quinta-feira, 14 de abril de 2016

Os ingredientes de um golpe parlamentar

Por Beatriz Vargas Ramos e Luiz Moreira, no site Brasil Debate:

O Advogado Geral da União, José Eduardo Cardozo, apresentou defesa da Presidenta Dilma Rousseff à Comissão de impeachment, na Câmara dos Deputados. A peça de defesa é uma resposta integral e detalhada às acusações que constituem o objeto do processo de impedimento. Nela, é feita a análise profunda e esgotante dos dois motivos em que se baseia a decisão de instauração do processo contra a Presidenta da República, a saber:

Golpe é para desmantelar direitos sociais

Por Joana Rozowykwiat, no site Vermelho:

"Não tenho nenhuma dúvida de que o golpe visa à implantação de um projeto de retrocesso social, ou ainda, de desmantelamento dos direitos sociais”. A afirmação é do juiz do Trabalho André Luiz Machado, presidente da Associação de Magistrados do Trabalho da 6ª Região (Pernambuco). Segundo ele, as forças por trás do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousseff “são as mesmas que diariamente investem pesado no parlamento no sentido de aprovar leis que retiram direitos dos trabalhadores”.

A paralisia que nos sufoca

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

É bastante compreensível que os dias antecedendo à votação do processo de impeachment no Congresso Nacional ofereçam o atual quadro de expectativa imobilizadora. Em particular, esse é o drama que o Brasil enfrenta também no domínio da política econômica. A tensão política generalizada e a indefinição completa quanto ao eventual resultado final da votação no plenário da Câmara dos Deputados tendem a provocar atrasos em decisões importantes de empreendimentos e investimentos, em especial aquelas oriundas do setor privado. Estão todos em compasso de espera.

O impeachment e a violência no campo

Por João Pedro Stedile, no site da Adital:

O enfrentamento está nos gabinetes, nas periferias e nos acampamentos rurais.

A votação do impeachment, que está em uma semana decisiva, explicita os interesses das classes dominantes e a disposição delas em reverter os prejuízos decorrentes da crise econômica mundial. É a luta de classes nos gabinetes.

O Brasil vive uma grave crise econômica, política e social, e, nesse cenário, o poder econômico quer recompor suas taxas de lucro. Mas aqueles que detêm esse poder não vão sair da crise sozinhos. Para isso, eles precisam acabar com as conquistas sociais, retirar direitos dos trabalhadores, privatizar as elétricas e o pré-sal, e implementar o projeto neoliberal.

O STF agiu como Pôncio Pilatos no golpe

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

Pôncio Pilatos.

O papel do STF no golpe em curso é o de Pôncio Pilatos: lavou as mãos e permitiu que mesmo sob provas esmagadoras de ladroeira e achaque Eduardo Cunha comandasse o processo de impeachment com total desembaraço.

Se, como Marco Aurélio Mello disse, o STF é a “última trincheira da cidadania”, sua omissão no impeachment foi simplesmente criminosa.

A repetição da tragédia brasileira?

Por Leonardo Boff, em seu blog:

A cordialidade brasileira, em sua face sombria, descrita por Sérgio Buarque de Holanda, que se expressa pelo ódio e pela intolerância, fornece o húmus de onde pode precipitar-se novamente a tragédia brasileira.

Em que consiste esta tragédia? Nesse fato: sempre que o povo, os pobres, seus movimentos e seus líderes carismáticos irrompem no cenário político, surgem as velhas elites que carregam dentro de si a estrutura da Casa Grande para negar-lhes direitos, conspirar contra eles, difamar e criminalizar suas lideranças, empurrá-los para as periferias de onde nunca deveriam ter saído. Aos negros, aos índios, aos quilombolas, aos pobres e a outros discriminados se lhes negam reconhecimento e dignidade. E contudo constituem a grande maioria do povo brasileiro.

O povo luta e Dilma resiste

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Quem procura uma explicação para a crise que o país atravessa e que está longe, muito longe talvez, de terminar, logo ouve a resposta: o país está polarizado, o governo e a oposição não se entendem, assim não dá para fazer nada. É bom desconfiar.

