A revista Veja, inimiga hidrófoba dos movimentos sociais brasileiros, não perde mesmo a pose. Como publicação semanal, ela teve que esperar o restante da mídia atacar o 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes – a TV Globo levou um sociólogo medíocre para bater na UNE; a Folha publicou várias matérias agressivas e mentirosas; e o Estadão deu até editorial contra a entidade dos universitários. Quando foi editada, a publicação da famíglia Civita exagerou nos adjetivos reacionários e rancorosos para superar o atraso diante dos seus concorrentes.
A “reportagem” da Veja não tem sequer uma informação. É só opinião, e das mais venenosas. O repórter Gustavo Ribeiro foi mais realista do que o rei para puxar o saco dos Civita. Patético, ele afirma que a UNE “transformou-se em uma repartição financiada pelo governo para apoiar suas causas”. Ignorante, ele parece desconhecer as lutas travadas pela entidade por cortes drásticos na taxa de juros, pela exoneração de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, em apoio ao MST e à reforma agrária, ou em defesa do “petróleo é nosso”. Sem qualquer espírito crítico, o melancólico “jornalista” repete servilmente as teses de seus patrões. É um escravo domesticado!
Bajulador do presidenciável Serra
Noutro trecho, ele parece disputar o prêmio de “funcionário padrão” e bajulador-mor dos Civita. Afirma que “a UNE de hoje lembra o fervor patriótico da Juventude Hitlerista. Lembra também a squadristi, a tropa de choque infanto-juvenil do regime fascista italiano de Benito Mussolini. A UNE, a Juventude Hitlerista e os squadristi têm em comum a força da ausência da razão e o desejo de servir cegamente a um líder”. O hitlerista da Veja desconhece que os ativistas da UNE estão nas ruas e nas escolas lutando por um Brasil melhor e por mais verbas para a educação, enquanto ele tenta manipular e seduzir as camadas médias com seus artigos a serviço dos ricaços.
A bronca do “jornalista” é que a UNE não aderiu à CPI da Petrobras, criação dos demos-tucanos com objetivos eleitoreiros e entreguistas. Confessando suas opções políticas, ele elogia a gestão da UNE “quando foi presidida por José Serra, atual governador de São Paulo” e afirma que hoje a entidade “inova em sua servidão ao poder em troca de dinheiro”. Na verdade, Gustavo Ribeiro é que exagera no servilismo em troca de status e migalhas. Quem sabe, ele queira agradecer ao presidenciável tucano pela compra de assinaturas de revistas da Abril num contrato sinistro, que está sob investigação do Ministério Público Federal. É um puxa-saco pragmático, oportunista!
Desqualificação dos movimentos sociais
Na única “informação” sobre o 51º Congresso da UNE, a revista Veja desqualifica este fórum dos universitários – um dos representativos da sua história. Afirma que os presentes ao evento “deixaram a sua marca de rebeldia apenas depredando salas, destruindo mesas e abandonando garrafas de bebidas alcoólicas vazias e preservativos nas salas”. O deprimente “repórter” não se dignou a participar de um dos 25 grupos de trabalho que debateram vários temas de interesse da sociedade brasileira; não acompanhou as plenárias que aprovaram os planos de luta da entidade; não participou das passeatas e protestos organizados durante o congresso em Brasília.
Elitista e venal, a revista Veja preferiu criminalizar, mais uma vez, este combativo movimento da juventude – a exemplo do que faz recorrentemente contra o MST e as centrais sindicais. Para isso, a famíglia Civita acionou seu hitlerista de plantão, que envergonha a história do jornalismo e comprova que a mídia hegemônica não tem qualquer compromisso com a democracia.
terça-feira, 28 de julho de 2009
segunda-feira, 27 de julho de 2009
Presidente da UNE desafia a mídia venal
Em artigo publicado no sítio da revista CartaCapital, o novo presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, deixou explícito que a aguerrida entidade dos universitários está disposta a enfrentar a briga contra a ditadura midiática, que insiste em manipular a sociedade e satanizar os movimentos sociais. No ano da 1ª Conferência Nacional de Comunicação, marcada para dezembro, esta postura combativa sinaliza para um ativo engajamento da juventude na luta pela democratização dos meios de comunicação no país. Concluído o 51º Congresso da UNE, esta batalha passa a ser encarada como estratégica pela entidade máxima dos estudantes.
