segunda-feira, 15 de julho de 2019

O desmonte ideológico do país

"Última canção do beco", por Paulo Henrique

Bilhões em isenção para os agrotóxicos

Por Por Lizely Borges e Naiara Bittencourt, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Neste momento da política brasileira domina a agenda da austeridade econômica e o enxugamento da máquina da administração pública, com cortes nos investimentos sociais. O discurso é certeiro: a reforma da previdência é necessária para não quebrar o Estado brasileiro. Contudo, nenhuma palavra é dita sobre os bilhões estimados que se deixa de arrecadar para beneficiar setores do agronegócio, especialmente os benefícios diretos de isenção de impostos aos agrotóxicos – nem se fala aqui dos subsídios diretos de crédito ou políticas de infraestrutura e pesquisa para o setor e nem dos custos indiretos arcados pela administração pública com tal política.

Vaza-Jato prova parcialidade de Moro

Por Rute Pina, no jornal Brasil de Fato:

"Se essas provas não servem para a Justiça, para o jornalismo e para a sociedade elas servem". A afirmação de Maria José Braga, presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), deixa evidente sua posição sobre os vazamentos de conversas entre juízes e procuradores da Lava Jato, revelados pelo site The Intercept Brasil.

Gleen Greenwald e sua equipe, segundo ela, não cometeram nenhuma irregularidade até o momento. Pelo contrário, estão prestando um serviço valioso ao interesse público, ajudando a comprovar o que antes era apenas uma "dedução analítica": a parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro e da Lava Jato.

Bolsonarismo sofre desgaste, mas é resiliente

Editorial do site Vermelho:

É um escândalo atrás do outro. Parece uma inversão da máxima do corvo de Allan Poe: em vez de nunca mais, sempre mais. Ou aqueles tufões do filme Twister, que surgem e desaparecem sucessivamente. Com esse roteiro, o governo Bolsonaro se enfraquece, mas mostra resiliência, como se viu na recente elástica aprovação da “reforma” da Previdência Social em primeiro turno na Câmara dos Deputados.

Ascensão e derrocada dos heróis da Lava-Jato

Por Enzo Bello, Gustavo Capela e Rene Keller, no site Carta Maior:

Super Homem, Capitão América, Homem Aranha, Mulher Maravilha e Batman. Heróis. Heróis de uma geração que parece ter sido acostumada a pensar sobre mudanças e transformações através da ficção. Heróis de um mundo em que a mídia de massa produz uma forma específica de imaginação coletiva, empolgação, euforia, que se projetam sobre o entendimento das pessoas acerca da vida real, material.

Transformações sociopolíticas tornaram-se colonizadas por esses produtos culturais que celebram poderes verdadeiros e autênticos de certos indivíduos – tipos especiais de pessoas. Isso representa a glorificação do talento individual, a reafirmação do indivíduo como força poderosa que atua, mesmo unido a outras individualidades, através de seu/sua gênio pessoal, excepcional.

Um Brasil para os ruralistas e milicianos

Por Ronnie Aldrin Silva, no site Fundação Perseu Abramo:

Questionado sobre a recente fala do Papa Francisco sobre a Amazônia, o presidente Bolsonaro respondeu que “o Brasil é uma virgem que todo tarado de fora quer”, associando a figura do líder da Igreja Católica a um contexto sexual. Já sobre as recentes acusações de estupros, inclusive coletivo, praticados por milicianos em comunidades cariocas não foi emitida nenhuma opinião.

A então retrucada fala do Papa de que predomina na Amazônia "uma mentalidade cega e destruidora que privilegia o lucro sobre a justiça", o que "coloca em evidência o comportamento predatório com o qual o homem se relaciona com a natureza", apenas reforça, aos olhos do mundo, as violências que vêm ocorrendo a este bioma e seus respectivos povos.

