quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

A aliança que sustenta o governo Bolsonaro

Por Luiz Filgueiras e Graça Druck, no site Outras Palavras:

“Se a esquerda radicalizar a esse ponto,
a gente vai precisar ter uma resposta.
E uma resposta pode ser via um novo AI-5”. 

(Eduardo Bolsonaro)

“Sejam responsáveis, pratiquem a democracia. Ou democracia é só
quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses
você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade
é essa? Não se assustem então se alguém pedir o AI-5. Já não
aconteceu uma vez? Ou foi diferente?”
(Paulo Guedes)


O ministro admitiu que o ritmo das reformas desacelerou no Congresso
após a aprovação das mudanças na Previdência e disse que, quando as
pessoas começam a ir para as ruas “sem motivo aparente”, é preciso
“entender o que está acontecendo” e avaliar se é possível prosseguir
com a agenda liberal
(Folha de S.Paulo, 23/11)


No momento atual - transcorridos onze meses do governo Bolsonaro, mais de três anos do golpe/impeachment que pôs fim ao governo de Dilma Rousseff eleita democraticamente, e seis anos das manifestações de 2013 que deram início à atual conjuntura político-econômica do país –, pode-se identificar, mais claramente, o significado e o sentido de todo o processo, bem como reconstituir a sua origem e desenvolvimento – destacando-se alguns dos seus aspectos fundamentais.

Brexit: fim da globalização ou do Reino Unido?

Por Liszt Vieira, no site Carta Maior:

Alguns analistas de política internacional viram na vitória conservadora que ratificou o Brexit uma rejeição de trabalhadores à ameaça, real ou imaginária, de imigrantes e uma rejeição de industriais ao polo financeiro de Londres, uma das praças internacionais do capital financeiro mundial. Como se sabe, 80% da economia britânica vem do setor serviços.

A derrota trabalhista com a vitória dos conservadores levará provavelmente o Reino Unido a se aproximar mais dos EUA, o que agrada a Trump que sempre detestou a União Europeia (UE), como símbolo do multilateralismo que tanto lhe desagrada. Mas negociar com Trump é uma faca de dois gumes. O America First de Trump, se aplicado, vai dificultar muito a possibilidade de um acordo de livre comércio que é, em última instância, o que deseja Boris Johnson.

A ofensiva de Witzel sobre os Bolsonaro

A "rachadinha" de Flávio Bolsonaro

O objetivo da Lava-Jato foi destruir o Brasil

Por Vanessa Grazziotin, no jornal Brasil de Fato:

Na última segunda-feira (16), o jornal O Estado de S. Paulo trouxe uma entrevista com o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Dias Toffoli, que merece a leitura de todos os brasileiros.

A manchete do jornal diz o seguinte: "Toffoli diz que Lava Jato destruiu empresas e que MP [Ministério Público] é pouco transparente". Ou seja, o que declara o presidente do STF nada mais é do que aquilo que estamos dizendo há muito tempo.

A Lava Jato não nasceu efetivamente para o combate à corrupção. Lamentavelmente, ela nasceu para aplicar uma política de interesses do capital internacional no Brasil, sobretudo os interesses estadunidenses em nosso país. Porque o combate à corrupção é algo que deve ser feito pelo Poder Judiciário, pelo Poder Executivo, pelo Poder Legislativo e, principalmente, pela sociedade brasileira. E deve ser feito de forma permanente, porque, lamentavelmente, a corrupção é algo inerente à sociedade capitalista em que vivemos, onde o que importa são os bens, o dinheiro, a propriedade e não as pessoas.

Papa Francisco convoca jovens economistas

Por Luiza Dulci, na revista Teoria e Debate:

A cidade de Assis, na Itália, irá sediar em março de 2020 o encontro Economia de Francisco, que reunirá jovens economistas para debater e elaborar propostas para uma nova agenda econômica mundial. O encontro foi convocado pelo papa Francisco em carta lançada, não à toa, no dia 1º de maio de 2019. A convocatória abrange jovens economistas das áreas de pesquisa acadêmica, empreendedores e ativistas – um entendimento, portanto, amplo e não corporativista da categoria. A carta do papa Francisco se destina a economistas “interessados em um tipo diferente de economia: aquele que traz vida, não morte, que é inclusivo e não exclusivo, humano e não desumanizado, que cuida do meio ambiente e não o superexplora”. Trata-se, portanto de um chamado que visa reunir ecumenismo, ecologia e economia.

