domingo, 25 de março de 2018

O jogo das pressões no Supremo

Em São Leopoldo/RS. Foto: Ricardo Stuckert
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Não haverá, como disse aqui, “folga” para os ministros do STF até o dia 4, quando volta à pauta o habeas corpus de Lula.

Com alguns dias, foi possível saber como a “viagem” de Marco Aurélio Mello, sacada com maestria – e até assumindo um desgaste pessoal -, acabou impedindo uma manobra, possivelmente combinada entre Cármen Lúcia e Luiz Edson Fachin, para criar um fato consumado.

Fachin daria seu voto contrário e, como a ordem de votação se iniciava com Alexandre de Moares e Luiz Roberto Barroso. 3 a zero contra Lula e julgamento suspenso pelo “adiantado da hora”. Segunda-feira, o TRF confirmaria a sentença e -feito! – Lula seria preso às vésperas ou durante a Semana Santa, tranquilizando que tem medo da repercussão de sua detenção.

A denúncia internacional das milícias do RS

Em Chapecó/SC. Foto: Ricardo Stuckert
Por Leonardo Fernandes, no jornal Brasil de Fato:

Desde o começo da Caravana Lula pelo Brasil – etapa sul – na segunda-feira (19), na cidade gaúcha de Bagé, grupos de extrema-direita têm provocado violência durante a passagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na sexta-feira, algumas dezenas de pessoas bloquearam a entrada da cidade de Passo Fundo (RS), armadas com paus, pedras e correntes, dispostos a atacar os ônibus da comitiva do ex-presidente. Lula e a ex-presidenta Dilma Rousseff tiveram que mudar a rota e ir direto a São Leopoldo (RS), último destino da caravana no Rio Grande do Sul, depois da Secretaria Estadual da Segurança Pública do Estado ter afirmado que não poderia garantir a segurança do ex-presidente.

A malhação do STF por grupos da direita

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Como era previsível, as decisões que o STF tomou anteontem em relação ao ex-presidente Lula despertaram a ira de grupos de direita que esperavam sua prisão na segunda-feira e atiçaram ataques à caravana que ele faz na região Sul. Serão malhados como Judas, neste final de quaresma, os sete ministros que votaram pela admissibilidade de seu pedido de habeas corpus e os seis que lhe garantiram a liminar provisória para não ser preso antes do dia 4, quando será julgado o mérito do pedido. O adiamento da decisão foi tratado nas redes sociais como marotagem pró-Lula ou como sinal de indolência. A ministra Cármen ainda ajudou, ao defender respeito ao “limite físico” dos ministros, uma verdade que foi distorcida. Se alguém tem mais responsabilidade pelo adiamento é ela, porque só pautou a matéria na véspera, quando alguns já haviam assumido compromissos. 

Padilha propaga fake news em série da Netflix

Por Dilma Rousseff, em seu site:

O país continua vivo, apesar dos ilusionistas, dos vendedores de ódio e dos golpistas de plantão. Agora, a narrativa pró-Golpe de 2016 ganha novas cores, numa visão distorcida da história, com tons típicos do fascismo latente no país.

A propósito de contar a história da Lava-Jato, numa série “baseada em fatos reais”, o cineasta José Padilha incorre na distorção da realidade e na propagação de mentiras de toda sorte para atacar a mim e ao presidente Lula.

A série “O Mecanismo”, na Netflix, é mentirosa e dissimulada. O diretor inventa fatos. Não reproduz “fake news”. Ele próprio tornou-se um criador de notícias falsas.

Eugenia: o sêmen de brancos dos EUA

Do blog Socialista Morena:

Parece a Alemanha nazista, mas é o Brasil de 2018: o Wall Street Journal traz nesta quinta-feira uma reportagem sobre como a procura por sêmen importado dos Estados Unidos explodiu em nosso país nos últimos anos, graças ao interesse de gente que deseja “branquear” os filhos e garantir que tenham olhos claros e aspecto europeu. Em outras palavras, eugenia. Hitler ficaria orgulhoso.

Bandidagem fascista está à solta. E agora?

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Deise Miron é militante do Partido dos Trabalhadores há mais de 20 anos. Moradora da cidade gaúcha de Cruz Alta, administrada pelo partido e no qual o MST tem forte presença, ela deixava o ato político que marcou a passagem da caravana de Lula pelo seu município quando foi atacada por um bando de fascistas.

Depois dos socos e pontapés recebidos, inclusive quando já estava no chão, foi socorrida e levada para o hospital. Seu filho de 10 anos a tudo assistiu. Deise sofre de câncer.

