terça-feira, 2 de abril de 2019

Bajulação e subserviência da atual diplomacia

Calado é um poeta... Charge: Paulo Baraky
Por Celso Amorim, na revista CartaCapital:

É tentador não ver nas manifestações de certos atores políticos nada mais que um exotismo sem sentido, um conjunto de bizarrices de alguém que digeriu mal teorias sobre ascensão e queda das civilizações e que alia a essa característica uma obstinada tendência à bajulação e à subserviência.

Não se trata só de ignorância histórica, bizarrice, exotismo ou pendor à subserviência

E é verdade que esses elementos estão presentes na diplomacia do atual governo brasileiro e nas declarações desencontradas e incoerentes de ministros, gurus e familiares. Muitas delas vêm logo seguidas de desmentidos ou reinterpretações que amenizariam um pouco seu sentido mais pernicioso. Tem sido o caso em relação ao uso da força para a mudança de regime na Venezuela.

Os militares, a política e a geopolítica

Por Renato Rabelo, em seu blog:

A formação do governo de Jair Bolsonaro, que tomou posse em 1º de Janeiro, tem uma marca acentuada da participação de oficiais militares. Além da vice-presidência da República, foram indicados oito deles, de alta patente, que gozam de grande autoridade no âmbito militar. Ocupam cargos de comando de Ministérios centrais e estratégicos. A presença de integrantes das Forças Armadas se expande para o segundo e terceiro escalões, em postos destacados, já atingindo a casa da centena. É um contingente maior em postos de primeiro escalão e em número de militares, se comparado com os governos do período do regime militar, implantado em 1964. Esse acontecimento é inédito na história da República.

Toffoli envergonha até o Merval Pereira

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A vergonha do judiciário chegou a tal ponto que até o reacionaríssimo Merval Pereira, que defende a reforma da Previdência com mais furor que o Paulo Guedes, ficou acanhado com o “oferecido” presidente do Supremo, Dias Toffoli, que andou falando num “pacto” com Jair Bolsonaro para garantir o massacre dos direitos sociais, como escrevi aqui, há três dias.

Em sua coluna de hoje em O Globo, o autoproclamado ministro honorário do Supremo diz:


A "descomemoração" da ditadura de 1964

Editorial do site Vermelho:

Nunca houve, no Brasil, comemorações cívicas verdadeiras pelo 31 de março, o dia em que - por conveniência - a direita decidiu registrar como aquele em que ocorreu o golpe militar de 1964 - que, de fato, ocorreu em 1º de abril, mas este é o dia da mentira...

Datas cívicas são, quase sempre, temas de comemorações. As maiores, no Brasil, são 7 de setembro (Independência), 15 de novembro (República) e 21 de abril (Tiradentes e Inconfidência Mineira) além de datas atinentes à Abolição da Escravatura. São acontecimentos que marcam a formação do Brasil e que estão no coração do povo, que as festeja e comemora. Mas não o 31 de março que, nestes 55 anos, é a data que lembra o golpe militar que infelicitou a nação e nunca foi comemorado pelo povo.

Golpe da previdência vai aprofundar a crise

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, Bárbara Vallejos Vazquez e Euzébio de Sousa, no site Brasil Debate:

Desapareceu no Brasil a discussão sobre geração de emprego. Mesmo registrando 12,5 milhões de desocupados e 27,3 milhões de subutilizados (desocupados, subocupados por insuficiência de horas e na força de trabalho potencial) – um quarto da força de trabalho brasileira – o único problema do Brasil parece ser a previdência. Após a retração de 6,9% do PIB em 2015 e 2016 e um crescimento econômico muito baixo, de 1% em 2017 e 1,1% em 2018, com expectativas de crescimento para 2019 revisadas para baixo 6 vezes consecutivas [1], o país está longe da recuperação do nível do PIB per capita de 2014 (Gráfico 1). Assim, para as famílias de trabalhadores, a crise continua.


segunda-feira, 1 de abril de 2019

O nazismo da esperteza ignorante

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Ernesto Araujo não é um ingênuo. É um esperto que usa técnicas fascistas para disputar o que pensa serem seus espaços no brilhante Governo Bolsonaro. Depois da desmoralização completa dos historiadores revisionistas, que negavam os campos de concentração dos nazis e que, no final do século passado, foram completamente desmoralizados na academia, nos meios políticos, nas instituições dos Estados e na pesquisa independente – com estudos que re-comprovaram as matanças em massa que os nazistas promoveram – numa história de crimes sem precedentes na política moderna. Depois de tudo isso, querer identificar o nazismo como uma ideologia da esquerda é um lance de má fé e de esperteza ignorante.

Bolsonaros não conhecem o Brasil

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Escrevo bolsonaros no plural porque somos governados pelos quatro - o pai e os três filhos aloprados que são chamados por números.

O fato de pertencerem à extrema-direita mais boçal do planeta é o de menos.