Elite dos EUA prevê fim do neoliberalismo

Por André Motta Araújo, no site da Fundação Maurício Grabois:

As 200 maiores corporações americanas, reunidas no Business Roundtable, principal entidade de cúpula do capitalismo americano, presidido por Jamie Dimon, CEO do mega banco J.P. Morgan Chase, pela voz de seus executivos principais reunidos, decidiram que o credo neoliberal praticado há 40 anos, segundo o qual o principal objetivo das corporações é gerar “valor para o acionista”, está errado e deve ser revisto porque esse ideia causou um desastre que vai colocar em riso o próprio capitalismo. Esse desastre se chama "concentração de renda".

Será que agora o Queiroz vai falar?

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

A devassa desencadeada esta manhã pelo Ministério Público do Rio, contra a família Bolsonaro e assessores do clã, explica o nervosismo do presidente nos últimos dias, assustado com as investigações sobre “rachadinhas” e o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes.

O próprio Bolsonaro, em suas declarações semana passada no cercadinho do Alvorada, antecipou que novas denúncias viriam e acusou o governador do Rio, Wilson Witzel, de estar por trás da operação.

As primeiras denúncias contra Fabrício Queiroz, ex-PM que é motorista, segurança, faz-tudo e caixa da família, surgiram há 14 meses, tempo em que ele está desaparecido para tratar de um câncer em São Paulo.

Aumenta violência nas escolas paulistas

Por Rodrigo Gomes, na Rede Brasil Atual:

A violência contra professores e estudantes cresceu nas escolas públicas paulistas nos últimos anos, segundo pesquisa divulgada hoje (18) pelo Instituto Locomotiva e pelo Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp). De acordo com os dados, cinco em cada 10 professores da rede (54%) já sofreram algum tipo de violência nas dependências das escolas em que lecionam. Esse número era de 51% em 2017 e de 44% em 2014. Entre os estudantes, 37% declararam ter sofrido algum tipo de violência, como bullying e discriminação. A pesquisa ouviu mil estudantes e 701 professores em todo o estado, entre setembro e outubro.

Jogo bruto de Bolsonaro contra os sindicatos

Editorial do site Vermelho:

A queda da sindicalização constatada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), é um dado que revela muita coisa. O levantamento mostra que apenas 12,5% dos trabalhadores estavam sindicalizados em 2018, a menor taxa de sindicalização na série histórica da pesquisa, iniciada em 2012.

Segundo o IBGE, em 2012 a taxa de sindicalização era de 16,1%. Ela se manteve estável em 2013, mas iniciou trajetória descendente a partir de 2014, que foi acentuada em 2016. A queda acompanha o aumento do desemprego, mas tem a ver, principalmente, com as políticas antitrabalhistas dos governos Temer e Bolsonaro.

A face oculta da diplomacia de submissão

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A prisão de 18.000 brasileiros - entre eles, 3 000 crianças - pela polícia de fronteira dos Estados Unidos é uma vergonha para o país e uma ofensa à nossa dignidade.

Também é uma resposta esclarecedora à diplomacia de submissão de Jair Bolsonaro.

Há apenas 9 meses, na primeira visita oficial ao Deus Trump, como diz o chanceler Ernesto Araújo, Bolsonaro anunciou uma alfandega de gentileza.

Informou que a partir de então os viajantes norte-americanos estariam dispensados de obter visto de entrada no Brasil.

Depois disso, eles puderam entrar no Brasil como se estivessem na casa deles.

A íntegra do manifesto de Lula à Cultura

Rio de Janeiro (Circo Voador), 18/12/19. Foto: Ricardo Stuckert
Do site Lula:

Em primeiro lugar, quero agradecer a cada um e a cada uma de vocês aqui presentes, e à classe artística que se mobilizou de todas as formas para que eu pudesse estar de volta ao convívio com o povo brasileiro.

Minha eterna gratidão aos trabalhadores e trabalhadoras da cultura, dos mais famosos aos mais anônimos, e aos intelectuais comprometidos com a construção de um Brasil melhor, que novamente emprestaram sua arte e seu ofício a uma causa justa, como tantas outras vezes em nossa história.

