quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Ex-mulher de Bolsonaro já tinha dado a pista

Por Mauro Donato, no blog Diário do Centro do Mundo:

Especialistas em contabilidade e em análise de lavagem de dinheiro ouvidos pelo DCM apontam que a evolução patrimonial da família Bolsonaro pode ser fruto de operação ‘caixinha’, como é conhecida a prática de tomar de volta uma parte – ou até a totalidade – do salário de funcionários do gabinete parlamentar.

O escândalo veio à tona após o Coaf detectar uma movimentação de R$ 1,2 milhão do ex-assessor e motorista de Flávio Bolsonaro. Fabrício Queiroz era o receptor de fração dos vencimentos dos demais colegas da Assembleia Legislativa do Rio e, no dia seguinte, fazia saques. Tanto os créditos como os débitos eram feito em dinheiro vivo. Fabrício Queiroz é amigo de longa data da família Bolsonaro.

Impacto do golpe nos indicadores sociais

Por Rafael da Silva Barbosa, no site Brasil Debate:

O recém-divulgado documento do IBGE – Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2018 – é uma ótima oportunidade para se discutir os impactos sociais do golpe de Estado, de 31 de agosto de 2016 [1].

Dentre os impactos, se destacam o retorno da concentração de renda, o aumento da pobreza monetária e não monetária e a relativa estagnação das condições da educação.

Para o primeiro ponto, o gráfico 1 é elucidativo. A razão entre os rendimentos volta a crescer, exatamente, no ano em que se consumou o golpe. Em 2016, já com a posse do governo golpista, o fim da política de valorização do salário mínimo e a aprovação da reforma trabalhista, em julho de 2017, que aumentou a proporção de trabalhadores por conta própria e sem carteira de trabalho, agravaram o grau de concentração de renda no Brasil.

A derrota da "Lei da Mordaça"

Editorial do site Vermelho:

O arquivamento do projeto de lei da chamada “Escola sem Partido”, bem alcunhada de “Lei da Mordaça” é um marco na luta em defesa da democracia da liberdade de pensamento. Os defensores do projeto retrógrado não reuniram apoio para aprova-lo na Comissão Especial da Câmara dos Deputados. Foi uma derrota da direita e também do presidente eleito Jair Bolsonaro, que apoia o movimento “Escola Sem Partido”.

“Foi a prova de que a resistência dá certo. Queremos uma educação plural”, comemorou a deputada Alice Portugal (PCdoB-BA), vice-líder da bancada comunista na Câmara.

Não vai ter outro AI-5; nem precisa!

Por Ricardo Kotscho, em seu blog:

Aos que me perguntam se, 50 anos depois, corremos o risco de ter um novo Ato Institucional Nº 5, o golpe dentro do golpe da ditadura militar, respondo com convicção: não, não há perigo.

Nem precisa.

As circunstâncias hoje são completamente diferentes daquela época.

A nova ordem que se instala no dia 1º de janeiro de 2019 já começa legitimada pelas urnas, com todos os instrumentos para impor seus projetos de poder, um governo ultraliberal na economia e ultraconservador nos costumes.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

Catedral de Campinas e as armas de Bolsonaro

Por Altamiro Borges

As cenas do tiroteio na Catedral Metropolitana de Campinas, no interior de São Paulo, seguem gerando angústia e indagações na sociedade. O que explicaria uma ação tão bárbara, que resultou na morte de cinco pessoas inocentes que tinham acabado de assistir a uma missa? O que teria levado o analista de sistema Euler Fernando Grandolpho, de 49 anos, a disparar duas armas de fogo e depois se suicidar? Segundo o delegado José Henrique Ventura, não há registro de antecedentes criminais do rapaz de classe média, morador de um condomínio fechado na vizinha Valinhos. “Uma pessoa fora de qualquer suspeita em circunstâncias normais", afirmou estarrecido o policial.

A realidade como medida de todas as coisas

Por Bepe Damasco, em seu blog:

Em período profícuo de análises bem-vindas sobre os fatores que concorreram para a derrota do candidato do PT, e de grande parte do conjunto da esquerda, Fernando Haddad, e acerca das correções de rumo necessárias ao enfrentamento do fascismo, tenho sentido falta de alguns dados da realidade.

Por exemplo: mesmo tendo feito uma campanha atípica, que o levou a ser lançado a três semanadas da realização do primeiro turno, Haddad ficou a escassos cinco pontos percentuais da vitória, a despeito do poderoso vendaval midiático-judicial visando o aniquilamento das forças progressistas.

