sexta-feira, 14 de junho de 2019

A Lava-Jato e suas vítimas

Por Flavio Aguiar, no site Carta Maior:

O feitiço virou contra o feiticeiro. Embora tenha produzido uma soma considerável de estragos legais através de suas arbitrariedades, as revelações do site The Intercept, expondo suas entranhas conspiratórias, transformaram a reputação dos líderes e operadores da Lava Jato na sua principal vítima.

Se é verdade que o prestígio da Lava Jato na mídia mainstream internacional está seriamente abalada, a reputação de Sérgio Moro e Deltan Dallagnol está definitivamente arrasada. Ela já não andava em alta. A aceitação do cargo de ministro da Justiça por parte de Sérgio Moro já a arranhara seriamente. O episódio torvo da “requisição” de parte do pagamento das multas da Petrobras nos Estados Unidos para um fundo próprio pelo procurador Dallagnol, em nome da Lava Jato, fez o mesmo com a dele.

Imprensa golpista leva furo

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Moro não foi juiz nos processos da Lava-Jato, foi assistente da acusação. Cobrou ações dos procuradores, indicou caminhos, sugeriu mudar a ordem de operações, antecipou sentenças e participou de conluio para evitar entrevista de Lula, com medo do crescimento da candidatura de Haddad. Chegou a confessar que é sonso, mentiroso e mau caráter, ao admitir, depois de pedir desculpas ao STF pelo vazamento da conversa entre Dilma e Lula, que faria tudo de novo.

"Morogate" já saiu do noticiário

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Quinta-feira, 16 horas. Neste mesmo horário, no domingo, as denúncias do The Intercept sobre as armações da Lava Jato abalavam Brasília e ganhavam as manchetes.

Parecia ser mais uma crise do fim do mundo, mas já foi adiada sine die, como costuma acontecer na república que passa o pano rapidamente nas maiores sujeiras para tudo ficar como está.

Pode ser o escândalo do tamanho que for, não tem erro: começa com um barulho danado, sobe aos céus das especulações catastróficas, o governo pode cair, quem está preso será solto e vice-versa, mas logo tudo é normalizado e precificado pelo mercado, ninguém se espanta mais.

A Bolsa e o dólar ficam mais calmos e a vida segue sua rotina como se nada tivesse acontecido.

A guerra de longa duração contra a Lava-Jato

Por Bepe Damasco, em seu blog:

No campo da esquerda, é difícil encontrar alguém que não demonstre um sentimento de ansiedade galopante diante dos últimos acontecimentos que deixaram à deriva a Lava Jato e expuseram à execração pública seus dois líderes, Moro e Dallagnol.

Quando o The Intercept divulgará novas denúncias? Por que o jornalista Glenn Greenwald não acelera o ritmo da veiculação de seu enorme acervo? Lula será solto quando, hoje, amanhã ou depois de amanhã? Por que os processos contra o ex-presidente, manchados irremediavelmente pelo conluio entre o juiz e os procuradores, não são imediatamente anulados? Se as eleições de 2018 foram fraudadas pela Lava Jato, por que não são anuladas o mais rápido possível?

As negociatas internacionais da Lava-Jato

Intercept derruba popularidade de Moro

Por Vilma Bokany, no site da Fundação Perseu Abramo:

O ex-juiz Sérgio Moro já começa a perder popularidade nas pesquisas com as revelações do The Intercept Brasil sobre a sua atuação junto com o procurador Deltan Dellagnol para manipular a operação Lava Jato com o objetivo de prejudicar o ex-presidente Lula.

A Pesquisa Atlas Político deste mês, realizada on line, entre os dias 10 e 12 de junho, com duas mil pessoas de todo o país, equilibrada por sexo, idade e estratos sociais, já detecta queda de dez pontos percentuais na imagem do ministro. Em maio, Moro tinha imagem positiva para 60% dos entrevistados e, na rodada de junho, 50,4% dos entrevistados mantiveram essa avaliação. Sua avaliação negativa cresceu de 31,8%, em maio, para 38,4% em junho.

Greve ecoa história da classe trabalhadora

Centro do Rio de Janeiro, 14/6/19
Foto: Foto: Francisco Proner/Farpa
Editorial do site Vermelho:

A paralisação deste dia 14 tem uma singularidade histórica. Ela ocorre num momento em que as instituições democráticas sofrem abalos, gerando instabilidade política, ao passo que o país mergulha numa degradação social de grande magnitude. A pauta da greve enfeixa os fatores constituintes de uma nação democrática e soberana, sintetizados na chamada questão social. Nada simboliza melhor esse conceito, atualmente, do que o direito à aposentadoria, o mote principal desta paralisação.

Corporações: já vivemos uma distopia…

Por Jeremy Lent, no site Outras Palavras:

Alguns dos principais pensadores de nossos tempos vêm soltando uma série de alertas sobre a ameaça da inteligência artificial dominar os humanos. Stephen Hawking profetizou que isso poderia ser “o pior acontecimento na história de nossa civilização”, a menos que encontremos uma forma de controlar o seu desenvolvimento. O bilionário Elon Musk fundou uma companhia para tentar manter os humanos um passo à frente no que ele considera uma ameaça existencial da Inteligência Artificial (IA).