O enigma da sobrevivência neoliberal

Grafite: Banksy
Por Robert Kuttner, no site Outras Palavras:

Desde o final dos anos 1970, vivemos um enorme experimento para testar a afirmação segundo a qual mercados “livres” realmente funcionam bem. Esta ressurreição ocorreu apesar do fracasso do laissez-faire, nos anos 1930, a humilhação consequente da teoria dos mercados “livres” e, em contraste, o sucesso do capitalismo regulado, durante o boom de três décadas do pós-II Guerra.

Quando o crescimento arrefeceu, nos anos 1970, a teoria econômica ultraliberal teve uma nova chance. Ela demonstrou ser muito conveniente para os conservadores, que voltaram ao poder na década seguinte. A contrarrevolução neoliberal, na teoria e na prática, reverteu ou solapou quase todos os aspectos do capitalismo regulado – a tributação progressiva, as transferências de renda em favor do bem-estar, as políticas antitruste, o empoderamento dos trabalhadores e a regulamentação dos bancos e outros grandes setores econômicos.

Deltan Dallagnol e a Lava Jato S.A.

Por Leandro Fortes

É notoriamente conhecido o axioma do historiador inglês John Dalberg-Acton: “O poder corrompe, o poder absoluto corrompe absolutamente”. Na verdade, um resumo, para não dizer uma corruptela, de uma frase dele mesmo, mais completa e mais profunda: “O poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe absolutamente, de modo que os grandes homens são quase sempre homens maus”.

Lorde Acton, como era conhecido, era um homem do século XIX, um britânico católico preocupado com os maus caminhos da Igreja, em um momento em que a Revolução Industrial impunha as teses primordiais sobre a relação capital/trabalho e, na contramão do bom senso, o Conselho Vaticano I discutia uma abstração: a infalibilidade papal.

Deltan, o pastor do powerpoint, será punido?

Por Altamiro Borges

Uma das cenas mais repetidas na tevê brasileira e nas redes sociais é a daquele powerpoint ridículo e infantil contra o ex-presidente Lula apresentado pelo procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava-Jato e metido a pastor neopentecostal nas horas vagas.

Agora, com as novas mensagens vazadas pelo site The Intercept e analisadas pela Folha, daria para fazer um novo desenho com a cara do justiceiro-oportunista, que tem enriquecido graças aos inocentes e otários que acreditaram na seletiva e midiática Lava-Jato.

domingo, 14 de julho de 2019

Dallagnol e os procuradores de dinheiro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O que se revela, hoje, na Folha, com a transcrição dos diálogos entre o coordenador da “Força Tarefa” da Lava Jato, seus colegas, o juiz Sérgio Moro e o então procurador geral da República, Rodrigo Janot não é apenas a mais grossa “picaretagem” para ganhar (muito) dinheiro às custas do serviço público pelo qual já eram regiamente remunerados.

É crime.

A diversidade cultural sob ataque

Dinheirama garantiu golpe da Previdência

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A derrota dos trabalhadores e da maioria da população no primeiro turno de votação da Reforma da Previdência ajuda a lembrar uma velha verdade das disputas políticas. 

Muitas vezes, mais grave do que sofrer uma derrota é não compreender suas causas, lição especialmente importante quando o país aguarda por três votações a partir de agosto.

A tentativa de apresentar um resultado ruinoso como derrota política dos partidos e lideranças que fazem oposição ao governo Jair Bolsonaro e colheram um resultado insuficiente para impedir a passagem de um projeto 100% nefasto, não passa de um esforço lamentável para esconder a natureza da decisão.

Greenwald enfrenta o ódio bolsonarista

Do blog Viomundo:

O jornalista Glenn Greenwald, editor do Intercept Brasil, participou na noite dessa sexta-feira,12/7, da Flipei (Feira Literária Pirata das Editoras Independentes), casa parceira da Flip, em Parati (RJ).

Foi um dos debatedores da mesa ‘Os Desafios do Jornalismo em Tempos de Lava Jato’.

Um grupo de bolsonaristas se concentrou nos arredores, prometendo impedir Greenwald de falar sobre a VazaJato e o ex-juiz e agora ministro de Bolsonaro Sergio Moro.

