quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

O que restará do Brasil após a Lava-Jato?

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

Explicar a política brasileira para o publico estrangeiro é tão difícil quanto traduzir Guimarães Rosa. É difícil explicar mesmo aos brasileiros, porque as verdades factuais mais singelas são diariamente soterradas sob toneladas de mentiras. Em geral, o público, doméstico ou estrangeiro, atêm-se às generalidades. Mas a verdade, assim como o diabo, mora nos detalhes, nas entrelinhas.

A liderança do Partido dos Trabalhadores (PT), o partido que foi apeado do poder pelo impeachment, divulgou um comunicado, assinado por sua liderança na Câmara, que revela a esquizofrenia e caos que acometeu o sistema político brasileiro. O texto denuncia o governo Temer, acusando-o de “patrocinar um conjunto de manobras para literalmente bloquear Operação Lava-Jato, preservando assim o PMDB e o PSDB das investigações da força-tarefa”.

Previdência Social ou Juros?

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A entrada em 2017 também pode ser encarada pela ótica de uma busca desesperada por afirmação de alguma rota de coerência e credibilidade do governo Temer. Afinal, o passar do tempo veio desconstruindo, pouco a pouco, toda aquela falsa expectativa criada em torno das vantagens do “golpeachment”. O canto de sereia dos “putschistas” assegurava que, uma vez consumada a retirada de Dilma do Palácio do Planalto, tudo seria resolvido e o Brasil entraria em um verdadeiro céu de brigadeiro.

Moro talvez não saiba - mas ele já era

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

E Sergio Moro e sua Lava Jato vão sendo, aos poucos, descartados pelo grupo que os usou para tirar Dilma do poder.

O super-heroi da mídia vai sendo relegado aos rodapés. Notícias desagradáveis para Moro eram suprimidas nas redações. Agora, até as vaias que ele recebeu numa palestra que fez na Universidade Columbia, em Nova York, foram noticiadas.

O senador Romero Jucá, numa célebre conversa gravada, disse que era preciso colocar Temer no poder para “estancar a sangria”.

Juiz suspende nomeação de Moreira Franco

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A nomeação de Moreira Franco para a Secretaria-Geral da Presidência da República foi suspensa agora há pouco por uma liminar do juiz Eduardo Rocha Penteado, da Justiça Federal do Distrito Federal, segundo informou o colunista Lauro Jardim, de O Globo.

Moreira, citado 34 vezes na delação premiada de Cláudio Melo Filho, ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Odebrecht, foi nomeado ministro cinco dias depois da homologação das delações da Odebrecht.

Tapetão em 2018 é a última carta dos golpistas

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Em janeiro de 2016, a coalizão que derrubou Dilma Rousseff tinha uma certeza e muitas esperanças. A primeira era de que os dias do governo petista estavam contados. Estavam mesmo.

Já em relação ao que esperavam do futuro, não foi igual. Tudo deu errado. Um ano depois, não se confirmou nenhuma das expectativas daquele conglomerado de interesses empresariais, oligopólios de comunicação, partidos antipetistas e setores do aparelho estatal.

Ela caiu, mas o cenário complicou-se para essas forças. Hoje, nada garante que conseguirão consolidar a vitória que obtiveram quando a tiraram da Presidência e assumiram as rédeas do Estado.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

E as selfies com os PMs do Espírito Santo?

Por Altamiro Borges

Nas marchas golpistas pelo “Fora Dilma”, uma das cenas mais patéticas foi a dos “coxinhas” tirando selfies com os soldados da Polícia Militar e postando nas redes sociais. No Espírito Santo, Estado conhecido pela brutalidade policial nas periferias das maiores cidades, isto foi muito comum. Velhacos e filhotes da elite capixaba posaram para incontáveis fotos. Agora, porém, o quadro se inverteu totalmente. Diante do caos gerado pela revolta da PM contra os péssimos salários, os mesmos “coxinhas” usam as redes sociais para atacar os familiares dos policiais e para exigir a intervenção “dura” do Exército. Haja coerência!

Cunha e Temer: quem está mentindo?

http://ajusticeiradeesquerda.blogspot.com.br/
Por Altamiro Borges

Após longa espera, finalmente o juiz Sergio Moro, chefão da midiática Operação Lava-Jato, ouviu o primeiro depoimento do correntista suíço Eduardo Cunha nesta terça-feira (7). O motivo da demora ficou explícito: o ex-presidente da Câmara Federal desmentiu o Judas Michel Temer e complicou a vida do covil golpista. Ele garantiu que o usurpador, que nunca teve nada de decorativo, participou de reuniões para discutir as nomeações do PMDB na direção da Petrobras. Em nota, o Palácio do Planalto voltou a negar a acusação. Quem está mentindo? Eduardo Cunha, Michel Temer ou ambos?