A novidade da conjuntura não é o impasse, o desentendimento. Isso sempre houve e haverá na história de povos e países, em qualquer época.

Juventude não embarcou nos atos golpistas

Por Dandara Lima, no site da UJS:

O mês de março foi marcado por mobilizações a favor e contra o impeachment. Em São Paulo, a Avenida Paulista recebeu dois grandes atos dos dois lados, um no dia 13 e o outro no dia 18. O Datafolha pesquisou o perfil dos manifestantes dos dois atos.

No dia 13, o Datafolha entrevistou uma amostra estatística de 2.262 de manifestantes na Avenida Paulista. Já no dia 18, foram 1.963 entrevistados. E duas características se destacam: a diferença etária e de renda entre eles.

Armínio Fraga se repete como farsa

Por Tadeu Porto, no blog O Cafezinho:

Era 28 de agosto de 2014 quando eu assitia o debate para presidenciáveis, na Band, apreensivo: Marina continuava “na cola” da presidenta Dilma e o segundo turno era fato consolidado.

Quando, ao final de debate, Aécio utiliza das suas considerações finais para anunciar o Armínio Fraga, presidente do Banco Central no segundo mandato (desastroso) do FHC, como seu futuro Ministro da Fazenda.

Ri alto, na hora.

Cunha, Moro e o "acerto" golpista

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A Folha já deu ontem: o deputado que foi retirado da relatoria do caso Eduardo Cunha na Comissão de Ética da Câmara por ter apresentado um relatório por sua cassação, renunciou ontem a sua vaga no colegiado. Fausto Pinatto, que chegou a receber ameaças por isso, não diz, mas é óbvio que sabe que, vencendo, Cunha o esmagaria.

E o Estadão, numa discreta matéria, registra que Moro sonha com fim da Lava Jato até dezembro.

A hora da miséria na política

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Os golpes do passado aconteciam na calada da noite e surpreendiam o pais. Agora estamos na iminência da deposição legalizada da presidente eleita e um país cansado da crise na elite política conta as horas que faltam para o desfecho. Parlamentares e ministros do PT denunciam a guerra psicológica para criar o efeito manada entre as bancadas e asseguram ter cerca de 200 votos para barrar o impeachment. O outro lado diz ter votos de sobra. Ninguém sabe ao certo. Mais de cem deputados se ocultam na condição de “indecisos” para se livrar das pressões e pular no barco vencedor. Estes são os que não suportam viver fora de um governo, qualquer governo. Seja qual for o resultado, o Brasil não vai ao paraíso. Pelo contrário. Tempos mais amargos podem vir.

Duas partidas decisivas contra o golpe

A crise política e a agonia dos tucanos

Por Lindbergh Farias, na revista CartaCapital:

Logo que acabaram as apurações das eleições de 2014, com a presidenta Dilma Rousseff (PT) reeleita, o candidato perdedor,Aécio Neves (PSDB), em associação com as cabeças coroadas do comando tucano, tomou uma decisão temerária: extrapolar a medida de oposição política ao governo.

Não bastava mais questionar projetos e programas do governo. Era preciso também inviabilizar o novo mandado, como se tivesse baixado nas lideranças tucanas, em pleno século XXI, o espírito histórico das aves agourentas do lacerdismo e do udenismo golpista, que inviabilizaram o mandato de Vargas e derrubaram Jango. A presidenta não poderia ser candidata, se eleita não poderia tomar posse, se tomasse poderia não poderia governar.

quarta-feira, 13 de abril de 2016

Música pela democracia

Globo e Cunha montam show do impeachment

Por Altamiro Borges

A operação de guerra para forçar a aprovação do impeachment da presidenta Dilma já está montada. O correntista suíço Eduardo Cunha, que ainda preside a Câmara Federal, usou todos os expedientes para apressar e manobrar a votação. Já a bilionária famiglia Marinho, dona da Rede Globo e acusada de sonegação de impostos e de outros crimes, montou um verdadeiro show para o próximo domingo (17). O objetivo é criar um clima de já ganhou, levando os "midiotas" às ruas para constranger os deputados na hora do voto. A emissora inclusive anunciou que vai alterar sua grade de programação. Até os horários das partidas de futebol estão sendo mudados por pressão do império global.

