sexta-feira, 19 de março de 2010

A sede da Veja e o mistério da Previ



O sítio “Os amigos do presidente Lula” deu mais um show de jornalismo investigativo. Tornou público que a atual sede do Grupo Abril, num luxuoso edifício na zona sul da capital paulista, foi uma “dádiva” do triste reinado tucano. O prédio pertence ao fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Previ, e foi alugado para a famíglia Civita em abril de 1997. Ninguém conhece os valores da locação e o império midiático evita fazer alarde sobre este negócio constrangedor.

“Limite da nossa irresponsabilidade”

O contrato foi fechado durante o governo FHC. Na época, a Previ estava sob influência direta de Ricardo Sérgio de Oliveira, diretor do Banco do Brasil e ex-tesoureiro de FHC e do candidato derrotado José Serra. A locação se deu no mesmo período do criminoso processo de privatização das teles, que a revista Veja defendeu fervorosamente. Numa escuta telefônica, Ricardo Sérgio revelou os seus temores ao então ministro das Comunicações, Luis Carlos Mendonça de Barros:

“Estamos no limite da nossa irresponsabilidade”, alertou, após informar sobre a fiança de R$ 874 milhões ao Banco Opportunity para a negociata Embratel-Telemar. O ministro de FHC não se intimidou e defendeu a ajuda ao banqueiro Daniel Dantas. “É isso aí, estamos juntos”. Aliviado, Ricardo concluiu: “Na hora que der merda, estamos juntos desde o início”. As maracutaias da privataria nunca foram denunciadas pela Veja, agora bem instalada no luxuoso prédio da Previ.

O silêncio cúmplice da mídia

Até onde foi o ‘limite da irresponsabilidade’ no contrato entre a Previ e o Grupo Abril, questiona o vigilante sítio. A famíglia Civita nunca respondeu à questão, até porque seria difícil explicar os constantes ataques da Veja aos que “mamam nas tetas do Estado”. Os termos da locação da sede continuam em sigilo. Durante o plebiscito do desarmamento, em 2005, o jornal Estadão chegou a noticiar que o prédio pertenceria a Daniel Birmann, dono da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC), o que explicaria a furiosa campanha da revista Veja contra a proibição das armas.

A matéria do Estadão, “Locador da Abril e voto da Veja”, foi rechaçada numa nota lacônica: “O Edifício Birmann 21, na Marginal de Pinheiros, que abriga a sede da Editora Abril, não pertence à família Birmann. O prédio foi locado da Previ – Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil – em 30 de abril de 1997”. Mas a famíglia Civita nunca informou os termos do sinistro contrato, como valores e prazos. O assunto foi abafado e os donos da mídia preferiram o silêncio cúmplice.

Famíglia Civita mantém o segredo

Sabe-se que o edifício, o 11º mais alto do país, é um dos mais luxuosos de São Paulo. É dotado de heliporto e conta com várias modernidades tecnológicas. Roberto Civita, o chefão da Abril e freqüentador das conspirações da Casa Millenium, até andou se gabando da aquisição. No local, o dono deste império midiático recebe, com “bons vinhos e um excelente chefe de cozinha”, seus amigos ilustres. FHC, Serra, Aécio Neves, Gilmar Mendes, entre outros, costumam freqüentar o local para trocar idéias sobre política – ou melhor, para conspirar contra a democracia.

Apesar da suntuosidade, o Grupo Abril mantém discrição sobre o edifício e sobre o contrato com a Previ. “A primeira edição da Veja com a redação nas novas instalações foi em 24 de dezembro de 1997. É estranho que a revista não tenha publicado nenhuma nota a respeito da mudança para a nova sede. A menos que o negócio seja obsceno e que precisasse ser mantido obscuro, qualquer revista se orgulharia de mudar-se para novas instalações e faria questão de comunicar ao leitor, ainda mais em se tratando de um majestoso edifício, um marco arquitetônico em São Paulo”, ironiza o sítio “Os amigos do presidente Lula”, que novamente marcou um golaço.

