segunda-feira, 19 de agosto de 2019

A reação à Lei de Abuso de Autoridade

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

A lei de abuso de autoridade em vigor no Brasil foi promulgada em 1965, um ano após o golpe militar. Mas o projeto de lei foi escrito 11 anos antes, durante o governo do presidente eleito Juscelino Kubitschek. O mundo respirava os ares da fundação da ONU e da Declaração Universal dos Direitos Humanos, criados na década anterior. O autor da lei foi o deputado udenista Bilac Pinto, que na década seguinte apoiaria o golpe e se tornaria juiz do Supremo Tribunal Federal durante o regime militar. Apesar das credenciais reacionárias do autor, a lei era boa e visava conter a violência policial, principalmente no interior do país. Com a chegada dos militares, virou apenas um quadro na parede.

"Papai, por que estão todos contra nós"?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Brasília tem um anão falastrão que se esconde debaixo das mesas dos palácios para ouvir as conversas das excelências e depois sai contando tudo, desde o tempo em que trabalhei no Palácio do Planalto.

Fazia tempo que não o encontrava, e ele foi logo perguntando:

- E aí, chefia? Tá sabendo do almoço de domingo da família no Alvorada?

- Não, há muito tempo não vou a Brasília. O que houve?

- Rapaz, o negócio foi pesado, quase se pegaram a tapa. Não fosse a primeira dama aquilo ia acabar na delegacia…

Eduardo Bolsonaro e o seu hambúrguer

Por Marcelo Zero

A indicação do filho do presidente da república, Eduardo Bolsonaro, a embaixador em Washington, o posto diplomático no exterior mais importante da nossa diplomacia, constitui-se em escândalo inédito em toda história do Brasil e nos iguala a ditaduras medievais, como a Arábia Saudita, nas quais os cargos públicos são propriedade privada das famílias no poder.

Embora o absurdo de nomear o próprio filho para cargo tão relevante seja óbvio num país que tem corpo diplomático tão profissional e preparado, elencamos aqui algumas razões pelas quais o filho do presidente não pode ser embaixador. 


A contribuição de Maria da Conceição Tavares

Por Fernando Nogueira da Costa, no site Brasil Debate:

Ao (re)fazer uma leitura da influência das ideias econômicas e sociais latino-americanas na formação teórica de Conceição Tavares, percebemos sua inserção diferenciada no debate público brasileiro. Não foram poucas as contribuições teóricas do estruturalismo ao pensamento de Conceição Tavares. Começando pelo método histórico-estrutural de análise, passando pelo desafio do desenvolvimento econômico na periferia, atingiu:

1.o repúdio à visão de automatismos do mercado para se percorrer a via do desenvolvimento,

2.a ideia de estilo distinto de desenvolvimento em economia periférica, e

3.o papel das empresas transnacionais na dinâmica do sistema capitalista mundial.

A história apertou o passo

Por Joaquim Ernesto Palhares, no site Carta Maior:

A história apertou o passo em nosso país nos últimos dias.

As contradições que a impulsionam estão longe de serem resolvidas e as forças democráticas e progressistas não estão suficientemente fortes para direcionar o seu curso.

Mas o tabuleiro político se mexeu.

E o fez de forma a ampliar os espaços da luta pela construção de uma verdadeira democracia social no Brasil.

A derrota fragorosa de Maurício Macri nas primárias argentinas soou o alarme também no Brasil.

O repúdio maciço do eleitor do país vizinho a uma receita antissocial e antinacional de Estado precificou o governo Bolsonaro aqui.

O que falta para a justiça punir Dallagnol?

Guedes resolveu interferir na Argentina

Quando o capitalismo naufragou

O crime organizado poderá controlar o país

domingo, 18 de agosto de 2019

Exército corta recrutas. Brasil paralisado!

Por Altamiro Borges

Em matéria assinada pela jornalista Tânia Monteiro, o site UOL informou nesse sábado (17) que o Exército – um dos principais sustentáculos do laranjal de Jair Bolsonaro – teve parte de seus recursos cortados e deve dispensar “pelo menos 25 mil dos 80 mil recrutas no início de outubro, antecipando a primeira baixa, que estava prevista para dezembro. Caso não haja descongelamento de verbas, ele ainda prevê reduzir operações militares e cortar expediente dos que ficarem”. Uma tragédia para os generais que bancaram o “capetão”!