O “consórcio de bandidos” e o impeachment

Por Altamiro Borges

Na insanidade geral que tomou conta do Brasil nos últimos tempos, os "midiotas" que vibram com a possibilidade da deposição de Dilma são massa de manobra de um "consórcio de bandidos" - como bem definiu o ex-governador cearense Ciro Gomes. Dos 65 membros da chamada "comissão especial do impeachment", que aprovou nesta segunda-feira (11) o relatório golpista de Jovair Arantes (PTB-GO), 36 deputados federais respondem ou já foram condenados por algum crime na Justiça comum ou eleitoral. Muitos são notórios corruptos, mais sujos do que pau de galinheiro, que estão prestes a condenar uma presidenta que nunca foi denunciada por qualquer crime. Um verdadeiro absurdo!

Alerta geral contra o golpe midiático

Por Breno Altman, em seu blog:

Os monopólios de comunicação tratam de vender uma imagem de derrota e rendição do governo diante da votação do impeachment. Os objetivos são claros: provocar o chamado efeito-manada entre os deputados e enfraquecer a mobilização democrática.

As informações passadas por estes veículos constituem pura guerra psicológica. A situação é difícil e perigosa, não resta dúvida, mas o placar real demonstra que a batalha contra o golpe poderá ser vitoriosa.

Hitler também achava que ia ganhar

Lula vence a Globo e o fascismo

Por Jeferson Miola

Já tentaram de tudo para destruir o Lula, e não vão abandonar a obsessão de aniquilá-lo. O justiceiro Sérgio Moto idealizou um show deplorável com a prisão dele no dia 4 de março mas, temendo as consequências, foi obrigado a recuar. Depois, num ato de desespero persecutório, cometeu haraquiri funcional e divulgou criminosamente grampos telefônicos ilegais da Presidente Dilma para impedir a posse dele na Casa Civil.

O impeachment e a garimpagem de votos

Por Eduardo Maretti, na Rede Brasil Atual:

A avaliação de analistas políticos sobre o que pode acontecer na votação do impeachment, marcada para domingo (17) pelo presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de acordo com seus próprios interesses e regras, é de que é impossível fazer uma previsão. A negociação do governo com legendas e deputados, que já era instável, ficou ainda mais difícil de prever com o desembarque do PP da base do governo, anunciado hoje (12). PSD, PP e PR, nos quais o governo apostou algumas fichas, são legendas cujas direções não exercem controle sobre as bancadas.

Temer, o Judas!

Por Adalberto Monteiro, no blog de Renato Rabelo:

A presidenta Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade, sequer é investigada e até seus inimigos declarados atestam que ela é honesta. Grande parte dos que ontem votaram na Comissão Especial pela admissibilidade de um impeachment fraudulento é deputado investigado, e pairam sobre eles acusações de delitos, de crimes de corrupção. Eduardo Cunha que carrega nos ombros um atlas imundo de processos é o general dessa banda podre.

Ampliar a mobilização contra o golpe

Editorial do site Vermelho:

Não houve vencedores na segunda-feira (11), na Comissão Especial do Impeachment, da Câmara dos Deputados, é preciso dizer. O resultado obtido pela direita naquela comissão indica o tamanho do impasse colocado à democracia brasileira. E que será enfrentado na sessão da Câmara dos Deputados, que vai da sexta-feira (15) até domingo (17).

O momento é de preocupação e mobilização dos democratas e patriotas. A tentativa de golpe da direita divide o país e opõe a minoria que pretende romper a democracia e rasgar a Constituição aos que querem consolidar a democracia e a legalidade.

O DNA golpista da minoria prepotente

Por Gaudêncio Frigotto, no site Carta Maior:

No final da década de 1990 o sociólogo Francisco de Oliveira, um dos mais agudos críticos do projeto de sociedade da classe dominante brasileira, numa conferência na Universidade Federal Fluminense, mostrou que ao longo do século XX convivemos, mais de um terço do mesmo, sob ditaduras e submetidos a um golpe institucional a cada três anos. Ditaduras e golpes que plasmam uma sociedade que Oliveira a define com a figura do ornitorrinco - uma impossibilidade genética, pois não se desenvolve nem como pássaro e nem como mamífero. O ornitorrinco social brasileiro se expressa por uma sociedade que produz a miséria e se alimenta dela.