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quinta-feira, 18 de março de 2010

Presente de aniversário para José Serra

Amanhã, 19 de março, José Serra completa 68 anos. Nos últimos dias, ele só recebeu péssimas notícias: caiu nas pesquisas, enquanto Dilma Rousseff teve um crescimento vertiginoso; a greve dos professores ganhou força; manifestantes lançaram ovos contra a sua comitiva; ninguém topa ser seu vice. Para aliviar a barra na data do seu aniversário, o jornalista Paulo Henrique Amorim, do sítio Conversa Afiada, publicou uma bela poesia enviada por um internauta. Um gesto singelo e carinhoso. Reproduzo o poema, inspirado na música “Águas de março” de Tom Jobim:


É Zé, é pedágio, é o fim do caminho
É um resto de estrada, só paga um tiquinho
É um morro caindo, é a chuva, é a lama
É a noite, é a morte, é a enxurrada, é a administração do prefeito que nada sabe.
É alagado no Romano, é no Jardim Pantanal
Tietê, marginal, é toda capital
É um morro caindo, sem contenção
É barro no rosto, são corpos no chão
É a chuva caindo, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, é a quebradeira
É a chuva chovendo, é desespero na ribeira
E as represas da Sabesp, soltando a lameira
Era um pé, era são, se encheu de bicheira depois que secou toda lameira
Era um tucano abusado, bem garbosão
Gostava de jato, mas se estrepou no nortão
Era uma ave boêmia que afundou na eleição
É o fundo do bolso, é pedágio no caminho
No bolso o desgosto, ficou zeradinho
É estúpido, é estúpido, é um pedágio, é um pedágio
É um pingo pingando, é um desespero aqui dentro, lá vem de novo o dilúvio da Serra Tuitera
É um peixe, é um visa, é um HC de “bobeira”
É a bicicleta da Soninha, sem a roda traseira
É a bicheira, é o rato, é a tábua quebrada
É a garrafa vazia, da radialista chapada
Era um sonho de casa, era uma cama macia
É o carro perdido, na lama, na lama
Era um bom lugar, tinha uma ponte bacana, um rio com peixes, nas margens tinha grama
Agora é um resto de mato, destroços e lama
É o fim dos tucanos no próximo verão
E a promessa de surra na próxima eleição.
É uma cobra, é um poste, é Gilberto, é José
É um espinho na carne, de toda cidade
É o fim dos tucanos no próximo verão
E a promessa de surra na próxima eleição.

(Tom, mil perdões!!!)

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Blog da reforma agrária já está no ar

http://www.reformaagraria.blog.br/

Estreou nesta quinta-feira, dia18, o blog da rede de comunicadores em apoio à reforma agrária e contra a criminalização dos movimentos sociais. Está foi uma das decisões da reunião de montagem da rede, que ocorreu na semana passada na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e que teve a presença de cerca de 100 pessoas, entre jornalistas, radialistas, blogueiros, estudantes e radiodifusores comunitários.

Um dos objetivos editoriais do blog é monitorar dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI), instalada no final do ano passado por imposição da bancada ruralista que visa criminalizar os lutam por terra no país. A nova página também servirá para divulgar experiências bem sucedidas de reforma agrária, de assentamentos rurais e de agricultura familiar, que a mídia privada omite. Ela terá sessões fixas, como o raio-x do latifúndio, impactos do agronegócio, quem apóia a reforma agrária, entre outras.

O blog pretende ser um ponto de referência para outros sítios, blogs e publicações que tratam deste tema. Ele é aberto à colaboração de todos os que entendem a urgência da reforma agrária e que não aceitam a criminalização da luta pela terra promovida pelos latifundiários do campo e da mídia. Para aderir à rede de comunicadores basta acessar a página e fazer o cadastro. Contribua com textos, fotos, vídeos. Os responsáveis pelo blog são os signatários do manifesto de criação da rede. Reproduzo o manifesto abaixo:


Está em curso uma ofensiva conservadora no Brasil contra a reforma agrária, e contra qualquer movimento que combata a desigualdade e a concentração de terra e renda. E você não precisa concordar com tudo que o MST faz para compreender o que está em jogo.

