segunda-feira, 11 de março de 2019

Decreto das armas e os feminicídios

Por Marisa Sanematsu, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Duas semanas após assumir o mandato, o presidente Jair Bolsonaro cumpriu uma promessa de campanha ao assinar o Decreto nº 9.685, que facilita o acesso a armas de fogo e munição para qualquer cidadão que apresente justificativa de “efetiva necessidade”. Entre as motivações consideradas aceitáveis está a de residir em cidade em que a taxa de homicídios por 100 mil habitantes seja maior que 10, ou seja, 62% dos municípios brasileiros, compreendendo um contingente de quase 160 milhões de pessoas ou 76% da população do país, segundo levantamento divulgado pelo jornal O Estado de S. Paulo.

A economia brasileira num beco sem saída

Editorial do site Vermelho:

De cada 10 brasileiros, apenas três têm emprego com carteira assinada. A informação é do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Da força de trabalho total do Brasil de 105,2 milhões de pessoas, apenas 35,9 milhões estão no formalidade. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mostra ainda que o número aumentou; no trimestre encerrado em janeiro de 2019, em comparação com o mesmo período de 2017, a quantidade de trabalhadores sem carteira de trabalho subiu 2,9%, um aumento de 320 mil pessoas no mercado informal. Pode-se contatar facilmente dois fatores determinantes para essa calamidade social.

Lava-Jato e a "cabeça" de Lula

Por Fernando Rosa, no blog Senhor X:

“Estão valendo 129 contos”, dizia a manchete do jornal “A Batalha”, do Rio de Janeiro, em 10 de novembro de 1933, referindo-se à recompensa (atualizada, na época) pelas “cabeças” de trinta e sete cangaceiros – entre eles, Lampião. Segundo o jornal, “o capitão João Facó, chefe de Polícia, aprovou a tabela de preços organizada pelo tenente Manoel Campos de Menezes, e já posta em vigor para quem trouxer as cabeças dos bandoleiros”.

Golpe da Previdência e SUS subfinanciado

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

A proposta de reforma da Previdência (PEC 6/2019) ocorre no momento em que a sociedade brasileira está mais fragilizada: com o mercado de trabalho ainda em crise e com o crescimento econômico muito baixo, a mudança das regras previdenciárias em conjunto com a piora dos
serviços públicos como um todo - como a saúde, muito importante para a população idosa - tem o potencial de abalar muito a qualidade de vida dos brasileiros como um todo.

domingo, 10 de março de 2019

Bolsonaro e a fumaça da banana

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Está estranha, muito estranha, esta fixação do presidente da República com a banana do Equador.

Se temos um problema não está na importação, mas na falta de exportações do produto.

O Brasil produz sete milhões de toneladas de banana por ano.

Exportamos pouco menos de 70 mil toneladas, grosso modo, ou menos de 1% da produção nacional, quase nada.

E importamos 177 toneladas, segundo publica hoje a Folha.

Brasil à deriva navega para o desastre

Charge: 
Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Fim de Carnaval, acabou a fantasia, faz-se silêncio nas ruas, voltamos à medíocre rotina.

Logo passa o barulho provocado pelo vídeo escatológico do capitão, como prevê o general Mourão, que já enterrou o assunto: “Tudo passa”.

O que não passa é a sensação que vivemos num país sem governo e sem oposição, navegando para o desastre anunciado desde a campanha eleitoral.

Nada deveria nos surpreender ao entregar o país nas mãos de um alucinado, que desfilou suas loucuras durante 30 anos pelo Congresso Nacional, depois de ser desligado pelo Exército.

ONG da Lava-Jato e o “Estado paralelo”

Por Thais Reis Oliveira, na revista CartaCapital:

Cinco anos depois de uma operação que desfigurou o tabuleiro político brasileiro deste século, a força-tarefa Lava Jato deu um passo além: decidirá qual o destino de uma fatia bilionária dos recursos desviados da Petrobras que voltaram ao Brasil.

A conta bancária gerida pelo Ministério Público Federal já recebeu um aporte de 2,56 bilhões de reais, pagos graças a acordo que livrou a Petrobras das pendências com a Justiça americana. As autoridades do país autorizaram, em setembro, que 80% do valor da multa fosse revertido ao país.

As 'lives' semanais de Bolsonaro

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Está difícil acreditar que Jair Bolsonaro é Jair Bolsonaro. Muitos querem crer que há cálculo estratégico nos absurdos cometidos pelo presidente. Realmente há alguma coisa ou outra ali de Steve Bannon, o ex-conselheiro de Trump, mas o grosso é simplesmente fruto de uma profunda estupidez - dele e daqueles que o cercam.