O golpismo avançou umas três casas

Por Renato Rovai, em seu blog:

O PP anunciou hoje sua saída da base do governo. Talvez essa tenha sido a maior derrota do Planalto desde que o processo de impeachment se iniciou.

Numa reunião da bancada, 37 deputados votaram a favor da cassação de Dilma e 9 contra. Uma goleada.

Ciro Nogueira, presidente do partido, prometia ao governo até 30 deputados. Pelo jeito vendia terreno no céu para os seus interlocutores e ao mesmo tempo negociava com Temer.

O assalto à soberania popular

Por Roberto Amaral, em seu blog:

O esperado relatório do irrelevante deputado Jovair Arantes, do pouco ilibado PTB de Roberto Jeferson – um símbolo da miséria da política brasileira, recentemente redescoberto pela grande mídia graças à sua tenaz campanha pelo impeachment, no que, aliás tem a companhia ínclita do notabilíssimo Paulo Maluf – não é um raio caído de um céu azul.

Isto pois responde a momento crucial do processo de captura sem voto do Estado, dirigido de fora, com o propósito, entre outros, de abocanhar o Pré Sal, a maior descoberta de petróleo das últimas décadas no planeta, com o apoio da inefável Fiesp e seus acólitos, desde sempre comprometida com tudo que é antinacional e antipovo.

Como será o dia seguinte ao golpe de Temer

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O pior pecado depois do pecado é a publicação do pecado.

É uma das minhas frases favoritas. O autor é Machado de Assis.

Ela se aplica à perfeição ao áudio vazado em que Michel Temer festeja, antecipadamente, a vitória do golpe.

Em si, é uma infâmia, um despropósito, uma manifestação de pequenez.

O muro de Brasília e o muro do Brasil

Por Celso Vicenzi, em seu blog:

Na Esplanada dos Ministérios, um frágil muro em frente ao Congresso, erguido por presidiários (se não era ironia, agora é!) vai separar os manifestantes pró e contra o impeachment (leia-se golpe), durante a votação na Câmara Federal, neste domingo, 17 de abril de 2016. Um muro de placas metálicas que será protegido por cerca de 4 mil policiais que farão a segurança. Mesmo com todo o aparato policial, é uma temeridade juntar num mesmo espaço, separados por apenas alguns metros, talvez 50 mil manifestantes de cada lado. E se forem 100 mil de cada lado? Terminada a votação, um lado irá comemorar e não é difícil imaginar que poderá haver provocações. Quem segura essa massa? Algo pode fugir ao controle, mesmo com todo o esquema de segurança. É muita gente num espaço quase compartilhado. E o ódio que já tomou conta das redes sociais e do país, pode assumir, ao vivo, proporções temerárias.

terça-feira, 12 de abril de 2016

O irmão "fantasma" de Jair Bolsonaro

Por Altamiro Borges

Com seu discurso de ódio e intolerância, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) ganhou adeptos entre os "midiotas" e já desponta nas pesquisas eleitorais como presidenciável para 2018. Ele seria o candidato da extrema-direita, travestindo-se com a fantasia de vestal da ética. Mas, aos poucos, seus podres começam a aparecer. Na semana passada, uma reportagem do SBT mostrou que o seu irmão, Renato Antônio Bolsonaro, era funcionário fantasma da Assembleia Legislativa de São Paulo com um salário mensal de mais de R$ 17 mil. Diante da denúncia, o falso moralista alegou que não sabia da maracutaia familiar e ainda deu uma "bronca" no irmão. "Ele que se exploda". Baita cinismo!

