quinta-feira, 11 de abril de 2019

O lumpesinato no poder: Bolsonaro, 100 dias

Por Gilberto Maringoni e Artur Araújo, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O governo de Jair Messias Bolsonaro representa um feito inédito em termos mundiais. Trata-se da primeira vez em que o lumpesinato, de forma organizada, chega ao poder de Estado. Não existe experiência semelhante em países da dimensão do Brasil.

O lumpesinato (ou lumpemproletariado) não é exatamente uma classe. O conceito inicial referia-se a uma fração de classe constituída por trabalhadores muito pobres sem qualquer lugar ou vínculo com a produção ou com o mercado de trabalho formal. Sobrevivem à custa de pequenos expedientes e atividades intermitentes. Por sua própria fragmentação, é uma camada que tende a realizar ações individuais em detrimento de iniciativas coletivas. Raramente atua de forma organizada.

Golpe da Previdência só vai agravar a crise

Por Juliane Furno, no jornal Brasil de Fato:

Você nem precisa ser um assíduo acompanhador dos telejornais para já ter decorado o argumento de Bolsonaro e de toda a sua equipe neoliberal sobre a necessidade de fazer a reforma da previdência.

O argumento, basicamente, é o seguinte: “O gasto previdenciário tem crescido anualmente. Isso faz com que o governo tenha que cobrir o deficit com dinheiro público; como ele não tem esse dinheiro precisa aumentar a sua dívida pública vendendo títulos. Se a dívida pública fica muito alta os agentes vão começar a duvidar da capacidade do governo pagar e exigirão taxas de juros mais altas para seguir comprando títulos. Taxas de juros mais altas inibem o consumo e o investimento; se não tem investimento não tem emprego”.

Bolsonaro e o fim da comunicação pública

Por Theo Rodrigues, no blog Cafezinho:

“A comunicação pública não será a prioridade do presidente Bolsonaro”. Essa foi a avaliação que muitos analistas fizeram logo que se iniciou o atual governo. A manutenção da fusão do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação (MCTIC) sob as mãos do neófito Marcos Pontes demonstrava que as políticas públicas de comunicação seriam rebaixadas para a periferia da agenda governamental. Passados os 100 primeiros dias de governo, constata-se que o cenário é bem pior do que imaginavam os analistas.

Povo vai no essencial: quer justiça e paz

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Contrariando a visão convencional de que a eleição presidencial de 2018 expressou uma profunda virada ideológica na sociedade brasileira, duas pesquisas do Datafolha contem notícias devastadoras para os principais projetos do governo Bolsonaro.

Vinte e quatro horas depois da revelação de que a população recusa a reforma da Previdência por 51% a 41%, descobre-se que o pacote anti-crime de Sérgio Moro é alvo de uma recusa ainda mais enfática. Para 64%, a posse de armas, que Bolsonaro liberou como primeira medida de governo, simplesmente deve ser proibida.

100 dias perdidos no Brasil

Por Daniel Almeida

Foram 100 dias sem médicos, sem educação, sem empregos, sem projeto, sem noção. O presidente da República já faz história e deixa uma marca: a incapacidade de governar. Nesse período, o pior inimigo do governo Bolsonaro foi o próprio governo Bolsonaro.

Bolsonaro não soube aproveitar a lua de mel com o eleitorado, que caracteriza o início das administrações. Ficou perdido em meio a brigas inúteis dentro do Palácio do Planalto e da sua pseudo base de apoio no Congresso Nacional. Muita energia, que poderia ser produtiva, acabou sendo desperdiçada. Despreparo e foco nas coisas erradas resumem bem esses três meses iniciais.

Gentili é condenado à prisão. Vai recuar?

Por Altamiro Borges

Com enorme escarcéu, a mídia informou na noite desta quarta-feira (10) que o “humorista” Danilo Gentili foi condenado pela 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo a seis meses e 28 dias de prisão, em regime semiaberto, por injúria contra a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS). Ele ainda poderá recorrer da sentença em liberdade. Mesmo assim, o falso valentão ironizou a decisão pelo Twitter: “Quem vai me levar cigarro?”. De imediato, uma legião de fanáticos ultradireitistas lançou a campanha nas redes sociais “Gentili Livre”. O presidente Jair Bolsonaro, que ama de paixão o “humorista” do ódio e que até chegou a cogitar dar um carguinho no seu laranjal no Palácio do Planalto, também criticou a decisão judicial e prestou solidariedade.

