quinta-feira, 30 de maio de 2019

Economia: a opção pelo “corte eterno”

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

No apagar das luzes de 2016, a equipe de Michel Temer achava que estava com a bola toda. O vice-presidente havia conseguido afastar, de forma definitiva, Dilma Rousseff do Palácio do Planalto, graças à articulação e à aprovação de um golpeachment sem nenhum embasamento jurídico consistente. Passados pouco mais de três meses após a votação do afastamento pelo Senado Federal, o comando da economia estava em mãos de Henrique Meirelles e o financismo havia articulado com os grandes meios de comunicação a sedimentação de uma narrativa tão triunfante quanto falaciosa. Afinal, o Brasil ingressava na fase da bonança: não havia dúvidas de que tudo se acertaria dali em diante. Mas para tanto, as elites exigiam novamente o sacrifício da maioria.

Nacionalismo de Bolsonaro é uma farsa

Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

“Para a elite brasileira, Bolsonaro é um capitãozinho brega. Eles estão usando o Bolsonaro para acabar com o direito do trabalhador e com a condição de país soberano. Se Bolsonaro não consegue entregar a encomenda feita na campanha, eles derrubam o Bolsonaro. Uma boa parte dos empresários já desembarcou do Bolsonaro”.
Essa é a avaliação do ex-senador Roberto Requião em entrevista ao Tutaméia (acompanhe no vídeo). Para ele, o discurso nacionalista de Bolsonaro “é uma farsa”. Ao contrário, o presidente é um entreguista que segue os interesses dos EUA.

Um ano sem Audálio Dantas

Por Antonio Barbosa Filho

Há exatamente um ano atrás, os jornalistas brasileiros perderam um de seus mais emblemáticos representantes - falecia, aos 88 anos de idade, o repórter, escritor, sindicalista e militante político Audálio Ferreira Dantas. Com ele foi-se um pedaço importante da história das lutas democráticas contra a ditadura anterior, aquela de 64-85, e da própria memória do Jornalismo nacional.

Dizem que ninguém é insubstituível, mas a ausência de Audálio pode demorar um pouco a ser preenchida. Temos brilhantes jornalistas, temos grandes militantes nas novas mídias, temos exemplos de ética profissional. Poucos, entretanto, somarão essas características de maneira tão marcante quanto podemos encontrar em Audálio. Infelizmente, o Jornalismo vive momentos de abastardamento que, num futuro em breve, envergonhará boa parte da categoria profissional.
 

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Por que caminhar em defesa da universidade?

Por Cezar Britto, no site Congresso em Foco:

O ano letivo de 2018 ainda não havia concluído o seu papel inclusivo quando, desavisada e surpreendentemente, uma deputada estadual catarinense recém-eleita vociferava que o alunato deveria fiscalizar, denunciar e gravar o conteúdo das aulas dos professores. Era a senha do que seria a “nova política” do “novo” governo eleito que acredita na força do canhão vencendo os livros da educação. Foi o que se revelou nos refrões governamentais seguintes, especialmente quando o próprio presidente e o já exonerado primeiro ministro da área começaram a caminhar e a cantar as rimas dessa “nova lição”.

Radiografia dos massacres no Amazonas

Editorial do site Vermelho:

Ninguém de bom senso nega que a criminalidade atingiu proporções inaceitáveis no Brasil. Não se pode ignorar, também, que essa situação exige pulso firme e medidas urgentes. E isso passa pelo Estado de Direito, com instituições capazes de impor a sua presença e coibir a marginalidade. A violação do arcabouço da legalidade abre caminho para a aceitação de regras que florescem no submundo da sociedade. E há várias formas de se fazer isso, inclusive em nome de uma suposta legalidade para combater o crime.

Bolsonaro quer pacto para submeter poderes

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A notícia de que Jair Bolsonaro pretende convencer o Congresso e o Supremo a formalizar um pacto político já indica, em si, a profundidade da crise em que seu governo se encontra, antes de terminar o quinto mês no Planalto.

A pauta do pretendido acordo é uma aberração pela forma e pelo conteúdo.

