Por Vinicius do Valle, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:
Nos últimos dias, estamos assistindo ao presidente Jair Bolsonaro lutar em diversas frentes contra a estratégia de isolamento social, contrariando recomendações da OMS, de epidemiologistas, de estatísticos, de cientistas de dados e de demais pesquisadores que, neste momento, estudam o vírus e sua disseminação no mundo. Há quem diga que a preocupação do presidente é econômica, mas não há, até agora, qualquer grande economista, das mais diferentes tradições econômicas – dos liberais Armínio Fraga e Marcos Lisboa aos heterodoxos Bresser Pereira e Laura Carvalho –, que defenda a volta do país à normalidade. É sabido, entre qualquer um deles, que em uma sociedade com o sistema de saúde em colapso total não há economia possível. Há diferenças entre os economistas, mas elas são sobre como o Estado deve se portar frente à necessidade de estímulo econômico para a amenização dos efeitos da crise, e não sobre a necessidade de restrição das atividades não emergenciais.