quarta-feira, 10 de julho de 2019

O sorriso afiado de Paulo Henrique Amorim

Por Renata Mielli, no site Vermelho:

E lá vamos nós de perdas em perdas, acumulando luto, tristeza e tendo que respirar fundo e seguir. Nem consigo imaginar como vamos continuar daqui para frente sem o seu comentário afiado, sem a sua sagacidade, suas sutilezas nem sempre tão sutis.

Paulo Henrique Amorim não foi apenas um dos maiores jornalistas do nosso país, ele foi um dos poucos jornalistas no exercício da sua profissão que não se acomodou na indústria dos mass media.

O Paulo sabia, talvez mais do que a maioria esmagadora de nós, como a notícia era fabricada dentro das emissoras de televisão. Como ela era conduzida para atingir objetivos.

"Paulo Henrique era um irmão", diz Mino

PHA: cai um pilar da resistência

Por Tereza Cruvinel

"Obrigado, querida, disso entendemos nós dois: sobreviver". Foi o que me disse Paulo Henrique Amorim no dia 24, em resposta à minha mensagem expressando solidariedade. Ele acabava de ser afastado do Domingo Espetacular pela TV Record, por pressão do governo intolerante, autocrático e autoritário de Bolsonaro. Eu havia dito, na mensagem, que ele era um pilar da resistência e vítima do disfarçado e não comentado expurgo de jornalistas que vem acontecendo no país, afastando da mídia os combativos, os que não se vergam. "Eles passarão, nós passarinhos, ainda vamos gorjear", eu disse ainda ele.

A morte de Paulo Henrique Amorim

PHA e o jornalismo que não se cala

Por Renato Rovai, em seu blog:

Foi-se o amigo, o companheiro de muitas batalhas, um dos mais irreverentes, o sarcástico e o gênio. Mas, mais do que isso, foi-se o jornalista que deixa como legado a coragem dos que não se calam. Paulo Henrique Amorim parte num momento péssimo. E provavelmente vítima dele e dos canalhas, canalhas, canalhas que o perseguiam.

Paulo foi sem sombra de dúvidas o jornalista mais processado deste período digital. Alguns processos, justificáveis. Como cada um de nós, ele também errava. A ampla maioria, de criminosos que não aceitavam que aquele baixinho carioca berrasse em alto e bom som o que lhes era merecido ouvir. E que o fizesse com um toque de humor que expunha as entranhas dos pulhas e popularizava o mal feito.

O jornalismo brasileiro ficou mais pobre

Por Umberto Martins, no site da CTB:

A morte de Paulo Henrique Amorim, aos 77 anos, na madrugada desta quarta-feira (10) deixa um vácuo no jornalismo brasileiro. Vítima de um infarto fulminante no Rio de Janeiro. Amorim trabalhou nos veículos mais influentes da mídia nacional, inclusive Rede Globo. Conheceu de perto os barões da comunicação, frequentou seus bastidores e tornou-se um crítico afiado e mordaz do chamado quarto poder, tema que lhe inspirou um livro e inúmeras crônicas.

Os bagaços: de Cunha a Moro

Por Emiliano José

Fico olhando, de soslaio.

Quando há crise de hegemonia, a volatilidade das figuras políticas dominantes é altíssima.

Os de cima navegam entre o pragmatismo e a traição.

Valer-se de figuras sem princípios para atingir objetivos de um preciso instante torna-se regra.

Aliada a outra: descartá-las logo que percam utilidade.

Eduardo Cunha foi essencial no golpe contra Dilma, preservado enquanto conduzia-o "com Supremo e tudo", no dizer jucaniano.

Venezuela e a Operação Lava-Jato

terça-feira, 9 de julho de 2019

'Veja' dá duro golpe nas pretensões de Moro

Como os algoritmos interferem na democracia?

STF tolerou abusos da Lava-jato, diz Jobim

Áudio do Dallagnol e o 'jornalixo' da Globo

Por Jeferson Miola, em seu blog:           

A Rede Globo, braço midiático da gangue da Lava Jato, até este exato momento, 20:26h, ainda não divulgou – em nenhum dos veículos do império de comunicação – o áudio em que Deltan Dallagnol celebra com seus parceiros a informação que recebeu em primeira mão sobre a proibição, pelo “In Fux we trust”, da entrevista do Lula à Folha de São Paulo.

Com um detalhe: o áudio foi publicado pelo Intercept às 17:22h e desde então replicado em vários veículos de comunicação.

Lula e a brutalidade do Estado

Por Pedro Estevam Serrano, na revista CartaCapital:

As recentes divulgações feitas pelo site The Intercept Brasil de mensagens trocadas entre o ex-juiz e agora ministro da Justiça Sérgio Moro com procuradores da Lava Jato corroboram aquilo que há algum tempo venho apontando em meus estudos: no Brasil, o sistema de justiça tem sido fonte de decisões de exceção. Em vez de promover a aplicação do Direito, suspende direitos fundamentais da sociedade ou de parcela dela.

