Por Franck Gaudichaud, no site da Fundação Maurício Grabois:
“A todo instante”, escrevia em 1959 o jornalista Herbert Matthews, “uma realidade se impõe: se não tivéssemos a América Latina como parceira, nossa situação seria dramática. Sem acesso aos produtos e mercados latino-americanos, os Estados Unidos ficariam reduzidos à condição de potência de segunda classe” (The New York Times, 26 abr. 1959). Dessa preocupação nasceu, já no início do século XIX, a imagem da região como uma espécie de “quintal” a ser protegido – e subjugado –, custasse o que custasse. O projeto se revestiu, inicialmente, com os contornos de uma preocupação solidária: em 1823, o presidente James Monroe condenava o imperialismo europeu e proclamava “a América para os americanos”. Mas sua doutrina não tardou a se transformar em um instrumento de dominação do norte sobre o sul do continente.