Diante dos ataques “maldosos e inescrupulosos” de boa parte da mídia à UNE, Augusto Chagas partiu para a ofensiva. Com argumentos sólidos, ele rechaçou todas as mentiras divulgadas pelos jornais e telejornais e desafiou os barões da mídia, que atacam a entidade por receber patrocínio das empresas estatais. “Declarem que de hoje em diante não aceitam um centavo de dinheiro público e faremos o mesmo. Da nossa parte, temos a certeza que seguiremos a nossa trajetória”. Será que os difamadores da mídia topam o desafio da UNE, que levaria à falência boa parte dos monopólios midiáticos do país? Abaixo, os principais trechos deste excelente artigo:
“Fidelidade aos ensinamentos de Goebbels”
A UNE acaba de sair do seu 51º Congresso, um dos mais importantes e o mais representativo da sua história. Mais de 2.300 instituições de ensino superior elegeram representantes a este fórum, contabilizando as impressionantes marcas de 92% das instituições envolvidas, mais de 2 milhões de votos nas eleições de base e de 4,5 milhões de universitários representados. Nosso congresso mobilizou estudantes de todo o país, que por cinco dias debateram o futuro do Brasil – popularização da universidade, reforma política, democratização da mídia, defesa do pré-sal, etc.
Se a imprensa brasileira trabalhasse a favor da democracia, esses assuntos seriam manchete em todos os jornais, rádios e canais de televisão e a disposição da juventude em lutar por um país melhor seria divulgada. No entanto, estes veículos nos dedicaram tratamento bem diferente nas duas últimas semanas. Cumprindo com fidelidade o ensinamento de Goebbels – uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade – a mídia escandalosamente busca subterfúgios para atacar a UNE, taxando-a de governista, vendida, aparelhada e desvirtuada de seus objetivos. Com isso, tenta impor a todos os seus pontos de vista, sem qualquer mediação ou abertura para apresentar o outro lado da notícia.
E os milhões da publicidade oficial?
Uma destas grosserias tem a ver com o recebimento de patrocínios de empresas públicas por parte da entidade. A UNE nunca recebeu recurso público para aplicá-lo no que bem entendesse. Recebe sim, e isto não se configura em nenhuma irregularidade, apoio para a construção de nossos encontros. Tampouco, estas parcerias comprometeram as posições políticas da entidade. Não nos impediu, por exemplo, de desenvolver uma ampla campanha – com cartazes, debates, passeatas e pronunciamentos – exigindo a demissão de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, que foi indicado por este mesmo governo. Não nos furtamos de apresentar nossas críticas ao MEC por sua conivência ao setor privado da educação, como no caso do boicote que convocamos ao ENADE por dois anos consecutivos.
Mas, onde estavam os jornais, as TVs, rádios e revistas para noticiar essas manifestações? Reunimos, em julho de 2007, mais de 20 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para pedir mudanças na política econômica do governo Lula e nenhuma nota foi publicada ou divulgada sobre isso. Os mesmos jornais que se horrorizam com o fato de termos recebido recursos para reunir 10 mil estudantes de todo o Brasil não parecem incomodados em receberem, eles próprios, um montante considerável de verbas publicitárias do governo federal. Em 2008, as verbas públicas destinadas para as emissoras de televisão foram de R$ 641 milhões, já os jornais receberam quase R$ 135 milhões.