O grande problema é que os quatro juntos não conhecem o Brasil e não têm a menor ideia do que acontece no mundo de hoje.

Presos à Segunda Guerra Mundial e à Guerra Fria, seguem a cartilha de outro cretino, o guru Olavo de Carvalho, um pateta que faz horóscopos e caça ursos na Virgínia.

É necessário repetir: Ditadura nunca mais

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

As mobilizações marcadas para este 31 de março de 2019, quando o país irá manifestar sua solidariedade aos torturados, mortos e desaparecidos da ditadura de 1964, possuem uma razão evidente.

Numa conjuntura na qual, a partir do próprio do Estado, se deslocam forças que conspiram contra as liberdades e a democracia, é preciso lembrar, mais uma vez, a grande lição deixada por 21 anos de treva, sofrimento e medo: Ditadura Nunca Mais.

Bolsonaro não pode celebrar golpe de 1964

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Jair Bolsonaro tinha 9 anos quando os militares derrubaram a democracia em 1964. Era apenas uma criança que sonhava entrar para o Exército. Logo após o fim da ditadura, aos 31 anos, já militar, Bolsonaro escreveu um artigo para a revista Veja reclamando dos baixos salários dos militares. A indisciplina lhe custou 15 dias de cadeia. Mas a reclusão não foi capaz de segurar seu espírito incendiário. No ano seguinte, o capitão continuou a luta por reajuste salarial e elaborou um plano que lhe pareceu infalível: bombardear quartéis e academia militares.

Plano de capitalização leva à barbárie

Por Jeferson Miola, em seu blog:         

O modelo de capitalização individual que inspira Bolsonaro foi imposto no Chile pelo ditador Pinochet em 1980 através do Decreto Lei 3.500 em meio a um “banho de sangue nas ruas” – fato histórico enaltecido pelo chefe da Casa Civil do Bolsonaro.

A PEC 6/2019 proposta pelo governo tem como objetivo de curto prazo a modificação, para muito pior, das atuais regras para aposentadorias, benefícios e pensões. A redução para R$ 400 [menos da metade do salário mínimo] do valor do Benefício de Prestação Continuada para os idosos é a face mais macabra da PEC.

Lava-Jato e Bolsonaro são irmãos siameses

Por Bepe Damasco, em seu blog:

A compreensão da simbiose entre a Lava Jato e o bolsonarismo é importante para identificar quem manipula os cordéis que provocam a anarquia institucional do estado de exceção que vivemos.

As milícias digitais, que atuam diuturnamente nas redes sociais ameaçando, difamando, agredindo e chantageando, a um só tempo servem à cruzada nazi-bolsonarista contra os valores democráticos, civilizatórios e iluministas e ao projeto de poder da República de Curitiba.

Nunca é demais repetir que o fenômeno Bolsonaro só foi possível graças à Lava Jato. Por trás do golpe que apeou a presidenta Dilma do governo está a República de Curitiba. E a perseguição a Lula, que culminou com sua prisão ilegal e seu alijamento das eleições, constitui-se, sem dúvida, na maior contribuição dos procuradores e juízes lavajateiros à fascistização do país, que atingiu o apogeu com a eleição do capitão.

Bolsonaro cai ao apoiar ditadura e Israel

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Bolsonaro é o maior inimigo de si mesmo. Ao determinar comemorações nos quartéis pelo aniversário do golpe militar de 1964, fez explodirem atos públicos pelo país relembrando atrocidades da ditadura. Ao estreitar relações com Israel sob orientação dos EUA, torna o Brasil inimigo do mundo árabe, com todas as consequências que isso pode nos acarretar.

As pesquisas sobre a popularidade de Jair Bolsonaro vêm mostrando rápida queda de sua aprovação. Nas últimas semanas, a pesquisa XP-Ipespe e a pesquisa Ibope registraram quedas parecidas e fortes da aprovação ao presidente da República.

Hitler desmente o chanceler de Bolsonaro

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Há algum tempo publicamos aqui um documentário mostrando como os capitalistas financiaram o nazismo de Adolf Hitler e o fascismo de Benito Mussolini. Mas a extrema-direita, viciada em fake news, insiste em jogar no colo da esquerda as barbaridades do nazismo. Como se o líder da União Soviética, Josef Stalin, em que pese seus defeitos, não tivesse botado os nazistas para correr em 1943.

Agora é o chanceler (sic) de Bolsonaro, o bolsominion diplomata Ernesto Araújo, quem utiliza suas redes para difundir a mentira de que o nazismo era de esquerda.

O general Mourão e o "policial bonzinho"

Por Fernando Rosa, no blog Senhor X:

O general Mourão, quem diria, acabou no Wilson Center. No dia 8 de abril, ele é convidado do instituto, em Washington. Diz o convite: “Junte-se a nós naquela tarde para uma conversa sobre as perspectivas políticas para o Brasil no próximo ano e além“.