Uma campanha orquestrada foi iniciada por setores da chamada “grande imprensa brasileira” – associados a interesses de latifundiários, grileiros - e parcelas do Poder Judiciário. E chegou rapidamente ao Congresso Nacional, onde uma CPMI foi aberta com o objetivo de constranger aqueles que lutam pela reforma agrária.

A imagem de um trator a derrubar laranjais no interior paulista, numa fazenda grilada, roubada da União, correu o país no fim do ano passado, numa ofensiva organizada. Agricultores miseráveis foram presos, humilhados. Seriam os responsáveis pelo "grave atentado". A polícia trabalhou rápido, produzindo um espetáculo que foi parar nas telas da TV e nas páginas dos jornais. O recado parece ser: quem defende reforma agrária é "bandido", é "marginal". Exemplo claro de “criminalização” dos movimentos sociais.

Quem comanda essa campanha tem dois objetivos: impedir que o governo federal estabeleça novos parâmetros para a reforma agrária (depois de três décadas, o governo planeja rever os “índices de produtividade” que ajudam a determinar quando uma fazenda pode ser desapropriada); e “provar” que os que derrubaram pés de laranja são responsáveis pela “violência no campo”.

Trata-se de grave distorção.

Comparando, seria como se, na África do Sul do Apartheid, um manifestante negro atirasse uma pedra contra a vitrine de uma loja onde só brancos podiam entrar. A mídia sul-africana iniciaria então uma campanha para provar que a fonte de toda a violência não era o regime racista, mas o pobre manifestante que atirou a pedra.

No Brasil, é nesse pé que estamos: a violência no campo não é resultado de injustiças históricas que fortaleceram o latifúndio, mas é causada por quem luta para reduzir essas injustiças. Não faz o menor sentido...

A violência no campo tem um nome: latifúndio. Mas isso você dificilmente vai ver na TV. A violência e a impunidade no campo podem ser traduzidas em números: mais de 1500 agricultores foram assassinados nos últimos 25 anos. Detalhe: levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) mostra que dois terços dos homicídios no campo nem chegam a ser investigados. Mandantes (normalmente grandes fazendeiros) e seus pistoleiros permanecem impunes.

Uma coisa é certa: a reforma agrária interessa ao Brasil. Interessa a todo o povo brasileiro, aos movimentos sociais do campo, aos trabalhadores rurais e ao MST. A reforma agrária interessa também aos que se envergonham com os acampamentos de lona na beira das estradas brasileiras: ali, vive gente expulsa da terra, sem um canto para plantar - nesse país imenso e rico, mas ainda dominado pelo latifúndio.

A reforma agrária interessa, ainda, a quem percebe que a violência urbana se explica – em parte – pelo deslocamento desorganizado de populações que são expulsas da terra e obrigadas a viver em condições medievais, nas periferias das grandes cidades.

Por isso, repetimos: independente de concordarmos ou não com determinadas ações daqueles que vivem anos e anos embaixo da lona preta na beira de estradas, estamos em um momento decisivo e precisamos defender a reforma agrária.

Se você é um democrata, talvez já tenha percebido que os ataques coordenados contra o MST fazem parte de uma ofensiva maior contra qualquer entidade ou cidadão que lutem por democracia e por um Brasil mais justo.

Venha refletir com a gente:

- por que tanto ódio contra quem pede, simplesmente, que a terra seja dividida?

- como reagir a essa campanha infame no Congresso e na mídia?

- como travar a batalha da comunicação, para defender a reforma agrária no Brasil?

É o convite que fazemos a você.

Assinam:

- Alcimir do Carmo.

- Altamiro Borges.

- Ana Facundes.

- André de Oliveira.

- André Freire.

- Antonio Biondi.