A entrevista de Lula na TVT

quinta-feira, 13 de junho de 2019

As mídias na midiática Lava-Jato

Globo x Glenn: guerra declarada

Moro é cuspido por quem o tornou ‘herói’

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

Moro está a caminho de voltar a ser o personagem menor que sempre foi, um cunhado de Nelson Rodrigues.

Vai sendo fritado por Jair Bolsonaro, que não se manifestou publicamente sobre o escândalo da Lava Jato e declarou um apoio envergonhado.

Bolsonaro sabe que o ministro tem um projeto de poder próprio.

Cauteloso, não sabe o que virá por aí nos vazamentos do Intercept envolvendo a nomeação do ex-juiz para o governo.

Mas é a mídia que construiu Moro que o está rifando de maneira inclemente.

Intercept dá as cartas do jogo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Dizia Vitor Hugo que nada é mais poderoso que uma ideia que chegou no tempo certo.

Tome-se o caso Lava Jato no seu auge e, agora, depois do dossiê Intercept. As mesmas cenas, o mesmo jogo político, as mesmas arbitrariedades, mas, agora, vistas de uma ótica diferente e produzindo reações completamente opostas.

O que se minimizava antes, ganha cores chocantes. As ilegalidades, antes aceitas, hoje ferem o sentimento de justiça da opinião pública mais esclarecida.

Tudo porque, sem a adrenalina das denúncias diárias, da narrativa única, proveniente do acordo Globo-Lava Jato, entra-se na normalidade. Há uma releitura geral e todas as impropriedades passam a ser julgadas pela ótica comum aos seres civilizados.

Globo, a advogada do "juiz" Sergio Moro

Bolsonaro demite o general Santos Cruz

Por Victor Ohana, na revista CartaCapital:

Caiu mais um ministro do governo: desta vez, foi Carlos Alberto dos Santos Cruz, da Secretaria de Governo da Presidência da República. Santos Cruz foi demitido por Jair Bolsonaro (PSL), nesta quinta-feira 14. O cargo deve ser ocupado agora pelo General Luiz Eduardo Ramos Batista Pereira, comandante militar do Sudeste.

O ministro havia se envolvido em uma crise com os filhos do presidente da República e com o guru da família, o escritor Olavo de Carvalho, de quem recebeu diversos ataques públicos. É a primeira baixa de um militar no corpo ministerial.


O jogo mudou: sai Neymar, entra Moro

Por Laurindo Lalo Leal Filho, na Rede Brasil Atual:

Até a semana passada programas de rádio e TV, jornalísticos ou não, e manchetes de jornais e revistas abriam grandes espaços para o caso Neymar-Najila. Espaços até então ocupados por malabarismos para justificar as ações de um governo tresloucado cederam lugar a um tema de folhetim. Nada melhor para segurar uma audiência do que juntar num só enredo fama, dinheiro, violência, sexo e traição. Tudo isso, é claro, travestido de jornalismo.

O Papa Francisco e o "Morogate"

A "Vaza Jato" e os jornais

Por Eduardo Barbabela e João Feres Jr., no site Manchetômetro:

No terceiro dia após a divulgação das conversas entre Moro e Dallagnol pelo The Intercept, 12 de junho, a Folha continua sendo o meio com o maior número de matérias sobre o caso, com 16 novos textos no dia de hoje, dentre os quais temos uma fala do ex-presidente Lula e textos de opinião que defendem a renúncia do ministro da Justiça.

O Estadão aumentou hoje o número de textos contrários a Moro. Se nos dois últimos dias o balanço entre o número de textos críticos a Moro e ao Intercept estava totalmente equilibrado, hoje há uma tendência contrária ao ministro de Bolsonaro. O jornal destaca os prejuízos jurídicos que a Lava Jato pode ter pela ação de Sérgio Moro que afronta o Estado de Direito.

Lavajatogate: hackers, X9 e o Direito

Por Lenio Luiz Streck, no site Consultor Jurídico:

Passadas 48 horas da divulgação dos diálogos entre procuradores da “lava jato” e o ex-juiz Sergio Moro, algumas questões parecem estar consensuadas:

- Primeiro, que as conversas configuram relações promíscuas e ilegais entre juiz e membros do Ministério Público;

- Segundo, houve a violação de comezinhos princípios éticos e jurídicos acerca do devido processo legal;

- Terceiro, ficou claro que a defesa foi feita de trouxa pelo juiz e pelo MP, porque combinaram esquema tático sem que essa imaginasse o que estava ocorrendo (a defesa pediu várias vezes a suspeição do juiz);

Réquiem de Moro e as esperanças republicanas

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Nada melhor senão começar pelo óbvio ululante: a questão que diz respeito à República não é o vazamento em si das conversas íntimas e promíscuas do ex-juiz com o procurador ainda coordenador da Lava Jato, pois elas revelam o conhecido e o já sabido: um monturo de ilicitudes. O relevante é a comprovação material de um crime continuado, e até aqui impune (e assim até quando?). Crime, aliás, reconhecido, ou confessado, pois nem o ex-juiz ainda ministro nem o ainda procurador negam os diálogos mafiosos, limitando-se ambos, em declarações articuladas, a condenar os meios de sua extração. Estes, porém, tornam-se secundários se abraçamos tese antiga do juiz: acusado de levar à execração pública políticos que tiveram seus nomes mencionados em delações premiadas por ele ilegalmente vazadas, alegou que “o interesse público sobrepunha-se ao direito à privacidade”.