Adolfo?

Lula – [enfático] Não, não. O que eu admiro é a disposição, a força, a dedicação. É diferente de admirar as idéias dele, a ideologia dele.

[Playboy, julho de 1979]

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A diferença entre admirar um atributo de alguém e admirar esta pessoa é como a diferença entre gostar de suco de uva ou de vinho do porto.

Mas a Soninha, não injustamente chamada de Sonsinha por muitos, finge desconhecer isso. Coisa de gente mau caráter. Mas nada de espantar, vindo de quem já chamou de criminosos moradores e militantes de uma comunidade pobre que lutava para evitar o despejo, após residirem por oito anos no local (aqui).

Eu, por exemplo, admiro a inteligência e a franqueza na fala da Soninha. Mas abomino, tenho nojo mesmo, da figura política que ela é, das atitudes sórdidas que ela reiteradamente comete, típicas da escória política da direita que ela diz não tolerar (no mesmo post em que mente sobre Lula, ela diz que não suportaria votar do Democratas).

Soninha, nem na lata de lixo da história você terá lugar. Seu destino enquanto personagem política será o mais puro e solene esquecimento.

PS: Nesse mesmo texto em que desanca Lula, Soninha faz uma crítica ao PT – um partido com tantas divergências de pensamento sobre os mais diversos temas – que parece caber perfeitamente a ela mesma, certamente muito menos múltipla (de posições diferentes) e complexa do que uma instituição partidária. Em Psicologia chamam isso de projeção.

“O PT mente mais e tem menos escrúpulo do que os outros. Até porque mantém o verniz da pureza, o discurso de vítima, de pobre coitado, de baluarte dos oprimidos quando está NO PODER há DEZ ANOS e o exerce com volúpia. Porque usa o discurso mais nocivo para quem pretende qualificar a política, a noção de cidadania e de sujeito de direitos – o do “amigo” dos “pobres”. “Amigo”. Quando não “pai”, “mãe”.