domingo, 9 de dezembro de 2018

Um retrato fiel do capitalismo brasileiro

Por Umberto Martins, no site da CTB:

As estatísticas divulgadas nesta quarta-feira (5) pelo IBGE nos fornecem um retrato fiel do capitalismo brasileiro, temperado pelos efeitos perversos da restauração neoliberal promovida pelo golpe de Estado travestido de impeachment consumado em 2016. A concentração e centralização do capital estão refletidas no crescimento da polarização social e da desigualdade.

Os 10% mais ricos abocanham nada menos que 43,1% da renda nacional, 17,6 vezes mais que a parte atribuída aos 40% mais pobres. A diferença chega a 34,3 vezes em Salvador. O comentário do pesquisador do instituto, Leonardo Athias, sobre esta realidade é esclarecedor:

Dois sem-terra são assassinados na Paraíba

Do site do MST:

"Exigimos justiça com a punição dos culpados e acreditamos que lutar não é crime", afirma em nota a direção do MST na Paraíba, após assassinato dos militantes José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino, que ocorreu na noite deste último sábado (8), no acampamento Dom José Maria Pires, localizado em Alhandra - PB.

O Movimento denuncia o ocorrido, exige celeridade nas investigações e convoca os trabalhadores e trabalhadoras do campo e da cidade a seguirem em luta contra a atual repressão e os assassinatos em decorrências de conflitos no campo.

As tretas internas do PSL

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Quando tem um cara muito ruim de bola na pelada, dizemos que ninguém precisa marcá-lo porque “esse a natureza marca”. Ao que parece, a oposição não terá tanto trabalho para marcar os governistas do PSL. O partido reúne todas as condições para se estrepar sozinho. Uma conversa do grupo de WhatsApp “Bancada PSL 2019″, que reúne integrantes do partido, foi vazada para O Globo e mostra que o debate interno lembra muito mais um episódio da Escolinha do Professor Raimundo do que de uma sigla que elegeu o presidente e que representará uma das maiores bancadas da Câmara.

O inacreditável mundo dos Bolsonaro

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – os núcleos de poder

Conforme já descrevemos em outros Xadrez, há quatro grupos iniciais de poder do futuro governo Bolsonaro.

1- A corte familiar, englobando os três filhos, mais os ministros ideológicos.

2- A núcleo militar, ocupando a infraestrutura e monitorando as ações de Bolsonaro, corrigindo cada declaração estapafúrdia.

3- Paulo Guedes e seus chicagos boys.

4- Correndo por fora, Sérgio Moro tentando fincar uma torre fora do alcance de Bolsonaro.


O Caixa Eletrônico do Bolsonaro

Por Jeferson Miola, em seu blog:       

Além de Posto Ipiranga, Bolsonaro tem seu Caixa Eletrônico privativo, uma espécie de saque fácil.

Bolsonaro já tinha apresentado ao país seu Posto Ipiranga, o ultraliberal Paulo Guedes, que promete liquidar o patrimônio público e as riquezas brasileiras; escancarar as portas do Brasil para empresas estrangeiras, em prejuízo da produção nacional; abandonar o mercado estratégico do Mercosul; restaurar o trabalho escravo e desregulamentado; privatizar a educação e monetizar o SUS; destruir a previdência social a la Chile – exemplo de reforma do sistema de aposentadorias e pensões que legou ao país andino a macabra condição de país com o mais assombroso índice de suicídios de idosos do mundo.

O que nos aguarda no governo Bolsonaro

Por Roberto Amaral, em seu blog:

É de bom conselho não tomar a realidade pela sua aparência, nem confundir os movimentos tectônicos com as marolas que se quebram na praia. Se o pessimismo pode levar ao niilismo inconsequente e irresponsável, o otimismo panglossiano é o caminho mais curto para o suicídio político. Tampouco recomenda-se menosprezar a ameaça do adversário no intuito de torná-la menos perigosa, porque a expectativa do melhor não é um determinismo histórico, porque não há vitórias políticas preestabelecidas (nem necessariamente duradouras), e porque o pior é sempre possível.

Acuado pelo Coaf, Bolsonaro ataca o PT

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

É o truque mais velho do livro, mas a validade venceu.

Em discurso por vídeo no encerramento da Cúpula Conservadora das Américas, em Foz do Iguaçu, auto proclamada resposta da direita ao Foro de São Paulo, Jair Bolsonaro insistiu na retórica da campanha.

