quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Pacote de Moro aumenta letalidade policial

Por Rafael Tatemoto, no jornal Brasil de Fato:

O ex-juiz e atual ministro de Justiça, Sérgio Moro, apresentou nesta segunda-feira (4), em Brasília, o chamado Pacote Anticrime. Caso aprovado, o anteprojeto legislativo formulado por ele pode aumentar as taxas de letalidade das polícias brasileiras. Essa é a avaliação de estudiosos do tema ouvidos pelo Brasil de Fato.

Em 2017, as polícias brasileiras foram responsáveis por 5.144 mortes, uma média de 14 por dia, segundo os dados mais recentes do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. O número corresponde a um aumento de 20% com relação a 2016. No mesmo período, foram 367 policiais mortos, 5% a menos do que no ano anterior.

Joice, Frota e a estupidez sem limite

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Estamos chegando ao paroxismo da estupidez humana com os cacarecos salientes e exóticos eleitos na onda do bolsonarismo.

Tem uma penca sortida, mas dois se destacam: a ex-jornalista Joice Hassellmann e o ex-ator pornô Alexandre Frota, do PSL de São Paulo (de onde mais poderiam ser?).

No mesmo dia, em sua disputa incessante pelos holofotes, os dois protagonizaram os mais sórdidos episódios da “nova política” em marcha.

Não é fácil conquistar espaço para suas crazy news (as fake news amalucadas) que andam produzindo.

Lições de Brumadinho para o setor elétrico

Por Roberto Pereira D’Araujo, no site Correio da Cidadania:

Além da tris­teza ao ver tantas vidas sendo eli­mi­nadas por ab­so­luta falta de res­pon­sa­bi­li­dade e planeja­mento, o crime de Bru­ma­dinho des­vendou uma la­men­tável re­a­li­dade bra­si­leira. O que se notou na tra­gédia hu­mana, am­bi­ental e econô­mica foi a per­cepção de que as em­presas pri­vadas explo­ra­doras de ri­quezas na­tu­rais no país se apro­veitam da in­ca­pa­ci­dade dos ór­gãos re­gu­la­dores e fisca­li­za­dores de re­a­lizar a con­tento sua função. 

Caso Flávio-Fabrício: ninguém explica nada

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Amanhã, completam-se dois meses que vieram à tona as movimentações financeiras milionárias na conta de Fabrício Queiroz, amigo de família, assessor, motorista e recrutador de funcionários de Flávio Bolsonaro.

Sacados deste tempo os 15 dias em que Luís Fux protegeu o “garoto” de investigações, ficam 45 dias de absolutamente nada em matéria de investigações e de interrogatório dos envolvidos na movimentação de R$ 7 milhões. Flávio foi convidado a falar pelo MP e ignorou. Fabrício, idem, quatro vezes, com direito a dancinha nas redes sociais.

Pacote de Moro não proporciona segurança

Editorial do site Vermelho:

O pacote anticrime apresentado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, cumpre o que foi prometido pelo presidente Jair Bolsonaro na campanha e traduz a lógica da violência como instrumento principal de combate à violência. O conteúdo do tal pacote está longe de dar respostas efetivas à sociedade, sobretudo à classe trabalhadora e a parte mais pobre da população, que exige o direito à paz, à segurança, num país que na última década perdeu 553 mil vidas por mortes violentas, ou seja, 153 pessoas por dia.

Moro, Bolsonaro e o estado híbrido

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Oitenta e dois anos depois que uma Constituição elaborada por Francisco Campos, ministro da Justiça de Getúlio Vargas, transformou a carta de direitos de 1934 na ditadura do Estado Novo, o ministro da Justiça Sérgio Moro ensaia a construção de um Estado Policial no país.

A Constituição de 1937 teve como pretexto o Plano Cohen, um documento falso produzido pelo serviço secreto do Exército, destinado a justificar um projeto feroz de caça aos comunistas e militantes de esquerda.

O resultado foram oito anos de ditadura, um sistema fechado, censura prévia e perseguição sistemática de adversários, do qual o país só se libertou na nova conjuntura internacional produzida pela derrota no nazismo na Segunda Guerra Mundial.

PSDB, 30 anos: festa ou funeral?

