segunda-feira, 3 de junho de 2019

Militares avalizam a liquidação do Brasil

Por Carlos Drummond, na revista CartaCapital:

No mundo desenvolvido e nas nações medianamente civilizadas, os militares cumprem em geral um papel de protetores da fronteira. No Brasil, desde a Proclamação da República, as Forças Armadas exercem, com mais ou menos intensidade, o protagonismo na vida política. Fuzis sempre apontados em direção à nuca dos civis, os fardados pairam como uma ameaça, enquanto fingem ser os garantidores da ordem institucional. Não é diferente agora. Com mais de 100 representantes aboletados nos ministérios e autarquias, os generais são a força mais visível a sustentar no poder um presidente desprovido de ideias e pudor. Há uma agravante. Em troca das sinecuras associadas ao poder, o comando joga na lata de lixo os compromissos com a defesa da soberania e do patrimônio nacional.

O PIB caranguejo de Bolsonaro e Guedes


No primeiro trimestre do atual governo, o Produto Interno Bruto (PIB), soma das riquezas do país, recuou 0,2% em relação ao último período de 2018, segundo informou o IBGE na manhã desta quinta-feira (30). Foi o primeiro resultado negativo nessa comparação desde o final de 2016. Em relação aos três primeiros meses do ano passado, houve crescimento de 0,5%. Em 12 meses, sobe 0,9%, mostrando perda de ritmo – que já não era muito acelerado nos trimestres anteriores. De acordo com o instituto, o PIB totalizou R$ 1,714 trilhão.

"A esquerda começa a sair das cordas"

Festival Lula Livre pela liberdade e pela democracia
Praça da República, São Paulo/SP, 02/6/19
Foto: Ricardo Stuckert
Por Eleonora de Lucena e Rodolfo Lucena, no site Tutaméia:

“Bolsonaro já está perdendo apoio e popularidade. Esses primeiros meses serviram para destronar o mito. Quando tinha o mito, as pessoas não tinham ouvido aberto para conversar contigo. As pessoas iam naquela onda. Essa onda acabou. As pessoas no mínimo estão mais dispostas a escutar. Você começa a sentir uma mudança no clima nas periferias.”

É o que afirma Guilherme Boulos, líder nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), em entrevista ao Tutaméia em que analisou a atual situação do país e comentou perspectivas para a esquerda (veja a íntegra no vídeo).

A esperança nos pés da juventude

Por José Raimundo Trindade, no site Carta Maior:

Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade dos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver (...)
(Milton Nascimento/Fernando Brant, Coração Civil)


As manifestações desta quinta (30/05) foram surpreendentes, superando em número de pessoas nas ruas às manifestações anteriores de 15/05. Em Belém do Pará a manifestação tinha mais de setenta mil pessoas, estabelecendo um panorama que há muito não se via. Em duas semanas mais de 150 mil jovens se mobilizaram e fez às ruas de Belém trepidar, ouvindo-se o roncador ruidoso das vozes juvenis estalando num uníssono: “NÃO MEXA COM A EDUCAÇÃO PÚBLICA, LUGAR DE MILICIANO É NA PRISÃO”!

Velha mídia está moribunda, viva a nova mídia

Por Evilazio Gonzaga, no blog Nocaute:

Estive em São Paulo visitando diversos portais que estão sendo pioneiros na configuração de uma nova etapa da mídia brasileira de notícias. Há várias iniciativas ocorrendo no Brasil e no mundo, a exemplo do The Intercept, que tem como editor o jornalista Glenn Greenwald, laureado com o Prêmio Pulitzer – o mais importante prêmio do jornalismo internacional outorgado a pessoas que realizem trabalhos de excelência na área do jornalismo, literatura e composição musical. É administrado pela Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque.

Bolsonaro e a bomba-relógio do "Filho 01"

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Juliana Dal Piva, em O Globo, publica hoje um extenso relato da vida da família Valle, da qual faz parte Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro. Não teriam interesse algum se a família Valle não tivesse nove parentes contratados no gabinete dele e de Flávio Bolsonaro, no período em que este foi deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

O pior presidente do mundo ameaça o Brasil

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Ao entrar em seu sexto mês como presidente, sem ter até agora um programa de governo, só falando e fazendo bobagens, o capitão Bolsonaro não só destrói o presente, mas ameaça o futuro do Brasil, um país de 208 milhões de habitantes.

Com evidentes problemas mentais, sem similar no mundo civilizado, o ex-deputado do baixo clero a cada dia prova mais que não tem as mínimas condições de continuar governando o país.