‘Famosos’ se arrependem do apoio a Bolsonaro

Por Altamiro Borges

A edição da revista Veja desta semana traz uma curiosa reportagem sobre “as celebridades arrependidas pelo apoio a Bolsonaro”. Assinada pela repórter Mariana Zylberkan, a matéria lista alguns “famosos” da mídia que já desembarcaram do jet-ski tresloucado do “capetão” – entre eles, o “humorista” Danilo Gentili, o “roqueiro” Lobão e o músico Fagner. “Desiludidos”, eles passaram a fazer críticas ao presidente e viraram alvo da fúria dos bolsominions. Após ajudarem a chocar o ovo da serpente fascista – a exemplo da asquerosa Veja –, eles agora temem por suas vidas.

Bolsonaro, Doria e Witzel: brucutus no poder

Por Fernando Brito, em seu blog:

O Globo publica hoje uma “coletânea” dos desaforos, agressões e xingamentos presidenciais. É obra alentada, mas não importa o grau da baixaria, nada mais surpreende no ex-capitão, exceto o fato de temo-lo na Presidência da República.

Grosseiro, primário, preconceituoso, simplista, incompetente, autoritário, nepotista, desumano, insensível, sabujo, seriam necessárias páginas para listar defeitos e deformações da figura presidencial. O fato é que estas “qualidades” sempre foram as dele e, portanto, seu poder não se construiu sozinho.

O entorpecimento do Brasil

Por Sérgio Amadeu, na revista Fórum:

Entorpecimento.

Essa é a palavra correta para descrever a sociedade brasileira diante da tragédia que vive.


A cada dia, o grupo neoliberal, comandado por um investidor sujo que queria ser reconhecido como um economista, o tal Paulo Guedes, desfere um ataque ao patrimônio público brasileiro. Os banqueiros aplaudem, a família Marinho comemora e lamenta a deselegância do atual governo, mas reconhece sua eficiência em desmontar o Estado.

Hoje, li em diversos sites que o CNPq irá cortar 84 mil bolsas. Os Bolsominions comemoram. Escrevem: acabou a mamata para os vagabundos.

Milícias de Bolsonaro ameaçam instituições

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

O ex-capitão Bolsonaro não é um político normal. Não por ser “espontâneo” e “franco”, como alguns afirmam, comparando-o ao estereótipo do político tradicional e enxergando uma qualidade em sua anormalidade.

Normais, ao longo de sua vida e na Presidência, foram José Sarney, Fernando Collor, Itamar Franco, Fernando Henrique, Lula, Dilma e até Michel Temer, cada um à sua maneira e apesar de suas diferenças. Podemos não admirar nenhum deles e ter forte rejeição a vários, mas os sete foram normais e fizeram a carreira com base em princípios democráticos.

Bolsonaro é o "maestro do ódio"


“Num instante em que a nossa história está sendo escrita com palavras, gestos e atos sobre a supremacia da violência, é mais do que urgente que abramos a Constituição Federal e lermos quais são os direitos humanos individuais e sociais que estão sendo violados de maneira orquestrada, sob a batuta do maestro do ódio, que tudo faz para desgovernar”, afirmou – sem citar o nome do presidente da República – o advogado e ex-secretário José Carlos Dias, presidente da Comissão Arns de Direitos Humanos, logo na abertura da chamada Mesa Nacional de Diálogo contra a Violência. O evento, realizado hoje (15) na sede da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), em Brasília, reuniu diversas entidades para discutir como enfrentar o momento político adverso, representado pelo governo de Jair Bolsonaro. “Sinto que a sociedade se estrutura em defesa da democracia“, disse Dias. O vice-presidente da Ordem, Luiz Viana, foi o anfitrião do encontro.

