quinta-feira, 26 de março de 2020

Sairemos da caverna num dia de sol

A gruta azul de Capri, 1835/Heinrich Jakob Fried
Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

Uma das hipóteses para a gênese do coronavírus é que ele tenha se originado no fundo de uma caverna na China. Ali, em dado instante, talvez propiciado pela presença devastadora do homem no seu ataque à natureza, o inimigo invisível que ameaça o planeta saltou do morcego para a humanidade.

É uma cena repetida ao longo da História, sempre com a criatura humana atraída pelo desconhecido. Foi assim com o HIV, originalmente presente em chimpanzés; com o sarampo, possível legado da era inicial da pecuária bovina; e com o ebola, novamente oriundo dos morcegos.

Nas mais de mil espécies de morcegos, o coronavírus sobrevive sem destruir seu hospedeiro, dotado de vigoroso sistema imunológico. Porém, ao deixar a caverna e trocar de anfitrião, diante de uma barreira imunológica bem mais frágil, causa estragos enormes e, eventualmente, fatais. É o que está acontecendo no Brasil em 2020, com consequências ainda em suspenso, mas com expectativas péssimas.

O impeachment e a luta do povo

Arte @aladdinsane.art/Mídia Ninja
Por Fábio Palácio, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Concordo em boa medida com o artigo de Vladimir Safatle, intitulado “A única saída é o impeachment”, veiculado no último dia 20 na edição brasileira do jornal El País. Sim, ele tem razão: devemos colocar na ordem do dia o impeachment de Jair Bolsonaro. Sim, o impeachment teria um valor civilizatório, sinalizando importante ganho de qualidade no processo de maturação da consciência política do povo brasileiro. Sim, a questão central do impeachment não é tanto “quem assume”, mas o fato de que Bolsonaro não apresenta condições mínimas para exercer a chefia do Estado brasileiro. E sim, quem quer que venha a assumir não conseguirá evadir-se do fato de que seu mandato estará indelevelmente marcado não por um “vício”, mas por uma “virtude de origem”: ser fruto de um ascenso democrático e de uma vitória do povo — situação que, aliás, já condicionou governos da chamada Nova República.

Periferia e Pandemia: Plano de Emergência já!

Por Sonia Fleury e Paulo M. Buss, no site Outras Palavras:

A pandemia do Covid-19 chegou às favelas. Embora o vírus não discrimine por classe social ou raça, as condições socio-sanitárias serão determinantes para dizer quais estarão em melhores condições de sobreviver e quais estarão destinados a morrer.

Favelas e periferias enfrentarão a pandemia em condições mais adversas, decorrentes do descaso dos governos em prover condições adequadas de abastecimento de água, saneamento básico, coleta de lixo, habitação e urbanização, transporte público, atenção à saúde. Não se trata mais de falar na ausência de políticas públicas para esses territórios, mas de uma necropolítica, que condena ao extermínio pobres, negros e mestiços nas favelas.

Atletas de verdade desmentem Bolsonaro

Por Fernando Gavini, na Rede Brasil Atual:

Jair Bolsonaro fez um discurso polêmico na noite de terça-feira (24) ao criticar o confinamento em massa, contrariando todas as orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) quanto ao combate à pandemia do coronavírus.

Para completar, o presidente da República afirmou que por seu “histórico como atleta” não precisaria se preocupar, pois a doença não passaria de uma gripezinha ou um resfriadinho. Mas os atletas profissionais contaminados mundo afora pelo coronavírus desmentem o discurso de Bolsonaro.

Alguns astros do esporte no planeta ficaram bastante debilitados com a doença. Os casos nos esportistas vão de febre alta, dificuldade de respiração, fortes dores pelo corpo e até internação. E olha que são atletas profissionais, coisa que Jair Bolsonaro não é e nunca foi.