Não por acaso, seus principais alvos, no ataque sistemático às instituições e ao Estado de Direito, são a Educação e o Meio Ambiente, áreas vitais em que se constrói e preserva o futuro.

MC Reaça, Brilhante Ustra e o bolsonarismo

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

O líder nazista Adolf Hitler tinha um ideal masculino, o “ariano”: branco, heterossexual, sem mestiçagem alguma, germânico “puro” de raça. O bolsonarismo também possui seu “ariano”: o macho misógino e sádico que tem sua imagem e semelhança em duas figuras homenageadas pelo presidente da República, o coronel Brilhante Ustra e o MC Reaça.

Tales Volpi Fernandes, o MC Reaça, de 25 anos, se matou no fim de semana em Valinhos (SP) após uma tentativa de feminicídio contra a namorada que tinha fora do casamento e estava grávida. A moça está na UTI em Indaiatuba com edemas na face e no olho, além de fraturas no maxilar, e será submetida a cirurgia. A morte do “músico” foi lamentada pelo presidente nas redes sociais. Para Bolsonaro, o MC Reaça tinha “talento” e “o sonho de mudar o país”. Nem uma só palavra sobre a moça espancada.

O comando de caça à UNE

Por Ricardo Miranda, no Diário do Centro do Mundo:

A tara do patético dublê de Gene Kelly - “Cantando na Chuva para dizer que está chovendo fake news contra o MEC” é coisa de gênio do marketing -, Abraham Weintraub, tem até objeto de desejo e musa - no caso, objeto de ódio e anti-musa, sua medusa. Obcecado com a ideia de extrair o comunismo ou ideologias esquerdistas e o pecado ou pensamentos impuros do ensino, o preposto de Jair Bolsonaro no Ministério da Educação – junto com Fazenda e Justiça, o ministério mais relevante para o presidente, e certamente o ideologicamente mais íntimo – tem uma ideia fixa. Destruir aquela entidade que representa a memória e os ensinamentos de luta dos estudantes, a União Nacional dos Estudantes, seu objeto de desejo, hoje liderada por Marianna Dias. 

Moro está apático diante do caos na segurança

Por João Filho, no site The Intercept-Brasil:

Enquanto se contava os cadáveres nos presídios de Manaus, o ministro da Justiça estava em Portugal para participar de uma conferência sobre combate à corrupção. No domingo, quando já havia 15 mortos, Sergio Moro foi ao Twitter agradecer à militância bolsonarista que saiu às ruas defender o governo. “Gratidão”, escreveu o ministro sem dar nenhuma palavra sobre o massacre.

Na segunda-feira, a guerra entre facções resultou em mais 40 assassinatos. Foi um acontecimento de enorme gravidade na área de atuação de Moro, mas ele preferiu ficar concentrado em sua palestra em Portugal. Apenas na terça-feira o ministro da Justiça deu o ar da graça e determinou o envio de uma Força-Tarefa de Intervenção Penitenciária. Também prometeu vagas em presídios federais para receber os líderes responsáveis pelo massacre.

Unir o Brasil para salvar a Educação

Por Fernanda Melchionna, no site Sul-21:

A luta dos estudantes nos dias 15 e 30 de maio foram verdadeiros tsunamis em defesa da Educação Pública, que mostraram a força do movimento estudantil organizado frente às tentativas do governo de difamar e destruir as universidades e instituições federais de ensino. Às vésperas de junho, mais de 1 milhão de jovens ocuparam as ruas de mais de 200 cidades brasileiras – o que mostra que a juventude é a ponta de lança da oposição a este governo obscurantista, fanático e autoritário. No Rio Grande do Sul, os jovens foram verdadeiros guarda-chuvas da resistência.

O problema das três regras fiscais

Por Nelson Barbosa, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O governo federal contingenciou aproximadamente R$ 32 bilhões do seu orçamento neste ano. Como o total de gastos discricionários previstos para 2019 é de R$ 129 bilhões, o corte representa quase 25% dos recursos disponíveis e coloca em risco a continuidade de diversos programas públicos, da educação às forças armadas.

O contingenciamento de 2019 seguiu a lógica da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal), segundo a qual o governo deve ter meta de resultado primário (receitas menos despesas exclusive juros). Toda meta de resultado fiscal é baseada em uma projeção de receita e uma autorização de despesa, ou seja, ela pode ou não acontecer na prática. Tudo depende da evolução da economia.