O ditador, sua “obra” e o senhor Guedes

Por José Luís Fiori, no site Outras Palavras:

Bem antes das urnas eletrônicas, o Brasil viu um rinoceronte
conquistar 100 mil votos e um chimpanzé chegar aos 400 mil.
Nasceu assim, em 1959, o voto de protesto,
que colocou o rinoceronte Cacareco como vereador de São Paulo.
Anos depois, em 1988, o Macaco Tião
ficou em terceiro na disputa pela prefeitura do Rio de Janeiro
Último Segundo, IG São Paulo, 21/09/2014


É comum entre os economistas neoliberais elogiar o Chile e considerá-lo um modelo econômico que deve ser imitado. Mais do que isto, no Brasil do capitão Bolsonaro, é costume elogiar a ditadura do general Augusto Pinochet (1973-1990), que concedeu um poder quase absoluto a um grupo de jovens economistas – liderados pelo superministro Sergio de Castro – para aplicar, ainda na década de 70, o primeiro grande “choque neoliberal” do mundo. Este transformou o Chile num verdadeiro “laboratório de experimentação” e numa espécie de “modelo de exportação” e propaganda das políticas e reformas liberais defendidas pela “Escola de Chicago”, que era o templo mundial do ultraliberalismo econômico naquela época. No entanto, a verdadeira história dessa “experiência econômica” chilena costuma ser falsificada, para induzir uma comparação que é inteiramente espúria, e um engodo que é inteiramente ideológico. Senão vejamos, ainda que de forma extremamente sintética, alguns dados importantes dessa história, começando por algumas informações mais elementares, porém indispensáveis para quem se proponha a fazer comparações entre economias e entre países.

Lava-Jato violava sigilo fiscal ilegalmente

Do jornal Brasil de Fato:

Reportagem publicada pela Folha de S. Paulo, em parceria com o site The Intercept Brasil, neste domingo (18) revela novos trechos de conversas de Telegram dos procuradores da Lava Jato, desta vez numa empreitada obsessiva por incriminar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva obtendo ilegalmente dados sigilosos da Receita Federal.

Sem autorização da Justiça o coordenador da força-tarefa, Deltan Dallagnol, e outros procuradores quebravam informalmente o sigilo fiscal de cidadãos de modo simples. Por meio do Telegram, acionavam o informante Roberto Leonel, então a cargo da área de inteligência da Receita Federal em Curitiba.

Brasil em risco após a eleição de Bolsonaro

Por Matheus Tancredo Toledo, na revista Teoria e Debate:

Qual país saiu das urnas após as eleições de 2018? Qual Brasil restará após o governo do presidente Jair Bolsonaro, que demonstra apreço cada vez maior pelo autoritarismo, por valores excludentes e por um país sem diversidade cultural, étnica, política, religiosa e social? O livro Democracia em Risco – 22 Ensaios sobre o Brasil Hoje, idealizado às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais de 2018, traz como desafio responder essas perguntas, por meio de 22 artigos escritos por intelectuais, escritores e escritoras, pensadores e pensadoras da sociedade e da política brasileira.

Fake news: as armas do inimigo

Por Aldo Jofré Osório, no site Vermelho:

Se eu perguntar com o que você relaciona as fake news, seguramente em algum momento sua cabeça fará a ligação com a ultradireita, seja por Donald Trump, Jair Bolsonaro, Vox, J. J. Rendón, Durán Barba, etc. Pois bem, se isto é assim, diante do cenário atual em que nos encontramos, é porque funcionam! Então, por que existem setores político que tem resistência em trabalhar com elas? Para responder esta pregunta, vou contar uma história.

Monstrengo financeiro continua engordando

Foto: Cezar Xavier
Por Cezar Xavier, no site da Fundação Maurício Grabois:

 colóquio realizado pela Fundação Maurício Grabois, na sede do PCdoB, em São Paulo, no dia 23 de julho, terça-feira, perguntou: A grande crise de 2008 foi superada? Os economistas e estudiosos que debateram o tema foram Nilson Araújo, Renildo Souza, Lécio Morais e A. Sérgio Barroso.

Em seu comentário às palestras de Nilson e Renildo, Barroso, médico, doutorando em doutor em Desenvolvimento Econômico (Unicamp), também membro do Comitê Central do PCdoB, fez uma defesa no estudo de Marx da lei tendencial da queda da taxa de lucros, de O Capital. Diante de questionamentos filológicos, a partir de manuscritos originais, ele achou importante ressaltar o papel brilhante de Engels na organização das ideias de Marx para esta polêmica questão, que é considerado por muitos, fundamental para a compreensão das crises cíclicas do capitalismo.