Ora, por qual razão os patrocínios recebidos pela UNE corrompem nossas idéias enquanto todo este recurso em nada arranha a independência destes veículos? A UNE desafia cada um deles: declarem que de hoje em diante não aceitam um centavo em dinheiro público e faremos o mesmo! De nossa parte temos a certeza que seguiremos nossa trajetória! Com certeza não teremos resposta. Pois não é esta a questão principal. O que os incomoda e o que eles querem ocultar é a discussão sobre o futuro do Brasil e a opinião dos estudantes.
“Por uma comunicação mais justa e equilibrada”
Não querem lembrar que durante a década de 90 os estudantes brasileiros – em jornadas ao lado das centrais sindicais, do MST e de outros movimentos sociais - saíram às ruas para denunciar as privatizações, o ataque ao direito dos trabalhadores e a ausência de políticas sociais. Que foram essas manifestações que impediram o governo Fernando Henrique Cardoso de privatizar as universidades públicas através da cobrança de mensalidades.
Não reconhecem que após a eleição do presidente Lula, a UNE manteve e ampliou suas reivindicações. Resultado delas, nós conquistamos a duplicação das vagas nas universidades públicas, o PROUNI e a inédita rubrica nacional para assistência estudantil, iniciando o enfrentamento ao modelo elitista de universidade predominante no Brasil. Insinuam que a UNE abriu mão de suas bandeiras históricas, mas esquecem que não há bandeira mais importante para a tradição da UNE do que a defesa de uma universidade que esteja a serviço do Brasil e da maioria do nosso povo! Não se conformam com a democracia, com o fato de termos um governo oriundo dos movimentos sociais e que, por esta trajetória, está aberto a ouvir as reivindicações da sociedade.
A UNE não mudou de postura, o que mudou foi o governo e o Brasil e é isso que os conservadores e a mídia que está a serviço desses setores não admitem. Insistem em dizer que a UNE nasceu para ser ‘do contra’. Rude mentira que em nada nos desviará de nossa missão! Saibam que estamos preparados para mais editoriais, artigos, comentários e tendenciosas ‘notícias’. Contra suas pretensões de uma sociedade apática, acrítica e sem poder de contestar os rumos que querem impor ao nosso país, eles enfrentarão a iniciativa criativa e mobilizadora dos estudantes na defesa de um novo Brasil. Há de chegar o dia em que teremos uma comunicação mais justa e equilibrada. A UNE e sua nova diretoria estão aqui, firmes e à disposição do verdadeiro debate de rumos para o Brasil!
Diante dos ataques “maldosos e inescrupulosos” de boa parte da mídia à UNE, Augusto Chagas partiu para a ofensiva. Com argumentos sólidos, ele rechaçou todas as mentiras divulgadas pelos jornais e telejornais e desafiou os barões da mídia, que atacam a entidade por receber patrocínio das empresas estatais. “Declarem que de hoje em diante não aceitam um centavo de dinheiro público e faremos o mesmo. Da nossa parte, temos a certeza que seguiremos a nossa trajetória”. Será que os difamadores da mídia topam o desafio da UNE, que levaria à falência boa parte dos monopólios midiáticos do país? Abaixo, os principais trechos deste excelente artigo:
“Fidelidade aos ensinamentos de Goebbels”
A UNE acaba de sair do seu 51º Congresso, um dos mais importantes e o mais representativo da sua história. Mais de 2.300 instituições de ensino superior elegeram representantes a este fórum, contabilizando as impressionantes marcas de 92% das instituições envolvidas, mais de 2 milhões de votos nas eleições de base e de 4,5 milhões de universitários representados. Nosso congresso mobilizou estudantes de todo o país, que por cinco dias debateram o futuro do Brasil – popularização da universidade, reforma política, democratização da mídia, defesa do pré-sal, etc.
