terça-feira, 7 de junho de 2016

Janot avança e o sistema político se desfaz

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

Está claro há muito tempo que o processo em curso no Brasil não é apenas um ataque ao PT, ou ao que se convencionou chamar de lulismo. É um ataque ao sistema político estabelecido pelo pacto da Constituição de 88; e, talvez, chegue a ser também um ataque à ideia de Estado Nacional - que se constrói desde a Era Vargas.

A bomba de hoje, confirmando que o Procurador Geral da República pediu mesmo a prisão de Sarney, Renan e Jucá (pedido este que repousa na mesa de Teori, no STF) mostra que o sistema político desmoronou.

A revolta seletiva de Gilmar Mendes

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Quando os inquéritos da Lava-Jato atingiam gente do PT, não havia problema algum.

Quando Sérgio Moro divulgou grampo telefônico que envolvia a própria Presidente da República, em conversa com Lula, ele também não se pejou em, inclusive, utilizar seu conteúdo como “fundamento” para a decisão que impediu a posse do ex-presidente como chefe da Casa Civil de Dilma.

Tudo bem, ele pode.

Ele é Gilmar Mendes, a lei.

Jucá, Sarney e Renan no alvo. E o Temer?

Por Altamiro Borges

É certo que não dá para confiar no procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele é um calculista, frio e matreiro, que nunca disfarçou o seu desejo de "sangrar" Dilma e "matar" Lula. Mas a decisão adotada na manhã desta terça-feira (7), de enviar ao Supremo Tribunal Federal o pedido de prisão do presidente do Senado, Renan Calheiros, do "ministro-oculto" Romero Jucá, e do ex-presidente José Sarney, acabou melando ainda mais o "golpe dos corruptos". Os três chefões do PMDB são decisivos para garantir a sustentação do governo interino. Mesmo que o pedido não seja acatado, ele tumultua o cenário político e deixa a pergunta no ar: quando chegará a vez do próprio Judas Michel Temer?

O calendário do golpe no Senado

Por Altamiro Borges

Temendo a rejeição do Supremo Tribunal Federal (STF), os golpistas do Senado tiveram que recuar da sua manobra – um golpe dentro do golpe – para encurtar o prazo de defesa da presidenta Dilma na votação final do impeachment. A aberração foi aventada na semana passada e visava acelerar a aprovação do estupro à democracia. O temor dos covardes era de que a crescente revolta das ruas, com os protestos quase diários pelo “Fora Temer” e pelo “Volta querida”, alterasse o voto de alguns senadores e inviabilizasse o “golpe dos corruptos”. Mas o presidente do STF, Ricardo Lewandowski, criticou explicitamente a manobra espúria, o que aparentemente forçou o recuo dos golpistas.

Manifesto francês e a rejeição ao golpe

Por Altamiro Borges

A rejeição ao "golpe dos corruptos" no Brasil cresce no mundo inteiro. Quase todos os dias ocorrem atos de protestos em embaixadas brasileiras no exterior. Até na abertura da conferência mundial da Organização Internacional do Trabalho (OIT) na semana passada, em Bruxelas, o diplomata amestrado do ministro José Serra foi vaiado e não conseguiu concluir sua fala. A própria mídia internacional, menos envolvida na conspiração nativa, já formou um consenso de que o processo do impeachment da presidenta Dilma foi criminoso. Nesta segunda-feira (6), o jornal New York Times publicou duro editorial concedendo "a medalha de ouro" por corrupção à equipe de Michel Temer. Também nesta semana foi lançado um manifesto de intelectuais franceses contra o golpe no Brasil. Confira:

segunda-feira, 6 de junho de 2016

Mobilizações contra o golpe agitam o país

Foto: Mídia Ninja
Da Rede Brasil Atual:

Os movimentos populares, a Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e partidos progressistas realizam, durante toda esta semana, manifestações contra o governo provisório de Michel Temer. As manifestações culminarão, na sexta-feira (10), com uma greve geral convocada pela CUT e pelo PT. No mesmo dia será realizado um ato unificado nacional, liderado pelas duas frentes, contra o afastamento da presidenta Dilma Rousseff.

Globo captou R$ 147 milhões na Lei Rouanet

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

A Globo, através da Fundação Roberto Marinho, captou R$ 147.858.580 desde 2003, primeiro ano do governo Lula, até 2015.

Os valores não foram atualizados.
A FRM foi criada nos anos 70 e é uma instituição privada, teoricamente sem fins lucrativos, voltada, diz o site oficial, para “a educação e o conhecimento”. Ela “se dedica à concepção e implementação de museus e exposições”.

