sexta-feira, 13 de março de 2020

Zema e a arte de desagradar a todos

Por João Paulo Cunha, no jornal Brasil de Fato:

O governador de Minas Gerais Romeu Zema (Novo) é um dos mais inábeis políticos em atuação no país. De certa maneira era de se esperar, já que ele se elegeu com a bandeira da antipolítica e da proposição de um jeito novo de governar, distante do diálogo e da participação popular. Logo mostrou que o discurso não era para valer e que, mais que inimigo da política, ele era na verdade ruim de jogo.

Nesta semana, ele protagonizou uma série de atitudes que colocam em risco a governabilidade. Ao vetar parte de seu próprio projeto de reajuste dos servidores da segurança, deixou claro que não tinha ninguém ao seu lado. Prometeu com medo e vetou com mais medo ainda.

Paulo Guedes e sua quarentena

Por Fernando Brito, em seu blog:

O ex-Posto Ipiranga Paulo Guedes transformou-se, à vista de todos – a aos olhos do mercado, que são os que lhe importam – numa peça inútil.

Ao contrário do comercial, ali não se encontra nada.

A única providência expressiva é uma pouco mais do mesmo, a antecipação em três meses do pagamento do 13° de aposentados e pensionistas, um pastiche das liberações de FGTS e de PIS que vêm sendo usadas como “calmantes” para o estresse recessivo.

Até os mais obtusos mercadistas, a esta altura, sabem que o organismo econômico precisam é do antibiótico do investimento, porque o perigo é uma recidiva do desemprego, causado pelo inevitável baque nas atividades que virá quando o Brasil repetir, como repetirá quase que certamente, o que se passa pelo mundo.

O último sacrifício de Marielle?

Por Boaventura Santos, Luis Lomenha e Scarlett Rocha, no site Outras Palavras:

Marielle Franco sacrificou a sua vida pela luta contra o racismo, o sexismo, a injustiça social e a captura do Estado pelo crime organizado. A nobreza e a coragem da sua luta impressionaram todos os que a conheceram, independentemente de posições políticas, e o seu bárbaro assassinato abalou o mundo. Infelizmente, este não foi o seu último sacrifício. Logo depois da sua morte assistimos ao espetáculo macabro de uma investigação criminal que quase investiga, que quase sabe quem a matou e mandou matar, que quase se dispõe a formular acusações e a julgar, mas cujo quase parece não terminar nunca.

Jair Messias vai para a quarentena?

Por Eric Nepomuceno

Três dias depois de Jair Messias, em sua turnê de vassalagem explícita ao seu ídolo Donald Trump, ter dito na Flórida que as notícias alarmantes sobre o coronavírus eram fantasia da grande mídia, o secretário Especial de Comunicação, Fabio Wajngarten, foi diagnosticado com a doença.

Conhecido por ter uma empresa que recebe dinheiro das mesmas emissoras de televisão a quem concede verbas mais que generosas, Wajngarten cometeu outra façanha: posou numa foto ao lado de Trump.

Se já estava com o coronavírus no tal jantar do espetáculo de submissão de Jair Messias e sua trupe é algo que não se sabe. Terá ele contaminado o ídolo do seu chefe?

Petardo: Dallagnol e as mutretas com os EUA

Por Altamiro Borges

Parceria The Intercept-Brasil e Agência Pública analisa novas conversas vazadas que confirmam a colaboração secreta e ilegal entre a midiática Lava-Jato e o Departamento de Justiça dos EUA (DoJ) e o FBI. O procurador do power point Deltan Dallagnol chefiou diretamente a mutreta.

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O acordo secreto com o Departamento de Justiça dos EUA previa o repasse de parte das multas do caso pra fundação que seria criada e chefiada pelos próprios procuradores. A reportagem da Vaza-Jato "é a prova mais contundente sobre a corrupção da Lava-Jato", garante o blogueiro Luis Nassif.

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Como afirma Luis Nassif, os novos vazamentos "revelam a prova definitiva da corrupção da Lava-Jato: os acordos ocultos com o Departamento de Justiça e procuradores com o objetivo de negociar parte das multas, definir sua aplicação e receber sua parte na forma de palestras pagas".

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quinta-feira, 12 de março de 2020

Atos em todo país por Marielle e Anderson

Coronavírus e a hora da verdade de Bolsonaro

A multiplicação dos evangélicos no Brasil

Coronavírus e a pandemia econômica

Paulo Guedes na contramão do mundo

O Congresso e o medo de Bolsonaro

Por Tereza Cruvinel, no site Brasil-247:

Um bárbaro chegou ao poder, não para nos governar, mas para desfilar sua ignorância, para alimentar o ódio de suas hordas, para se refestelar com o rastro de infelicidade em sua passagem, para destruir as instituições em que não acredita e que considera um estorvo. Neste momento ele investe contra a crença nas eleições, denunciando fraudes nas eleições que venceu, pavimentando o caminho para evitar as próximas, e se elas acontecerem, para só aceitar como resultado a sua vitória. Já havia dito isso em 2018. Mas investe sobretudo contra o Congresso, que nesta semana começa a se render ao medo.

Coronavírus e desemprego: é urgente agir!

Por Clemente Ganz Lúcio, no site Brasil Debate:

O sistema produtivo está cada vez mais travado em decorrência das quarentenas que exige o tratamento para o coronavírus. Sem trabalhar, a economia desacelera, o fluxo de produção para e deixa de gerar riqueza (bens e serviços) e renda (lucros, salários e impostos). Os impactos desse travamento se retroalimentam com a queda no consumo das famílias, das empresas e dos governos. Sem produção de insumos, a produção industrial mundialmente integrada entra em colapso. Esse processo se agrava com a crise financeira mundial em curso antes da pandemia.

