Por Tiago Pereira, na Rede Brasil Atual:
Reunidos para celebrar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em São Paulo nesta segunda-feira (10), representantes da esquerda latino-americana e europeia defenderam o aprofundamento da democracia, para além dos tradicionais marcos liberais, como forma de combater o avanço da extrema-direita fascista em todo o mundo.
O euro-deputado pelo Partido Comunista Português, João Pimenta, o deputado do Parlasul e ex-chanceler da Argentina Jorge Taiana, o integrante do departamento internacional do Syriza (partido do campo democrático da Grécia) Nektarios Bougdanis, e a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) identificaram o crescimento de formas políticas autoritárias como uma nova etapa, mais violenta e agressiva, da ofensiva capitalista, que se alimenta do ódio decorrente do agravamento das desigualdades criadas por essas mesmas estruturas.
Esse "mal-estar" generalizado é então instrumentalizado pela mídia tradicional, que insufla o sentimento de ódio aos imigrantes, na Europa, ou contra aqueles que lutam pelos direitos dos desfavorecidos, para assim exterminar com todos aqueles que ousam questionar essa nova ordem neoliberal, que tenta se impor como hegemônica, desde a eclosão da crise econômica internacional de 2007.
Portugal
Para o euro-deputado João Pimenta, o fascismo não é uma reação ao capitalismo, mas uma criação do capitalismo para intensificar a exploração e salvar o sistema. "É a expressão mais terrorista do poder monopolista". Segundo ele, os setores mais reacionários da classe dominante "apostam no fascismo" e na violência da guerra como "saídas" para o aprofundamento da crise que já dura mais de uma década.
Ele diz que essa onda autoritária ataca "os mais elementares direitos políticos, sociais e humanos", e vão desde invasões a países soberanos, como a Síria, a bloqueios "ilegais e criminosos", como contra Cuba e Venezuela, até a militarização da questão dos refugiados, a perseguição a partidos comunistas, e ao apoio ao governo nazifascista da Ucrânia. Tudo isso em benefício dos interesses norte-americanos, que se articula localmente com setores das elites de cada país.
Pimenta afirma ainda que a imprensa é conivente com a ascensão da extrema-direita como forma de combater as forças políticas de esquerda que ocupam o poder, como no caso português. "É necessário reconhecer que reação, fascista e anticomunismo sempre andaram de mãos dadas. Não se trava o fascismo ignorando a luta de classes. Trava-se o avanço da extrema-direita organizando a luta dos trabalhadores pelos seus interesses, expondo a real natureza dessas forças e do sistema que as gera, as alimenta e as coloca no governo para afirmar da forma mais brutal o seu poder", afirmou o português.
Para ele, o combate ao extremismo fascista deve ir além do repúdio e da indignação, e deve se converter em apoio às forças políticas que combatem as "as raízes socioeconômicas e ideológicas do monstro". Para o Brasil, ele defende a construção de uma "ampla frente democrática" para barrar a ascensão fascista representada pela eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência.
Para o euro-deputado João Pimenta, o fascismo não é uma reação ao capitalismo, mas uma criação do capitalismo para intensificar a exploração e salvar o sistema. "É a expressão mais terrorista do poder monopolista". Segundo ele, os setores mais reacionários da classe dominante "apostam no fascismo" e na violência da guerra como "saídas" para o aprofundamento da crise que já dura mais de uma década.
Ele diz que essa onda autoritária ataca "os mais elementares direitos políticos, sociais e humanos", e vão desde invasões a países soberanos, como a Síria, a bloqueios "ilegais e criminosos", como contra Cuba e Venezuela, até a militarização da questão dos refugiados, a perseguição a partidos comunistas, e ao apoio ao governo nazifascista da Ucrânia. Tudo isso em benefício dos interesses norte-americanos, que se articula localmente com setores das elites de cada país.
Pimenta afirma ainda que a imprensa é conivente com a ascensão da extrema-direita como forma de combater as forças políticas de esquerda que ocupam o poder, como no caso português. "É necessário reconhecer que reação, fascista e anticomunismo sempre andaram de mãos dadas. Não se trava o fascismo ignorando a luta de classes. Trava-se o avanço da extrema-direita organizando a luta dos trabalhadores pelos seus interesses, expondo a real natureza dessas forças e do sistema que as gera, as alimenta e as coloca no governo para afirmar da forma mais brutal o seu poder", afirmou o português.