Glenn Greenwald entrevista Lula

Chico Buarque fala em ato contra o golpe

Os golpistas não dormirão tranquilos

Por Rubens Casara, no blog Viomundo:

Golpe, por definição, é um estratagema, um ardil, uma manobra ilegítima. Assim, por exemplo, a utilização de um cheque (uma ordem de pagamento prevista na legislação brasileira) é legítima, mas utilizar um cheque sem fundos para lesar o patrimônio de uma outra pessoa é um golpe.

Da mesma maneira, a utilização da forma jurídica “impeachment” para derrubar um governante eleito sem que exista um fato concreto que encontre adequação típica entre os “crimes de responsabilidade” é um golpe, por mais que juristas de ocasião (os chamados de “juristas de estimação das corporações midiáticas”), que sempre aparecem em contextos golpistas, busquem justificar aos olhos de uma população desinformada (desinformação, em grande medida, produzida por esses mesmos meios de comunicação) a ruptura com as regras do jogo democrático.

Corrupção e corrupções no Brasil


Por Paulo Kliass, na revista Caros Amigos:

A tentativa golpista em curso e o processo de impeachment estão ancorados na ampla campanha desenvolvida pelos grandes meios de comunicação contra a corrupção. De acordo com a narrativa consensuada de forma quase unânime entre os principais órgãos de imprensa, tudo teria começado em 2003, quando o PT chegou ao governo federal pelo voto da maioria da população. Assim, de acordo com tal visão, repetida à exaustão para todos os cantos, os períodos anteriores da história de nosso país não guardariam nenhum registro a respeito de casos de malversação de recursos públicos.

Chico, Lula e 70 mil contra o golpe

Por André Vieira, no jornal Brasil de Fato:

A Lapa, no Rio de Janeiro, voltou a ficar vermelha. Cerca de 70 mil pessoas ocuparam nesta segunda-feira (11) o histórico bairro carioca para manifestar seu repúdio ao processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. Foram realizados dois atos. O primeiro na Fundição Progresso, comandado pelo cantor Chico Buarque. O segundo foi na praça dos Arcos da Lapa, convocado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela Frente Brasil Popular.

Eduardo Cunha corre contra o tempo

Por André Barrocal, na revista CartaCapital:

Réu por corrupção, vulgo “Caranguejo” na lista de doações da empreiteira Odebrecht, dramaturgo (a julgar pelas histórias contadas para se defender das acusações), Eduardo Cunha, o presidente da Câmara, merecia mais um epíteto: Senhor Impeachment.

Suas digitais estão por todo lado na tentativa de depor Dilma Rousseff, plano que recebeu sinal verde de um relatório de DNA cunhista prestes a ser votado pelos deputados. Enquanto trama para apressar o desfecho do processo contra a presidenta, o peemedebista esperava desfrutar de certo sossego em seu infortúnio pessoal. Errou.

A multidão que não sai no jornal

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

A foto aí de cima é a da multidão presente ao ato contra o golpe ontem, no Rio de Janeiro, vista dos Arcos da Lapa. Dentro do post você verá outra, de cima, onde o velho aqueduto carioca vai servir de referência para avaliar o tamanho da aglomeração de pessoas.

Fosse uma manifestação da direita, seriam 200 ou 300 mil pessoas e as fotos estariam na capa dos jornais que se penduram, como cartazes, nas bancas de jornal.

O perigoso muro da intolerância

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Trinta detentos da Papuda começam hoje a erigir as grades que vão separar manifestantes contra e a favor do impeachment a partir de sexta-feira, quando terá a início a sessão decisiva no plenário da Câmara, que chegará ao ápice no domingo. Símbolo da intolerância e do colapso das regras de convivência democrática, a cerca apresenta um risco de confronto é altíssimo e preocupante. A divisória planejada não terá resistência alguma diante dos ânimos que estarão bem mais exaltados que o das torcidas organizadas de Corinthians e Palmeiras no recente tumulto.