Presos vão pagar suas despesas nas prisões?

Por Jordana Pereira, no site de Fundação Perseu Abramo:

Na última semana a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou Projeto de Lei (PL) n° 580/2015 do então senador Waldemir Moka (MDB-MS).

O PL altera a Lei de Execução Penal e obriga presos a pagarem por suas despesas na prisão. O senador e relator do projeto Alessandro Vieira (Cidadania-SE) apresentou um substitutivo, ainda na Comissão de Constituição e Justiça em fevereiro, que detalha mais as regras. O pagamento deverá ser feito via depósito em conta judicial. Se não for feito, as despesas se tornam dívida ativa da Fazenda Pública. A cobrança também recairia sobre os presos provisórios (34% da população carcerária, segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, o Depen) e, em caso de absolvição, o dinheiro seria devolvido. Caso o detento não tenha recursos próprios, “o ressarcimento independerá do oferecimento de trabalho pelo estabelecimento prisional”.

Frente ao colapso, uma tentação perigosa

Por José Luís Fiori e William Nozaki, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

"Em momentos como este, é bom lembrar aos “cruzados” uma velha lição da história, a respeito das “guerras santas”, entre pequenos “peões militares” terceirizados pelas grandes potências: depois que começam, elas não costumam ter fim". J.L. Fiori, Geopolítica e Fé, JB, janeiro de 2019

Basta ligar dois pontos para desenhar uma reta. Mas no caso da economia brasileira são muitos pontos numa mesma direção, apesar de as autoridades insistirem em desconhecê-los, iludindo-se com a ideia de uma retomada que nunca existiu e nem nunca esteve no horizonte. Tudo isso muito antes e independentemente da pandemia de coronavírus, da guerra de preços do petróleo e da recessão mundial que deverá ocorrer, piorando a situação. De forma que hoje a única dúvida que existe é se o desastre a frente assumirá a forma de uma estagnação prolongada, acompanhada da destruição da indústria e de seu mercado de trabalho, ou a forma pura e simples de um colapso, com a desintegração progressiva da infraestrutura, dos serviços públicos e do próprio tecido social.

Religião une bolsonarismo e neoliberalismo

Por Gustavo Freire Barbosa, na revista CartaCapital:

Que a idolatria religiosa neoliberal nunca teve vergonha, isso não é novidade. E se não há constrangimento em se agarrar às platitudes românticas do livre-mercado, há menos ainda em ficar reverberando mitos que, se jogados no oxigênio, ressecam até se tornar o pó de uma ideologia cujo maior trunfo parece ser o de acusar de ideológico quem lhe é diferente.

Um desses mitos é o de que a geração de empregos está diretamente condicionada à diminuição de direitos, regra número dois da cartilha Paulo Guedes/Bolsonaro (a primeira é a identificação afetiva com a carnificina de Pinochet). Foi este devaneio que serviu de matéria-prima aos defensores da reforma trabalhista.

Cuba lidera testes contra o coronavírus

Da Rede Brasil Atual:

No mundo todo, laboratórios públicos e privados, inclusive grandes corporações farmacêuticas e até startups do setor, investem no desenvolvimento de uma vacina capaz de proteger a população contra o coronavírus. Mas embora ainda não tenham chegado a um imunizante totalmente eficaz, os laboratórios de Cuba são os que estão em fases mais avançadas de testes.

“Cuba tem um sistema universal de saúde, com grande capacidade de organização e de coordenação de ações, de modo que é um país que tem condições de enfrentar essa situação como pouquíssimos países têm. A perspectiva em Cuba é muito melhor que em qualquer outro país que não tenha um sistema público universal”, diz o professor de Medicina na Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas (SP) Pedro Tourinho, enfatizando que a vacina ainda está em desenvolvimento.

Defensores da saúde pública, uni-vos!

Por Jandira Feghali, no site Mídia Ninja:

O Sistema Único de Saúde (SUS) foi construído a partir de um debate intenso com a sociedade. Houve um tempo em que os que não tinham carteira assinada eram tratados como indigentes e lhes era negado o acesso aos serviços públicos de saúde. Inscrever a saúde como direito de todos e dever do Estado na Constituição, universalizando o acesso, foi uma enorme conquista. Responsavelmente foram garantidas fontes plurais para os objetivos estabelecidos.

Começou a se travar, a partir daí, uma luta de resistência e avanços, a depender do governo que estava no comando da nação. Desde tentativa de desconstitucionalização do SUS, até profundas asfixias financeiras.

quarta-feira, 11 de março de 2020

As brigas no laranjal de Bolsonaro

Jornalista é torturado na Bolívia

Foto: Prensa Latina
Por Leonardo Wexell Severo

O jornalista Rene Huarachi, da Rádio e Televisão Bartolina Sisa, foi perseguido, preso e torturado pela polícia boliviana após documentar na última quinta-feira as crianças do Colégio 25 de Julho, de Senkata, em El Alto, recebendo nuvens de bombas de gás lacrimogêneo próximas aos protestos contra a presença da autoproclamada presidenta Jeanine Áñez. Com cerca de mil estudantes, a escola necessitou ser evacuada pelos professores, em meio ao choro e ao medo dos pequenos.

O coronavírus e o fim do voo de galinha

Por Paulo Nogueira Batista Jr., no site da Fundação Maurício Grabois:

Na mídia brasileira e mundial, abundam comentários e previsões de economistas sobre o impacto do coronavírus. Posso acrescentar mais alguns? A minha relutância decorre do fato de que nós, economistas, pouco sabemos de questões de saúde, obviamente. E, pior, temos pouco ou nenhum acesso ao futuro. O futuro para nós é um ilustre desconhecido com quem apenas fingimos certa intimidade, por motivos estritamente comerciais, como o leitor bem pode imaginar.