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Os três agressores fascistas da Paulista

Por Altamiro Borges

No último domingo (7), grupos de extrema-direita – principalmente os ligados ao astrólogo Olavo de Carvalho, guru do atual presidente e de seus pimpolhos – promoveram manifestações raivosas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e em defesa apaixonada do ex-juizeco Sergio Moro, atual superministro do laranjal de Jair Bolsonaro. No geral, os atos foram pequenos e passariam despercebidos não fosse a generosidade da mídia falsamente moralista. Na Avenida Paulista, centro de São Paulo, os vários grupelhos se subdividiram em três miniprotestos. Faltou gente, mas não faltaram discursos de ódio e violência.

Lollapalooza explorou trabalho escravo

Por Altamiro Borges

O Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos e Diversões do Estado de São Paulo (Sated) decidiu apresentar denúncia ao Ministério Público do Trabalho para que seja investigada a exploração de trabalho análogo à escravidão na montagem dos palcos do festival Lollapalooza, que terminou no domingo (7) em São Paulo. “Vamos fazer uma denúncia ao MPT por trabalho similar à escravidão. E vamos acionar também o antigo Ministério do Trabalho, agora uma secretaria”, informou Dorberto Carvalho, presidente da entidade. A empresa T4F, da organização do evento milionário, até agora não se manifestou sobre o caso.

“Moro de Saias” é cassada no Mato Grosso

Reprodução do Facebook de Selma Arruda
Por Altamiro Borges

A vida é implacável. Aos poucos, os oportunistas que surfaram na onda fascista-bolsonarista que devastou o Brasil vão sendo desmascarados. Nesta terça-feira (10), por unanimidade, o Tribunal Regional Eleitoral do Mato Grosso cassou o mandato da senadora Selma Arruda (PSL-MT) sob acusação de abuso de poder econômico e caixa dois. Graças aos holofotes da mídia, ela era chamada de “Moro de Saia” no Estado. Juíza por 22 anos, ela se aposentou no ano passado, filiou-se ao já ridicularizado Partido Só de Laranjas (PSL) e foi a mais votada no pleito de outubro, com 24% dos votos. O estrelato, porém, durou pouco.

Os atos da Jornada Mundial Lula Livre

Bolsonaro e os 100 dias de desmonte

Charge: Cartoonist Ralfo
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Se existe uma marca ao completarem-se os 100 dias do novo governo, é aquela que o próprio presidente anunciou nos Estados Unidos que “nós temos de desconstruir muita coisa”.

Isso, de fato, ele vem fazendo, com denodo.

Na Educação, todos vêem, o esforço destrutivo vem tendo um enorme sucesso: o ministério tornou-se um centro de intrigas e disputas – além das chacotas, claro – completamente paralisado naquilo que deveria ser sua função. Dado o fato de que o novo ministro é pessoa afinada pelo mesmo diapasão aloprado de Ricardo Vélez, há pouco a acrescentar e menos ainda a esperar, senão o desmanche do pouco que construímos em construção e disseminação do saber.

Bolsonaro cairá ainda mais nas pesquisas

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Especialistas renomados em imagem de políticos explicam com clareza por que atos de Bolsonaro como nomear outro psicopata para dirigir a Educação no Brasil não vão parar e vão torná-lo cada vez mais odiado pelos brasileiros. No ritmo em que as coisas vão, no segundo semestre teremos um presidente que não poderá aparecer em público sem ser vaiado…

Cientistas sociais de todo país e do exterior analisam fenômeno que muitos consideram surpreendente, o da queda livre da popularidade de Bolsonaro menos de seis meses após ter sido eleito com expressiva votação em meio a grandes expectativas que, em tempo recorde em todos os governos do pós-redemocratização, deterioraram-se profundamente.

A "uberização" das relações de trabalho

Por Alexandre Andrada, no site The Intercept-Brasil:

Uma das grandes maravilhas do capitalismo é a inovação. Inovar significa, de maneira simples, criar algo novo ou fazer algo velho de uma nova maneira. E nisso o capitalismo é craque.

Talvez dois mais importantes economistas políticos que analisaram o fenômeno da inovação foram o alemão Karl Marx (escudado por vezes por seu amigo Friedrich Engels) e o austríaco Joseph Schumpeter.

No Manifesto de 1848, numa das passagens mais famosas do texto, Marx e Engels afirmam:

“A burguesia não pode existir sem revolucionar permanentemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, portanto as relações sociais todas”.