- Antonio Martins.

- Bia Barbosa.

- Breno Altman.

- Conceição Lemes.

- Cristina Charão.

- Cristovão Feil.

- Danilo Cerqueira César.

- Dênis de Moraes.

- Emiliano José.

- Emir Sader.

- Flávio Aguiar.

- Gilberto Maringoni.

- Giuseppe Cocco.

- Hamilton Octavio de Souza.

- Henrique Cortez.

- Igor Fuser.

- Jerry Alexandre de Oliveira.

- Joaquim Palhares.

- João Brant.

- João Franzin.

- Jonas Valente.

- Jorge Pereira Filho.

- José Arbex Jr.

- José Augusto Camargo.

- José Carlos Torves.

- José Reinaldo de Carvalho.

- José Roberto Mello.

- Ladislau Dowbor.

- Laurindo Lalo Leal Filho.

- Leonardo Sakamoto.

- Lilian Parise.

- Lúcia Rodrigues.

- Luiz Carlos Azenha.

- Márcia Nestardo.

- Marcia Quintanilha.

- Maria Luisa Franco Busse.

- Mario Augusto Jacobskind.

- Miriyám Hess.

- Nilza Iraci.

- Otávio Nagoya.

- Paulo Lima.

- Paulo Zocchi.

- Pedro Pomar.

- Rachel Moreno.

- Raul Pont.

- Renata Mielli.

- Renato Rovai.

- Rita Casaro.

- Rita Freire.

- Rodrigo Savazoni.

- Rodrigo Vianna.

- Rose Nogueira.

- Rubens Corvetto.

- Sandra Mariano.

- Sérgio Caldieri.

- Sérgio Gomes.

- Sérgio Murilo de Andrade.

- Soraya Misleh.

- Tatiana Merlino.

- Terezinha Vicente.

- Vânia Alves.

- Venício A. de Lima.

- Verena Glass.

- Vito Giannotti.

- Wagner Nabuco.


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Kátia Abreu para vice do decadente Serra

A mais recente pesquisa do Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), deve ter causado insônia, no mínimo, em duas pessoas. Carlos Augusto Montenegro, o chefão do instituto tucano, havia jurado à revista Veja que a candidata Dilma Rousseff dificilmente passaria dos 15% nas pesquisas. Além de ser motivo de chacota no futebol carioca, após levar o seu time à segunda divisão, ele agora é ridicularizado pelos palpites infelizes – e tendenciosos – no Ibope.

Já o presidenciável José Serra, que é notívago, teve sua insônia agravada. A pesquisa confirmou sua queda e, pior, o crescimento vertiginoso de Dilma Rousseff. Ela indica que o tucano caiu três pontos, patinando nos 35% das intenções de votos, e que a petista subiu 13 pontos desde a última pesquisa do Ibope/CNI em dezembro – pulando para 30%. Além disso, ela revela que 53% dos brasileiros preferem votar na candidata apoiada por Lula, que bate novo recorde de popularidade.

Procura-se um candidato a vice

A pesquisa do instituto tucano causou frisson nos meios políticos, já que chefão do Ibope não é muito confiável. Ela demorou para ser divulgada e frustrou boatos que corriam nas redações da própria mídia demotucana. No seu blog da revista Veja, Lauro Jardim já havia antecipado que “o PSDB saiu-se mal em uma pesquisa nacional de intenção de voto. Ela mostra empate técnico de José Serra e Dilma Rousseff, mas com a petista um ponto percentual à frente”. Outra pesquisa, esta encomendada pelo PT, apontou pela primeira vez Dilma com três pontos à frente de Serra.

Apesar do risco de manipulação – Ulysses Guimarães costumava brincar que “a margem de erro das pesquisas é a margem de lucro” dos institutos –, o resultado do Ibope deve agravar o inferno astral da oposição liberal-conservadora. Sem programa e sem discurso, ela está perdida e metida em graves crises internas. Na semana passada, Aécio Neves enterrou a dobradinha dos sonhos de Serra. Até o portal da Globo, o G1, lamentou o desenlace. “O lançamento da pré-candidatura de Aécio ao Senado praticamente elimina a possibilidade da chapa-pura do partido à Presidência”.

