sexta-feira, 7 de janeiro de 2022

2022: o que estará em jogo?

Charge: Jota Camelo
Por Luiz Manfredini, no site Vermelho:

O que estará em jogo em 2022? Eis a pergunta central para quem deseja se orientar politicamente nas atuais circunstâncias brasileiras. Resposta: derrotar o fascismo e frear a destruição nacional que avançam sob Bolsonaro e se consolidarão com sua vitória em outubro. Como se dizia antigamente, eis o busílis do atual cenário político do Brasil. E tal desafio significa derrotar Bolsonaro nas batalhas políticas do ano, muito especialmente nas eleições de outubro.

Brasil: a independência por fazer

Desenho de Millôr Fernandes/Acervo IMS
Por Roberto Amaral, em seu blog:


“O Brasil tem um enorme passado pela frente” – Millôr Fernandes

O novo ano coloca na ordem do dia as comemorações do bicentenário da Independência, e seu marco é o grito do 7 de setembro, mais relevante na tela de Pedro Américo do que na costura política do grande acordo que nos deu – sem revolução, sem alteração de mando ou de poder, sem abalo de estrutura econômica ou social, mas ao preço de transações e traficâncias – a maioridade política, por cujas artes a colônia é promovida a império, sem de fato conquistar a autonomia que caracteriza os estados independentes.

A Ômicron é moderada, mas Biden não

Charge: Omar Turcios
Por Marcelo Zero, no blog Viomundo:

Hoje, há um obstáculo maior à saída da crise que a pandemia. Trata-se da política externa dos EUA.

Os dados provenientes da Europa e dos EUA demostram que a variante ômicron, responsável pela quarta onda de Covid-19, é significativamente menos agressiva que as variantes anteriores.

Embora muito contagiosa, ela provoca um número proporcionalmente baixo de hospitalizações e mortes, concentrado entre os não vacinados.

Porém, enquanto o vírus se modera, criando brechas para a volta da normalidade, a política externa de Biden se radicaliza, apontando para a continuidade da crise.

Com efeito, a escalada de provocações na Ucrânia e em Taiwan demonstra que Biden está investindo em acirramentos dos conflitos com a Rússia e a China, num momento em que a saída da crise mundial exige alto grau de cooperação e negociação.

Tudo como antes no quartel de Abrantes

Charge: Adnael
Por Eric Nepomuceno, no site Brasil-247:

Na manhã da primeira quarta-feira de 2022, e com os intestinos finalmente desentupidos (o cérebro continua igual: qualquer tentativa de desentupimento seria inútil), Jair Messias teve alta no hospital luxuoso em que estava hospedado em São Paulo desde a madrugada da segunda-feira.

Como não poderia deixar de ser, tanto ele como o médico que veio do Caribe para acudi-lo mencionaram a famosa facada de 2018 como tendo alguma relação com a nova obstrução intestinal.

Foi mais um lampejo indicando que o tema fará parte da campanha eleitoral deste ano. Ou, melhor dizendo, como será reforçado, já que o senhor mandatário está em campanha eleitoral permanente desde o primeiro dia de 2019, quando depositou o traseiro na poltrona presidencial.

Avança a mobilização do funcionalismo

Por Cristiane Sampaio, no jornal Brasil de Fato:

A mobilização de categorias da elite do funcionalismo público federal vem ganhando, aos poucos, novas proporções.

Entre os auditores fiscais do trabalho, mais de 160 dos que ocupavam funções de chefia e coordenação já entregaram os cargos, segundo dados atualizados na quarta-feira (4).

O número equivale a pelo menos 53% do total de 298 postos desse nível.

“Em 26 anos de carreira, eu nunca tinha presenciado essa modalidade de reivindicação”, conta Valdiney Antonio de Arruda, que está na instituição desde 1996 e, na última segunda (3), abriu mão do cargo de chefe da Seção de Inspeção do Trabalho (Seint) da Superintendência Regional do Trabalho de Mato Grosso (SRT/MG).

Globo vai ignorar Lula e mirar em Bolsonaro

Charge: Zepa
Por Naian Lopes, no Diário do Centro do Mundo:

A direção da Globo traçou um plano, decidindo que vai ignorar Lula e atacar Bolsonaro ao longo de 2022. Os objetivos do canal são evitar que o ex-presidente cresça ainda mais nas pesquisas e que o atual chefe do executivo federal perca ainda mais popularidade. Quem deve se beneficiar com isso é o ex-juiz Sergio Moro, o novo querido do mercado.

Conforme apurou o DCM, a emissora não quer que o petista volte ao poder. E ela entende que ataques contra o ex-presidente acabam o fortalecendo. Por isso a estratégia é evitar tocar o nome dele, tanto para o bem quanto para o mal.

O "vale tudo" entre moristas e bolsonaristas

Por Fernando Brito, em seu blog:

Os leitores deste blog sabem da minha aversão por “tretas” de internet.