Lula esbofeteia Globo e Moro de novo

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Os principais responsáveis pela prisão de Lula para fraudar a eleição de 2018 tiveram que se conformar, de novo, com o apoio e o respeito que ele conquistou no coração e na alma dos brasileiros. Globo e Sergio Moro, responsáveis pela fraude eleitoral de 2018, continuam sendo desafiados pelo ex-presidente e por uma infinidade dos que são gratos por sua obra.

A coragem de Lula enlouquece seus inimigos e algozes. O ex-presidente já poderia ter sido solto. Para tanto, precisaria, apenas, submeter-se aos seus inimigos. Se baixasse a cabeça, seria solto porque, preso, acirra o clima político no país. Mas Lula é foi forjado na luta, na resiliência e é basicamente impossível que se renda. Morrerá lutando.

Bolsonaro já é um jacaré sem dentes

Por Renato Rovai, em seu blog:

Domingo, pé de cachimbo. E foi neste dia que o presidente eleito da República deu o definitivo sinal de sua fraqueza.

Bolsonaro foi ao banco pra ver o saldo. Deixou-se fotografar e disse que transferência de 800 reais é bobagem.

Esqueceu-se o esperto que milhões de brasileiros não têm 800 reais pra passar o mês. Esqueceu-se que corrupção independe da quantia. E que por menos de 800 reais os presídios estão superlotados.

Os três pilares do governo Bolsonaro

Escândalos e fogo morro acima

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

“A cadeira vai ajeitando a pessoa”, disse em recente entrevista o ex-ministro petista e senador eleito Jacques Wagner, afirmando que é ainda cedo para saber se o presidente eleito Jair Bolsonaro representará risco para a democracia.

Ao ser diplomado ontem pelo TSE, juntamente com seu vice, general Mourão, Bolsonaro deu mostras de que o peso do cargo também amolda o eleito às circunstâncias, antes mesmo de sentar-se na cadeira.

Enfrentando um escândalo de precocidade inédita, ele fez ontem o discurso mais conciliador de que se tem notícia. Institucionalizou-se, finalmente.

Capitalismo usa o fascismo para se salvar

Por Tiago Pereira, na Rede Brasil Atual:

Reunidos para celebrar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em São Paulo nesta segunda-feira (10), representantes da esquerda latino-americana e europeia defenderam o aprofundamento da democracia, para além dos tradicionais marcos liberais, como forma de combater o avanço da extrema-direita fascista em todo o mundo. 

O euro-deputado pelo Partido Comunista Português, João Pimenta, o deputado do Parlasul e ex-chanceler da Argentina Jorge Taiana, o integrante do departamento internacional do Syriza (partido do campo democrático da Grécia) Nektarios Bougdanis, e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) identificaram o crescimento de formas políticas autoritárias como uma nova etapa, mais violenta e agressiva, da ofensiva capitalista, que se alimenta do ódio decorrente do agravamento das desigualdades criadas por essas mesmas estruturas.

Até Merval Pereira passa ‘pito’ em Moro

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

O estrago feito pela conta milionária do amigo-assessor-caixinha Fabrício Queiroz não está custando caro apenas a Jair Bolsonaro.

Sérgio Moro também começa a colher os frutos amargos do sumiço inexplicado de Fabrício e sua “história plausível” que não pode ser contada.

Até Merval Pereira, o incondicional defensor do ex-juiz, depois de admitir que o provável no caso fosse um esquema de “caixinha” montado com contribuições de servidores – onde um parlamentar costuma “cobrar um pedágio de seus funcionários” -, passa o “pito” no “Eliot Ness” de Curitiba, invocando Catão, o Moço, o romano que ficou famoso por sua intolerância com a falta de integridade moral.

Taxa de juros e o interesse dos bancos

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Durante os dias 11 e 12 de dezembro está prevista a realização da última reunião do Copom de 2018. Como sempre ocorre na sistemática desse tipo de encontro especial dos diretores do Banco Central (BC), muito deverá ser discutido a respeito da conjuntura econômica nacional e internacional, bem como a respeito dos impactos de tal quadro para as perspectivas futuras da economia brasileira. E, a partir daí, quais seriam as recomendações mais adequadas para balizar a política monetária, ou seja, qual o nível recomendado para posicionar a Selic - a nossa taxa oficial de juros.

Bolsonaro e a era da comunicação virtual

Por Sergio Araujo, no site Sul-21:

O episódio envolvendo o motorista Fabrício Queiroz, amigo da família Bolsonaro, serve de alerta para a ameaça que o uso das redes sociais como meio de comunicação direta entre governantes e políticos com a população pode gerar à necessária transparência de seus atos. Passada uma semana da denúncia feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de que Fabrício havia realizado uma movimentação financeira suspeita de R$ 1,2 milhão, onde parte significativa da arrecadação veio de depósitos realizados por nove assessores do gabinete do deputado Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, nada se ouviu de parte do envolvido. Até porque misteriosamente ele sumiu do mapa. Encontra-se em local incerto e não sabido.