Panamá Papers, Globo e corrupção tucana

Ilustração: Alfredo Martirena
Por Patrícia Faermann, no Jornal GGN:

A relação entre a Rede Globo e o escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca, criadora de offshores para lavagem de dinheiro, foi exposta por reportagens no início do ano, com a revelação da documentação do triplex da família Marinho, em ilha de Paraty. Afora a coincidência de carregar mesmo sobrenome, o ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) de São Paulo, Robson Marinho, acusado de receber propina em esquema de corrupção da Alstom em governos tucanos, teria usado o suborno para investir em uma ilha em Paraty. A Panamá Papers deve esclarecer até que ponto essas histórias são obras do acaso, ou se complementam.

Os jornalistas em defesa da democracia

Áudio de Temer não vazou por acaso

Por Rodrigo Vianna, no blog Escrevinhador:

A mim parece evidente que o vazamento do áudio de Temer não foi acidental (clique aqui para saber mais). Aliás, isso pouca importa. O que interessa é saber se a manobra vai ajudar o peemedebista a dar o golpe, ou se vai atrapalhar.

Lembremos que a “carta chorosa” de Temer há alguns meses também foi vazada “por acaso”. Na verdade, era estratégia de comunicação, que depois se revelou desastrada.

O áudio agora vazado terá o mesmo destino? Transformar-se-á em mais um episódio patético a mostrar a pequenez de Temer? Essa é a narrativa em disputa nesse momento.

A democracia e o sistema político no Brasil

O golpe, as biografias e as reputações

Por Aldo Fornazieri, no jornal Brasil de Fato:

Aos poucos, a grande farsa, montada em torno da atual crise política para justificar o golpe e para dar-lhe aparência de legalidade constitucional, vem rompendo suas muralhas de contenção disseminando o seu cheiro fétido junto à opinião pública. Não se sabe se ainda há tempo para evitar o rompimento dessa barragem da Samarco política montada pelos golpistas. Mas a pesquisa do Datafolha do final de semana sinaliza que parte importante da sociedade já pressente o desastre que os dejetos camuflados podem produzir, transformando o Brasil numa imensa Mariana.

A nova jogada de Janot para o golpe

Por Jeferson Miola

Por que o Procurador-Geral da República Rodrigo Janot mudou o parecer inicial e passou a propor ao STF a anulação da posse de Lula na Casa Civil? O que se passou entre 28 de março, data do parecer escrito ao STF favorável à posse; e 7 de abril, quando Janot acolheu o pedido do PSDB e PPS para anular a posse?

Para justificar a mudança de posição, no novo parecer Janot invoca dois fatos que já eram fartamente conhecidos quando ele proferiu o parecer de 28 de março: [i] a delação do Senador Delcídio Amaral, divulgada com recortes pela Globo e imprensa golpista desde 3 de março; e [ii] as interceptações telefônicas ilegais da Presidente Dilma, espetáculo kafkiano levado a público pelo juiz Sérgio Moro em 16 de março.

Os golpistas e a transição de Lampedusa

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Dois fatos importantes, nos últimos trinta dias, marcam a descarada decadência da clandestinidade golpista. Primeiro, desorganizada e espontânea - pautada pelo oligopólio da mídia sem rumo político claro - depois, estrategicamente disseminada para “implodir” o núcleo do Planalto, esta clandestinidade se torna programa de tomada do poder. Estes dois fatos são os seguintes: primeiro fato, o gráfico de doações da Andrade Gutierrez, feitas legalmente aos partidos durante a campanha eleitoral, mostra que PSDB e PMDB somados - partidos que estão na crista do golpismo - somam 39 milhões e as doações ao PT somam menos de 15 milhões. Estes valores podem ser tidos como referência média, para as doações feitas pelas empreiteiras aos partidos eleitoralmente mais fortes; segundo fato, o alinhamento de Marina Silva com os defensores do “impeachment”, fazendo a mesma transição de dependência “carnal” com o PMDB, que todos os partidos fizeram – inclusive o PT – certamente embalada pelas pesquisas, onde ela aparece empatada com Lula. O fundamentalismo evangélico se tornando pragmatismo tradicional, propondo, como no romance de Lampedusa, mudar aparentemente tudo para não mudar concretamente nada.

