segunda-feira, 11 de junho de 2018

Temer e o desmonte da economia nacional

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Os norte-americanos grafaram a expressão lame duck (pato manco) para designar o presidente que já está com os dias contados no cargo e nele permanece guardando a cadeira de seu sucessor. Poder esvaziado, nada mais lhe sobra senão arrumar as gavetas.

Normalmente, esse esvaziamento se observa entre as eleições e a posse do novo presidente, quando o antigo titular vê crescer a grama na soleira de seu gabinete. É também um período de vácuo, pois o novo presidente é, ainda, apenas uma potência de poder.

Não querem nosso bem, mas os nossos bens

Por José Carlos Ruy, no site Vermelho:

No sermão que pregou em Salvador, em 1640, na posse do Marques de Montalvão como vice-rei do Brasil (Sermão da Visitação de Nossa Senhora), padre Antônio Vieira usou palavras fortes, que continuam atuais mesmo tendo passado mais de três séculos e meio.

Vieira atacou os governantes enviados pelo rei de Portugal que “não vem cá buscar nosso bem, vêm cá buscar nossos bens”. E os comparou às nuvens que se formam sobre a Bahia mas vão chover em lugares distantes: “Pois, nuvem ingrata, nuvem injusta, se na Bahia tomaste essa água, se na Bahia te encheste, porque não choves também na Bahia?”

Quem são os culpados pelo caos no Brasil?

Copa do Mundo: Mataram a graça do futebol

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Não vou assistir aos jogos do Brasil na Copa do Mundo. E não é por motivos políticos. A Copa de 1970 mostrou que o futebol não pertencia à ditadura militar, mas ao povo. Muita gente se sentiu dividida naquela época. Afinal, fizeram de tudo para colocar os méritos da Seleção na conta do regime. Slogans canalhas, musiquinhas ridículas e clima de país que vai pra frente enquanto o pau comia. Ficaram, no entanto, para a história, dois exemplos: a coragem da resistência e da luta pela liberdade e as conquistas da arte do esporte popular.

Sinais de unidade alentam a esquerda

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

Em meio a um nebuloso cenário político, há episódios que prenunciam ou mesmo provocam significativas mudanças.

Em dois dias (sexta e sábado últimos) as principais forças da esquerda do país – o PT e o PCdoB – fizeram movimentações e emitiram sinais que favorecem a acumulação de forças e a construção da unidade das esquerdas com perspectiva de ampliar os protagonistas na luta contra o regime do golpe.

Um desses episódios, momento apoteótico, foi o lançamento da pré-candidatura do presidente Luís Inácio Lula da Silva. Preso político em Curitiba, em condição de “solitária”, como ele próprio expressou, Lula enviou uma comovente mensagem ao povo brasileiro, lida pela presidenta legítima do Brasil, Dilma Rousseff : “De onde me encontro, quero renovar a mensagem de fé no Brasil e em nosso povo”, proclama.

Os chacais do golpe dão as costas a Temer

Por Laurez Cerqueira, na revista Fórum:

Michel Temer está só. Um presidente decorativo. Envolto no seu manto de vaidade diante do espelho d’água do Lago Paranoá com olhar perdido no melancólico ocaso político, enquanto o Brasil vive um dos momentos mais dramáticos de sua história. O Lago Paranoá não tem pinguela para o futuro.

Os chacais do golpe viraram as costas. Foram cuidar de suas vidas, dos negócios, de seus processos na justiça. O país está à deriva.

Nem Henrique Meirelles, poderoso ex-ministro da Fazenda, que prometeu o “Estado mínimo” como presente amarrado com laço de fita amarela, e uma agenda ultraliberal de cortes de investimentos públicos e entrega do patrimônio, tão sonhada pelo tucanato, ficou para apagar a luz do palácio.

Minha visita a Lula em Curitiba

Por Jandira Feghali

Dia 29 de maio de 2018, terça-feira. No último andar do prédio da Polícia Federal, em Curitiba, entramos em oito parlamentares que compõem a comissão externa da Câmara dos Deputados e, por força de liminar no STF, em busca do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O enorme concreto, mesmo que arquitetonicamente moderno, lembrava um castelo, desses medievais. Era o encastelamento metafórico de um grande líder, um dos maiores da América Latina.

Xadrez da aliança Ciro Gomes-Lula

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Nas próximas eleições há apenas duas balas na agulha para interromper o desmonte do país e o fantasma de Bolsonaro: um candidato indicado por Lula ou Ciro Gomes, mas ambos os grupos caminhando juntos no segundo turno.