Por Leandro Gavião, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Fundado em junho de 1988, o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) completou 30 anos em 2018. Contudo, o clima de comemoração passou longe das fileiras do partido. Ao contrário, paira no ar uma atmosfera de inquietação e de preocupação com o futuro. A razão para tanto encontra-se no desempenho eleitoral, sem dúvida o pior de sua história.

Quando se analisam as disputas de âmbito nacional, estadual e municipal, percebe-se que a trajetória do PSDB sempre foi bastante exitosa. A reeleição de Fernando Henrique Cardoso no primeiro turno, em 1998, marca o ponto alto da legenda, com sua afirmação como segunda força na Câmara dos Deputados – com 99 cadeiras, contra 105 do PFL e 83 do PMDB.

O clã Bolsonaro e o crime organizado

Por Mariana Serafini, no site Carta Maior:

Durante a campanha presidencial de 2018, Jair Bolsonaro disse “não ter interesse” em discutir o papel das milícias no Rio de Janeiro. Mas não foi sempre assim. Ao longo de seus 27 anos como deputado na Câmara, o atual presidente da República defendeu milicianos e grupos de extermínio mais de uma vez. Agora a Operação Os Intocáveis, desencadeada pelo Ministério Público (RJ), faz crer que esta relação do clã Bolsonaro com o crime organizado é mais estreita do que parece.


O Senhor da Guerra e o vira-lata raivoso

Por Marcelo Zero

A infindável série das baixarias do Executivo e do Legislativo brasileiros, os piores da história, vem eclipsando temas internacionais relevantes no debate público brasileiro, centralizado num inacreditável House of Cards tupiniquim.

Por isso, foram pouco discutidos o lançamento da Missile Defense Review (nova política de mísseis) dos EUA para 2019 e a saída desse país, anunciada por Trump, do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, conhecido como Tratado INF (Intermediate-Range Nuclear Forces).

Tal tratado internacional foi firmado entre Estados Unidos e a então União Soviética, em 8 de dezembro de 1987.

Bemvindo Sequeira e a "vaquinha" do Barão

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Eleição no Senado e a falácia de Dallagnol

Por Jeferson Miola, em seu blog:

Deltan Dallagnol e outros integrantes da Lava Jato interferiram freneticamente na eleição para a presidência do Senado pressionando senadores e senadoras nas redes sociais – e talvez também através de outros meios não-públicos.

Essa turma de juízes, procuradores e policiais federais passa grande parte do expediente de trabalho produzindo e impulsionando conteúdos nas redes sociais para atacar seus inimigos e se intrometer na arena política.

Quem ganha a corrida: o tubarão ou o cavalo?

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Antes que imaginem que o tórrido verão carioca queimou de vez os meus miolos, respondo com uma obviedade estelar à indagação metafórica do título deste artigo: depende, se for no mar, o tubarão, mas caso a disputa aconteça em terra, o cavalo, é claro.

Contextualizando politicamente a contenda: no que depender apenas do Congresso Nacional, não há a mais pálida esperança de que a oposição parlamentar ao governo Bolsonaro, formada por cento e poucos deputados e cerca de 20 senadores, consiga evitar um retrocesso avassalador, com o fim de direitos civis, políticos, sociais, econômicos trabalhistas, previdenciários, ambientais e civilizatórios.

O lugar que a direita quer para a mulher

Deputado Amauri Ribeiro com a esposa no colo.
Foto: Reprodução
Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

A imagem que causou furor nas redes sociais no final de semana tinha como protagonistas o deputado estadual Amauri Ribeiro, do PRP, aliado do governo Jair Bolsonaro, e a esposa, Christiane, sentada em seu colo em plena Assembleia Legislativa de Goiás durante a posse dos novos parlamentares. Segundo Ribeiro disse depois, ele teria colocado a mulher sobre as pernas para ceder espaço a uma senhora. Que seja. O simbolismo da cena com a visão que a extrema-direita tem da mulher é inegável.

Escândalos dos Bolsonaros agitam no exterior

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Enquanto por aqui, no Brasil, os escândalos envolvendo os Bolsonaros são tratados com absoluta discrição e até minimizados pelo Ministério Público e pelo Judiciário, mundo afora o novo governo brasileiro já é um escândalo. Os escândalos dos laranjas dos Bolsonaros e do envolvimento deles com o crime organizado se espalharam pelo planeta.