Para ele, o combate ao extremismo fascista deve ir além do repúdio e da indignação, e deve se converter em apoio às forças políticas que combatem as "as raízes socioeconômicas e ideológicas do monstro". Para o Brasil, ele defende a construção de uma "ampla frente democrática" para barrar a ascensão fascista representada pela eleição de Jair Bolsonaro (PSL) à presidência.
Argentina
O argentino Jorge Taiana ressaltou que a América Latina foi a primeira região a sentir os avanços do neoliberalismo, ainda durante a década de 1990, bem como os latino-americanos foram os primeiros a reagirem a essa proposta ideológica que se baseia na destruição do Estado, e que agora emerge também em toda a Europa.
"Sobretudo nos países desenvolvidos, essa onda neofascista é resultado da destruição neoliberal ao estado de bem-estar social. Foi isso que criou o mal-estar que hoje vemos nas ruas de Paris, e também na Holanda, na Bélgica. É o mesmo mal-estar que víamos na nossa região ao final do século 20", anotou Taiana.
Segundo ele, esse desmantelamento ocorreu sem a devida resistência por parte da esquerda tradicional europeia, que renunciou à luta contra o avanço do sistema financeiro, perdendo assim o seu lugar de questionamento, crítica e transformação do status quo. Esse discurso de mudança foi agora apropriado pela direita fascista.
O enfrentamento à escalada fascista, na visão do argentino, passa pela denúncia internacional das violações aos direitos humanos cometidas por essas forças intolerantes e, internamente, pelo reforço do trabalho de base, junto aos trabalhadores e movimentos sociais. "A forma de se contrapor ao fascismo é defender os trabalhadores, camponeses, o direito dos aposentados, estudantes, e de todos os movimentos sociais. Não podemos dar de presente à direita fascista a representação do mal-estar contra a globalização."
Brasil
Para a deputada Maria do Rosário, na transição da ditadura para a democracia, o Brasil não foi capaz de construir uma cultura política capaz de barrar futuros avanços do autoritarismo. Segundo ela, em matéria de direitos humanos e enfrentamento ao fascismo, "é preciso ir até o fim".
"Instituímos uma Comissão Nacional da Verdade, mas não fomos até o fim. Não conseguimos dimensionar para o Brasil o que é a tortura. Deixamos também que a tortura, no período democrático, fosse praticada contra os pobres e os negros dentro das delegacias e dos presídios. Não enfrentamos até o fim o tema das violações dos direitos humanos. Sem uma cultura democrática, está aí o retrocesso. O fascismo se alimenta da tortura que pratica."
Para Rosário, a extrema-direita, que ascende no Brasil e no mundo, desrespeita os direitos humanos desde o primeiro artigo da Declaração Universal, que diz que "todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos."
Ela também destacou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como um grande defensor dos direitos humanos, pelos programas de combate à fome e à pobreza, pelos esforços de erradicação do trabalho escravo, dentre outras ações. "Lula conseguiu instituir a ideia de que as pessoas têm direitos. Hoje ele é um preso político. Hoje os direitos humanos não estão mais em vigor, mesmo limitadamente. E a democracia está presa, junto com Lula, e nós precisamos libertá-la."
Grécia
Segundo o grego Nektarios Bougdanis, a atual ascensão da extrema-direita, também chamada na Europa de "alternativa de direita", "carrega todas as ideias repulsivas do racismo, da xenofobia, da homofobia, do sexismo", ao mesmo tempo em que e está alinhada com as políticas neoliberais defendidas pelo grande capital.
Ele ressaltou que a experiência dos governos progressistas da América Latina – de figuras como Lula, o ex-presidente venezuelano Hugo Chavez, o atual presidente boliviano Evo Morales – serviram de "inspiração preciosa" para a esquerda europeia.
Ele defendeu também a criação de "frente progressista internacional", aos moldes do que a esquerda europeia vem construindo com o Fórum Europeu de Forças Progressistas, que reúne do comunistas, verdes e social-democratas, com a função de realizar grandes conferências internacionais, além de articular esforços regionais. "É necessário achar respostas para as grandes questões do nosso tempo. Precisamos de unidade, solidariedade e manter a utopia."
Confira o debate na íntegra [aqui].
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