Há toda uma engrenagem montada em torno do impeachment, pronta a detonar “inimigos”. É o arco constituído pelo mercado, mídia e sistema judiciário. Mesmo assim, o aprofundamento da crise e o risco Bolsonaro estão tornando dois candidatos gradativamente palatáveis ao epicentro do golpe, em São Paulo: Fernando Haddad e Ciro Gomes.

Lula e o poder para transferir votos

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O Datafolha e a maioria dos institutos de pesquisa insistem em esconder dos pesquisados os candidatos que Lula poderá indicar SE ele mesmo não puder concorrer. Assim, o Datafolha deste domingo engana o eleitor ao não pesquisar cenário incluindo o candidato que Lula indicar. Até porque, AUMENTOU, nessa pesquisa, o percentual dos que votarão em quem ele indicar.

Para entender o caso, basta olhar pesquisa eleitoral encomendada pela XP Investimentos que mensurou o potencial de crescimento de uma candidatura de Fernando Haddad (PT) à Presidência. Apresentado isoladamente, Haddad registra 3% das intenções de voto. No entanto, quando associado a Lula, seu nome dispara e vai a 11%.

Waldir Pires e a luta pela igualdade

Por Emiliano José, no site Carta Maior:

Estou lançando, agora, dia 14 de junho, em Salvador, o primeiro volume da trajetória de Waldir Pires, cobrindo o período de 1926, quando ele nasce, até o fim de 1978, quando decide voltar à Bahia. O segundo cobrirá do ano de 1979 até os dias de hoje, já seguindo para a revisão. Waldir não é personagem de fácil definição.

Antes de arriscar fazê-lo, lembro sua longa vida, a atravessar grande parte do século XX e adentrar esses quase 18 anos do século XXI. Nasceu no Cajueiro, mais tarde Acajutiba, e muito cedo, com três anos, a família aporta em Amargosa, onde viveu infância e parte da adolescência. Em Nazaré das Farinhas, fez ginásio. Colegial, no famoso Colégio Central, em Salvador. Cursa a Faculdade de Direito, formando-se em 1949. É orador de turma, quando produz memorável discurso em torno da obra de Ruy Barbosa, desenvolvendo uma noção nova sobre o Direito, pregando a existência do Estado Democrático capaz de suplantar uma visão liberal, para ele já condenada ao museu.

Perseguição a Lula prepara novo 1964

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Nada mais exasperante do que a falsa perplexidade de políticos e acadêmicos que reconhecem a gravidade da crise mas fingem ignorar que a única saída real passa pela liberdade de Lula e seu retorno de pleno direito à campanha presidencial de 2018.

As pesquisas eleitorais informam a quem quer ser informado que, cinco décadas depois do golpe de 64, o país se encontra numa encruzilhada semelhante àquela que produziu uma ditadura de 21 anos.

Temos os movimentos evidentes de uma ditadura - ou pós-democracia - em marcha. Como há 54 anos, há uma alternativa de preservação democrática.

Quem ganha com o lucro dos bancos?

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

Desde 2014, a economia brasileira enfrenta recessão, com sérios impactos sobre o mercado de trabalho: elevação do desemprego, crescimento da informalidade e redução dos salários. Para piorar, a lei da terceirização, aprovada em março, e a reforma trabalhista, em vigor desde novembro, permitiram a precarização do trabalho. Na outra ponta, as altas taxas de juros, mesmo em queda, em nenhum momento estimularam o crédito e o investimento produtivo. Neste cenário, os lucros dos cinco maiores bancos do Brasil, mais uma vez, bateram recordes em 2017. Itaú Unibanco, Bradesco, Caixa Econômica, Banco do Brasil e Santander somaram lucro de R$ 77,4 bilhões, 33,5% a mais do que em 2016.

domingo, 10 de junho de 2018

Tiroteio Bolsonaro-Alckmin e a carnificina

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Jair Bolsonaro, o presidenciável da extrema-direita, e Geraldo Alckmin, o conservador do PSDB, estão em guerra pelo voto direitista. O tiroteio entre eles e seus apoiadores prenuncia uma carnificina quando a campanha começar. Ou será que o tucano, alvo de descrédito e pressão dentro do próprio partido devido à posição nas pesquisas, não sobrevive até lá?

São muitos os temores no PSDB, articulador de um manifesto a pregar a união total dos partidos aliados do governo Michel Temer, o impopular. O documento achincalha os “radicalismos” do campo progressista e de Bolsonaro, mas o verdadeiro alvo é o deputado do PSL, taxado de “proto-fascista” durante o lançamento do manifesto, na terça-feira 5, em Brasília.