Dez revelações sobre o áudio de Temer

Por Renato Rovai, em seu blog:

O áudio vazado de Temer é importante não apenas como documento histórico deste momento da vida nacional, mas também porque é revelador da alma e do caráter do vice-presidente. Segue a lista de dez características de Temer que ele revela:

1 – Temer é mentiroso: Essa é primeira coisa que fica clara. O áudio não vazou, foi vazado. Era uma ação de risco, mas tinha objetivos claros. Dizer para o povão que não vai acabar com os programas sociais e para o empresariado que vai lhes entregar a reforma da previdência o fim da CLT. E fazê-lo aparecer com tempo generoso no Jornal Nacional.

Imprensa brasileira esqueceu o que é o fato

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

O dia hoje iniciou-se com um episódio engraçado. O jornalista Gleen Greewald, que não tem escondido sua perplexidade com o nível de militância pró-golpe dos repórteres da Globo, menciona um tweet de Jorge Pontual, correspondente da Globo em Nova York, no qual Pontual demonstra a mais crassa ignorância sobre as leis brasileiras.


Ignorância não é crime. Mas partindo de um jornalista influente, correspondente em Nova York da maior rede de TV do Brasil, e num momento tão delicado da vida nacional, é um tropeço imperdoável.

Quer dizer, seria até perdoável, se o autor - em vista da enxurrada de críticas que recebeu - pedisse desculpas por sua ignorância.

O áudio de Temer escancara o golpe

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O áudio gravado por Michel Temer com seu “primeiro pronunciamento nacional” é uma peça quase tão patética quanto a infame carta de rompimento com Dilma do ano passado.

Sua assessoria alega que foi por acaso que a mensagem vazou. Deveria ter ficado no “stand-by” do celular e ser liberada se a Câmara aprovasse a continuidade do impeachment antes de ir para o Senado.

segunda-feira, 11 de abril de 2016

Cadê o processo contra Paulinho da Força?

Por Altamiro Borges

Na sexta-feira (8), o deputado Paulinho da Força, integrante da tropa de choque do correntista suíço Eduardo Cunha e famoso por seu pragmatismo mercenário, promoveu um "ato dos sindicalistas pelo impeachment de Dilma". O evento foi um fiasco, não repercutindo sequer na mídia golpista. Segundo o insuspeito Estadão, o ato juntou "centenas de pessoas" na sede do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de São Paulo - um velho reduto de pelegos ligados ao tucanato. Vários dirigentes da Força Sindical, central tratada como feudo pelo deputado da sigla Solidariedade, não compareceram ao evento e já se manifestaram publicamente contra o golpe em curso no país.

Jean Wyllys rebate matéria de O Globo

Da revista Fórum:

O deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) afirmou que vai processar o jornal O Globo por conta de uma nota feita em uma das colunas do jornal. O texto sugere que o parlamentar “levou” R$ 22 milhões em emendas “individuais” para universidades do Rio.

“Na linha de frente pró-Dilma, Jean Willys (sic), do PSOL, é dos poucos que já tiveram gordas emendas individuais pagas em 2016. Foram R$ 22 milhões para UFF e UFRJ. O colega de bancada Chico Alencar levou só R$ 405 mil”, diz o texto que está na edição impressa e digital do periódico.

O 'day after' do Brasil será na rua

Por Saul Leblon, no site Carta Maior:

Seja qual for o placar da Câmara no domingo, 17, o day after da votação não inaugurará uma nova hegemonia com força e consentimento para repactuar as linhas mestras da sociedade e do desenvolvimento brasileiros.

Ao contrário.

Provavelmente apertado, o resultado reafirmará a natureza do impasse histórico em que se encontra o país.

Janot, Aécio e a conta em Liechtenstein

Por Conceição Lemes, no blog Viomundo:

Neste momento, certamente, milhares de brasileiros gostariam de perguntar ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot:

1) Por que apesar de o senador Aécio Neves, presidente Nacional do PSDB, ter sido citado por vários delatores na Operação Lava Jato, o senhor até hoje não abriu nenhum inquérito para investigá-lo?

2) Por que tamanha inação da PGR em relação ao seu conterrâneo tucano, considerando o enorme passivo judicial dele, guardado nas gavetas do Ministério Público e do Tribunal de Justiça de Minas Gerais?