Tenho a consciência de que a luta de vocês não foi só pela liberdade do Lula. A luta de vocês foi, e será sempre, pela Liberdade, esta palavra que, na definição da Cecília Meireles,“o sonho humano alimenta, e não há ninguém que explique e ninguém que não entenda”.

Lula polariza e propõe a frente progressista

Ato em defesa da Cultura no Circo Voador (RJ). Foto: Ricardo Stuckert
Por José Reinaldo Carvalho, no blog Resistência

Num dos seus pronunciamentos mais lúcidos desde que deixou a prisão política a que foi condenado pelos torquemadas da Lava Jato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu um passo importante para a constituição de uma frente progressista no país.

Lula escolheu um palco privilegiado para executar um acorde mais afinado na sinfonia que vem tentando compor para enfrentar com êxito o desafio de barrar a ofensiva de Bolsonaro e toda a extrema-direita para impor um regime neofascista no Brasil. Perante os artistas, intelectuais e trabalhadores da cultura, a quem agradeceu o apoio na luta democrática por sua libertação, o líder popular proclamou a necessidade de construir uma frente progressista entre o PT, o PCdoB, o PSOL e parte do PDT.

Pequenos passos firmes no sindicalismo

Por João Guilherme Vargas Netto

Tenho recomendado que cada destacamento sindical, cada entidade, cada direção façam uma criteriosa análise da correlação de forças e da disposição de luta dos representados para enfrentar com êxito a difícil situação porque passam os trabalhadores e os sindicatos.

Ao fazê-las sugiro que se organize uma escala decrescente de possibilidades estratégicas (excluídas a capitulação e a adesão) – confronto, contestação, resistência, contenção de danos, resistência passiva – capazes de orientar a ação.

Determinar com precisão o verdadeiro e possível empenho na luta para alcançar vitória deve ser mais que inteligência, é obrigação.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Ex-governador da Paraíba é vítima de lawfare

Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira (17), a Polícia Federal comandada pelo “laranja” Sergio Moro desencadeou mais uma ação midiática e arbitrária – um típico caso de “lawfare”, de violenta guerra jurídica. Desta vez, um dos alvos foi Ricardo Coutinho, ex-governador da Paraíba e atual presidente da Fundação João Mangabeira, vinculada ao PSB. Sem qualquer aparo legal, a PF decretou sua prisão preventiva no bojo da chamada Operação Calvário II. A TV Globo, como de costume, fez o maior escarcéu com a decisão da PF. A iniciativa gerou imediata reação de juristas e de lideranças do campo democrático.

Lava-Jato e a destruição da economia

O machismo faz a cama para o fascismo

A judicialização da política (e vice versa)

Jair Messias e a quebra do decoro

Por Eric Nepomuceno, no site Brasil-247:

Dia desses li o título de uma notícia aqui no 247 dizendo ‘Bolsonaro quebra o decoro, chama Lula de ‘nove dedos’ e espalha fake news’. E fiquei pensando no que tinha lido.

A primeira dúvida: para que algo quebre ou seja quebrado, é preciso que esse algo exista.

A menos, claro, quando se dá um uso metafórico à expressão: ‘rompeu um sonho’, ‘destroçou a esperança’.

‘Quebra de decoro?’. Não era o caso.

O decoro presidencial pode ser definido de forma sintética: ter atitudes e um comportamento compatíveis com a importância do cargo. Mentir compulsivamente, por exemplo, ou se expressar de maneira grosseira, dando mostras de descontrole emocional – no mínimo, emocional – é romper, quebrar, o decoro presidencial.

Nossa torneira controlada por corporações?

Por Paulo Kliass, no site Outras Palavras:

Tem gente que chama esse tipo de situação de coincidência. Outras pessoas, mais sofisticadas, apelam para Carl Jung e falam em sincronicidade. Enfim, o fato que nos interessa reter no momento é que quase nada acontece por acaso. Ainda mais nesses tempos difíceis do bolsonarismo e da noite de trevas do neoliberalismo em que as forças do conservadorismo pretendem nos enfiar.

Pois então, parte da agenda política da semana passada pode ser lida por essa ótica. Enquanto o Itamaraty de Ernesto Araújo comandava uma triste operação de descrédito e inviabilização de avanços necessários na reunião da COP 25, os tucanos e seus aliados articulavam no Congresso Nacional um movimento que pode provocar um retrocesso secular em termos de um bem essencial também para o futuro do planeta.