Lava Jato: sobrinha do Tio Sam?

Por Marcelo Uchôa, no site da Fundação Perseu Abramo:

As revelações exibidas pelo The Intercept Brasil já abriram capítulo especial na história nacional, tanto pela gravidade das informações que vêm trazendo a lume, como pela hesitação dos implicados em confrontá-las: ora contestando a existência de diálogos, ora denunciando distorções em textos, ora negando participação na trama, mas em todas as situações veementemente atacando o veículo informativo, ao ponto de se socorrer de um suposto esdrúxulo expediente de intimidação sobre as operações financeiras do jornal e dos jornalistas responsáveis, via articulação do Conselho de Administração Financeira (Coaf) e da Polícia Federal, esta última subordinada ao ministro da Justiça, personagem mais que comprometido nos diálogos, em reação extrema de censura à atividade de imprensa jamais vista desde a retomada do processo democrático brasileiro nos anos 1980.

Bolsonaro mira a rádio mais antiga do Brasil

Do site do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC):

O governo de Jair Bolsonaro planeja extinguir a Rádio MEC AM, do Rio de Janeiro, emissora mais antiga do país, e que atualmente compõe o sistema de radiodifusão da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). A informação foi dada na semana passada pelo jornalista Lauro Jardim, colunista do diário O Globo. Segundo ele, a emissora fica no ar até o próximo dia 31 de julho, quando deverá ser desligada. Embora não tenha havido ainda um anúncio oficial da extinção, trabalhadores da emissora já estão sendo informados da decisão, que se configura no mais recente e grave ataque do atual governo contra a comunicação pública e o patrimônio histórico e cultural do país.

O juiz, o eclipse e a coragem

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

O reconhecimento da atuação de Sergio Moro como juiz da Lava Jato vai ficar para história como o eclipse do Sol registrado ao sul do continente: vai durar dois minutos. Com a luz jogada pelas reportagens do Intercept Brasil, que revelou o conluio espúrio, antiético e criminoso entre julgador e acusação, a bruma da mentira logo se dissolveu. Muitos, no entanto, vão continuar afirmando a realidade das sombras. São mentes formadas nas masmorras da mentira, acostumadas ao mofo dos interesses e dos conchavos antipopulares.

As complicações lava-jateiras no mundo

Por Flavio Aguiar, na Rede Brasil Atual:

É difícil qualificar as ações dos lava-jateiros, sobretudo da dupla Sergio Moro e Deltan Dallagnol. O primeiro fez, não faz muito, uma estranha viagem aos Estados Unidos, cujos contornos não ficaram bem esclarecidos até hoje. Agora sem mais aquela pede licença para tratar de questões particulares, em meio à turbulência provocada pela Vaza-Jato. O segundo se recusa a ir ao Congresso Nacional, alegando que seu trabalho é técnico e o debate na Casa Legislativa é político. Fica no ar a pergunta, entre um turbilhão de outras: ajudar a queda de Nicolás Maduro na Venezuela é um trabalho “técnico”?

O senhor mercado e a Previdência

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

A segunda semana de julho começa com uma grande expectativa criada pelos grandes meios de comunicação em torno do avanço do processo de votação da Reforma da Previdência. Todas as atenções se voltam para as negociações que ocorrem agora no âmbito da Câmara dos Deputados. O processo já vinha de longe, lá ainda em 20 de fevereiro desse ano. Foi naquele dia que o Poder Executivo enviou oficialmente a PEC 06 para apreciação pelo Congresso Nacional.

Bolsonaro: o trabalho infantil liberta

Por Urariano Mota, no site Vermelho:

Por que as coincidências no Brasil têm sido tão trágicas? No dia 4 de julho, o mundo culto e civilizado lembrou o falecimento de Monteiro Lobato, o escritor da infância de todos os tempos brasileiros. E como um coice irônico, nesse mesmo dia o indivíduo que está presidente cometeu:

"Trabalhando com nove, dez anos de idade na fazenda eu não fui prejudicado em nada. Quando um moleque de nove, dez anos vai trabalhar em algum lugar, tá cheio de gente aí (dizendo) trabalho escravo, não sei o quê, trabalho infantil. Agora, quando tá fumando um paralelepípedo de crack, ninguém fala nada".

A trama dos porões para salvar Moro

Por Bepe Damasco, em seu blog:

O discurso antidemocrático e totalitário em gestação é tão estarrecedor quanto plausível, se levarmos em conta a caráter e a vida pregressa dos envolvidos na conspirata. Coisa do tipo: “Moro fez tudo isso mesmo que vem sendo vazado, mas foi por uma boa causa. Afinal, cassar Dilma, prender Lula e impedir a volta do PT ao governo não tem preço. Por isso, ele seguirá ministro e Lula preso. E danem-se a lei e quem não estiver satisfeito.”