Zema é preposto do mercado

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Com quase seis meses à frente do governo de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), confessou em entrevista recente que se surpreendeu com a vitória nas eleições. Talvez esse susto explique parte da falta de empenho em governar o estado. Ele está onde não queria, exercendo uma função para a qual não é preparado, convivendo com pessoas que parece não respeitar e tendo como patrão o povo, do qual certamente não gosta. Nem faz força para gostar.

Subutilização bate novos recordes no Brasil

Por Ana Luíza Matos de Oliveira, no site da Fundação Perseu Abramo:

A continuidade da política de austeridade no Brasil tem levado a sucessivos recordes negativos no país. É o que mostram os dados da PNAD Contínua, calculados pelo IBGE e divulgados no dia 31 de maio.

O já anunciado decrescimento da economia brasileira no primeiro trimestre de 2019 (-0,2%) se soma agora a um novo recorde negativo no mercado de trabalho: a população subutilizada (28,4 milhões de pessoas) é recorde da série histórica iniciada em 2012 no trimestre de fevereiro a abril de 2019. Este contingente engloba as pessoas desocupadas, pessoas que desistiram de procurar emprego e pessoas que trabalham menos de 40 horas na semana e gostariam de trabalhar mais.

Pacote de Moro: marqueteiro e perigoso

Do site Outras Palavras:

Acontece em São Paulo o ato contra o Pacote, a partir das 19h do dia 04 de junho, na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito do Largo São Francisco. Trata-se de mais uma ação da campanha lançada no Congresso Nacional em março: “Pacote Anticrime, uma solução fake”. O ato, organizado por diversas organizações da sociedade civil, chama atenção para a falácia do pacote apresentado pelo Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, como solução para o problema da segurança pública.

O superministro da Economia pifou

Editorial do site Vermelho:

Pífio. Esse é o resultado das promessas de Paulo Guedes, anunciado por Jair Bolsonaro como o verdadeiro messias do seu governo. Ele assumiu o controle do que seria a nave capitânia do bolsonarismo, ainda na campanha eleitoral, prometendo um mar de rosas assim que o novo presidente tomasse posse. Sua aposta era de um crescimento de até 3,5% este ano, baseado no que seria a “potência da plataforma liberal”. O combustível viria com a “reforma” da Previdência Social, as privatizações e mais algumas medidas administrativas, como a simplificação de impostos e a redução cosmética dos juros.

domingo, 2 de junho de 2019

A contração do PIB e o risco de recessão

Por Pedro Paulo Zahluth Bastos, Arthur Welle e Gabriel Petrini, no site Brasil Debate:

O risco de uma recessão em 2019 é evidente. A queda do PIB no primeiro trimestre exige uma recuperação muito significativa nos trimestres seguintes apenas para que a variação do PIB em 2019 seja igual às expectativas do mercado. Como ocorre há muitos anos, de novo é pouco provável que a atual previsão do governo ou do mercado financeiro para o PIB se verifique.

O motivo fundamental para a retração do PIB é a contração dos itens de demanda. O consumo das famílias continua desacelerando de trimestre a trimestre, sob o peso do elevado desemprego, a desaceleração do crédito e a elevação dos spreads bancários (a despeito da queda da taxa de inadimplência).

Toffoli é ministro do STF ou de Bolsonaro?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Tratava-se de um singelo café da manhã do capitão Jair Bolsonaro, em fase de relações públicas, reunido no Palácio do Planalto com a bancada feminina aliada no Congresso.

A rigor, nem mereceria manchetes na imprensa, se não fosse um detalhe instigante e perturbador: o que fazia ali ao lado dele o sorridente senhor de óculos, que não é ministro do seu governo, mas o presidente do Supremo Tribunal Federal?

Dias Toffoli virou habitué dos palácios presidenciais deste as cerimonias inaugurais, quando foi a uma série de posses de ministros do governo recém-inaugurado, como se fosse um deles.

Os terraplanistas do jornalismo econômico

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Na entrevista com Mônica de Bolle, uma afirmação dela pode ter passado despercebida para a maioria dos leitores: a de que existe agora um consenso entre os analistas econômicos de que o custo da dívida interna é função direta das taxas de juros praticadas.

Trata-se da revisão de um daqueles dogmas que permanecem soltos no ar, como ectoplasmas do rentismo, para justificar as taxas de juros praticadas nas últimas décadas: a de que as taxas refletiam o maior risco fiscal do país.

A imprensa é o câncer da democracia