domingo, 23 de setembro de 2012

EUA exportam sua crise. Brasil reage

Por Altamiro Borges

No reinado de FHC, com sua política servil do “alinhamento automático” com os EUA, o império ameaçava e o Brasil afinava. A partir do governo Lula, porém, houve uma mudança de postura. A política externa, encabeçada por Celso Amorim, passou a ser mais altiva e soberana. No governo Dilma, os primeiros sinais foram preocupantes, colocando em dúvida a firmeza do ministro Antonio Patriota. Mas, nos momentos de maior tensão, a política externa mantém o prumo – como se nota agora em novo confronto com o império.

Bravata terrorista do império

Na semana passada, a mídia colonizada vazou uma carta assinada pelo embaixador Ron Kirk, que ocupa um cargo equivalente ao de ministro do Comércio Exterior nos EUA. Nela, o prepotente serviçal do império ameaçou retaliar o Brasil em resposta à elevação da tarifa de quase cem produtos importados. Kirk justificou o ultimato argumentando que as medidas do governo Dilma de proteção da economia nacional “tem levado os parceiros comerciais a responderem na mesma moeda”. Pura bravata terrorista!  

Diante da ameaça, Patriota reagiu de forma dura. “Nós consideramos [a carta] injustificável e inaceitável, tanto no conteúdo como na forma... É descabida e incongruente, porque se tem um país que se beneficia da ampliação do mercado brasileiro tem sido os EUA”, rebateu o ministro das Relações Exteriores. A reação de Patriota é justa e revela que é preciso adotar ainda outros mecanismos para proteger a economia nacional diante das manobras dos EUA, que tentam exportar sua crise para o restante do mundo.

Enxurrada de dólares no mundo

Segundo recente estudo, os EUA têm despejado trilhões de dólares no mercado mundial para alavancar as suas exportações e dificultar as importações. Com base num programa apelidado de “quantitative easing” (QE), o banco central ianque (Fed) imprime dinheiro para tirar sua economia do buraco. Entre novembro de 2008 e março de 2009, ele injetou U$ 1,75 trilhão na primeira etapa do programa. Na QE2, entre novembro de 2010 e junho de 2011, mais US$ 600 bilhões foram “fabricados” para desvalorizar artificialmente o dólar.

Para piorar este cenário, o Estadão revelou na sexta-feira que “o Fed fará emissão mensal de US$ 40 bilhões, por prazo indeterminado. Se durar apenas quatro meses, o total de dinheiro impresso nos programas de afrouxamento quantitativo atingirá a soma de US$ 2,5 trilhões. Em 2011, o PIB (produto interno bruto) do Brasil somou US$ 2,49 trilhões, segundo o FMI (Fundo Monetário Internacional)”. Diante desta ação agressiva que atenta contra o comércio internacional, as ameaças do senhor Kirk soam como pura provocação.

1 comentários:

Regina disse...

....banco central ianque (Fed) ... diga-se de passagem uma entidade PRIVADA desde 1913 e obviamente capitaneada pelos principais banqueiros