Por Sergio Araujo, no site Sul-21:
O episódio envolvendo o motorista Fabrício Queiroz, amigo da família Bolsonaro, serve de alerta para a ameaça que o uso das redes sociais como meio de comunicação direta entre governantes e políticos com a população pode gerar à necessária transparência de seus atos. Passada uma semana da denúncia feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de que Fabrício havia realizado uma movimentação financeira suspeita de R$ 1,2 milhão, onde parte significativa da arrecadação veio de depósitos realizados por nove assessores do gabinete do deputado Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, nada se ouviu de parte do envolvido. Até porque misteriosamente ele sumiu do mapa. Encontra-se em local incerto e não sabido.
Enquanto a versão do principal suspeito não vem à tona, o espaço deixado pelo seu providencial silêncio está sendo ocupado pelos coadjuvantes da ação do Coaf. Jair Bolsonaro disse, pelo Twitter, que os R$ 24 mil depositados por Queiroz na conta da sua esposa, Michelle Bolsonaro, refere-se a devolução de um empréstimo pessoal que havia feito ao amigo motorista. Já Flávio Bolsonaro foi mais abstrato na sua explicação, limitando a dizer, também via rede social, ter ouvido de Queiroz “uma história bastante plausível”. Qual seria? Ninguém sabe, pois o deputado não informou. Mesmo assim, sem a manifestação da figura chave da grave denúncia, futuros dirigentes do governo Bolsonaro e políticos de sua base aliada já se manifestam avalizando a honestidade e a probidade de pai e filho.
Pois é nesse disse, não disse, que se sobressai a importância da imprensa. É ela que está chafurdando os meandros da suspeita operação. A proximidade entre o pagamento dos salários dos servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro lotados no gabinete de Flávio Bolsonaro e os depósitos feitos por eles na conta de Fabrício Queiroz, por exemplo, só foi descoberta graças a investigação jornalística realizada. E o assunto só se mantém vivo por conta da insistência da mídia, contrariando as postagens superficiais dos envolvidos que pretendem tratar o acontecimento como algo inexpressivo. Como se fosse possível esquecer que o combate à corrupção foi um dos “cavalos de batalha” utilizados pelo então candidato Jair Bolsonaro.
Pois é esse monólogo travestido de democracia direta, proposto pelas postagens de nossas autoridades – e que já está fazendo escola -, que demonstra o perigo da implantação da ditadura da opinião/versão, especialmente diante de uma idolatria contemporânea à mitos e salvadores da pátria. A história é pródiga em exemplos do que a tal verdade absoluta é capaz de produzir em termos de regressão civilizatória. Em pleno século 21 é inadmissível que governantes ainda não se deem conta de que o papel do Estado e da imprensa não se fundem, pois são complementares e na maioria das vezes, antagônicos.
Por isso, tentar diminuir a importância da mídia criando canais oficiais de comunicação popular, adotando postura de verdade única, mais do que uma restrição é uma agressão a liberdade de imprensa. E como o próprio presidente eleito gosta de bradar, “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, não existe povo liberto sem que aja respeito a pluralidade de informação. Aliás, para quem irá jurar respeito à Constituição, nunca é demais ressaltar que o artigo 5º dos Direitos e Garantias Fundamentais garante à todos os brasileiros o livre exercício de trabalho e profissão e o acesso à informação.
O episódio envolvendo o motorista Fabrício Queiroz, amigo da família Bolsonaro, serve de alerta para a ameaça que o uso das redes sociais como meio de comunicação direta entre governantes e políticos com a população pode gerar à necessária transparência de seus atos. Passada uma semana da denúncia feita pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de que Fabrício havia realizado uma movimentação financeira suspeita de R$ 1,2 milhão, onde parte significativa da arrecadação veio de depósitos realizados por nove assessores do gabinete do deputado Flávio Bolsonaro, filho do presidente eleito Jair Bolsonaro, nada se ouviu de parte do envolvido. Até porque misteriosamente ele sumiu do mapa. Encontra-se em local incerto e não sabido.
Enquanto a versão do principal suspeito não vem à tona, o espaço deixado pelo seu providencial silêncio está sendo ocupado pelos coadjuvantes da ação do Coaf. Jair Bolsonaro disse, pelo Twitter, que os R$ 24 mil depositados por Queiroz na conta da sua esposa, Michelle Bolsonaro, refere-se a devolução de um empréstimo pessoal que havia feito ao amigo motorista. Já Flávio Bolsonaro foi mais abstrato na sua explicação, limitando a dizer, também via rede social, ter ouvido de Queiroz “uma história bastante plausível”. Qual seria? Ninguém sabe, pois o deputado não informou. Mesmo assim, sem a manifestação da figura chave da grave denúncia, futuros dirigentes do governo Bolsonaro e políticos de sua base aliada já se manifestam avalizando a honestidade e a probidade de pai e filho.
Pois é nesse disse, não disse, que se sobressai a importância da imprensa. É ela que está chafurdando os meandros da suspeita operação. A proximidade entre o pagamento dos salários dos servidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro lotados no gabinete de Flávio Bolsonaro e os depósitos feitos por eles na conta de Fabrício Queiroz, por exemplo, só foi descoberta graças a investigação jornalística realizada. E o assunto só se mantém vivo por conta da insistência da mídia, contrariando as postagens superficiais dos envolvidos que pretendem tratar o acontecimento como algo inexpressivo. Como se fosse possível esquecer que o combate à corrupção foi um dos “cavalos de batalha” utilizados pelo então candidato Jair Bolsonaro.
Pois é esse monólogo travestido de democracia direta, proposto pelas postagens de nossas autoridades – e que já está fazendo escola -, que demonstra o perigo da implantação da ditadura da opinião/versão, especialmente diante de uma idolatria contemporânea à mitos e salvadores da pátria. A história é pródiga em exemplos do que a tal verdade absoluta é capaz de produzir em termos de regressão civilizatória. Em pleno século 21 é inadmissível que governantes ainda não se deem conta de que o papel do Estado e da imprensa não se fundem, pois são complementares e na maioria das vezes, antagônicos.
Por isso, tentar diminuir a importância da mídia criando canais oficiais de comunicação popular, adotando postura de verdade única, mais do que uma restrição é uma agressão a liberdade de imprensa. E como o próprio presidente eleito gosta de bradar, “e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”, não existe povo liberto sem que aja respeito a pluralidade de informação. Aliás, para quem irá jurar respeito à Constituição, nunca é demais ressaltar que o artigo 5º dos Direitos e Garantias Fundamentais garante à todos os brasileiros o livre exercício de trabalho e profissão e o acesso à informação.
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