Sem uma resposta decente para o caso do ex-assessor de seu filho Flávio citado no Coaf, escândalo que respingou em toda a família e em sua papagaiada anti corrupção, ele voltou suas baterias para o velho espantalho petista.

“Ou mudamos agora o Brasil, ou o PT volta, com muita mais força do que tinha”, falou.

O "monstro" francês que ameaça Macron

Do site Vermelho:

O movimento chamado coletes amarelos, que começa a se expandir para além das fronteiras francesas, fez o presidente francês ceder, mas não dá sinais de arrefecimento. Depois do quarto sábado consecutivo de protestos, cresce a revolta com Emmanuel Macron. Segundo o jornal português Público, ele, que pretendia ser um presidente "jupiteriano" - numa referência a Júpiter, o rei dos deuses na mitologia romana, alguém que estaria acima das politiquices (uma rejeição aos partidos tradicionais que o impulsionou para a vitória e para uma maioria absoluta na Assembleia Nacional) e que empreenderia reformas ambiciosas, sem ceder à pressão das ruas - desceu à terra.

Militares e evangélicos: nova fonte de poder

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Os generais estão voltando, sob o comando de um capitão reformado, mas não estão sozinhos para dar as ordens em Brasília.

Junto com eles, chegam ao poder os bispos da grana das igrejas evangélicas neo-pentecostais, que já nomeiam e vetam ministros.

Nada muito diferente de 1964.

Só mudaram as igrejas: naquela época, quem açulou os militares a tomar o poder foram bispos da igreja católica apostólica romana, que promoveram as Marchas da Família, com Deus pela Liberdade, e acenderam o pavio do golpe.

Haddad venceria eleição com dados do Coaf

Por Renato Rovai, em seu blog:

Os dados vazados do relatório do Coaf podiam ter mudado o resultado das eleições presidenciais se divulgados na data que o presidente eleito e seu filho provavelmente tiveram acesso a eles.

A data é 15 de outubro. Ou alguns dias antes. Foi neste dia, a menos de duas semanas para a eleição do segundo turno, que o motorista Fabrício de Queiroz se desligou do gabinete de Flávio Bolsonaro. E na mesma data, a filha de Fabrício, Nathalia Queiroz, deixou o gabinete de Jair Bolsonaro, onde foi nomeada em dezembro de 2016 para atuar como secretária parlamentar.

Ao lado do nome de Nathalia, no relatório do Coaf, está anotado o valor de 84 mil reais.

sábado, 8 de dezembro de 2018

De onde veio o torpedo contra os Bolsonaro?

Por Gilberto Maringoni

O mais relevante desse imbróglio filho-assessor-esposa-grana não é o fato em si. A Coaf rastreia contas a partir de suspeitas ou denuncias. Assim, as questões relevantes que se colocam são:

1. Quem fez a denuncia?

2. Por que fez?

3. Por que agora?

Seguramente não foi a oposição que deu curso à acusação. Trata-se de tiroteio palaciano, realizado antes mesmo de se entrar em palácio.

Escândalo dos Bolsonaro desmascara Moro

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Chega a ser inacreditável que o ex-juiz Sergio Moro ainda não tenha vindo a público se pronunciar sobre o Laranjão, escândalo envolvendo movimentação suspeitíssima e milionária na conta de ex-motorista, segurança e assessor – tudo junto – do filho de Bolsonaro. Cadê o moralismo fajuto desse sujeito? Cadê a indignação dele com a corrupção. Caiu a máscara!

Será que não devemos subestimar Bolsonaro?

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Respeitados analistas políticos e quadros de primeira linha da esquerda vêm batendo na tecla de que, devido a sua base social e política, aliada a uma agenda econômica que unifica a elite e todos os segmentos da direita, Bolsonaro não deve ser subestimado. Enfatizam também que o fenômeno sóciopolítico que levou a extrema direita ao governo da República pode não ser algo apenas transitório, um mero voo de galinha na linguagem popular.