Jarbas Passarinho deixou lição errada

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A morte de Jarbas Passarinho serve como um excelente teste de caráter neste momento difícil para a democracia brasileira, construída com tantos sacrifícios após 21 anos de regime militar.

O presidente interino Michel Temer expressou "meus sentidos pêsames pela perda desse grande brasileiro."

Marina Silva foi mais prolixa e defendeu as "evidentes qualidades intelectuais e habilidades políticas" do ex-minstro.

Será mesmo?

Temer, Globo e a fábrica de ciladas

Por Bajonas Teixeira de Brito Junior, no blog O Cafezinho:

Vivemos nesses últimos dias a aceleração da indústria do boato para apressar a votação no Senado antes da desmoralização completa do governo Temer. Alguns senadores já começaram a dar sinais de impaciência, se isso é indignação verdadeira ou só uma pressão oportunista para descolar um agrado, ainda não está claro. Mas, para evitar um final infeliz, planta-se nas redes um frisson artificial, uma espécie de linchamento digital de Dilma, exatamente como se fez com Lula algum tempo atrás. Toda essa aceleração é ditada por Temer e pela Rede Globo.

Plutocracia quer arrebentar com o BNDES

Por Mauro Santayana, em seu blog:

Na falta do que fazer, alguns segmentos da plutocracia brasileira, que tem proventos gordos - em muitíssimos casos, de mais que o dobro do Presidente da República - e que, ao contrário de nós, trabalhadores comuns e empreendedores, conta com estabilidade no emprego, insiste em dar lições aos "políticos" e meter-se, sem um voto reles de quem quer que seja, a administrar indiretamente o país.

Enfurecidos, ideologicamente, com o Estado que os alimenta - desde que não se mexa em seu salário, carreiras e privilégios - eles querem agora “diminuir” e ajudar a arrebentar com o BNDES - Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, um dos maiores símbolos do poder brasileiro - vejam, bem, da Nação, e não apenas do Estado nacional.

Mídia também já acha que Dilma pode voltar

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Os revezes que o governo de facto de Michel Temer sofreu em menos de um mês (desde que a presidente Dilma foi afastada pelo Senado, em 12 de maio) são surpreendentes. Esperava-se que ele tivesse ao menos 90 dias de “trégua”, mas, em 24 dias, seu governo envelheceu.

O que impressiona é a quantidade de erros políticos cometidos em tão pouco tempo e a incapacidade do “presidente interino” de usufruir da boa vontade que a mídia que derrubou Dilma tinha – e tem – para com ele.

Querem que o trabalhador pague a conta

Por Marcos Verlaine, no site Vermelho:

A recessão e as altas taxas de juros produzem um cenário devastador na economia e, por consequência, nas relações de trabalho. Gastou-se mais do que se arrecadou. Assim, inevitavelmente, será necessário fazer ajustes. O grande problema é que a variável de ajuste é sempre o assalariado.

Já vimos este filme antes e por isto denunciamos. Os empresários e o mercado querem que o trabalhador pague a conta da crise. É sempre assim, os ricos fazem o banquete, se refestelam, dividem os lucros e o que faltar, encaminha-se para o trabalhador pagar. Esta é a lógica ou mentalidade dos ricos.

Rumo à Terceira Guerra Mundial?

Por Ruben Bauer Naveira, no site Brasil Debate:

Há dois crimes contra a humanidade em curso: 1) os governantes do Ocidente (capitaneados pelos Estados Unidos, óbvio) decidiram “enquadrar” a Rússia e a China, porque não admitem a existência de projetos nacionais soberanos e autônomos, e também porque não admitem que tais projetos possam ameaçar a hegemonia do capitalismo financeiro baseado no dólar; e 2) toda a imprensa do Ocidente silencia quanto a isso, retendo as populações ignorantes quanto ao crescente risco de guerra (que possivelmente será nuclear).

Crônica das maldades anunciadas

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A cerimônia já havia sido preparada pela equipe do vice-presidente em exercício com todo o esmero possível. Afinal, a intenção era realizar o anúncio oficial das medidas econômicas tão esperadas pela turma do financismo. A expectativa era que um ministro da Fazenda do porte de Henrique Meirelles - antigo integrante do “crème de la crème” da banca internacional - certamente comandaria o blá-blá com maestria e deveria dar conta do recado.