Entramos no terceiro mês de governo e o que vemos até aqui é um homem perdido no figurino de presidente. Um boçal que não sabe como agir, não sabe o que falar e parece governar sob a tutela dos filhos. Temos que lidar com essa realidade. Nós elegemos um chimpanzé.

Bolsonaro se vinga proibindo Carnaval na TV

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

O Carnaval foi bem ruim para Bolsonaro. Teve xingamentos, fantasias laranjas e “latada” em boneco à sua imagem. Na terça (6) à noite, ele “respondeu” aos ataques com um vídeo pornográfico, generalizando atos obscenos de alguns como prática de todo folião. Não deu certo. O vídeo pornô desmoralizou o presidente. Vingativo, agora tirou o carnaval da TV.

Todos viram como a popularidade de Bolsonaro está fazendo água; o Carnaval de 2019 foi marcado por críticas generalizadas ao desocupado presidente-tuiteiro.



Brasil não aguenta quatro anos de Bolsonaro

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Em curto ou médio prazo, as forças progressistas brasileiras, queiram ou não, serão instadas a se posicionar sobre o afastamento de Bolsonaro. É que a elite do atraso, que pega carona no presidente imbecil para aprovar suas reformas antipopulares e antinacionais, já se deu conta de que Bolsonaro e sua trupe de ministros fundamentalistas e retardados mentais não só cobrem o país de vergonha, como levarão a economia aos caos.

Mídia agora tenta negar o filho feio

Por Eliara Santana, no blog Viomundo:

O editorial do jornal Estado de São Paulo do último dia 8 de março talvez seja o marco de uma linha divisória para o governo eleito em 2018 - acabou o namorico da imprensa com Bolsonaro.

À esquerda e à direita, várias esferas apontaram o tom contundente e certeiro nas críticas ao presidente e suas falas estapafúrdias. A gota d’água parece ter sido o vídeo pornô que Bolsonaro publicou em rede social para criticar o Carnaval no Brasil.

“O presidente deve ter consciência de que não é mais candidato, condição que lhe permitia incorporar o personagem histriônico e falastrão que seus fanáticos seguidores apelidaram de ‘mito’, disse o editorial do Estadão, num tom de muita indignação, escancarando o desconforto que parte da grande imprensa — com exceção de Record, Band e Rede TV - vem mostrando em relação ao “mito”.

A Lava-Jato na Educação já começou

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

Na verdade, a tal “Lava Jato” na educação, anunciada por Bolsonaro, com objetivo muito claro de prejudicar politicamente seu principal oponente, Fernando Haddad, ministro da Educação na era Lula, já começou há tempos.

A operação que matou (via suicídio induzido) o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancelier, foi a sua estreia. A delegada responsável, Erica Makarena, ganhou um cargo estratégico no ministério da Justiça do governo Bolsonaro: foi nomeada como Diretora de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional, o órgão usado pela Lava Jato para estabelecer pontes com o governo dos EUA.

sábado, 9 de março de 2019

Flávio Bolsonaro vai a Cancún. E o Queiroz?

Por Altamiro Borges

O Jornal do Brasil informa que “o filho primogênito do presidente Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro, esticou o feriado de carnaval em Cancún, no México. Desde segunda-feira, 4, ele e a família estão hospedados no Grand Hotel Riviera Princess, na praia de Carmen. O hotel, de luxo, oferece diárias a partir de R$ 1 mil. Senador de primeiro mandato, Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) não terá descontos no salário de parlamentar pelos dias em que esteve longe do Senado, porque não houve sessões após o período de carnaval”.

Bolsonaro vai esfaquear seu abono salarial

Por Altamiro Borges

Como já demonstraram inúmeros estudos, a contrarreforma da Previdência forjada pela dupla pornô-rentista Jair Bolsonaro-Paulo Guedes é uma coleção de maldades contra os trabalhadores. Na prática, ela representa o fim da aposentadoria para milhões de brasileiros. Uma sacanagem, porém, tem sido pouco realçada. No emaranhado das medidas previdenciárias, o projeto incluiu ainda um contrabando ao restringir drasticamente o pagamento do abono salarial. Segundo a Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado, nove em cada dez trabalhadores que hoje recebem o benefício perderão esse direito caso a proposta da equipe econômica seja aprovada no âmbito da "reforma".