“Paraty não será um antro comunista”, diziam.

‘O que ele faz não é jornalismo’, afirmou a advogada Adriana Balthazar, 50, líder do movimento Vem Pra Rua, que convocou os protestos.

Derrotas do governo na PEC da previdência

Por Jeferson Miola, em seu blog:                   

Editoriais e colunas de opinião da imprensa ultraliberal produzem a narrativa - questionável - de que a oposição parlamentar e, sobretudo, a resistência popular nas ruas, sofreu uma goleada na votação da previdência.

Numericamente, o placar da votação autoriza falar-se de goleada de 379 contra 131. Na vida real, contudo, o conteúdo aprovado não autoriza essa interpretação tão ufanista pró-governo.

O toma-lá-dá-cá com a liberação de emendas do orçamento falou muito alto. Noticiou-se a circulação de mais de 2 bilhões de reais nessa transação “comercial”, nada republicana, de compra de votos parlamentares no atacado. A chamada “nova política”.

Por trás da tela: a violência de gênero na TV

Do site Mídia Ninja:

O drama de Jandira, personagem de Brenda Sabryna em ‘Topíssima’, chegou ao fim nessa semana. A jovem, que se submeteu a um aborto em uma clínica clandestina, morreu durante o procedimento. A trama reacende a discussão sobre a violência de gênero na TV e em séries televisivas.

A partir do episódio dessa quarta, que mostra o extremo de situações vividas pelas mulheres, separamos mais cinco séries protagonizadas por mulheres e convidamos você a questionar e repensar a violência de gênero em suas diversas formas.

Uma das razões pelas quais a violência contra as mulheres começa a fazer parte dos enredos de séries pode ser o aumento do peso dos papéis femininos nas histórias, mas também o estímulo causado pelo protagonismo do movimento feminista nos últimos anos.

Dallagnol queria lucrar com fama da Lava-Jato

Da Rede Brasil Atual:

Mensagens divulgadas neste domingo (14) em reportagem conjunta do jornal Folha de S. Paulo com o site The Intercept Brasil mostram que o procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol montou um plano de negócios que envolvia eventos e palestras para poder lucrar financeiramente com a fama obtida por meio da operação.

De acordo com a reportagem, a ideia de criar uma empresa que pudesse aproveitar a notoriedade obtida com a Lava Jato foi explicitada por Deltan em dezembro de 2018 em diálogo com sua mulher. Ainda no mesmo mês, ele e outro integrante da força-tarefa, o procurador Roberson Pozzobon, criaram um grupo de mensagens destinado a discutir o tema, com a participação de suas esposas.

Moradores de rua enfrentam frio e rapa em SP

"Vamos lucrar", prega o pastor Dallagnol

Por Kiko Nogueira, no Diário do Centro do Mundo:

Os novos diálogos da Lava Jato revelados pelo Intercept em parceria com a Folha escancaram a procuradoria da prosperidade de Deltan Dallagnol.

O chefe da “força tarefa”, o menino das bochechas rosadas, media whore, montou um esquema para faturar com a fama amealhada na “luta contra a corrupção”.

Como qualquer ator de “Chiquititas”, estava mais interessado em aparecer do que em trabalhar.

Palestras, formatura, baile de debutante - qualquer coisa servia.

Discutiu criar empresa sem ser sócio.

Bolsonaro é o presidente do baixo clero

Por Guilherme Boulos, na revista CartaCapital:

Jair Bolsonaro segue em campanha. Em vez de governar, gasta tuítes, entrevistas e compromissos públicos para repetir o mesmo discurso que faz desde que virou candidato à Presidência: ataques à esquerda, pregação de ódio e reprodução rasteira de fake news. Suas declarações já não chocam como outrora, mas não se encaixam nem minimamente na dignidade esperada de um chefe de Estado. E muitos de seus subordinados trilham o mesmo caminho, quando não protagonizam escândalos, como Sérgio Moro e o ministro do laranjal.