Não por acaso a divisão entre poderes ("harmônicos e independentes entre si") é um dos princípios fundamentais da Carta de 1988 e de todo regime democrático digno deste nome.

Sobram democratas, falta democracia

Por Ayrton Centeno, no jornal Brasil de Fato:

O Brasil vive uma situação insólita: possui excesso de democratas mas convive com muito pouca democracia. Democratas saíram às ruas no domingo 26 para, muitos deles, pedirem o fim da democracia com o fechamento do Congresso e do Supremo. Democraticamente.

É preciso admitir, porém, que nem o parlamento nem o judiciário são, por assim dizer, entusiastas da democracia. Ambos assinaram embaixo dos golpes de estado de 1964 e de 2016. Mais delicada ainda a situação do STF. Embora entre suas atribuições conste o papel de “Guardião da Constituição”, num momento e noutro, achou por bem cuidar mais de suas lagostas do que da Carta Magna. Assim, em Pindorama, o amor dos democratas por sua condição convive sem sobressaltos com sua ojeriza à democracia.

Neoliberalismo, neofascismo e burguesia

Por Luiz Filgueiras e Graça Druck, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O objetivo deste texto é discutir a conjuntura imediata que, nas últimas semanas, tem se acelerado de forma impressionante. Para isso, se faz necessário tentar identificar e estabelecer o nexo, as relações existentes, entre neoliberalismo, neofascismo e burguesia no Brasil; tal como se evidenciou a partir do movimento social de massa que desembocou no impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Dessa forma, espera-se conseguir contextualizar a conjuntura para além de sua aparência imediata, reconstituindo-se a disputa dos interesses de classe, e frações de classe, que estão subjacentes. Acredita-se que essa contextualização permitirá identificar e compreender melhor as possíveis ações das distintas classes, frações de classe e sujeitos em disputa; permitindo especular acerca do futuro do Governo Bolsonaro.


Um pacto para destruir o Brasil

Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência:

No último domingo (26), as hordas fascistas bolsonarianas, sob o comando do seu líder, declararam guerra aos poderes Legislativo e Judiciário. “Fechar o STF e o Congresso Nacional” foram palavras de ordem e ameaças com que a militância de extrema-direita arremeteu contra a democracia e o Estado de direito.

A empresa não é fácil e o resultado é duvidoso, mas num quadro em que a luta política é aberta e sem quartel, as forças que têm sentido estratégico e objetivos finais desvelam a sua identidade, mesmo quando determinados objetivos são de imediato inexequíveis.

A insana e insólita destruição do Brasil

Por José Eduardo Bicudo, no Diário do Centro do Mundo:

Muito já foi dito sobre o processo de desconstrução do Brasil, desde o golpe branco de 2016 até o presente momento. Certamente o que escrevo não é novidade para ninguém.

O que ocorre, e não posso me conformar com isso, é que a destruição vem sendo feita de maneira insana e insólita, às vezes de modo silencioso e nefasto. Até agora, porém, sem os tanques nas ruas, sob o comando de um terrorista amplamente conhecido desde os tempos da ditadura militar e eleito presidente pelos “bolsocrentes”, conforme qualificação muito bem posta por Eliane Brum em seu artigo recente no El País. Dentre esses bolsocrentes há uma parcela ponderável da classe média, inclusive uma parte que se considera intelectualizada. Alguns destes são também fiéis seguidores do “deus mercado”, mas que desconhecem ou preferem desconhecer a história recente do país. É curioso, no entanto, ouvir com frequência desses bolsocrentes intelectualizados que eles depositavam esperanças em um “novo governo”, que as coisas poderiam ser diferentes.

O day after da farra dos bolsominions

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Cessada a farra de domingo, recolhidas as faixas e bandeiras e guardadas as camisetas amarelas da CBF, voltamos à vida real.

Como as manifestações a favor do governo não geraram nenhum emprego, a segunda-feira de ressaca começa com novos números negativos na economia.

Segundo o Boletim Focus do Banco Central, a previsão de crescimento do PIB para este ano caiu pela 13ª vez e está em 1,23%, um colosso produzido pelos frentistas do Posto Ipiranga. A China que se cuide…

Estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC) revela que estão novamente fechando mais lojas do que sendo abertas no país.