Lula Livre e a paz na Venezuela

Novo ministro da educação é um pitbull

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

O presidente Jair Bolsonaro anunciou no Twitter a demissão do ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez. Bolsonaro informou também que o novo ministro será Abraham Weintraub.

Bolsonaro e Vélez tiveram uma reunião no Palácio do Planalto pouco antes do anúncio da demissão do agora ex-ministro.

“Comunico a todos a indicação do Professor Abraham Weintraub ao cargo de Ministro da Educação. Abraham é doutor, professor universitário e possui ampla experiência em gestão e o conhecimento necessário para a pasta. Aproveito para agradecer ao prof. Velez pelos serviços prestados”, afirmou.

TV Globo impõe o silenciamento de Lula

Por Ângela Carrato e Eliara Santana, no blog Viomundo:

“Não adianta tentar acabar com as minhas ideias, elas já estão pairando no ar e não tem como prendê-las. Não adianta parar o meu sonho, porque quando eu parar de sonhar, eu sonharei pela cabeça de vocês e pelos sonhos de vocês.Não adianta achar que tudo vai parar o dia que o Lula tiver um infarto, é bobagem, porque o meu coração baterá pelos corações de vocês, e são milhões de corações”.

Sete de abril de 2018, do caminhão de som na frente do Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP), última vez em que se ouvia a voz de Luiz Inácio, calado pelos desmandos e abusos da Lava Jato.

Naquele dia, Lula era finalmente detido, preso. E a partir da prisão, o que se viu foi uma verdadeira operação de silenciamento colocada em ação pela mídia corporativa.

O desastre bolsonarista em cem dias

Editorial do site Vermelho:

Cem dias andando para trás. Ao fechar esse simbólico ciclo inaugural, o governo do presidente da República Jair Bolsonaro coleciona um considerável acervo de feitos contrários aos interesses do país e do povo. A expressão - cem dias - foi criada por Franklin Delano Roosevelt, presidente dos Estados Unidos, quando ele apresentou, em 24 de julho de 1933, os êxitos dos seus atos “dedicados a pôr em marcha o New Deal” e tirar o país da Grande Depressão.

Desemprego e a destruição da Previdência

Por Marcelo Manzano, no site da Fundação Perseu Abramo:

Se de fato a reforma da Previdência proposta pelo governo for aprovada nos termos em que foi apresentada, deverá afetar severa e negativamente o mercado de trabalho brasileiro.

A drástica redução da massa de benefícios previdenciários (cujo valor deverá agora ser igual à média de 100% das contribuições e só será plenamente pago aos trabalhadores que contribuírem por ao menos quarenta anos) e dos benefícios assistenciais (que serão desvinculados do salário mínimo e não terão garantida sequer a correção monetária) deverá produzir um importante impacto negativo na renda disponível de um grande contingente de famílias brasileiras de baixa renda.

Witzel é um criminoso à solta no RJ

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, é um desequilibrado dotado de instintos assassinos. Há vários maneiras desse instinto aparecer. Uma, é através da perpetração pessoal de assassinatos. Outra, é através do estímulo aos assassinos.

O Código Penal trata essas pessoas como partícipes, ou autores intelectuais dos crimes. Quando essa pessoa tem um cargo público, com ascendência sobre a opinião pública, e sobre as forças de repressão, há agravantes óbvios.

Chileno desmente fake news de Paulo Guedes

Andras Uthoff
Por Felipe Bianchi e Leonardo Wexell Severo, de Santiago, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

“Apesar dos subsídios estatais, 80% das aposentadorias pagas no Chile estão abaixo do salário mínimo e 44% estão abaixo da linha da pobreza. O sistema fracassou e seria uma completa loucura implementá-lo no Brasil”, afirmou Andras Uthoff , consultor do Instituto Igualdad e professor da Universidade do Chile.

Doutor em Economia pela Universidade de Berkeley, ex-assessor da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), Uthoff avalia que “o sistema de capitalização tem levado multidões às ruas, pois empobrece idosos e nega direitos, enquanto é extremamente rentável às Administradoras de Fundos de Pensão (AFP)” . Devido à “falta de transparência” e à “desinformação” ditada pelos conglomerados midiáticos, que respondem aos “poderes econômicos e financeiros”, “as pessoas não se dão conta do quão mau é este sistema até que se aposentem”.“A realidade está se impondo, demonstrando que a capitalização é um desastre. A realidade é nossa melhor aliada”.