A mais árdua das tarefas

Por Maister F. da Silva, no site Jornalistas Livres:

As mutações do mundo do trabalho trouxeram implicações irreversíveis no cotidiano das pessoas e interferência direta na política e na economia. A grande crise do setor financeiro que abalou o mundo em 2008 começa a atingir seu clímax no que tange a alteração profunda “imposta” aos estados nacionais de reformulação da ordem social das coisas.

O capital necessita para sua sobrevivência e aprofundamento nessa nova fase acumulatória, de regimes autoritários, legitimados em primeira instância pelo voto direto, em segunda instância por golpes brandos, aplicados sumariamente por congressos que sofrem forte influência e coerção do capital financeiro e interesses corporativos, alinhados ao poder judiciário.

A principal lição do AI-5 está na cara

Por Mário Magalhães, no site The Intercept-Brasil:

Era muita perversidade informar ou insinuar no começo de dezembro de 1968 que o presidente Arthur da Costa e Silva se preparava para editar um quinto ato institucional. É o que dizia o ditador. Ele se queixava de notícias “infundadas e até maldosas”, publicou a Folha de S. Paulo. Os quatro primeiros atos, baixados pela ditadura, espingardearam a Constituição de 1946. A Carta sucessora, talhada pelo regime inaugurado com a deposição de João Goulart, vigorava desde 15 de março de 1967, data da posse do marechal entronizado sem voto popular.

terça-feira, 11 de dezembro de 2018

Inconsistências do caso "sítio de Atibaia"

Por Leonardo Fernandes, no jornal Brasil de Fato:

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) cumpre pena desde o dia 7 de abril em Curitiba (PR), após uma condenação sem provas na ação penal conhecida como "caso triplex". Em 2019, ele será novamente julgado na operação Lava Jato. Desta vez, com base em um processo conhecido como "sítio de Atibaia".

As acusações são as mesmas do triplex: corrupção passiva e lavagem de dinheiro. As inconsistências também remetem ao caso do apartamento no Guarujá.

Feliz ano velho

Por Juliana Sayuri e Alexandre Busko Valim, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Jair Bolsonaro (PSL) assumirá a Presidência da República a partir de 1 de janeiro de 2019. Feliz ano velho: fantasmas antigos de um passado autoritário rondam o presidente eleito em outubro último, como o discurso elogioso à ditadura militar, a caça às bruxas nas universidades, a censura à imprensa, além de uma escalada de atos de violência e violações de direitos humanos no país.

Entretanto, conforme expressou o editor Silvio Caccia Bava nas páginas de novembro de Le Monde Diplomatique Brasil: “Pela visão autoritária e repressiva do governo eleito, que se propõe a destituir direitos por atacado no começo de seu governo, a enquadrar os movimentos sociais como terroristas e a tratar com violência a oposição, não faltarão motivos para que a oposição se articule”. Parte dessa resistência se dá no campo das palavras – e é esta a proposta deste dossiê especial que busca discutir tendências autoritárias que se desenrolam no presente, sobretudo a dois diletos temas do presidente eleito: direitos humanos e ditadura militar, segundo reportagem da BBC News Brasil que destacou estudo do sociólogo Leonardo Nascimento.

Coaf, os Bolsonaro e o estado policial

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – cronologia do fator Flávio Bolsonaro

14/11/2017 – deflagrada a Operação Cadeia Velha, que manda para a prisão vários deputados estaduais do Rio de Janeiro, entre eles Jorge Picciani.

16/11/2017 – manutenção da prisão de Jacob Barata, o todo-poderoso presidente da Fetransporte, a associação das empresas de transporte público do Rio de Janeiro, alvo da operação.

17/01/2018 – o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), concede habeas corpus e há uma manifestação da Procuradora Geral da República Raquel Dodge solicitando a manutenção da prisão dos deputados Jorge Picciani e Paulo Cesar de Mello junto ao STF (https://goo.gl/tu7pL1). Ou seja, o caso chegou ao comando do MPF (Ministério Público Federal).

O sumiço do assessor dos Bolsonaro

Por Jeferson Miola, em seu blog:     

O escândalo do R$ 1,2 milhão movimentado pelo amigo e assessor do clã bolsonarista foi revelado em 6/12 – há quase 1 semana.

Desde então, Fabrício Queiroz, personagem central do escândalo, está sumido, assim como sua esposa e filhas.

Além dos Bolsonaro, é ele a pessoa mais indicada para esclarecer o milagre de movimentar em 1 ano o equivalente ao montante de dinheiro que levaria 12 anos para acumular, se conseguisse poupar integralmente o salário mensal que recebia como dublê de motorista e segurança de Flavio Bolsonaro.