Se a imprensa brasileira trabalhasse a favor da democracia, esses assuntos seriam manchete em todos os jornais, rádios e canais de televisão e a disposição da juventude em lutar por um país melhor seria divulgada. No entanto, estes veículos nos dedicaram tratamento bem diferente nas duas últimas semanas. Cumprindo com fidelidade o ensinamento de Goebbels – uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade – a mídia escandalosamente busca subterfúgios para atacar a UNE, taxando-a de governista, vendida, aparelhada e desvirtuada de seus objetivos. Com isso, tenta impor a todos os seus pontos de vista, sem qualquer mediação ou abertura para apresentar o outro lado da notícia.
E os milhões da publicidade oficial?
Uma destas grosserias tem a ver com o recebimento de patrocínios de empresas públicas por parte da entidade. A UNE nunca recebeu recurso público para aplicá-lo no que bem entendesse. Recebe sim, e isto não se configura em nenhuma irregularidade, apoio para a construção de nossos encontros. Tampouco, estas parcerias comprometeram as posições políticas da entidade. Não nos impediu, por exemplo, de desenvolver uma ampla campanha – com cartazes, debates, passeatas e pronunciamentos – exigindo a demissão de Henrique Meirelles da presidência do Banco Central, que foi indicado por este mesmo governo. Não nos furtamos de apresentar nossas críticas ao MEC por sua conivência ao setor privado da educação, como no caso do boicote que convocamos ao ENADE por dois anos consecutivos.
Mas, onde estavam os jornais, as TVs, rádios e revistas para noticiar essas manifestações? Reunimos, em julho de 2007, mais de 20 mil pessoas na Esplanada dos Ministérios para pedir mudanças na política econômica do governo Lula e nenhuma nota foi publicada ou divulgada sobre isso. Os mesmos jornais que se horrorizam com o fato de termos recebido recursos para reunir 10 mil estudantes de todo o Brasil não parecem incomodados em receberem, eles próprios, um montante considerável de verbas publicitárias do governo federal. Em 2008, as verbas públicas destinadas para as emissoras de televisão foram de R$ 641 milhões, já os jornais receberam quase R$ 135 milhões.
Ora, por qual razão os patrocínios recebidos pela UNE corrompem nossas idéias enquanto todo este recurso em nada arranha a independência destes veículos? A UNE desafia cada um deles: declarem que de hoje em diante não aceitam um centavo em dinheiro público e faremos o mesmo! De nossa parte temos a certeza que seguiremos nossa trajetória! Com certeza não teremos resposta. Pois não é esta a questão principal. O que os incomoda e o que eles querem ocultar é a discussão sobre o futuro do Brasil e a opinião dos estudantes.
“Por uma comunicação mais justa e equilibrada”
Não querem lembrar que durante a década de 90 os estudantes brasileiros – em jornadas ao lado das centrais sindicais, do MST e de outros movimentos sociais - saíram às ruas para denunciar as privatizações, o ataque ao direito dos trabalhadores e a ausência de políticas sociais. Que foram essas manifestações que impediram o governo Fernando Henrique Cardoso de privatizar as universidades públicas através da cobrança de mensalidades.
Não reconhecem que após a eleição do presidente Lula, a UNE manteve e ampliou suas reivindicações. Resultado delas, nós conquistamos a duplicação das vagas nas universidades públicas, o PROUNI e a inédita rubrica nacional para assistência estudantil, iniciando o enfrentamento ao modelo elitista de universidade predominante no Brasil. Insinuam que a UNE abriu mão de suas bandeiras históricas, mas esquecem que não há bandeira mais importante para a tradição da UNE do que a defesa de uma universidade que esteja a serviço do Brasil e da maioria do nosso povo! Não se conformam com a democracia, com o fato de termos um governo oriundo dos movimentos sociais e que, por esta trajetória, está aberto a ouvir as reivindicações da sociedade.