Odebrecht e a propina para grupos de mídia

Por Renato Rovai, em seu blog:

A grande surpresa da delação premiada de executivos da Odebrecht, incluindo a do seu presidente afastado, Marcelo, pode ser a implicação de grupos de mídia no roteiro de corrupção e de pagamentos de propinas.

A Odebrecht teria financiado vários projetos midiáticos, principalmente produtos especiais que não guardariam relação nenhuma com a sua atividade, a partir de acordos realizados com políticos e partidos para que aqueles meios de comunicação lhe garantissem apoio eleitoral.

Ativismo digital contra a cultura do estupro

Por Camila Nobrega e Cinthya Paiva, na revista CartaCapital:

A notícia do estupro coletivo sofrido por uma adolescente de 16 anos, no fim de maio, em uma favela da Zona Oeste do Rio de Janeiro, com envolvimento de mais de 30 homens, será impossível de ser esquecida. O caso ficará eternizado por ter sido publicizado pelas redes sociais, com a divulgação do vídeo por parte dos autores do crime, e também pelas respostas que recebeu dentro das próprias redes, principalmente aquelas protagonizadas por mulheres, que ao denunciarem o caso e pedirem punição aos envolvidos, criaram eco e provocaram amplo debate público sobre a cultura do estupro no país.

domingo, 5 de junho de 2016

Como é o processo de formação do midiota

Por Luciano Martins Costa, na revista Brasileiros:

Sabe como funciona?

Um articulista ouve uma fonte e, sem checar a veracidade do fato, publica que determinada autoridade repassou propina de uma empresa para pagar o cabeleireiro.

A pessoa acusada não é ouvida.

O texto é impulsionado para as redes sociais pelo sistema de tecnologia multiplataforma da empresa de comunicação, e quando a pessoa atingida reage, demonstrando que se trata de uma mentira, você já leu no Facebook e aquele anão moral que apresenta um noticiário na emissora de grande audiência faz piadinhas a respeito do assunto.

Europa: os medos convocam os monstros

Por Ignacio Ramonet, no site Outras Palavras:

O susto foi grande. E embora ao final Norbert Hofer, o candidato da extrema direita, não tenha sido eleito presidente da República Áustria em 22 de maio (por um triz… [1]), cabe perguntar que medos sentem os austríacos para que 49,7% deles tenham optado por votar num neofascista.

“Na história das sociedades – explica o historiador francês Jean Delumeau –, os medos vão mudando, mas o medo permanece”. Até o século XX, as grandes desgraças dos seres humanos eram causadas principalmente pela natureza, a fome, o frio, os terremotos, as inundações, os incêndios, a escassez de alimentos, e por pandemias epidêmicas como a peste, a cólera, a tuberculose, a sífilis etc. Antigamente, o ser humano vivia exposto a um entorno sempre ameaçador. As tragédias o espreitavam incessantemente…

A manipulação dos fatos e das leis

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A base de toda sociedade democrática é a informação. Sobre a base da informação, formam-se os conceitos. Dos conceitos nascem os pactos. Os pactos se consolidam em leis. Das leis, derivam os contratos. É esse ciclo que garante a convivência civilizada de opostos, as eleições, a alternância de poder e a construção da democracia, impedindo abusos, selvageria.

Essa é a expressão final do termo segurança jurídica.

Lava-Jato objetiva "matar" Lula

Por Osvaldo Bertolino, em seu blog:

Alguns lances da conturbada decolagem do governo golpista do presidente da República interino Michel Temer revelam como estão sendo tecidos os fios da trama para encerrar o ciclo de governos progressistas. Vale tudo para construir barreiras que impeçam a volta da presidenta Dilma Rousseff ao seu posto e inviabilizem uma eventual candidatura do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva em 2018.

Não há dúvida de que o único objetivo da “Operação Lava Jato” é inviabilizar a continuidade do ciclo progressista iniciado com a eleição de Luis Inácio Lula da Silva para a Presidência da República em 2002. O diz-que-diz que se estabeleceu sobre o futuro das operações do grupo pilotado por Sérgio Moro após a aceitação do impeachment fraudulento no Senado Federal contra a presidenta Dilma Rousseff é apenas mais um capítulo dessa novela - gravações de peemedebistas com tramoias para impor limites às investigações mostram bem a sua essência. A mídia, na sua missão de baluarte do golpismo, ao mesmo tempo em que pressiona por uma limpa no governo interino, trata com dedos figurões que podem ser esteios do pós-impeachment, caso ele se consume. É o rito da “Lava Jato”.