Militares ocupam alto escalão do governo

Por Rafael Tatemoto, no jornal Brasil de Fato:

O governo Bolsonaro terá ao menos um terço dos ministérios ocupado por militares, reformados e da ativa. Seis das pastas com status formal de ministério - que devem atingir o número de 22, sete a mais que o prometido na campanha - serão chefiadas por integrantes das Forças Armadas. Resta apenas a nomeação do ministro do Meio Ambiente

O Gabinete de Segurança Institucional, a Defesa e a Secretaria de Governo serão ocupadas, respectivamente, por Augusto Heleno, Fernando Azevedo e Silva e Carlos Alberto dos Santos Cruz. Todos são generais da reserva. Na Infraestrutura, Tarcísio de Freitas é um dos poucos a não fazer parte do generalato: é capitão reformado do Exército.

O vale-tudo no Congresso Nacional

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

Depois da eleição atípica de Jair Bolsonaro, o Congresso também parte para a subversão das regras que sempre regeram a convivência entre os partidos.

Se a observância do peso eleitoral de cada um deixa de existir, temos o vale-tudo, com grave ofensa ao instituto da representação política.

A formação de um grande bloco de partidos para controlar os cargos da Mesa e postos de comando, isolando os dois partidos mais votados e com as maiores bancadas, PT e PSL, é o melhor exemplo, mas não o único, de que na próxima legislatura pode imperar as regras da casa de mãe Joana.

O enigma dos “coletes amarelos” na França

Foto: Yanik Dumont Baron
Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Em pânico, o gabinete do presidente francês, Emmanuel Macron, articula, para este sábado, uma operação policial poucas vezes vista na história do país. Cerca de 89 mil homens estarão nas ruas, fortemente equipados (inclusive como treze blindados). Tentarão evitar que a mobilização dos “coletes amarelos” [gilets jaunes, em francês] cumpra sua promessa de bloquear as rodovias de todo o país e chegar ao Palácio do Eliseu, sede do governo. Deflagrada há três semanas, contra o aumento do preço dos combustíveis, a revolta não parou de crescer, desde então. Mas o que é ela? E por que desafia tanto os ultra-capitalistas, de Macron, quanto a esquerda institucional?

Quem é quem na cúpula direitista das Américas

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Às vésperas do início do governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, o Brasil será palco de uma Cúpula Conservadora das Américas, a primeira do gênero, uma iniciativa bolsonarista que tentará aproximar reacionários do continente para ações políticas conjuntas. A “fauna” a se reunir no sábado, 8, em Foz do Iguaçu, no Paraná, será variada e terá como estrela bolsonarista o filho caçula do ex-capitão, Eduardo, uma espécie de chanceler paralelo do futuro governo do pai.

Partido de Bolsonaro virou MMA

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O “chefe” já se deu conta do estrago e chamou uma (a primeira) reunião com o amontoado – chamar de bancada seria impróprio – de parlamentares eleitos à sombra do alugado PSL.

Jair Bolsonaro, entretanto, deveria pensar bem pois do jeito que as coisas vão a baixaria vai rolar solta.

O “barraco” de ontem entre Joyce Hasselman e seu filho “02”, Eduardo, continuou hoje.

A trincheira de Bolsonaro

Por Sergio Araújo, no site Sul-21:

Quer conhecer alguém? Repare nas atitudes e não nas palavras. Antes mesmo de assumir, Jair Bolsonaro dá mostras de que pretende ter um mandato com garantias de conclusão e até mesmo de continuidade. Cerca-se de ministros militares. Envia o filho para os EUA para se reunir com autoridades e empresários americanos. Recebe em sua residência o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John Bolton. E faz diversos acenos para agradar o presidente Donald Trump, como por exemplo, a transferência da embaixada brasileira para Jerusalém, críticas à política econômica da China e movimentos anti-Cuba (saída dos médicos cubanos).

O guru por trás do guru de Bolsonaro

Por Liszt Vieira, no site Carta Maior:

Apesar de ser loucura, há método nela. (Shakespeare, Hamlet: Ato II, Cena II)

Já se disse que o Brasil não é um país desenvolvido nem subdesenvolvido. É um país de contrastes. Enquanto na Europa a Modernidade varreu os valores pré-modernos típicos das teocracias medievais, no Brasil corremos o risco de ver o contrário: depois da Modernidade, a Idade Média!

E, para cúmulo do surrealismo, uma Idade Média capitalista! Como vemos hoje em muitas partes do mundo, o capitalismo convive bem com regimes políticos autoritários e com valores conservadores da era pré-moderna.