A desgraça Temer: 12,3 milhões sem emprego

Por Altamiro Borges

Muitos “midiotas” acreditaram nas lorotas do Partido da Imprensa Golpista (PIG) de que bastaria derrubar Dilma Rousseff para a economia voltar a crescer e gerar emprego. Michel Temer, com o seu programa “Ponte para o Futuro” – também apelidado de “pinguela para o inferno” – foi exibido como o homem de confiança do “deus-mercado” e o banqueiro Henrique Meirelles, nomeado como czar da economia, como o “salvador da pátria”. Pobres midiotas, tão facilmente manipulados. Serviram de massa de manobra – de patinhos amarelos – dos golpistas. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou os dados oficiais sobre o desemprego em 2016.


Efeitos perversos da PEC da Previdência

Por Vitor Nuzzi, na Rede Brasil Atual:

Entre os prováveis efeitos da reforma da Previdência, estão maior dificuldade de acesso a aposentadorias e benefícios, o que reduzirá o tempo de aposentadoria, além da redução de benefícios, diz a economista do Dieese, Fátima Guerra, citando ainda "estímulos explícitos e implícitos" à previdência privada. Durante seminário promovido pelo instituto e por centrais sindicais, que continua nesta quarta-feira (8), ela apresentou detalhes da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 287, em nota técnica elaborada pelo Dieese denominada A minimização da Previdência pública.

Temer escolhe guarda-costas para STF

Por Luana Spinillo, no site do PT:

Na avaliação do jurista e deputado federal Wadih Damous (PT-RJ), a indicação do atual ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para ocupar uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF) é “desrespeitosa e desmoralizante” para a corte máxima do Brasil.

“É uma vergonha para o Supremo Tribunal Federal e vai macular definitivamente a história do Judiciário brasileiro”, diz, em entrevista à Agência PT.

Os dois tipos de direitistas

Por Galindo Luma

Vivemos um momento em que é moda corrente ser direitista. Alguns acham até que essa posição ideológica seria uma exigência para aqueles que almejam ascensão em variadas carreiras no mercado. Tudo bem. É natural que a ideologia das classes dominantes prevaleça sobre a maioria da sociedade e que por outro lado existam setores que labutam em condições dificílimas no contraponto ao bombardeio midiático do discurso das elites econômicas.

Esse texto é uma “homenagem” a dois “amigos”, um mineiro e um paulista”, que excluí hoje da lista de meus seguidores no twitter. Nele vou tratar apenas de dois tipos curiosos de direitistas, entre os mais variados que infestam as redes sociais. Vamos lá.

O "ajuste fiscal" e o caos no Espírito Santo

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
Por Rute Pina, no jornal Brasil de Fato:

O estado do Espírito Santo completou, nesta terça-feira (7), quatro dias de uma crise de violência e saques instalada após a ausência de policiamento nas ruas. Parentes de policiais militares estão impedindo a saída de viaturas dos batalhões para reivindicar reajuste salarial e o pagamento de benefícios.

Roberto Simões, cientista político e professor da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), conecta a insatisfação trabalhista dos policiais ao ajuste fiscal ocorrido no estado capixaba. Segundo ele, as reivindicações de reajuste salarial e melhoria das condições de trabalho vão esbarrar na política de austeridade do governo.

A criminalização dos fundos de pensão

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Depois de arrebentar com o sistema de infraestrutura no país, o Ministério Público Federal prepara suas duas novas ofensivas: a desmoralização do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) e a criminalização dos fundos de pensão, através da Operação Greenfield.

Se não começar a ter um mínimo de discernimento, se não houver uma liderança bem informada, mostrando a importância de preservar setores, essa multiplicação de forças tarefas, com suas parcerias midiáticas, arrebentará com o que resta de perspectiva econômica do país.


Pedro Parente e o bote da serpente

Por Artur Araújo, no site Vermelho:

Pedro Parente, presidente da Petrobrás, publicou panfleto em um periódico. É boa uma de suas afirmações: “(...) a Petrobras defende uma política de conteúdo local que ajude a indústria a ser competitiva globalmente e está disposta a contribuir para isso. A política precisa incentivar a inovação, as parcerias, a produção com qualidade, custos e prazos adequados. (...) Esta é a verdadeira escolha: entre o ranço ideológico, que a poucos beneficia, e a dignidade e o bem-estar que um novo emprego pode proporcionar a milhões de brasileiros e a suas famílias.”.