CNN Brasil e o jornalismo dócil ao Planalto

Imagem captada do Youtube
Por Marcos Urupá, na revista CartaCapital:

No último dia 15 de março, já em meio ao avanço do novo coronavírus no Brasil, a CNN estreou suas transmissões no País, mostrando todo o seu arsenal de apresentadores e repórteres. Depois das primeiras horas no ar, exclusivamente dedicadas a uma autocelebração da sua chegada aos lares brasileiros, a CNN embarcou no principal tema que tem pautado os meios de comunicação por aqui, explorando na primeira edição de todos os seus programas a pandemia do coronavírus).

A irresponsabilidade de Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

O presidente da República, Jair Bolsonaro, falou, em pronunciamento oficial, como o maior irresponsável entre os irresponsáveis, conforme disse sobre ele, recentemente, o jornalista e colunista do jornal Folha de S. Paulo, Jânio de Freitas. O assunto foi a gravíssima pandemia da Covid-19, que chegou ao Brasil com força.

O presidente defendeu, nada mais, nada menos, do que o fim do isolamento social, o uso de medicamento sem testagem – conforme atestou a médica e deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) – e a volta de jovens e crianças à escola. Para ele, a imprensa é a responsável pelo que reiterou ser “histeria” e se disse um exemplo, por ter sido atleta, de que a maioria da população é imune à contaminação.

Profissionais de saúde em tempos de Covid-19

Por Maria Helena Machado, no site do Centro de Estudos Estratégicos da Fiocruz

O Brasil tem dois patrimônios no âmbito da saúde: o SUS e os mais de 3 milhões e meio de profissionais de Saúde que nele atuam.

Fruto de um processo histórico de três décadas, o SUS assegura, pela Constituição Federal, saúde à toda a população brasileira. Á época de sua criação, na década de 1980, o país contava com pouco mais de 18 mil estabelecimentos de saúde, 570 mil empregos de saúde e uma equipe bipolarizada entre médicos e atendentes de enfermagem (nível elementar de escolaridade). Trinta anos depois, o SUS é, hoje, o maior patrimônio público, com mais de 200 mil estabelecimentos de Saúde - hospitalares e ambulatoriais, 3 milhões e 500 mil trabalhadores empregados, sendo boa parte de nível superior. A equipe de Saúde passa a ser multiprofissional, constituída de médicos, enfermeiros, farmacêuticos, odontólogos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, além de técnicos e auxiliares de Saúde (enfermagem e demais áreas) (CNES, 2017).

O pronunciamento infame de Bolsonaro

Por Dilma Rousseff, em seu site:

O pronunciamento infame e irresponsável de Bolsonaro em cadeia nacional revela o seu desprezo pela ciência, pela saúde e pela vida da população. Bolsonaro faz uma aposta no escuro. Aposta em manter o apoio das camadas sociais que o elegeram, e não apenas sua milícia. Por isso, sua fala não contempla a sociedade, só os seus. Para ele, não tem a menor importância se a mídia que lhe deu suporte na eleição já não acredita nele, nem que integrantes do mercado já não o queiram com tanta intensidade como antes, ou até já lhe abandonem, sequer que os governadores que apoiou já estejam contra ele. As manifestações de Maia e Alcolumbre tampouco lhe pesam.

Frente ampla contra Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Sintoma inequívoco do largo isolamento de Bolsonaro foi o rompimento do governador de Goiás, Ronaldo Caiado, seu aliado, rejeitando o caminho desatinado proposto por ele no desastroso pronunciamento de ontem e optando pela manutenção das medidas restritivas para mitigar os danos e perdas de vidas que nos serão impostos pelo coronavírus.

É preciso deter Bolsonaro, que se tornou um perigo para o Brasil, dizem todos, pública ou reservadamente. Mas para isso, é imperativo que se crise uma frente ampla com este objetivo, reunindo as mais diferentes forças da racionalidade, de centro, esquerda e direita.

Serão os líderes políticos capazes disso?

Quem paga conta do combate ao Coronavírus?