“Ou disputa ou sai da vida pública”

Outro tucano sondado para ser vice, o senador “jagunço” Tasso Jereissati, também fez questão de recusar publicamente o convite. No início de março, em plena campanha eleitoral – que a mídia evita criticar –, Serra esteve na festa da uva em Caxias do Sul, ao lado de outra “potencial” vice, Yeda Crusius. Mas ele preferiu ficar bem distante da governadora deste estratégico estado, que se esforça para arrumar a casa – ou melhor, a mansão – após várias denúncias de corrupção. Para piorar, o PMDB local, que batia asas para os tucanos, sinalizou que deve apoiar Dilma Rousseff.

Diante destas agruras, José Serra até vacilou em ser candidato. Temia perder a briga presidencial e, de quebra, entregar o governo paulista para o seu rival, o traído e ressentido Geraldo Alckmin. Mas ele não tem como fugir da raia – ou do cadafalso! Serra é a alternativa que restou ao bloco neoliberal-conservador. Tanto que o Estadão, um jornal tucano-xiita, pressiona: “A relutância em assumir sua legítima aspiração, pela qual trabalha em surdina, já faz com que se diga que ele não tem medo do poder – tem medo do voto... A esta altura, ou ele disputa o Planalto ou sai da vida pública... A oposição precisa de um candidato que vá para a batalha pela porta da frente”.

Demo ruralista-feudal para vice

O jeito, então, é procurar um vice na seara, ou inferno, dos demos. É certo que também aí a coisa está feia. O “vice-careca” José Roberto Arruda, tão paparicado por Serra, FHC e outros tucanos, permanece preso em Brasília e deverá ser afastado do governo do Distrito Federal. O DEM está em baixa, não tem outros governadores, perdeu dezenas de deputados nas últimas eleições e não possui outras lideranças ascendentes. Sobra, então, a líder dos ruralistas, a senadora Kátia Abreu. O Correio Braziliense inclusive já incluiu o seu nome na lista dos vices demos do tucano Serra.

É certo que a parlamentar do Tocantins é uma das expressões mais grotescas do atraso na política nativa e representa o latifúndio – parte dele travestido de “moderno” agronegócio –, a grilagem, o trabalho escravo e infantil e a contratação de capangas. É certo, também, que ela é motivo de galhofa até no Senado, onde já foi apelidada pelos seus próprios pares de Ivete Sangalo, “graças ao seu jeito barulhento de fazer política”, segundo excelente reportagem de Diego Escosteguy, publicada na insuspeita revista Veja em julho de 2008 – mas que pode ser “arquivada”.

“Fortes evidências” de crime eleitoral

É certo, ainda, que pairam dúvidas sobre a honestidade da nova estrela dos demos. “A Veja teve acesso a documentos internos da CNA [Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária] que apontam fortes evidências de que a entidade bancou ilegalmente despesas da campanha dela ao Senado. A papelada revela que a CNA pagou R$ 650 mil à agência Talento, em agosto de 2006 – na mesma ocasião em que essa empresa prestava serviços de publicidade à campanha de Kátia Abreu ao Senado”, detalhou o artigo “Tem boi na linha”, de Diego Escosteguy.

Estas e outras sujeiras, porém, podem ser apagadas pela mídia demotucana. No seu esforço para evitar a continuidade do ciclo progressista aberto por Lula e garantir o retorno ao neoliberalismo, a mídia fará de tudo para transformar o tucano José Serra num exemplo de “gestor moderno” e a demo Kátia Abreu numa liderança do “moderno agronegócio”. É certo que será difícil convencer os eleitores. Mas não custa tentar. A campanha seria bem mais divertida com uma chapa Serra-Kátia, a dobradinha do vampiro com a Ivete Sangalo.