MBL se isola na defesa do Mussolini tucano

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O site do grupo Mídia Ninja publicou interessante estudo de redes sobre a repercussão no Twitter da nomeação do tucano Alexandre Moraes, até aqui ministro da Justiça, para a vaga aberta no STF pela morte do ex-ministro Teori Zavscki.

Esse tipo de estudo de rede costuma ser feito por empresas especializadas e, no caso do Twitter, os nomes dos tuiteiros que atuam naquela rede social aparecem em maior ou menor tamanho de acordo com o peso que tiveram na discussão de algum tema.

Quem ganha com o déficit público

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Que falta fazem o bom jornalismo e a boa política. Passou quase despercebido o relatório em que Banco Central apontou um rombo fiscal inédito nas contas públicas, em 2016. O resultado primário – que compara a arrecadação de impostos com os gastos típicos de governo (sociais, infraestrutura, pagamento dos servidores) foi um déficit recorde de 156 bilhões de reais, ou 2,47% do PIB. Quando se incluem os juros pagos aos banqueiros e à aristocracia financeira, os números saltam: 562 bilhões de reais, ou 8,93% do PIB. A deterioração rápida do cenário é ainda mais impressionante. Ainda em 2014, último ano antes do início do “ajuste fiscal”, o déficit primário era cinco vezes menor – apenas 0,56% do PIB.


A solidariedade ao deputado Jean Wyllys

Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

O Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé repudia veementemente qualquer decisão da Câmara dos Deputados que resulte em suspensão por 120 dias do mandato do deputado federal Jean Wyllys (Psol-RJ) por quebra de decoro parlamentar durante a sessão de 17 de abril, quando foi aprovada a admissibilidade do pedido de impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff.

O deputado está sendo julgado por ter cuspido no deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), depois dele ter feito apologia à tortura e ao torturador Brilhante Ustra. Numa sessão que entrará para a história como um dos momentos mais vergonhosos daquela Casa parlamentar, a indignação de Jean Wyllys talvez tenha sido uma das atitudes que mais defendeu a honra do parlamento brasileiro, em meio a hipócritas que votavam pelo combate à corrupção ou em nome de Deus e da Família, e que no dia seguinte eram presos.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Temer e Moraes: o desprezo pela sociedade

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

"O público que se dane!" - frase do magnata americano William Henry Vanderbilt (1882), um predecessor de Donald Trump, quando a imprensa o criticou pela má qualidade das suas ferrovias.

"Estou me lixando para a opinião pública!" - discurso do deputado Sergio Moraes (PTB-RS), em 2009.

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É o que deve ter pensado também Michel Temer ao nomear seu amigo do peito Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal nesta segunda-feira.

A política do genocídio chega ao STF

Por Dennis de Oliveira, no blog Quilombo:

Alexandre Moraes, indicado pelo presidente Michel Temer para o Supremo Tribunal Federal (STF), foi secretário de Segurança Pública do estado de São Paulo de 2014 a maio de 2016, quando foi para o ministério da Justiça.

Na sua gestão da Segurança Pública em São Paulo, a Polícia Militar e a Polícia Civil foram responsáveis por 25% das mortes na cidade de São Paulo em 2015. Uma em cada quatro pessoas.

No estado de São Paulo, o ano de 2016 foi de recorde do número de pessoas assassinadas por policiais em horários de folga: 266, cerca de 83% acima do que foi em 2001 (146 mortos). Estas mortes não entram nas estatísticas de homicídio praticados por policiais e só foi obtido pela Rede Globo e exposto no telejornal SPTV por meio da Lei de Acesso à Informação (lei que obriga os órgãos públicos a fornecerem informações de interesse público).

Escolha de Moraes e o regime de exceção

Por Jeferson Miola

A rigor, o usurpador Michel Temer não tem legitimidade para indicar o juiz que deve ocupar a vaga aberta no STF com a morte de Teori Zavascki.

Temer não é um presidente eleito legitimamente; é um conspirador que tomou de assalto o Palácio do Planalto com sua turba corrupta, branca e masculina, e que exerce prerrogativas presidenciais porque o país está sob a vigência de um regime de exceção.

Os golpistas que promoveram o golpe de Estado com a fraude do impeachment e que controlam o legislativo e o judiciário atribuem a ele, o “MT” das planilhas de propinas da Odebrecht, os poderes que seriam legítimos somente a um mandatário eleito pelo voto popular. A mídia, liderada pela Rede Globo, cumpre a função legitimadora do governo usurpador e naturaliza cada passo da evolução golpista.