O problema é o guarda da esquina

Por Célio Turino, na revista Fórum:

13 de dezembro de 1968. Uma única voz no governo militar se levanta contra o Ato Institucional n. 5, AI-5, Pedro Aleixo, vice-presidente civil do general Costa e Silva. Antes da votação no conselho de ministros, ele alerta: “Presidente, o problema de uma lei assim não é o senhor, nem os que com o senhor governam o país; o problema é o guarda da esquina”. Sob o argumento de combater a subversão e a corrupção, o AI-5 institui o Estado de Exceção no Brasil, lançando o país na mais longa noite de terror, que durou dez anos. Como medidas previstas:

Facebook e extrema direita: somos cúmplices?

Por Eduardo Febbro, no site Outras Palavras:

A crise da maior rede social do planeta é um ato de justiça que a humanidade merece. O oportunismo delirante dos responsáveis pelo Facebook, o revitalizado projeto político da direita radical e a cumplicidade alucinante dos usuários configuraram um dos roubos e violações mais desastrosas da história. O Facebook e as outras empresas do ramo roubaram uma ideia maravilhosa — a internet – com o único objetivo de ampliar a dominação liberal do mundo.

Crescimento, precarização e desigualdade

Por Fabrício Pitombo Leite, no site Brasil Debate:

Na recente divulgação das Contas Nacionais Trimestrais, chama a atenção o desempenho da atividade econômica no Brasil, que deu sinais de vitalidade, com uma taxa de crescimento do PIB de 2,1% no último trimestre de 2017, na comparação com igual período de 2016. Esta taxa pode ser decomposta em contribuições positivas, nesta ordem de importância, do consumo das famílias, que cresceu 2,6%, das exportações, com taxa de crescimento de 9,1%, e mesmo da formação bruta de capital fixo, cujo crescimento de 3,8% denota reversão de uma trajetória de queda iniciada no segundo trimestre de 2014.

Precisamos falar do fascismo

Trump brinca com a pólvora chinesa

Por Wang Haiqing, colunista da agência de notícias Xinhua, no site Jornalistas Livres:

Em consonância com o apreço cada vez maior dos Estados Unidos pelo unilateralismo, o presidente Donald Trump anunciou seu remédio para as questões comerciais entre China e EUA: um plano para impor até US$ 60 bilhões em tarifas sobre importações de produtos vindos da China e colocar restrições aos investimentos chineses.

As duras medidas de Trump derivam de uma investigação da Secretaria de Comércio dos Estados Unidos, baseada na Seção 301 da Lei de Comércio dos EUA de 1974, uma ferramenta comercial frequentemente usada por Washington antes do advento da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Dupla vitória de Lula questiona derrotismo

Foto: Ricardo Stuckert
Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A dupla vitória da resistência democrática contra a Lava Jato, o 7 a 4 e o 6 a 5 no Supremo Tribunal Federal, estimula lições que não podem ser esquecidas.

A vitória ocorreu numa curva da história. Discreta demais para ser vista como uma virada, mas com importância suficiente para obrigar todo mundo enxergar e refletir.

Do lado de lá, pegou os arrogantes de surpresa. Foram colocados na situação do vilão de comédia pastelão que recebe uma torta na cara e é obrigado a reconhecer o sinal de que, mesmo esfrangalhado e derrotado, o país que pretendia governar não quer continuar a viver nos tormentos de agora.

sábado, 24 de março de 2018

M.Officer será banida por trabalho escravo?

Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira (21), o Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo rejeitou o recurso apresentado pela rede de varejo de moda M.Officer no processo em que é acusada de manter trabalhadores em condições análogas à escravidão. A loja, um dos templos de consumo da chamada classe média, foi condenada em primeira instância em 2016 e recorreu da sentença. Agora, com a decisão do TRT-SP, o processo transitou em julgado e a empresa pode ser banida de São Paulo por dez anos. A turma da moda, que não se incomoda se a mercadoria é fabricada por trabalho escravo, deve estar frustrada.

O jogo político da intervenção no RJ

Por Pedro H. Villas Boas Castelo Branco, na revista Teoria e Debate:

No Rio de Janeiro, vitrine e recentemente também laboratório do país, escalamos das operações de garantia da lei e da ordem à intervenção federal, do esgotamento das forças de segurança ao grave cometimento da ordem pública, do espetáculo do carnaval com carros alegóricos ao carnaval do governo federal com tanques e blindados. Quem poderia imaginar a mudança de cenário do carnaval para a paisagem marcial? Em ano de corrida eleitoral, porém é oportuna a lembrança de que intervenção federal não é carnaval! Enquanto o carnaval é a tradicional e irreverente suspensão lúdica do cotidiano da vida nacional, a intervenção federal, espécie de estado de exceção, é uma intervenção parcial na ordem jurídica de uma unidade federal. Salta aos olhos, no entanto, que seu caráter provisório pareça ter se tornado peremptório, agora não mais como encenação na apoteose, mas como demagogia populista no palco da segurança pública do Rio de Janeiro.