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quarta-feira, 17 de março de 2010

Serra é “ovocionado” pelos professores



Pior do que quarta-feira de cinzas. Além do instituto tucano Ibope confirmar a sua queda nas pesquisas (-3%) e o crescimento meteórico de Dilma Rousseff (+13%), José Serra ainda foi recebido hoje (17) com ovos em Francisco Morato, onde inaugurou uma escola técnica – será que a mídia o criticará pela campanha eleitoral antecipada? Em greve e revoltados com sua intransigência, os professores “ovocionaram” o governador, atingindo a traseira do veículo oficial. O presidenciável tucano ainda teve que ouvir a galera gritando: “Serra, a culpa é sua, o professor está na rua” e, pior, “Brasil urgente, Dilma presidente”. Etâ quarta-feira brava!

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Lula em Israel e os sionistas da mídia

A política externa do governo brasileiro, bem mais altiva e soberana, é um dos principais alvos da fúria oposicionista da mídia colonizada. Na sua visita ao Oriente Médio, o presidente Lula foi novamente motivo das críticas de alguns colunistas de aluguel – talvez influenciados por lobistas sionistas. A sua recusa em visitar o túmulo de Théodor Herzl, fundador do sionismo e inspirador das ações terroristas de Israel, foi tratada como “uma gafe”, um “erro diplomático imperdoável”.

Noblat omite e estimula a cizânia

O blogueiro oficial da Globo, Ricardo Noblat, foi um dos primeiros a alardear que “Lula provoca incidente diplomático em Israel”. A sua fonte foi o ministério das Relações de Israel, dirigido por um direitista convicto, que condenou o “desrespeito o protocolo do país”. Para instigar a cizânia, ele ainda noticiou que “Lula pretende depositar flores no túmulo de Yasser Arafat”, mas deixou de informar que também homenagearia as vítimas do holocausto. Diante das críticas que recebeu em seu blog, o irritadiço Noblat ainda desqualificou os seus leitores, tratando-os de “levianos”.

A “informação” de Noblat e de outros veículos foi totalmente tendenciosa. O governo brasileiro não cometeu “gafes” em Israel, apenas rejeitou uma manobra da diplomacia sionista, que incluiu a visita à tumba de Théodor Herzl sem prévia consulta. A mídia colonizada preferiu mentir. Nem sequer informou que vários chefes de Estado, inclusive o francês Nicolas Sarkozy, também já se recusaram a visitar o túmulo do “pai do sionismo”. A mídia evitou até criticar o gesto grosseiro de Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores, que boicotou a comitiva brasileira.

A “dupla moral” da mídia colonizada

No afã de combater a política externa brasileira, principalmente num ano eleitoral, a mídia venal preferiu ouvir raivosos sionistas, defensores do “holocausto palestino”. Ela deu pouco destaque ao contundente discurso de Lula, feito em pleno parlamento israelense, o Knesset, em defesa da criação do Estado Palestino, “independente, soberano, coeso e economicamente viável... Temos urgência em ver israelenses e palestinos vivendo em harmonia. Recusamos o mito de que estão fadados ao conflito, de que seus filhos estão condenados à irracionalidade da guerra”.

O atual bombardeio revela toda a hipocrisia da mídia colonizada. Ela prega “direitos humanos” em Cuba, mas silencia diante dos crimes dos EUA e do seu satélite no Oriente Médio. Segundo o jornalista Breno Altman, do sítio Opera Mundi, a imprensa padece de “dupla moral” ao satanizar Cuba e ao não informar que Israel “é um dos países com maior número de presos políticos no mundo, cerca de onze mil detentos, incluindo crianças, a maioria sem julgamento... Mais de 800 mil palestinos foram aprisionados desde 1948. As detenções atingiram também autoridades palestinas: 39 deputados e nove ministros foram seqüestrados desde junho de 2006”.

