domingo, 15 de setembro de 2024

Lira e fascistas tentam cassar Glauber Braga

Por Altamiro Borges


Após garantir a total impunidade de vários parlamentares bolsonaristas que espalham fake news, proferem discursos de ódio e protagonizam ameaças e agressões, o Conselho de Ética da Câmara Federal aprovou na semana passada a chamada admissibilidade do processo contra o combativo deputado Glauber Braga (PSOL-RJ). Um crime contra a democracia! Foram 10 votos a favor e dois contra o avanço da apuração, que pode resultar na cassação do seu mandato parlamentar.

O motivo apresentado para essa perseguição fascista é que o deputado colocou para correr, em abril passado, um provocador do grupelho Movimento Brasil Livre (MBL). Durante a sessão do conselho, Glauber Braga voltou a acusar o presidente da Câmara Federal, Arthur Lira (PP-AL) – que coleciona denúncias, inclusive de agressões – de ser o principal interessado na sua cassação. Ele inclusive estaria por trás do relatório apresentado pelo deputado Paulo Magalhães (PSD-BA).

O provocador fascista Gabriel Costenaro

A sessão foi marcada pelo bate-boca entre o parlamentar perseguido e dois dos seus algozes – os direitistas Alexandre Leite (União-SP) e Kim Kataguiri (União-SP), fundador do famigerado MBL. Após a aprovação da admissibilidade, agora correrá um prazo de até 60 dias úteis para instrução processual. No caso de recomendação pela cassação, a palavra final será do plenário da Câmara, onde é preciso o voto de ao menos 257 dos 513 parlamentares para que haja a punição.

Como relembra o site UOL, “em abril passado, o psolista chutou um membro do MBL identificado como Gabriel Costenaro e o expulsou das dependências da Câmara. Os dois seguiram discutindo no estacionamento do anexo 2 da Câmara e, após serem separados, foram levados para prestar depoimento no Departamento de Polícia Legislativa da Casa. Nesse momento, o parlamentar e Kim Kataguiri também discutiram. Glauber Braga chamou o colega de ‘defensor de nazista’, e Kataguiri levantou o dedo contra ele. Na sequência, os dois trocaram empurrões”.

Nas redes digitais, o lacrador fascista Gabriel Costenaro tem inúmeras postagens em que provoca políticos de esquerda e jornalistas. Na época do incidente, Glauber Braga relatou que não era a primeira vez que ocorria aquele tipo de afronta por parte do fascistoide. No perfil do jagunço do MBL nas redes antissociais há registros de ao menos outro confronto entre ambos. Em uma das ocasiões, o bandido insultou a memória da mãe do deputado carioca. “Não vamos aceitar sofrer perseguição permanente desse sujeito”, afirmou o deputado carioca na época.

Um "precedente perigosíssimo" contra a democracia

Agora, numa ação conjunta entre a bancada bolsonarista e o decadente Arthur Lira, avança o processo para a cassação do mandato de Glauber Braga. O risco da concretização desse golpe é grande e não deve ser menosprezado. É urgente que todos os setores democráticos da sociedade, a começar das esquerdas partidárias e sociais, protestem contra essa agressão fascista. Como afirma um manifesto divulgado na semana passada:

“Estamos diante de um precedente perigosíssimo, que lembra momentos da ditadura militar. Se ele for aberto, outros parlamentares poderão ser as próximas vítimas. E, com isso, não só eles: também a democracia”. O texto é assinado, entre outros, pela deputada Luiza Erundina (Psol-SP), pelo ex-deputado José Genoíno (PT-SP), pelo vice-governador de Alagoas, Ronaldo Lessa, e pelo ex-ministro de Ciência e Tecnologia Roberto Amaral. Também assinam o criminalista Antônio Claudio Mariz de Oliveira, o advogado Pedro Dallari, professor titular da Faculdade de Direito da USP, e Maria Vitoria Benevides, professora emérita da Faculdade de Educação da USP.

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