Mas não é possível ignorá-las quando revelam o estado de desespero de forças importantes do jogo político.

A troca de ofensas entre Carluxo e o ex-coordenador da campanha bolsonarista de 2018 no Nordeste (e agora da de Sergio Moro), Julien Lemos, travada na base onde “corno” e “falta de testosterona” são “argumentos” da discussão político-eleitoral são evidência do estado deplorável das candidaturas que defendem.

Diante do fiasco do seu desempenho, bolsonaristas e moristas só sabem reagir com mais fanatismo, como dois Jim Jones fundamentalistas e negacionistas da politica.

Malafaia e a implosão da bancada evangélica

Por Plinio Teodoro, na revista Fórum:

Uma das principais bases de sustentação do governo Jair Bolsonaro (PL) na Câmara, a bancada evangélica está estremecida com a briga entre dois dos principais bajuladores do presidente no meio: Silas Malafaia, líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, e Samuel Ferreira, que comanda a Assembleia de Deus no Brás – Ministério de Madureira.

A briga começou quando Ferreira anunciou que faria campanha para manter o deputado Cezinha De Madureira (PSC-SP), vice-líder do governo no Congresso, no comando da bancada durante culto pela posse de André Mendonça no Supremo Tribunal Federal (STF).

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Mundo-3: os novos ventos na América Latina

Derrubada (1960), Portinari



Por Altamiro Borges

A luta de classes segue movendo o mundo. Na geopolítica internacional, há importantes mudanças em curso. Os EUA já não mandam e desmandam como antes. A potência imperialista está enfiada em uma crise econômica sem precedentes, perdendo o papel de liderança no planeta. A sua hegemonia nas armas, no front militar, também sofre abalos, como ficou evidenciado após 20 anos de ocupação criminosa no Afeganistão.

A degradação acelerada do império explica, inclusive, o trágico governo do fascista Donald Trump – um ser patético e grotesco –, o que só aumentou o isolamento dos EUA no mundo. A tentativa frustrada de manter o poder, com a violenta invasão em janeiro passado do Capitólio – o congresso ianque – confirmou o grau de degradação dessa nação apodrecida.

Mundo-2: neofascismo e ultraneoliberalismo

Descoberta da terra (1941), Portinari
Por Altamiro Borges


Nessa nova fase regressiva e destrutiva do capitalismo, que concentra a riqueza e faz explodir a miséria, há uma combinação perversa entre o ultraneoliberalismo na economia, o fascismo na política e o obscurantismo nos valores e nos direitos humanos. Ocorre um processo de fascistização no mundo.

O neoliberalismo aguçou as contradições do sistema, o que ampliou suas deformações e depravações, como aumento da violência urbana e do drama da imigração. Ele também fragilizou as instituições democráticas do Estado, travou as mudanças mais progressistas na sociedade e fragmentou a capacidade de resistência dos trabalhadores.

Mundo-1: pandemia, desigualdade e resistência

Família (1935), Portinari
Por Altamiro Borges

O mundo do trabalho vive o pior dos mundos. A pandemia da Covid-19 só agravou o cenário de desigualdades sociais, desemprego, queda de renda, regressão trabalhista, desalento e falta de perspectivas – principalmente entre os mais jovens. A crise do capitalismo, que é prolongada, estrutural e sistêmica, ganhou contornos ainda mais trágicos com o novo coronavírus.

Por outro lado, a pandemia acelerou o processo de mudança na geopolítica mundial, com o declínio relativo dos EUA e a ascensão de novas nações, com destaque para a China. A humilhação do império no Afeganistão, após 20 anos de ocupação criminosa e gastos de dois trilhões de dólares, é a prova mais recente dessa mutação do quadro internacional.

A vitimização bolsonarista perdeu o encanto?

Carestia, inflação e o poder do "mercado"

A invasão do Capitólio e o futuro de Trump

Um dos países mais desiguais do mundo

O mundo em 2022: estabilidade ou conflitos?

Brasil entra o novo ano cheio de esperança

Jogo de cena da hospitalização de Bolsonaro

Bolsonaro, racismo ambiental e as enchentes

Os "programas sociais" de quem odeia pobre

Charge: Nando Motta
Por Bepe Damasco, em seu blog:


Sem ser capaz de produzir uma única ideia original sobre programas sociais que contribuam para melhorar minimamente a vida das pessoas mais pobres, Bolsonaro tem se limitado a copiar, não sem antes maquiar, desvirtuar e deformar, políticas vitoriosas dos governos do PT.

A aposta envolve alto risco político. Bolsonaro pode estar por tabela fortalecendo ainda mais no imaginário popular a ideia de que o PT prioriza em seus governos o investimento na inclusão social, o que é reconhecido até por adversários do partido.

É aquela história: entre o original e o arremedo de imitação, a tendência do eleitorado é abraçar a primeira opção.