O lobby sionista nas redações

Breno lembra que “naquele país a tortura foi legitimada por uma decisão da Corte Suprema, que autorizou a utilização de ‘táticas dolorosas de interrogatório de presos sob custódia do governo’” e que Israel desrespeitou todas as decisões da ONU sobre partilhas dos territórios. “Mais de 750 mil palestinos foram expulsos de seu país desde então. Israel demoliu número superior a 20 mil casas de cidadãos não-judeus apenas entre 1967 e 2009. Construiu, a partir de 2004, um muro com 700 quilômetros de extensão, que isolou 160 mil famílias palestinas, colocando as mãos em 85% dos recursos hídricos das áreas que compõem a atual Autoridade Palestina”.

Diante destes fatos inquestionáveis, nada justifica as “gafes” de alguns colunistas. É sabido que os lobbies sionistas freqüentam assiduamente as redações de vários veículos, mas os jornalistas deveriam ter mais de dignidade e ética profissional no trato deste delicado tema. Daí a justificada indignação de Breno Altman contra a “dupla moral” dos meios de comunicação e dos políticos conservadores. “Nada se ouve tampouco de alguns personagens presumidamente progressistas, sempre tão céleres quando se trata de apontar o dedo acusador contra a revolução cubana”.

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terça-feira, 16 de março de 2010

Nassif, PHA, Azenha e Frô na mira da direita

Reproduzo abaixo impressionante denúncia de Luis Nassif, publicada no seu blog com o título “a guerra política sem quartel – em observação”:


No dia 29 de dezembro passado recebi e-mail de um leitor, com informações sobre a guerra política a ser deflagrada este ano pela Internet.

Segurei as informações que me foram passadas, até ter uma ideia mais clara sobre os desdobramentos e conferir se as informações se confirmariam. Aparentemente estão se confirmando.

No final do ano passado, a FSB – empresa de assessoria de comunicações – foi incumbida pelo governador José Serra de preparar a guerra política na Internet, especificamente nas redes sociais. A empresa tem um contrato formal com a Sabesp e, aparentemente, outro com a Secretaria de Comunicação. Pensou-se em um terceiro contrato, com o Centro Paula Souza. Debaixo desses contratos, encomendou-se o trabalho.

Houve reunião em Brasília e a coordenação foi entregue ao jornalista Gustavo Krieger.

A primeira avaliação foi a de que a campanha anterior, pela Internet, tinha sido muito rancorosa e afastado o eleitorado. A nova estratégia consistiria em desviar os ataques para blogs críticos de Serra. Inicialmente, definiram-se quatro blogs: este, o do Paulo Henrique, o do Azenha e o da Maria Frô. Pessoas que tiveram acesso às informações da reunião não conheciam o da Maria Frô e estranharam sua inclusão. Mas quem incluiu conhecia.

Indaguei se, eventualmente, não poderia ser um monitoramento das análises, para se produzir argumentos contrários. Mas a fonte me garantiu que a ideia seria preparar ataques contra os quatro blogs através de um conjunto de blogueiros e twitteiros arregimentados na blogosfera: os «mercenários», como a fonte os definia.

O trabalho preliminar teria doze pessoas de escritórios de diferentes lugares do país. Durante o ano, a equipe seria enxugada, mas seriam mantidas cinco pessoas permanentemente dedicando-se à ofensiva contra esses blogs e outros que estavam em fase de avaliação. Haveria também a assessoria do ex-chefe de gabinete da Soninha – que está sendo processado por montar sites apócrifos injuriosos – e que se tornou o twitteiro de Serra.

Coloco a nota "em observação" porque, antes, busquei informações sobre Krieger e recebi avaliações positivas dele. Fica a ressalva.

Mas movimentações recentes em Twitters e Blogs indicam uma grande coincidência com o que me foi relatado. Especialmente o fato de parte relevante dos ataques contra os demais blogs estarem sendo produzidas justamente pelo assessor de Serra.