Raquel Dodge, a mensageira do arbítrio

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Finalmente, a Procuradora Geral da República Raquel Dodge explicita a que veio: aprofundar o arbítrio.

Nem se fale do absurdo de endossar a condução coercitiva. O papel da PGR é seguir as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF). Há uma turma que defende a condução, outra que a condena. Logo, não há jurisprudência formada. Qual a razão para Dodge endossar a versão mais radical, em um momento em que o arbítrio campeia sem freios pela Polícia Federal, por procuradores e juízes de primeira instância?

Marina Silva e a série da Netflix

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Marina Silva precisa explicar a promoção que está fazendo da série “O Mecanismo”, da Netflix, dirigida por José Padilha e inspirada em livro do filho de Miriam Leitão, Vladimir Netto, sobre a Lava Jato.

Nas redes, Marina está usando uma foto de Marielle Franco com o círculo vermelho usado na comunicação visual da campanha do seriado.

Isso serve de ilustração para um blablablá demagógico.

A indústria é crucial para desenvolvimento

Por Dayane Santos, no site Vermelho:

Discutir um projeto nacional de desenvolvimento em novas bases para a reconstrução do Brasil. Esse foi o objetivo da Fundação Maurício Grabois na realização do seminário “Desafios para a Retomada do Desenvolvimento Nacional”, realizado em São Paulo, nesta sexta-feira (23).

Na abertura, o presidente da Fundação, Renato Rabelo, destacou a importância do debate para aprofundar o diálogo em torno de um projeto nacional de desenvolvimento que tenha a soberania nacional como centro.

Renato frisou ainda que o seminário é resultado do manifesto lançado em fevereiro, intitulado "Unidade para Reconstruir o Brasil", assinado pelas cinco fundações vinculadas ao PCdoB, PT, PDT, PSB e Psol, que foi” um passo importante da busca do diálogo”.

Marielle resistirá à onda de fake news?

Por Tatiana Merlino, na revista CartaCapital:

A comoção causada pela morte de Marielle Franco e de seu motorista Anderson Pedro Gomes levou milhares de brasileiros às ruas, em atos massivos e espontâneos no Brasil e protestos fora do País. No mundo digital, o alcance do episódio também foi enorme e surpreendeu, inclusive, quem atua na área.

Para se ter uma ideia, até as 15 horas da sexta-feira 16, dois dias após o assassinato, 3,6 milhões de tuítes haviam sido disparados, de acordo com levantamento do professor Fábio Malini, coordenador do Laboratório de Estudos de Internet e Cultura, o Labic, da Universidade Federal do Espírito Santo. “Nunca vi nada igual. Foi uma repercussão altíssima, que não para de crescer, inclusive internacionalmente. A Marielle virou uma espécie de ícone da população favelada no Brasil.”

O dia internacional da verdade

Por Paulo Teixeira e Camilo Vannuchi

As balas que atingiram Marielle Franco em 14 de março de 2018, no Rio de Janeiro, são da mesma linhagem da munição que matou Dom Oscar Romero em 24 de março de 1980, em El Salvador. Foram ensinadas, essas balas, a perseguir mulheres e homens que ousam erguer sua voz contra a tortura, o extermínio, o arbítrio e demais violações de direitos humanos praticadas em democracias ainda em construção — ou já em ruína? — como a nossa.

Kim, o ex-queridinho, agora critica a mídia

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

No jornal O Globo, em trabalho dos repórteres Gabriel Carriello e Marco Grillo, surgem as evidências das ligações entre o MBL de Kim Kataguiri e os sites de fake news que atacaram a memória da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio.

No dia seguinte ao crime, boatos começaram a se espalhar em grupos de WhatsApp por meio de textos, áudios e memes. Por volta do meio-dia de sexta-feira, apareceram os primeiros tweets relacionando Marielle ao traficante Marcinho VP e à facção Comando Vermelho. Quatro horas mais tarde, o site Ceticismo Político publicou um texto que teve papel fundamental na disseminação das falsas acusações. O link foi divulgado no Facebook, e, pouco depois, o Movimento Brasil Livre (MBL) replicou a mensagem, ampliando ainda mais a repercussão.