segunda-feira, 7 de junho de 2021

Comandante do Exército agiu com prudência

Por Vivaldo Barbosa, no site Brasil-247:


Acostumado a remar contra marés temporárias, passageiras, que atingem até setores lúcidos e progressistas, desde os tempos que trabalhava de perto com Leonel Brizola, afirmo o seguinte: o Comandante do Exército agiu com prudência.

A maré de opinião de muitos setores cobra punição ao general, sem o que a disciplina e hierarquia teriam ficado irremediavelmente comprometidas.

A lei e os regulamentos não devem ser sempre aplicados em uma linha reta.

É claro que esse general fez muito mal ao Exército, deixou o Comandante mal, prejudicou até o Bolsonaro. Nunca deveria ter feito o que fez.

Nem ele nem Bolsonaro.

Acontece que, se o Comandante o pune, estaria igualmente punindo o Presidente.

Pois Bolsonaro o levou para o caminhão, o abraçou, passou o microfone a ele, com sua costumeira irresponsabilidade. E o Presidente da República é o Comandante em Chefe do Exército.

A impunidade de Eduardo Pazuello

Por Luis Felipe Miguel, no site A terra é redonda:


A impunidade de Pazuello é um indicador poderoso da posição dos militares e da complexidade da conjuntura política no Brasil para quem sonha com a restauração do caminho democrático.

Dissipa-se de vez a ilusão de que os generais podem servir de freio a Bolsonaro.

Para não brigar com ele, assumiram um vexame homérico: aceitar a desculpa esfarrapada de um general embusteiro, num caso que atraiu os olhares de toda a nação, avacalhando de vez a hierarquia (que, segundo o discurso oficial, seria a marca distintiva dos militares) e escancarando a partidarização dos quartéis.

Para Bolsonaro, que cultiva hoje, como cultivou no passado, a agitação política do baixo oficialato, é uma vitória e tanto.

Seus adeptos mais aguerridos ganharam carta branca para fazer o que bem entenderem. Para o generalato covarde, é a absoluta desmoralização.

A arma na parede de Bolsonaro

Foto: Reprodução
Por Eugênio Aragão, no Diário do Centro do Mundo:

É do teatrólogo russo Anton Chekov a frase célebre “se for, no primeiro ato, pendurar, na parede, uma pistola, no último, deve-se atirar com ela – do contrário, não a pendure.”

Bolsonaro pendurou, desde seu primeiro dia no governo, a pistola na parede.

Ameaçou o STF, homenageou um torturador, afrouxou as regras de aquisição e posse de armas pela população, participou de atos públicos contra o Congresso e o judiciário e, dentre outras bazófias, prenunciou não aceitar o resultado das eleições presidenciais de 2022, se ele não for eleito.

Ninguém pode dizer que não viu a pistola dependurada.

Todos os dias fomos assaltados com o discurso ameaçador e disruptivo do presidente da república.

Seu mandato tem sido exercido com improbidades e indecoro a rodo. Não pode ter passado desapercebido.

E no Brasil, vai ter Copa América!

A vida dos demitidos pela Lava-Jato

The Economist quer "eliminar" Bolsonaro?

CBF é máfia; negócio da Copa América é grana

Neofascismo: o que é e onde surgiu?

The Economist e o Cristo Redentor sem ar

Por Altamiro Borges

A imagem de Jair Bolsonaro no mundo está cada dia pior. A revista britânica The Economist, considerada uma bíblia da cloaca financeira internacional, estampou na capa da semana passada a estátua do Cristo Redentor sem ar, respirando com uma máscara de oxigênio. Em um dos vários artigos dessa edição especial sobre o Brasil, uma afirmação peremptória: “A prioridade mais urgente é tirá-lo pelo voto” em 2022.

Diferentemente de parte da mídia nativa, que ainda nutre ilusões sobre a possibilidade de “civilizar” o fascista no poder, a conclusão da revista é que “será difícil mudar o rumo do Brasil enquanto [Bolsonaro] for presidente”. O caderno especial com dez páginas, organizado pela correspondente Sarah Maslin, aborda temas como economia, corrupção e Amazônia.

domingo, 6 de junho de 2021

Amazônia desmatada. Salles "passa a boiada”

Por Altamiro Borges

Apesar do cerco que sofre de todos os cantos, nacionais e internacionais – inclusive sob o risco de ter em breve a sua prisão decretada –, o ministro Ricardo Salles segue “passando a boiada” da devastação ambiental. Na sexta-feira (4), o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apresentou dados que comprovam que o desmatamento na Amazônia Legal em maio foi o maior registrado desde 2016, quando a série histórica teve início.

