domingo, 16 de junho de 2024

Juiz de SC protege o censor Luciano Hang

Charge: Firuz Kutal
Por Altamiro Borges


Em nota divulgada nesta quinta-feira (13), a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) repudiou a decisão do juiz Gilberto Gomes de Oliveira Junior, de Santa Catarina, de censurar o site Metrópoles por uma reportagem que revelou mensagens de um grupo de WhatsApp em que empresários bolsonaristas tramavam um golpe militar em caso de vitória de Lula nas eleições de 2022 e atacavam o Supremo Tribunal Federal (STF) e Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O juiz atendeu a um pedido do censor Luciano Hang, vulgo Véio da Havan.

Na nota de repúdio, a Abraji lembrou que o ricaço dono da rede de lojas consta no Monitor de Assédio Judicial, divulgado recentemente pela entidade, como uma figura que adota sempre a prática de recorrer à Justiça para silenciar a imprensa. A presidenta da associação, Kátia Brembatti, também enfatizou que “causa estranheza os casos recorrentes de derrotas do jornalismo na Justiça catarinense”. A decisão da 1ª Vara Cível de Brusque de censurar o site só confirma a subserviência do judiciário local aos poderosos e influentes empresários.

A reportagem censurada foi postada em agosto de 2022 e revelou mensagens trocadas por bolsonaristas em um grupo de WhatsApp. “Nelas, os empresários defendiam um golpe de estado em caso de derrota de Jair Bolsonaro na eleição daquele ano e faziam ataques a diferentes instituições... Luciano Hang estava entre os integrantes do grupo, onde fez ataques ao STF e ao TSE e espalhou desinformação”, lembra o site Metrópoles, que já decidiu recorrer da sentença – inclusive contra a decisão absurda de indenizar o golpista em R$ 5 mil.

Outras decisões favoráveis ao Véio da Havan

O site lembra ainda que “o juiz Gilberto Gomes de Oliveira Júnior, da 1ª Vara Cível de Brusque, cidade onde está sediada a Havan, empresa de Luciano Hang, tem um histórico de decisões favoráveis ao empresário em ações movidas contra jornalistas. Em dezembro de 2020, ele condenou o jornal Folha de S.Paulo e a jornalista Patrícia Campos Mello a pagarem R$ 100 mil a Hang em razão de uma reportagem que o citou como suspeito de participar do disparo ilegal de mensagens, no WhatsApp, na eleição de 2018”.

“Em maio de 2021, em outra decisão favorável a Luciano Hang, o juiz de Brusque ordenou que o Google republicasse uma entrevista do empresário à Jovem Pan, na qual ele defendeu o tratamento precoce contra a Covid-19. O conteúdo havia sido retirado do YouTube... Outra decisão de Oliveira Júnior contra a imprensa e favorável a Luciano Hang ocorreu em agosto de 2021. Na ocasião, ele determinou que o UOL publicasse uma resposta do empresário na qual ele negou a existência de um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), sob pena de R$ 10 mil por dia em caso de descumprimento. Segundo informou o portal, o relatório questionava a lisura do patrimônio de Hang”.

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