SBT patina após morte de Silvio Santos

Charge: Jesper Deleuran

Por Altamiro Borges

O site Observatório dos Famosos revelou na semana passada que o SBT voltou a promover cortes de funcionários. “Após uma semana de intensas reuniões, a empresa confirmou a necessidade de demissões, iniciando com a dispensa de quatro profissionais do Circo do Tiru... Desde julho, os departamentos da emissora já vinham sendo pressionados a reduzir gastos para economizar cerca de R$ 20 milhões e evitar prejuízos no balanço anual, mas essa medida se mostrou insuficiente”.

Há rumores de que o facão pode chegar até a 20% da folha salarial do SBT. “Mas fontes internas indicam que as demissões serão muito menores. A emissora está tentando manter o impacto mínimo, buscando alternativas para equilibrar as finanças sem grandes mudanças no quadro de funcionários. A tensão nos bastidores cresceu nos últimos dias, com todos atentos ao desenrolar dos acontecimentos”, complementa o site de entretenimento. Mas onde há fumaça há fogo!

A crise na emissora não é nova, mas parece que se agravou com a morte do seu criador, o “topa-tudo por dinheiro” Silvio Santos. Nem mesmo o governo de Jair Bolsonaro, com as suas generosas verbas de publicidade e a nomeação do genro do empresário para o Ministério das Comunicações, conseguiu salvar o SBT – que até foi rebatizado de Sistema Bolsonarista de Televisão. Com o seu falecimento, em 17 de agosto passado, o caos se aprofundou na empresa.

Audiência cai e publicidade despenca

Matéria publicada pela Folha avalia que “com a morte de Silvio Santos, o SBT se prepara para tempos difíceis. Sem o PanAmericano por trás, banco que quebrou devido a fraudes, o grupo enfrenta dificuldades para levantar recursos e financiar novos projetos”. A audiência tem caído cada dia mais e os lançamentos recentes na grade de programação foram um fiasco. “Pessoas envolvidas no desenvolvimento dos programas afirmam que cinco deles não trouxeram o retorno esperado e a emissora impôs corte de gastos nas novas produções”.

A publicidade caiu na tevê aberta. As receitas passaram de R$ 1,2 bilhão, em dezembro de 2022, para R$ 1,1 bilhão, no fim do ano passado. “Houve intenso corte de gastos e o caixa da companhia passou a ser investido em aplicações financeiras, que permitiram um aumento de quase 76% no lucro da TV no período, passando de R$ 18,9 milhões para R$ 31,1 milhões”. Em março passado, com o piora da saúde de Silvio Santos, sua filha Daniela Beyruti se tornou a CEO do SBT e Renata Abravanel, sua irmã, assumiu a presidência do conselho de administração.

Há boatos, inclusive, de que a emissora pode ser vendida em breve. “Grupos de empresários se animam com as negociações pela compra do SBT. Rubens Menin, que hoje controla a CNN Brasil e é dono do banco Inter, seria um dos interessados. O empresário nega. Os apresentadores Ratinho e Celso Portiolli também têm plano de se juntar a um empresário para adquirir o SBT. Consultado, Ratinho nega intenção”, especula a Folha. Novamente, onde há fumaça há fogo!

"Egos ditam hoje o caminho do SBT"

Em recente entrevista à coluna de Mônica Bergamo, o “ex-manda-chuva de Silvio Santos’, Luciano Callegari, revelou que “os egos ditam hoje o caminho do SBT” e previu turbulências na empresa. “O executivo foi o braço-direito do empresário nas primeiras décadas do SBT, quando a emissora conquistou a vice-liderança de audiência e chegou a ter embates com a Globo pelo primeiro lugar... Ele disse não ver com bons olhos os caminhos que as filhas de Silvio têm tomado nos últimos dois anos, quando começaram a assumir o comando dos negócios. ‘Nós vimos que a falta de experiência e os egos são o que ditam hoje o caminho do SBT. Infelizmente, o SBT deixou de ser vice-líder numa rapidez alarmante, e o caminho contrário é muito mais difícil”.

Ele também criticou a afirmação feita à Folha por Daniela Beyruti, apontada como sucessora na condução do SBT, de querer transformar o canal numa “Disney brasileira”. “A Daniela tem que descobrir alguma forma de melhorar o SBT. Faço votos para que ela consiga. Mas, até agora, ela não agradou. Transformar o SBT em ‘Disney brasileira’ é uma brincadeira, não pode ser levado a sério. A Daniela vai ter muitos problemas”.