Atos pró-Bolsonaro mudos sobre Flávio

O Papa Francisco é de esquerda

terça-feira, 28 de maio de 2019

McDonald´s promove assédio sexual e racismo

Foto: Scott Olson/Getty Images
Por Altamiro Borges

Na semana passada, o Ministério Público do Trabalho recebeu denúncias contra a rede estadunidense de fast-food McDonald´s por assédio sexual e racismo que vitimaram 25 ex-funcionários. As acusações foram entregues ao procurador regional Alberto Emiliano de Oliveira Neto do MPT do Paraná. O documento, elaborado pela União Geral dos Trabalhadores (UGT), ressalta que as provas dos crimes confirmam um “padrão sistemático de abuso contra os direitos dos trabalhadores” e exige uma intervenção imediata do Ministério Público do Trabalho.

Atos pró-Bolsonaro acentuam divisão interna

IV Curso de Comunicação do Barão de Itararé

Do site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

O IV Curso Nacional de Comunicação do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé está com as inscrições abertas. Entre os dias 29 e 31 de julho, o Barão reunirá, na sua sede, em São Paulo, um timaço de debatedores para tratarem dos temas mais pulsantes envolvendo comunicação, mídia alternativa, ativismo digital e a complexa conjuntura instalada a partir do governo Bolsonaro.

Ato pró-Bolsonaro revela que governo vai mal

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Independentemente do seu sucesso, a manifestação deste domingo é uma demonstração de fracasso do governo. Bolsonaro assumiu com uma boa base de apoio no Congresso e apoio popular, mas conseguiu destruir tudo isso em poucos meses.

O ato foi convocado logo após dois episódios que fragilizaram ainda mais o presidente. O primeiro foi o avanço das investigações do caso Queiroz, mostrando que a lama na qual Flávio Bolsonaro está atolado é maior do que se supunha. Uma lama que respinga no presidente. Jair Bolsonaro manteve transações financeiras mal explicadas com Queiroz, um amigo de confiança de mais de 30 anos, que operou o esquema de corrupção no gabinete do seu filho e é suspeito de ser miliciano.

O histriônico Bolsonaro e o intimista Mourão

Por Clarisse Gurgel, na revista CartaCapital:

Nos últimos dias, começou-se a ventilar a hipótese de um impeachment do atual presidente, Jair Bolsonaro. Correlato a isto, o presidente alardeou contra as corporações, convocando um ato da sociedade civil, em combate à “velha forma de fazer política”, o que costumamos chamar aqui de “mercado político”.

Na chamada para o ato, Bolsonaro fez uso de um texto informal de um seguidor, em que afirma a “disfuncionalidade” do Brasil. O atual presidente, mesmo aparentando não entender o papel dos meios institucionais, só tem feito reafirmar os pilares das instituições liberais. Isto porque reproduz, mesmo que sem perceber, um valor fundante do pensamento funcionalista capitalista, que ensina a nós que a sociedade é como um corpo humano, cujos órgãos possuem uma função predeterminada e cujos problemas devem ser tratados como se fossem doenças, desvios. Assim seriam os órgãos públicos.

O covarde Moro diante das armas

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O Globo divulga trechos das justificativas enviadas pelo Ministério da Justiça ao STF diante das ações que pedem que seja decretada a ilegalidade do decreto faroeste que estendeu para milhões de pessoas o direito a portar armas, inclusive as de calibres antes proibidos ao cidadão comum.

É, para variar, uma demonstração de sabujismo ao Planalto e covardia ante a discussão do essencial: a adequação ou não da extensão do direito de portar armas e fogo.

Empenho mobilizador e unitário

Por João Guilherme Vargas Netto

Depois da jornada do dia 26 ficou tudo como antes e, portanto, o ímpeto governista foi derrotado.

A cobertura da mídia grande de maneira unânime ressaltou o apoio dos manifestantes às deformas, mas não pode deixar de dizer que ele se chocará com a vontade da população quando ela for confrontada, por exemplo, com a deforma previdenciária.

Para o movimento sindical dos trabalhadores persiste a tarefa de resistência a ela e de preparação da greve geral de 14 de junho.