quarta-feira, 2 de agosto de 2023

Quais os impactos dos altos juros no Brasil?

Charge: Clayton
Por Neiva Ribeiro, no site do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região:

Apesar do corte de 0,5 ponto percentual nesta quarta-feira, 2, os juros no Brasil estão longe de estar no patamar ideal. Somos o país com o juro real mais alto do mundo.

Mas o que impacta na vida das pessoas e no país? Juros altos comprometem o crescimento do Brasil, à medida que os investimentos produtivos são afetados, estimulando investimentos no mercado financeiro com retorno garantido de juros altos.

O real também se valoriza em relação ao dólar, o que pode desestimular exportações e estimular importações, afetando o nível interno da atividade econômica.

Interfere, neste sentido, na geração de emprego e renda, inibindo efeito multiplicador e inviabilizando o dinamismo da economia. Numa espécie de efeito dominó, menor atividade da renda impacta na arrecadação de tributos, ou seja, no orçamento público, diminuindo a capacidade do Estado em investimentos sociais.

Uma mentira a menos sobre o funcionalismo

Charge: Bier
Por Paulo Moreira Leite, no site Brasil-247:


Diversas gerações de brasileiros e brasileiras nascem, crescem e morrem ouvindo a lenda de que o grande problema de nosso serviço público reside no excesso de funcionários públicos - no plano federal, estadual e municipal.

Engano, informa reportagem de Alexa Salomão, da Folha de S. Paulo (30/7/2023). Os números estão lá, tabulados pelo Atlas do Estado do Brasileiro, plataforma do IPEA que reúne dados sobre o funcionalismo do país, e permitem comparações instrutivas.

O levantamento compara dois números essenciais, que mostram a relação entre o tamanho da população e quantidade de funcionários do Estado - critério indispensável para se comparar a oferta de serviços públicos oferecidos em cada país, em atividades onde o contato pessoal segue uma referência básica e universal, seja nos guichês de atendimento, no serviço médico, na rede escolar, na segurança pública e assim por diante. Os dados são chocantes.

A versão farsesca do Exército sobre o 8/1

Charge: Miguel Paiva
Por Jeferson Miola, em seu blog:

O inquérito do Exército sobre o 8 de janeiro, cujo conteúdo foi tornado público pela Folha de São Paulo [31/7], é uma peça de ficção; é mais uma farsa das cúpulas militares para desviar a atenção sobre o envolvimento permanente das Forças Armadas nos atentados à democracia nos últimos anos.

A desfaçatez dos militares não tem limite. Os embusteiros insinuam “falha de planejamento” do atual governo como causa da devastação do Planalto.

Finalizado em março passado, o inquérito concluiu “que há indícios de responsabilidade da Secretaria de Segurança e Coordenação Presidencial quanto à invasão do Palácio do Planalto, considerando que houve falha no planejamento e na execução das ações”.

E assegura que “a invasão ao Palácio do Planalto poderia ter sido evitada ou minimizados os danos patrimoniais sofridos” se tivesse sido “realizado um planejamento das ações de segurança adequado, com o acionamento de valor de tropa suficiente”.

Reflexões sobre as questões identitárias

Charge do site Desmotivaciones
Por Jair de Souza


O debate relacionado com as causas identitárias vem ganhando destaque entre a militância de esquerda em razão das posturas tomadas pelo atual presidente do Chile, Gabriel Boric.

Conforme pode ser constatado ao analisar seus pronunciamentos, Boric tem se mostrado um aguerrido lutador em favor de muitas das pautas associadas ao combate à homofobia e à misoginia, às lutas contra a discriminação racial e pela descriminalização do aborto, etc.

Por outro lado, várias das principais reivindicações históricas do movimento trabalhista vêm recebendo por parte dele escassa atenção. Pouca ênfase tem sido dada às lutas que questionam as bases de sustentação da exploração capitalista. A organização autônoma e consciente da classe trabalhadora não é tida como uma de suas principais preocupações. E isto não contribui positivamente nas lutas trabalhistas por aumentos salariais, melhores condições de trabalho, diminuição da jornada laboral, eliminação ou redução do desemprego e por amparo previdenciário, por exemplo.

segunda-feira, 31 de julho de 2023

Mauro Cid ainda não explicou grana nos EUA

Charge: Bruno Struzani/Desenholadino
Por Altamiro Borges


Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) enviado à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas complicou ainda mais a vida do tenente-coronel Mauro Cid. Ele apontou que o ex-faz-tudo de Jair Bolsonaro enviou remessas que somam R$ 367,3 mil aos EUA em um único dia. Até agora, o milico preso não conseguiu explicar a origem da grana. Desconfia-se que ela pertencia ao ex-presidente fujão.

Cisternas paradas por Bolsonaro são retomadas

MDS
Por Altamiro Borges


Na semana passada, o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS) anunciou a volta do programa Cisternas, que foi sabotado criminosamente por Jair Bolsonaro. Segundo relata Carlos Madeiro no site UOL, “serão investidos R$ 562 milhões neste ano beneficiando cerca de 60 mil famílias”.

O MDS lançou dois editais que juntos valem R$ 500 milhões: uma para a contratação de cisternas de consumo e produção de alimentos no semiárido (R$ 400 milhões) e outro para a contratação de sistemas individuais e comunitários de acesso à água na Amazônia (R$ 100 milhões).

Ampliação dos Brics interessa ao Brasil?

Reprodução da internet
Por Paulo Nogueira Batista Jr.

