quinta-feira, 23 de maio de 2019

Soberania e bloco nacional-popular

Por Emiliano José, na revista Teoria e Debate:

A visita recente de Celso Amorim e Bresser Pereira ao ex-presidente Lula alimentou a discussão sobre a soberania nacional. Andava amortecida a palavra de ordem. A esquerda guardava alguma reticência em relação a ela, assentada em questões de fundo da maior importância. O mundo faz tempo enfrenta a voracidade do capital, borra os territórios nacionais pela ação das multinacionais. Marx, no século 19, já registrava a presença criadora e destrutiva do capital. Tudo que é sólido desmancha no ar.

O capital internacionalizou-se, com todos os direitos, diferentemente dos trabalhadores, confinados em suas nações, muitas vezes esmagados pelas guerras desenvolvidas pelo Império. Enfrentam todas as dificuldades para circular mundo afora.

Dallagnol e o sumiço do mestrado em Harvard

Por Jeferson Miola, em seu blog:

O mestrado do Deltan Dallagnol em Harvard sumiu?

A resposta a essa pergunta vale mais que os R$ 2,5 bilhões que o Partido da Lava Jato do Deltan acertou com o Departamento de Justiça dos EUA para seu Estado paralelo.

O mérito do perfil @bobjackk [foto] no twitter é, justamente, trazer a público a dúvida acerca do paradeiro do mestrado do Deltan Dallagnol em Harvard.

Bom termo da caminhada para greve geral

Por João Guilherme Vargas Netto

Três semanas nos separam do dia 14 de junho data prevista para a greve geral contra a deforma da Previdência e o fim das aposentadorias.

Neste intervalo de tempo estão programadas em todo o Brasil duas manifestações de rua: as do dia 26 de maio dos extremados bolsonaristas contra o STF, o Congresso Nacional e o “sistema” (talvez insuflados pelo próprio presidente que, no entanto, não participará delas) e as do dia 30 de maio dos estudantes, professores e diretores contra os cortes nas universidades e nos institutos técnicos federais e contra as agressões do ministro Cacho de Uva à Educação e a seus representantes (apesar do recuo ministerial nos cortes).

quarta-feira, 22 de maio de 2019

Bolsonaro está pendurado na brocha

Os desafios para democratizar a comunicação

Lava-Jato produziu o governo Bolsonaro

Por Guilherme Scalzilli, em seu blog:

Os antigos defensores da Lava Jato, que festejaram quando a prisão de Lula impediu sua vitória eleitoral, reagem com perplexidade às estultices do governo Jair Bolsonaro. Ignorando a óbvia relação causal dos fenômenos, fingem que o jabuti subiu na árvore sozinho, como se a tragédia anunciada fosse um mero acidente de percurso na Cruzada Anticorrupção.

É fácil notar que a Lava jato enriquece delatores, advogados e multinacionais estrangeiras. Já considerá-la benéfica para o povo que a financia depende do repertório de valores de cada um. Se derrotar o lulismo compensa quaisquer sacrifícios, colapsos e prejuízos, maravilha, deu certo. Se nada justifica eleger milicianos e dementes obscurantistas, a conta não fecha.

Paulo Guedes e o verdadeiro fundo do poço

Por Ivo Lesbaupin, no site Outras Palavras:

Há três dias o ministro Paulo Guedes falou que a economia brasileira está no “fundo do poço”. Parecia um estudioso de fora do governo, que não tinha responsabilidade para com esta situação.

Mas ele dizia isso para convencer os parlamentares de que é preciso aprovar a Reforma da Previdência proposta por ele. Se não, afundaremos mais ainda. E ele nada poderá fazer.

Anos atrás li um trabalho de Joseph Stiglitz, prêmio Nobel de economia, onde ele dizia que emprego e desemprego não são resultados fortuitos, imprevisíveis: o país gerará emprego (ou desemprego) dependendo da política econômica que adotar. Claro, tem de se levar em conta o contexto internacional, não há dúvida. Mas o que Stiglitz estava querendo dizer é que políticas de austeridade (ou de ajuste fiscal) produzem desemprego. E políticas anticíclicas, de investimento público, geram emprego.

Jornalismo e desconstrução do senso comum

Brasil está diante da marcha da insensatez

Por Bruno Lima Rocha, no jornal Brasil de Fato:

Estou convencido. O presidente caminha na marcha da insensatez, é um personagem que trocou de identidade. Como o ator que se confunde com o papel que lhe deram, no caso, meio que atribuído. Há uma mescla terrível de sistema de crenças alucinado - típico do pior do pós-modernismo em tempos de redes sociais - e uma excessiva exposição da era da imagem. Por exemplo: é certo que House of Cards é a arte que imita a vida e não o oposto. O conjunto das alusões e analogias da série, ao menos até o ator Kevin Spacey ser responsável pelo fim do personagem, Francis Underwood, é perfeitamente plausível, aplicado no mundo real, do concreto e da experiência. Já um sistema "mágico", de um "passado longínquo" e fundamentado na "filosofia do astrólogo" soa mais como discurso de propaganda, de pura legitimação fantasiosa. A mística somada ao extremismo conservador sempre dão uma soma terrível.