O texto do convite dá o tom da participação e dos objetivos do convescote neo-golpista.

“Os primeiros 100 dias do governo Bolsonaro foram marcados por paralisia política, em grande parte devido às crises sucessivas geradas pelo círculo interno do próprio presidente, se não por si próprio. Em meio ao barulho político, o vice-presidente Hamilton Mourão emergiu como uma voz de razão e moderação, capaz de orientar tanto em assuntos internos quanto externos. O vice-presidente Mourão assumiu a gestão da crise na Venezuela e tem sido cada vez mais procurado por autoridades da China, Europa e Oriente Médio, bem como pela comunidade empresarial, para atuar como interlocutor do governo”.

Brasil definirá o futuro da Igreja Católica

Do blog Nocaute:

Causaram estranheza na opinião pública e no meio católico duas decisões do cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, ao assumir, em março de 2013, o trono de São Pedro com o nome de Francisco, o 266º Papa da Igreja Católica.

A primeira delas foi o anúncio de que não iria residir nos suntuoso Palácio Apostólico, na Praça de São Pedro, mas na Casa Santa Marta, uma espécie de hospedaria merecedora de no máximo três estrelas, destinada a receber membros estrangeiros do alto clero de passagem pelo Vaticano.

domingo, 31 de março de 2019

Crença e narcisismo na vida de Ernesto Araújo

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

Ecoando o youtuber Olavo de Carvalho, o chanceler Ernesto Araújo insiste que o nazismo era de esquerda, uma variação do regime socialista ou comunista.

Se ele assistir ao filme “Hitler – Uma Carreira”, de Joachim C. Fest e Christian Herrendoerfer, considerado o mais completo sobre a ascensão do líder do nazismo, verá que Hitler chegou ao poder com seus seguidores matando e encarcerando, primeiramente, os comunistas, depois os social-democratas e, por fim, os judeus, pessoas que ele odiava.

A referência ao ódio de Hitler à esquerda está aos 38 minutos e 24 segundos do documentário.

Pré-sal: o ônus e o bônus do excedente

Por Giorgio Romano Schutte, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O governo Jair Bolsonaro planeja realizar em outubro o maior leilão de reservas, exploração e produção de petróleo que o mundo já assistiu. O valor estimado para entrar no caixa só neste ano é de R$ 100 bilhões. Para tanto, aproveita-se de alterações na legislação introduzidas pelo governo Michel Temer que tornaram os leilões do pré-sal o mais atraente possível para os oligopólios internacionais, além de terem reduzido a participação da Petrobras na exploração dessas reservas e derrubado o percentual obrigatório de uso de conteúdo nacional. De fato, nesta área há um continuidade direta entre a política dos governos Temer e Bolsonaro e uma ruptura clara com a política dos governo Lula e Dilma. Curiosamente, pouco ou nada disso preenche a agenda pública de debate nacional.

Sob a toga havia uma farda

Por Hamilton Pereira/Pedro Tierra, no site da Fundação Perseu Abramo:

I.

Soa como um convite para festejar seu próprio funeral. Num país capaz de tudo converter em caricatura, em curto lapso de tempo, as elites brasileiras fizeram da democracia um simulacro nas eleições de 2018 e nesses idos de março de 2019, 55 anos depois, levam a nação a encenar uma grotesca farsa de si mesma.

Partidos condenam celebração da ditadura

Da Rede Brasil Atual:

PCdoB, PCB, PDT, PSB Psol e PT assinaram manifesto em repúdio à determinação do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para que as Forças Armadas celebrem o aniversário do golpe de 1964.

Hoje (30), a desembargadora de plantão Maria do Carmo Cardoso, do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF1), cassou a decisão da véspera, (29) da Justiça Federal do Distrito Federal, que impedia a União e as Forças Armadas de comemorar a data. Conforme seu despacho, a medida do governo federal está dentro da alçada das competências da administração. E que ainda não houve violação da legalidade, tampouco dos direitos humanos.

Leia a íntegra da nota:

Ditadura militar matou e era corrupta

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Deputado de primeiro de mandato, o maranhense Márcio Jerry, do PCdoB, propôs uma lei para incluir no Código Penal o crime de apologia de ditadura. Pensou em Jair Bolsonaro, um apologista do chileno Augusto Pinochet, do paraguaio Alfredo Stroessner e dos cinco brasileiros que mandaram por aqui de 1964 a 1985. Para o presidente, o regime que completa 55 anos teve aí uns “probleminhas” e só.

Assassinato e tortura de adversários e de indígenas, corrupção e concentração de renda no 1% mais rico seriam apenas uns “probleminhas”? Este é o legado da ditadura inaugurada com um golpe em 1o de abril de 1964, uma data mais ao gosto dos historiadores, embora as Forças Armadas prefiram “comemorar” o 31 de março, para fugir do dia da mentira.