Os BRICS estão discutindo atualmente dois temas estratégicos: a entrada (ou não) de novos países no grupo e a criação (ou não) de uma nova moeda patrocinada por eles como parte dos esforços de desdolarização da economia mundial. Os dois temas estarão, pelo que se sabe, na pauta da cúpula dos líderes dos BRICS que acontecerá na África do Sul em menos de um mês. Vou tratar do primeiro e deixar o segundo para outra ocasião. Darei uma resposta contraintuitiva à questão da ampliação do número de países. Parece boa ideia, mas não é – nem para o Brasil, nem para os BRICS em conjunto.

As falácias do "Estado inchado"

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:


Hoje a Folha publicou uma reportagem sobre tamanho do Estado brasileiro que constitui, por si só, uma vitória simbólica para todos que vem lutando, há anos, para desmistificar as falácias do Estado inchado.

A matéria, que denuncia essas falácias, reflete a mudança de ventos, resultado de muito sofrimento e luta conceitual, porque até poucos anos atrás, o setor público vivia sob ataque feroz dos jornalões. Estes empurravam goela abaixo da opinião pública uma narrativa mentirosa, urdida por um punhado de economistas espertalhões do primeiro mundo, de que o caminho para um desenvolvimento moderno e sustentável passava pelo enxugamento dos governos. Quer dizer, o foco não era nem a contenção das despesas, visto que defendiam com unhas e dentes aumentos de juros que faziam o Estado gastar cada vez mais com juros da dívida pública. A bandeira desses setores ultraliberais, que ainda dominam a cultura da classe média brasileira e de suas mídias, era a diminuição do emprego público.

Erros e omissões da imprensa no caso Marielle

Ilustração: Nando Motta/Instituto Marielle Franco
Por Bepe Damasco, em seu blog:


Alguém já leu alguma reportagem investigativa (não vale citações de rodapé), nos veículos da mídia corporativa, explorando a estranheza do fato de um assassino profissional, como o PM reformado Ronnie Lessa, ser vizinho do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro, em um condomínio de alto padrão, na Barra da Tijuca?

Claro que não.

Tampouco mereceram a atenção devida as relações próximas entre Lessa e Bolsonaro. Além das fotos risonhas da dupla que circulam nas redes, sabe-se que o filho mais novo do capitão chegou a namorar a filha do matador.

Mas nada disso tem grande importância para a imprensa comercial.

O fim do recesso e a pauta do governo Lula

Lula deflaciona o Centrão e joga para 2026

Foto: Ricardo Stuckert
Por Helena Chagas, no site Brasil-247:


Há quase dois meses, desde que o Planalto teve que rebolar para aprovar uma simples medida provisória de reorganização administrativa do governo, só se fala numa reforma ministerial para dar carne aos leões do Centrão.

A essa altura, Lula já deixou claro que vai dar dois bons ministérios - além de estatais valorizadas como a CEF - ao PP de Arthur Lira e Ciro Nogueira e ao Republicanos de Edir Macedo e Tarcísio de Freitas. Mas empurrou o assunto com a barriga o máximo possível, ajudado pelo recesso. Mas ganhou bem mais do que tempo, e entra mais forte na negociação para valer a partir de hoje.

O que mudou? Os ventos da economia começaram a soprar a favor, a inflação vem caindo, a economia crescendo mais do que o esperado, as expectativas do mercado melhorando, a equipe econômica ganhando prestígio. A votação de reformas como a tributária e a do marco fiscal, temas bem aceitos num Congresso com viés de direita, mexeu também no jogo de forças da política.

Por uma conferência nacional de Defesa

Democracia é, Bira Dantas/ADunicamp
Por Frei Betto, em seu site:


O Brasil precisa dar tratamento adequado à questão militar. A intentona golpista de 8 de janeiro deu lugar, no âmbito criminal, a uma série de investigações e prisões. Na esfera política, começa a caminhar uma CPMI em que, guardadas as discordâncias, parece existir um acordo: não chamar todos os militares envolvidos no episódio para depor e deixar a questão apenas para o Poder Judiciário. Assim, cuida-se do varejo e se esquiva de um problema cuja causa mora no atacado: para que (ou a quem) servem as Forças Armadas brasileiras?
 Antes de buscar a resposta, é necessário ampliar o número de pessoas para quem é feita.

Brasil posto à margem do desenvolvimento

Conhedores de café, 1935, Candido Portinari
Por Roberto Amaral, em seu blog:


A história da humanidade desconhece exemplo de país que se tenha desenvolvido e aspirado à categoria de potência (sob qualquer título) sem antes haver investido, sistemática e pesadamente, em educação, ciência e tecnologia e desenvolvimento industrial, exatamente nesta ordem, porque sem ciência e tecnologia não há indústria nem desenvolvimento, qualquer, a começar pelo desenvolvimento social, que exige pleno emprego e distribuição de renda. E sem desenvolvimento industrial nenhum país pode aspirar à soberania, e seu povo a algum grau de liberdade. A industrialização proporciona aumento da produtividade, enseja criação de empregos em todos os setores da economia, em face de seu poder multiplicador, promove o desenvolvimento de novas tecnologias e inovação, além de maior diversificação econômica. E quem não domina a tecnologia e a inovação, e não tem indústria, tampouco tem forças armadas dignas desse nome, ou seja, capazes de garantir a defesa do país, eis que terminam condenadas a fabricar o inimigo interno (a população que as sustenta) para construir o autoengano de que têm alguma razão de ser. A experiência brasileira é exemplar nesse triste sentido.