Por Umberto Martins, no site da CTB:
As estatísticas divulgadas nesta quarta-feira (5) pelo IBGE nos fornecem um retrato fiel do capitalismo brasileiro, temperado pelos efeitos perversos da restauração neoliberal promovida pelo golpe de Estado travestido de impeachment consumado em 2016. A concentração e centralização do capital estão refletidas no crescimento da polarização social e da desigualdade.
Os 10% mais ricos abocanham nada menos que 43,1% da renda nacional, 17,6 vezes mais que a parte atribuída aos 40% mais pobres. A diferença chega a 34,3 vezes em Salvador. O comentário do pesquisador do instituto, Leonardo Athias, sobre esta realidade é esclarecedor:
"Isso mostra”, diz, “que você tem uma estrutura de renda muito concentrada numa parcela pequena da população, o que é um problema grave. Pelos estudos globais [essa desigualdade na concentração de renda] atrapalha outros aspectos da vida: gera altos níveis de violência, o foco das decisões [governamentais] é em curto prazo, promove insegurança alimentar, falta de investimento em capital humano, problemas na saúde, em saneamento".
Ao lado da desigualdade de classes, o capitalismo tira proveito também dos desequilíbrios regionais e da discriminação de gênero e cor, fenômenos que reproduz e estimula, submetendo negros e mulheres a um grau superior de exploração, o que vale também para nortistas e nordestinos. Quase metade da população negra está na informalidade.
Saldos do golpe
Os governos Lula e Dilma amenizaram essas contradições inerentes ao capitalismo brasileiro, implementando políticas que reduziram a desigualdade, o desemprego, combateram a discriminação e valorizaram o salário mínimo, viabilizando a ascensão social dos mais pobres.
Mas nos três últimos anos a grave crise econômica e os golpistas liderados pelo usurpador Michel Temer se aliaram para reverter este cenário, acrescentando ao exército de desempregados 6,2 milhões de pessoas, ao lado de 1,2 milhão de informais, além de iniciaram o desmonte do sistema de seguridade social.
Apenas durante o ano passado 2 milhões de pessoas foram acrescidos ao contingente de pobres, que pelos critérios adotados pela ONU somaram 54,8 milhões, período em que a pobreza extrema, sobrevivendo com menos de US 1,9 dólar por dia, aumentou 13%, atingindo 15,3 milhões de brasileiros e brasileiras. É o saldo visível do golpe de 2016, que opera como um Robin Hood às avessas, roubando e transferindo a renda dos mais pobres para os mais ricos.
É uma obra que Bolsonaro promete prosseguir e radicalizar, acenando com uma reforma que visa privatizar o sistema previdenciário, com a extinção do Ministério do Trabalho, a introdução da carteira de trabalho verde e amarelo, sem as garantias da CLT, e a entrega das nossas estatais e riquezas naturais, especialmente do pré-sal, ao capital estrangeiro.
No Brasil, conforme os dados do IBGE, 73,8% da população sobrevivem da renda proveniente do trabalho, aposentadorias e pensões. Integram o que podemos classificar de classe trabalhadora brasileira. Constituem a maioria do nosso povo. São as grandes vítimas dos governos Temer e Bolsonaro.
Os 10% mais ricos abocanham nada menos que 43,1% da renda nacional, 17,6 vezes mais que a parte atribuída aos 40% mais pobres. A diferença chega a 34,3 vezes em Salvador. O comentário do pesquisador do instituto, Leonardo Athias, sobre esta realidade é esclarecedor:
"Isso mostra”, diz, “que você tem uma estrutura de renda muito concentrada numa parcela pequena da população, o que é um problema grave. Pelos estudos globais [essa desigualdade na concentração de renda] atrapalha outros aspectos da vida: gera altos níveis de violência, o foco das decisões [governamentais] é em curto prazo, promove insegurança alimentar, falta de investimento em capital humano, problemas na saúde, em saneamento".
Ao lado da desigualdade de classes, o capitalismo tira proveito também dos desequilíbrios regionais e da discriminação de gênero e cor, fenômenos que reproduz e estimula, submetendo negros e mulheres a um grau superior de exploração, o que vale também para nortistas e nordestinos. Quase metade da população negra está na informalidade.
Saldos do golpe
Os governos Lula e Dilma amenizaram essas contradições inerentes ao capitalismo brasileiro, implementando políticas que reduziram a desigualdade, o desemprego, combateram a discriminação e valorizaram o salário mínimo, viabilizando a ascensão social dos mais pobres.
Mas nos três últimos anos a grave crise econômica e os golpistas liderados pelo usurpador Michel Temer se aliaram para reverter este cenário, acrescentando ao exército de desempregados 6,2 milhões de pessoas, ao lado de 1,2 milhão de informais, além de iniciaram o desmonte do sistema de seguridade social.
Apenas durante o ano passado 2 milhões de pessoas foram acrescidos ao contingente de pobres, que pelos critérios adotados pela ONU somaram 54,8 milhões, período em que a pobreza extrema, sobrevivendo com menos de US 1,9 dólar por dia, aumentou 13%, atingindo 15,3 milhões de brasileiros e brasileiras. É o saldo visível do golpe de 2016, que opera como um Robin Hood às avessas, roubando e transferindo a renda dos mais pobres para os mais ricos.
É uma obra que Bolsonaro promete prosseguir e radicalizar, acenando com uma reforma que visa privatizar o sistema previdenciário, com a extinção do Ministério do Trabalho, a introdução da carteira de trabalho verde e amarelo, sem as garantias da CLT, e a entrega das nossas estatais e riquezas naturais, especialmente do pré-sal, ao capital estrangeiro.
No Brasil, conforme os dados do IBGE, 73,8% da população sobrevivem da renda proveniente do trabalho, aposentadorias e pensões. Integram o que podemos classificar de classe trabalhadora brasileira. Constituem a maioria do nosso povo. São as grandes vítimas dos governos Temer e Bolsonaro.
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