Foi o terceiro mês seguido de recorde de destruição da floresta em 2021. Em 28 dias, a devastação atingiu a marca de 1.180 km² - um aumento de 41% em relação ao mesmo mês de 2020. Desde o início da operação do satélite Deter-B do Inpe, é a primeira vez que esse número ultrapassa 1.000 km² no mês.

Amado Batista já pagou sua dívida ambiental?

Por Altamiro Borges

Sempre desconfie dos que vivem posando de moralistas – geralmente eles são imorais. Bravateiam contra a corrupção apenas para esconder seus podres. Na semana passada, o cantor sertanejo e ruralista Amado Batista vomitou em uma entrevista à Rede Nordeste de Rádio: “Lula é um ladrão, só vota nele quem gosta de ladrão. Diferente de Bolsonaro, que não rouba”.

Ele ainda insinuou que o filho do ex-presidente, conhecido como Lulinha, “saiu do nada, hoje é milionário. Não estou exagerando, digo porque conheço seus negócios no agronegócio. Ande pelo Mato Grosso, como eu, e você comprovará”, disparou sem apresentar provas o caluniador bolsonarista.

Água “consagrada” não cura R.R. Soares

Por Altamiro Borges

Da trágica série "A vida é irônica e cruel". O site Metrópoles informa que "o missionário R.R Sores, de 73 anos, precisou ser intubado na tarde deste sábado (5), após complicações no quadro de Covid-19. O líder da Igreja Internacional da Graça de Deus está internado desde sexta-feira, no Hospital CopaStar, na Zona Sul do Rio de Janeiro".

Em postagem de maio de 2020, o mesmo site registrou ironicamente que "o pastor e empresário Romildo Ribeiro Soares, conhecido como R.R. Soares, tem anunciado há uma semana uma suposta cura ao novo coronavírus durante o programa 'O show da fé', vinculado pela TV Band".

Os crimes sexuais do fundador da Casas Bahia

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O legado e a luta de Zuzu Angel

Copa América é pra desviar foco de Bolsonaro

Bolsonaro e a economia em ano eleitoral

O Brasil está longe da normalidade

Por Luis Manuel Fonseca Pires e Pedro Estevam Alves Pinto Serrano, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

O Brasil está longe da normalidade, disse o presidente da república Jair Bolsonaro em discurso a militares em São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, na última quinta-feira dia 27 de maio. Não foi promessa nem vaticínio. Mas diagnóstico. O presidente acerta. Encontramo-nos em direção da consumação do estado de exceção. Faltou dizer que ele é o responsável porque esta situação decorre de sua agenda política de caos, destruição e morte. Há um nome em ciência política para este tipo de programa de governo: necropolítica. O regime de exceção – oposto à normalidade democrática que se anuncia na Constituição – é alimentado pelo conflito, a discórdia, o embate constante e sistemático contra inimigos que podem ser pessoas vivas ou mortas, ideias presentes ou passadas, instituições públicas ou privadas, nações estrangeiras ou cidadãos do próprio país: um adversário político, o meio ambiente, o STF, Leonardo de Caprio, a urna eletrônica, a CPI da Covid, a China. É preciso encontrar um inimigo e lançar-se contra ele. Sem inimigo(s) o estado de exceção não sobrevive.

Onde há fumaça há fogo

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

Há certo consenso entre os analistas políticos de que Bolsonaro, quando se vê encurralado, solta rolos de fumaça para turvar a visão do horizonte da verdade. Essa operação parece seguir o instinto do presidente, como um gesto imediato de raiva: imaturo, ressentido e grosseiro. No entanto, por trás da aparente espontaneidade, há uma astúcia da estupidez. As mensagens atingem diferentes públicos e acabam assumindo lugar de destaque no ecossistema de comunicação, dos jornalões às redes sociais.

Impunidade de Pazuello: risco à democracia

Editorial do site Vermelho:

O perdão ao ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello pelo Exército tem enorme gravidade. É um perigoso precedente. O episódio afronta a Constituição e o Regulamento Disciplinar do Exército quanto às restrições à participação política de militares, em particular o que se encontram na ativa. A impunidade foi criticada por três ex-ministros da Defesa (Aldo Rebelo, Celso Amorim e Raul Jungman) e por militares como Carlos Alberto dos Santos Cruz, o ex-ministro e general da reserva Sérgio Etchegoyen e o ex-presidente do Superior Tribunal Militar (STM), brigadeiro Sergio Ferolla.