A UNE não mudou de postura, o que mudou foi o governo e o Brasil e é isso que os conservadores e a mídia que está a serviço desses setores não admitem. Insistem em dizer que a UNE nasceu para ser ‘do contra’. Rude mentira que em nada nos desviará de nossa missão! Saibam que estamos preparados para mais editoriais, artigos, comentários e tendenciosas ‘notícias’. Contra suas pretensões de uma sociedade apática, acrítica e sem poder de contestar os rumos que querem impor ao nosso país, eles enfrentarão a iniciativa criativa e mobilizadora dos estudantes na defesa de um novo Brasil. Há de chegar o dia em que teremos uma comunicação mais justa e equilibrada. A UNE e sua nova diretoria estão aqui, firmes e à disposição do verdadeiro debate de rumos para o Brasil!
sábado, 25 de julho de 2009
Pressão e propostas para a 1ª Confecom
No próximo sábado, 1º de agosto, na sede do Sindicato dos Engenheiros de São Paulo, ocorrerá a Primeira Pré-Conferência Paulista de Comunicação. O evento reunirá ativistas dos movimentos sociais e comunicadores populares de todo o Estado e tem quatro objetivos básicos: intensificar a pressão da sociedade pela realização da Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que está sob séria ameaça dos barões da mídia; mobilizar amplos setores para interferir neste debate de caráter estratégico; contribuir na elaboração de propostas concretas de políticas públicas para a democratização da comunicação; e unificar o campo progressista na luta por mudanças no setor.
Com o título “Da comunicação que temos à comunicação que queremos”, o encontro discutirá a diversidade e pluralidade de conteúdo; controle social e instrumentos de regulação; publicidade e mecanismos de financiamento; concessão pública e propriedade; rede pública de comunicação; radiodifusão comunitária; e inclusão digital e internet, entre outros temas decisivos. Na parte da manhã, uma plenária debaterá a luta contra a ditadura midiática e os desafios da Confecom; já no período da tarde, vários grupos de trabalho discutirão propostas concretas para a democratização dos meios de comunicação. Uma plenária final aprovará a plataforma dos movimentos sociais e definirá um plano de ação para garantir as etapas municipais e estadual da conferência nacional.
Agenda obrigatória dos lutadores sociais
A Pré-Conferência Paulista é uma agenda obrigatória de todos os lutadores conscientes de que a comunicação é uma questão estratégica, que deve ser encarada como direito humano e requisito básico para o avanço da democracia. Ela foi convocada por 58 entidades, movimentos sociais e redes, que desde abril passado criaram o comitê paulista pró-conferência. Além de envolver os setores organizados da sociedade, o comitê paulista visa alertar os usuários inorgânicos para as deformações difundidas pela mídia. A convocação do evento expressa esta preocupação:
“Você está satisfeito ou satisfeita com a programação da sua TV? Sabia que as concessões de rádio e TV são públicas e que você poderia interferir na distribuição e no conteúdo delas? Você sabia que estão querendo controlar o uso da internet no Brasil? Acha justo e democrático que a liberdade de expressão seja um direito de oito famílias e que o povo brasileiro só tenha direito a trocar de canal? Quase 60% das verbas publicitárias são destinadas a uma emissora de televisão (TV Globo). E como ficam os sites, blogs, jornais e rádios comunitárias? A comunicação, assim como educação, saúde, moradia, é um direito humano que deve ser garantido a toda sociedade”.
Participe da Pré-Conferência Paulista em 1º de agosto! Ajude a organizar uma delegação da sua entidade sindical, comunitária, estudantil; monte uma caravana da sua cidade no interior; discuta o tema na sua igreja, bairro, escola. Não se omita neste importante debate. A mídia hegemônica, altamente concentrada, criminaliza as lutas dos trabalhadores e interfere diretamente nas nossas vidas, manipulando informações e deformando comportamentos, fazendo “corações e mentes”. A 1ª Confecom, uma conquista dos movimentos sociais, será uma oportunidade impar para discutir os mecanismos para a construção de uma comunicação mais democrática no Brasil.