Foto : Pixabay/Frantisek Krejci/Sputnik
Por Jair de Souza

Nos últimos tempos, os banqueiros e os especuladores financeiros foram os que mais lucraram em nosso país. Mesmo após a enorme crise econômica gerada pelo golpe de 2016 e aprofundada pelo governo monstruoso de Bolsonaro, os bancos e os especuladores financeiros continuaram obtendo lucros estratosféricos à custa do sofrimento de quase toda a nação.

Agora que a pandemia do Coronavírus está levando o Brasil e o mundo a uma paralisia econômica sem precedentes, quem deve arcar com os gigantescos custos que a crise está causando, e ainda vai causar?

quarta-feira, 25 de março de 2020

Petardo: As rachadinhas de Flávio Bolsonaro

Por Altamiro Borges

O cerco se fecha contra o clã Bolsonaro, que compra briga contra todo mundo – Congresso, STF, China, governadores, aliados, mídia. Nesta terça-feira (24), o Tribunal de Justiça do RJ liberou as investigações sobre as "rachadinhas" de Flávio Bolsonaro. A apuração estava suspensa. Será que agora vai?

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O senador Flávio Bolsonaro é suspeito de recolher parte do salário de seus funcionários na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro de 2007 a 2018. Pela "rachadinha", o filhote 03 do "capetão" teria cometido crimes de peculato, lavagem de dinheiro, ocultação de patrimônio e organização criminosa.

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Com a retomada das investigações, Flávio Bolsonaro volta à berlinda. Em dezembro passado, a Justiça do Rio de Janeiro autorizou buscas em 24 locais, incluindo a franquia da Kopenhagen em que o senador é sócio. A suspeita é de que a empresa foi "usada para lavar dinheiro da rachadinha", relatou a Folha.

Ruralistas ridicularizam Eduardo Bananinha

Bolsonaro assumiu opção pelo caos

Por Jeferson Miola, em seu blog:                 

No pronunciamento na TV [24/3], Bolsonaro assumiu a opção pelo caos, pela catástrofe e pelo extermínio do povo; se pronunciou como criminoso de guerra; necropolítico.

O discurso foi uma resenha das insanidades e barbaridades defendidas por ele e propagadas pela matilha fascista acerca da pandemia do coronavírus.

O risco de ocorrência de uma hecatombe econômica e humanitária no Brasil passou a ser um cenário assustadoramente mais tangível depois deste insano pronunciamento.

Bolsonaro é um sociopata genocida; uma aberração desumana que tem uma incontrolável pulsão pela morte e pela destruição.

Vermes se alimentam de cadáveres

Por Marcelo Zero

O helminto que desgoverna o Brasil cometeu um pronunciamento inacreditável.

Na contramão da ciência, da OMS, das boas medidas dos governadores e de todos os países sérios do mundo, o helminto falante ou o “helminto quando falo”, voltou a dizer que o covid-19 não passa de uma “gripezinha” e que as pessoas deveriam abandonar os cuidados do isolamento social, que as escolas deveriam ser reabertas, bem como shoppings, restaurantes etc.

Para ele, tudo isso não passa de histeria alimentada, claro, pela imprensa.

E que o problema da Itália é ter muitos velhos e um inverno rigoroso. Nós, jovens tropicais, podemos ficar tranquilos.

Salvar as pessoas, as empresas e o emprego

Por Luiz Carlos Bresser-Pereira

Há duas semanas a economista Leda Paulani afirmou que a crise do coronavírus seria mais grave do que a crise de 2008. Minha reação foi um “talvez”. Talvez viesse a ser, mas eu não estava seguro. Agora, estou. Associada à pandemia há uma gravíssima crise econômica em formação que levará ao desemprego e à quebra das empresas de todo o mundo, ou, pelo menos, à uma forte redução de suas receitas e dos seus lucros.

O Papa e a economia de Francisco

O início da economia de guerra no Brasil

Justus é o resumo de um país canalha

Frigorífico expõem trabalhadores ao perigo

Crise econômica é maior do que a de 1929