Lembro o seguinte: uma hora a guerra acaba. Passadas as eleições, os comandantes ensarilharão as armas e celebrarão a paz. Sobrará para os guerreiros contratados, que poderão ter sua imagem manchada indelevelmente. E, especialmente, para quem trabalha com comunicação corporativa.

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A greve que as TVs não mostram ou deturpam



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Contra Dilma, Veja apela para bandidos

A Casa Millenium, que reúne a lama da direita midiática nativa, deveria instituir um prêmio para os seus freqüentadores mais sádicos. A revista Veja já é uma forte concorrente. Logo após o seu convescote, ela já produziu duas capas espalhafatosas contra a campanha de Dilma Rousseff. Na primeira, utilizou como “fonte primária” o promotor José Carlos Blat, que foi desautorizado pela Justiça de chofre. Já nesta semana, ela acionou Lúcio Bolonha Funaro, famoso doleiro do rentista Naji Nahas e “sócio” do ex-governador José Roberto Arruda, que permanece preso em Brasília.

As denúncias requentadas do promotor não duraram uma semana. O juiz Carlos Eduardo Franco negou o pedido de Blat de bloqueio das contas da Cooperativa Habitacional dos Bancários e até recusou a quebra do sigilo bancário do ex-presidente da Bancoop, João Vaccari. No despacho, o juiz argumenta que as denúncias de Blat não podem ser “contaminadas” pelo ambiente eleitoral e nem servir à manipulação da sociedade. A revista Veja, que já havia arquivado a sua reportagem de fevereiro de 2005 com relatos dos podres de Blat, preferiu agora ocultar a bronca do juiz.

A ficha suja de Funaro

Mas a famíglia Civita não dará sossego a Dilma Rousseff e seguirá a estratégia traçada nas orgias da Casa Millenium. Para isto, usará os expedientes mais torpes, como ouvir notórios bandidos. A “fonte primária” da Veja desta semana, Lúcio Funaro, tem vastíssima ficha policial. No passado, esteve metido no escândalo do Banestado. Já na Operação Satiagraha, a Polícia Federal o acusou de ser doleiro de Naji Nahas, responsável por remessas ilegais de dinheiro ao exterior. Só não foi preso porque Gilmar Mendes, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, deu-lhe habeas corpus.

Lúcio Funaro também se lambuzou no escândalo do “mensalão do DEM” de Brasília. Em duas investigações assumidas pela Polícia Federal e pelo Ministério Público, ele é citado como pivô da remessa de altas somas para contas de firmas de fachada. A Operação Tucunaré revelou que sacolas de dinheiro eram distribuídas em hotéis do Distrito Federal. A empresa Royster Serviços, de Lúcio Funaro, seria uma das beneficiadas no esquema de corrupção do ex-governador demo José Roberto Arruda – o badalado “vice-careca” do tucano José Serra.

Ligações do doleiro com Serra

Apesar da sua ficha suja, a Veja requentou as denúncias de Funaro contra a Bancoop. Temendo a prisão, ele as apresentou em 2005, mas elas foram rejeitadas pela Justiça. Segundo João Vaccari, que novamente não foi ouvido pela Veja, “passados cinco anos, nunca fui chamado para prestar esclarecimentos no Ministério Público Federal, que não propôs ação contra mim”. Para ele, a nova “reporcagem” é mais um ataque “sem fundamentos ou provas”, que visaria influenciar a eleição presidencial deste ano – conforme a tática traçada no convescote da Casa Millenium.

Mas o desespero da famíglia Civita pode respingar no seu próprio candidato. A “fonte primária” da Veja pode reabrir antigas feridas de José Serra, que teria repassado informações privilegiadas ao doleiro Naji Nahas na venda de ações da empresa paulista de energia. Na ocasião, uma escuta telefônica da Polícia Federal ouviu o doleiro se jactando de que poderia ganhar “80 paus” (R$ 80 milhões) com a venda de ações. Sem papa na língua, ele revelou que “soube pelo próprio Serra a confirmação de que a Cesp seria privatizada”. Será que a Veja irá atrás desta história?