O projeto político da 'Bancada da Bíblia'

Por Cida de Oliveira, na Rede Brasil Atual:

A Bíblia narra Jesus Cristo como uma liderança que nasceu e viveu na periferia, pregou o amor incondicional e o perdão, denunciou a concentração de renda, valorizou os pobres, andou com os marginalizados, frequentou festas e desafiou poderes, inclusive dos falsos profetas. Por isso foi preso, torturado e assassinado pelo estado que deveria protegê-lo mas que preferiu lavar suas mãos. Se vivesse nos dias de hoje, Jesus Cristo muito provavelmente seria tachado de petralha, comunista e bolivariano. E se fosse um político, na certa não poderia contar com os votos dos deputados da chamada bancada evangélica do Congresso Nacional.

Globo exige compromisso: não soltar Lula

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Quanto mais Lula se consolida na liderança das intenções de voto, mais a Globo se apavora com sua volta triunfal, inevitável, mais cedo ou mais tarde.

Na edição de hoje, o jornal submete os candidatos a um “teste de fidelidade”: pede, de cada um, um compromisso formal de que não libertará, através de indulto, o ex-presidente.

Faz, a todos eles, um interrogatório com um objetivo específico, cercado de complementos genéricos, ao perguntar se eles assinariam um indulto para o presidente Lula ou outro condenado por corrupção e, claro, obtém de todos eles – exceto de Ciro, que diz que assumir este compromisso seria “loucura”, pois Lula luta por ser declarado inocente – o juramento de que manterão preso o maior representante hoje, segundo todas as pesquisas, da vontade popular.

A Colômbia e os protocolos da capitulação

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Se tivesse tempo, um artigo cada vez mais escasso no meu caso, gostaria de escrever um livro que poderia se chamar “garrafas ao mar”, ou “notas ao pé da história” na esperança de que estas linhas fossem lidas por alguém daqui a algumas décadas, do qual constaria um extenso capítulo chamado os "diários" ou "protocolos" da capitulação, para descrever - com nomes, datas e fatos - os tempos vergonhosos que estamos vivendo.

Tempos temerários - no sentido de sua irresponsabilidade e imprudência - com relação ao que estamos fazendo com o nosso futuro como nação.

Venezuela, eleições e sabotagem

Por Alexander Main, no site da Fundação Maurício Grabois:

Costumava ser censurável apelar abertamente para golpes militares e intervenção dos EUA na América Latina. Não mais. Ao menos quando se trata da Venezuela, um país onde – de acordo com a narrativa dominante na mídia – um ditador brutal está deixando a população faminta e aniquilando qualquer oposição.

Em agosto passado, o presidente Trump casualmente mencionou uma “opção militar” para a Venezuela em seu campo de golfe em Nova Jersey, provocando um alvoroço na América Latina, mas nem um pio em Washington. Paralelamente, Rex Tillerson, então Secretário de Estado, manifestou-se favoravelmente a uma possível deposição militar do presidente venezuelano Nicolás Maduro.

Tacla Durán e a indústria da delação de Moro

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Enquanto Sergio Moro era premiado pela realeza de um paraíso fiscal chamado Mônaco, um ex-advogado da Odebrecht denunciava na Câmara a existência de uma quadrilha criminosa operando dentro da própria Lava Jato. Morando na Espanha por ter dupla cidadania e considerado foragido por Moro, Rodrigo Tacla Durán falou durante 4 horas por videoconferência aos deputados. Ele reiterou as acusações que vem fazendo sobre a existência de uma indústria da delação na Lava Jato.

As eleições e as velhas armas

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Com as revelações da Lava Jato sobre os vícios comuns a todos os partidos, inclusive aos três maiores, PT, PMDB e PSDB, e a consequente descrença da população na política, decretou-se amiúde, nos últimos tempos, a falência do quadro partidário brasileiro. E também que a eleição deste ano, em tais circunstâncias, favoreceria os outsiders, os estreantes e os partidos novos.

Olhando menos para a eleição presidencial e mais para a disputa nos estados, arrisco-me a dizer que as máquinas partidárias e as velhas armas ainda serão determinantes. É muito provável, por exemplo, que PT e PMDB, não necessariamente nesta ordem, elejam novamente as maiores bancadas da Câmara.

Ação anti-Petrobras leva país ao paleolítico

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

Grande responsável pela descoberta do Pré-Sal, o geólogo Guilherme Estrella está indignado com os rumos que o governo golpista vem dando à Petrobras: “É um negócio completamente contrário ao interesse nacional, que vai explodir lá embaixo, no preço no diesel, na gasolina, no gás de cozinha, que passou a R$ 80 o botijão!”.

E prossegue: “Por causa dessa explosão de preço do gás, tivemos uma milhão e duzentos mil lares brasileiros voltando para a lenha! Isso é uma coisa primitiva! O país volta ao paleolítico, nós estamos voltando ao paleolítico! O ser humano, há dez mil anos, utilizava lenha.”