Bolsonaro chega ao abismo da História

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

No quinto mês do governo Bolsonaro, é fácil reconhecer que a democracia está sendo empurrada a um dos mais profundos abismos de nossa História.

Na sequência de um tenebroso documento distribuído pelo presidente da República, no qual se define a "ruptura institucional" como uma "hipótese nuclear", "irreversível, com desfecho imprevisível", o próximo domingo, 26 de maio, é um dos pontos de passagem do período.

Tudo indica que a mobilização irá confirmar a fragilidade desorientada dos movimentos interessados em estimular uma saída de inspiração fascista - a palavra é essa - diante do desmoronamento de um governo em minoria em seu próprio país, como apontam a mais recente pesquisa de opinião, Atlas Politico, publicada pelo El País: 28,6% dos brasileiros aprovam seu governo, enquanto 36,2% desaprovam.

Glenn Greenwald entrevista Lula

Bolsonaro sem apoio para o seu ato

Ameaçado, Bolsonaro ameaça!

Lava-Jato é parte da guerra híbrida

terça-feira, 21 de maio de 2019

Mídia já descarta Bolsonaro, o disfuncional

Por Altamiro Borges

Nos últimos dias, um setor expressivo da mídia monopolista reforçou a artilharia contra Jair Bolsonaro. Em editorial, o Estadão tratou o governante como “uma ameaça à nação”; já O Globo decretou que “assim não se governa”. A Folha voltou a criticar sua postura ditatorial. Após ajudar a chocar o ovo da serpente fascista que levou o “capetão” à presidência da República, vários veículos agora temem a postura truculenta do novo governante.

Temendo fiasco, Bolsonaro desiste de ir a ato

Por Altamiro Borges

A agência de notícias Reuters confirmou na tarde desta terça-feira (21) que o “valentão” Jair Bolsonaro, que adora posar de arminha na mão, desistiu de participar do ato convocado por organizações neofascistas para o próximo domingo. Em postagens terroristas nas redes sociais, o próprio presidente vinha impulsionando a manifestação – que passou a ser tratada pelos bolsonaristas como um ato pelo fechamento do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal, contra setores da mídia e como contraponto aos movimentos sociais que realizaram o “tsunami da educação” na semana passada.

Mídia torce pela "reforma" da Previdência

Por Felipe Bianchi, no site do Centro de Estudos Barão de Itararé:

As perversidades e as mentiras da reforma da Previdência proposta pelo governo Jair Bolsonaro precisam ser expostas com urgência caso a sociedade brasileira pretenda manter um sistema de Seguridade Social. Esta foi a síntese do Seminário O golpe da Previdência e a batalha da comunicação, realizado no dia 17 de maio, em São Paulo, pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.

Bolsonaro convoca sua marcha sobre Roma

Por Gilberto Maringoni

A Roma agora fica no Planalto Central, para onde são convocadas as hordas do fanatismo paubrasil. Os alvos visíveis são o STF, o Congresso, as “corporações” e a “classe política”. Há sofisticação adicional nesse angu.

Analogias históricas são sempre arriscadas. Diferentemente de Mussolini, em sua jornada de 28 de outubro de 1922, o brasileiro já está no poder. A Marcha – à qual o futuro Duce não esteve presente – foi um gigantesco blefe – ou aposta – que os partidários do Partido Nacional Fascista fizeram sobre a monarquia e outros setores da direita. A meta era obter a nomeação Benito Mussolini – que se elegera para o Parlamento em 1921 – como primeiro-ministro. No final daquele 1922, o rei Vittorio Emanuele III o indicaria como chefe do gabinete, que formaria um governo com crescentes poderes.

A cruzada bolsonarista contra a ciência

Por Bruna Pastro Zagatto, Charbel El-Hani, José Geraldo Aquino Assis, Luiz Enrique Vieira de Souza, Rafael Azize e Ricardo Dobrovolski, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Os cortes e contingenciamentos de recursos no ensino superior foram anunciados pelo governo Bolsonaro como parte das medidas supostamente necessárias para a garantia do ajuste fiscal e do saneamento das contas públicas. Ao promover a asfixia financeira das universidades, o presidente colocou em prática uma estratégia que tem dois objetivos centrais. Além de ganhar terreno em sua guerrilha cultural contra todas as formas de pensamento crítico e pesquisas empíricas rigorosas (sempre um contraponto aos malabarismos verbais do Executivo), o governo busca legitimar a reforma da Previdência, sugerindo que os cortes orçamentários eventualmente não seriam necessários se houvesse consenso quanto ao endurecimento das regras para a aposentadoria.

Fukuyama e o avanço da extrema direita

Por Osvaldo Bertolino, no site Vermelho:

Em entrevista à BBC News Mundo (serviço em espanhol da BBC) no Chile, Francis Fukuyama, que ficou famoso após a publicação da obra O fim da história e o último homem, na década de 1990, comenta seu novo livro, Identidades: a exigência de dignidade e a política do ressentimento. Ele diz que que vê com preocupação o avanço da ultra direita, do nacionalismo e dos “populismos”, uma ameaça à democracia liberal, acompanhada do livre mercado. Em seu livro anterior, Fukuyama disse, para justificar a sua tese, que, com o colapso do "socialismo real", o mundo havia encontrado sua forma mais razoável de organização social.