Vida digital e a ditadura do algoritmo

Por Helder Lima, na Rede Brasil Atual:

A vida no seio da tecnologia digital e das redes sociais é maravilhosa, diriam os mais empolgados com a tecnologia. Qualquer pessoa de seu círculo de relacionamentos está a seu alcance em tempo real, e toda a informação pode ser compartilhada com quem se queria a qualquer momento. Parece inegável que a liberdade se expandiu com a tecnologia, e assim finalmente a sociedade atinge um estágio de possibilidades de expressão e de pensamento nunca antes visto.


Os avanços da Lava Jato sobre o Estado

Charge: Gladson Targa
Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

São insuficientes as explicações da Lava Jato para justificar a gestão de R$ 2,5 bilhões por uma fundação de direito privado com seus membros indicados por ela. A alegação é que os recursos não poderiam ir para o Tesouro porque a União é controladora da Petrobras. Insinua que Petrobras e União prevaricaram. Onde estão com a cabeça?

Quando foram para Washington, uma equipe comandada pelo inacreditável Procurador Geral da República Rodrigo Janot, ligamos o alarme aqui no GGN. A Petrobras era vítima, assim como o Estado brasileiro. Quem deveria estar na comitiva era a Advocacia Geral da União, para defender os interesses do país nas ações contra ele.

A perseguição judicial a Cristina Kirchner

Por Victor Farinelli, no site Carta Maior:

Tudo começou com uma denúncia realizada pelo empresário rural Pedro Etchebest envolvendo o procurador Carlos Stornelli e um de seus colaboradores, chamado Marcelo D´Alessio. Etchebest acusou os dois de exigir um pagamento em dinheiro para que ele fosse inocentado na investigação do chamado Caso dos Cadernos, onde a ex-presidenta Cristina Kirchner está envolvida com base a meras fotocópias das páginas de cadernos (nunca foram encontrados os cadernos originais) onde Óscar Centeno, um ex-militar e ex-motorista de Néstor Kirchner, anotava os valores de supostas propinas que a família presidencial cobrava dos empresários de diferentes ramos, mas sobretudo da construção civil.

Reforma da Previdência só passa com traição

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Linha divisória entre um país disposto a zelar pelo bem-estar 210 milhões de habitantes, e um projeto voltado para os interesses da minoria que habita a parte de cima pirâmide social, a reforma da Previdência só poderá ser aprovada pela traição de parlamentares capazes de trair o eleitorado e mudar de camisa para agradar Bolsonaro e seus amigos.

Nas contas do governo, faltam 48 votos, para se atingir o mínimo necessário no Congresso. Apenas 160 parlamentares estão inteiramente convencidos de seu voto a favor. Outros 100 dizem que estão dispostos a apoiar o projeto mas a decisão não é definitiva. Conclusão: hoje, a reforma teria, no máximo, 260 votos. Precisa de 308.

De Rosa a Marielle: violência contra mulher

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Berlim, Alemanha, 15 de janeiro de 1919

“Rosa Luxemburgo foi levada pelo tenente Vogel para fora do hotel. Esperava por ela no portão o soldado Runge, uma pessoa mentalmente degenerada que recebera dos tenentes Vogel e Pflugk-Harttung a ordem de abater Rosa Luxemburgo. Ele lhe esmagou o crânio com duas coronhadas. A semimorta foi jogada dentro de um carro. Alguns oficiais embarcaram. Um deles aplicou mais uma coronhada na cabeça de Rosa. O tenente Vogel a matou com um tiro na cabeça. O corpo sem vida foi levado ao zoológico e atirado da ponte Liechtenstein no canal Landwehr, de onde ressurgiu em maio de 1919.” (Trecho da biografia de Rosa por Paul Frölich editado pela Boitempo).


O ponto cego dos militares brasileiros

Por José Luís Fiori

"A riqueza é o grande objetivo. E a riqueza só pode ser obtida através de um notável desenvolvimento econômico, desenvolvimento esse que não pode ser atingido em isolamento. Os capitais e os produtos industriais ou agrícolas precisam preferências e nessas preferências há concorrentes". Editorial da Revista de Defesa Nacional, “Paz”, junho de 1919, p. 342.

A história comparada das grandes potências capitalistas ensina que o crescimento do seu poder político e de sua influência mundial dependeu do grau de sucesso do seu desenvolvimento econômico. E o sucesso do seu desenvolvimento econômico dependeu – em grande medida – da capacidade de esses países responderem com eficiência aos desafios colocados por seus concorrentes e inimigos externos. Por isso, em todos os casos, a questão da “defesa” e de “preparação para a guerra” funcionou como uma bússola estratégica de suas economias vitoriosas [1].