Um dos maiores jornais do mundo, o The Guardian estampou na primeira página de 1º de fevereiro uma manchete desmoralizante para o Brasil:

“Cheira mal: escândalos pairam sobre Bolsonaro após primeiro mês de governo”



Frota tira marca MBL de Kim e Holiday

Por Vinicius Segalla, na revista CartaCapital:

O deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP) e associado ao empresário Vinicius Aquino obtiveram, em decisão definitiva, o registro da marca MBL, Movimento Brasil Livre, em processo administrativo que tramitava há um ano no Inpi (Instituto Nacional da Propriedade Industrial).

Assim, perece o pedido por propriedade da marca feito junto ao Inpi pelo grupo formado pelo deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP), pelo empresário Alexandre Santos (conhecido pelo apelido de Salsicha) e pelo vereador Fernando Holiday (DEM-SP), as principais caras do MBL e os responsáveis por torná-lo conhecido nacionalmente.

O holocausto dos servidores públicos

Por Sergio Araujo, no site Sul-21:

Nunca no Brasil democrático uma conjugação governamental se apresentou tão ameaçadora aos servidores públicos – e porque não dizer à sociedade -, como a iniciada em 1º de janeiro de 2019. Nela, a União e a maioria dos estados conjugam do mesmo mantra: A crise econômica do país, estados e municípios chegou à beira do colapso por culpa dos privilégios, vantagens e benefícios diversos, concedidos ao funcionalismo. E para combater essa “praga” o liberalismo econômico é apresentado como a solução para todos os problemas, com direito a um uníssono grito de guerra entre seus integrantes (governantes, políticos, empresários e grande imprensa): REFORMAS JÁ.

Crise fiscal dos estados e a sanha privatista

Por Felipe Calabrez, no site Outras Palavras:

O governo Bolsonaro ainda não havia assumido e a atenção dos governadores já se centrava em seu futuro ministro da economia. Paulo Guedes foi o centro das atenções em uma reunião realizada em dezembro de 2018. O motivo: A situação fiscal falimentar dos estados.

Até o momento, 7 estados já decretaram situação de Calamidade Financeira. Minas Gerais, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Rio Grande do Sul, Goiás e Roraima. A medida amplia a margem de manobra dos entes federados para manejar seus recursos. Diante disso, conversas dos governadores com a equipe econômica do Governo Federal têm sido uma constante.

Pacote de Moro cria 'licença para matar'

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

O Projeto de Lei Anticrime, anunciado pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, na manhã de hoje (4), introduz no ordenamento jurídico do país uma “licença para matar” para os policiais, viola vários princípios da Constituição, aumentará o encarceramento e atingirá principalmente jovens pobres e negros das periferias.

“É um projeto de lei anticrime, mas na verdade é um projeto que assassina a Constituição, matando direitos e garantias fundamentais”, diz o advogado criminalista Leonardo Yarochewsky.

O plano de dominação evangélico

Por Túlio Gustavo, no site The Intercept-Brasil:

Em meados de 2007, converti-me ao cristianismo, bastante influenciado por uma família de empresários, donos de alguns bazares no 3º Distrito de Duque de Caxias, no Rio, onde moro até hoje, para quem trabalhei no final da adolescência e início da vida adulta, e que depois viriam a se tornar bons amigos. Eu tinha 17 anos e muitas dúvidas existenciais. As clássicas perguntas “por que estamos aqui”?, “para onde vamos?” dominavam os meus pensamentos. Em termos práticos, também não sabia o que fazer profissionalmente.

Pacote de Moro e a restauração conservadora

Por Rodrigo Vianna

Com Bolsonaro preso à cama do hospital, e numa condição de saúde aparentemente mais grave do que médicos e família admitem, o superministro Moro lança um "pacote" de medidas contra crime organizado e corrupção.

O ministro age com absoluta autonomia em relação ao presidente - o que seria impensável num governo de FHC ou de Lula.

No aeroporto de BH, onde escrevo essas linhas, os televisores mostram um Moro com poder hipertrofiado na tela da GloboNews, diante da classe media que aguarda seus voos.