Com o título “Da comunicação que temos à comunicação que queremos”, o encontro discutirá a diversidade e pluralidade de conteúdo; controle social e instrumentos de regulação; publicidade e mecanismos de financiamento; concessão pública e propriedade; rede pública de comunicação; radiodifusão comunitária; e inclusão digital e internet, entre outros temas decisivos. Na parte da manhã, uma plenária debaterá a luta contra a ditadura midiática e os desafios da Confecom; já no período da tarde, vários grupos de trabalho discutirão propostas concretas para a democratização dos meios de comunicação. Uma plenária final aprovará a plataforma dos movimentos sociais e definirá um plano de ação para garantir as etapas municipais e estadual da conferência nacional.
Agenda obrigatória dos lutadores sociais
A Pré-Conferência Paulista é uma agenda obrigatória de todos os lutadores conscientes de que a comunicação é uma questão estratégica, que deve ser encarada como direito humano e requisito básico para o avanço da democracia. Ela foi convocada por 58 entidades, movimentos sociais e redes, que desde abril passado criaram o comitê paulista pró-conferência. Além de envolver os setores organizados da sociedade, o comitê paulista visa alertar os usuários inorgânicos para as deformações difundidas pela mídia. A convocação do evento expressa esta preocupação:
“Você está satisfeito ou satisfeita com a programação da sua TV? Sabia que as concessões de rádio e TV são públicas e que você poderia interferir na distribuição e no conteúdo delas? Você sabia que estão querendo controlar o uso da internet no Brasil? Acha justo e democrático que a liberdade de expressão seja um direito de oito famílias e que o povo brasileiro só tenha direito a trocar de canal? Quase 60% das verbas publicitárias são destinadas a uma emissora de televisão (TV Globo). E como ficam os sites, blogs, jornais e rádios comunitárias? A comunicação, assim como educação, saúde, moradia, é um direito humano que deve ser garantido a toda sociedade”.
Participe da Pré-Conferência Paulista em 1º de agosto! Ajude a organizar uma delegação da sua entidade sindical, comunitária, estudantil; monte uma caravana da sua cidade no interior; discuta o tema na sua igreja, bairro, escola. Não se omita neste importante debate. A mídia hegemônica, altamente concentrada, criminaliza as lutas dos trabalhadores e interfere diretamente nas nossas vidas, manipulando informações e deformando comportamentos, fazendo “corações e mentes”. A 1ª Confecom, uma conquista dos movimentos sociais, será uma oportunidade impar para discutir os mecanismos para a construção de uma comunicação mais democrática no Brasil.
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Conferência de Comunicação corre perigo?
Os barões da mídia estão fazendo de tudo para implodir a Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), fixada em decreto presidencial para o início de dezembro. Na reunião desta quarta-feira (22) da sua comissão de organização, formada por dez representantes do poder público, oito das entidades empresariais e oito da chamada “sociedade civil”, eles nem sequer compareceram, numa nítida postura de desrespeito e arrogância. Além de esconder totalmente a convocação da Confecom nos jornais e telejornais, eles parecem apostar no seu esvaziamento e cancelamento.
Num primeiro momento, os donos da mídia se aproveitaram do corte no orçamento da Confecom - de R$ 8,2 milhões para R$ 1,6 milhão – para alegar dificuldades operacionais. O representante do Ministério das Comunicações, o assessor jurídico Marcelo Bechara, chegou a antecipar que o contingenciamento da verba “inviabiliza a conferência”, o que deve ter agradado os empresários. Como o recurso foi reposto por decisão do presidente Lula, que enviou projeto-lei ao Congresso, os empresários voltaram à carga para impor o temário e os critérios de participação no evento.
Visão excludente dos barões da mídia
Quanto ao temário, os barões da mídia, teleguiados pela Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert), defendem que a Confecom discuta exclusivamente o futuro da “era digital”. Eles rejeitam qualquer debate sobre monopolização do setor, desrespeito aos preceitos constitucionais sobre produção regional e diversidade informativa, inexistência de normas sobre o controle social, entre outros itens decisivos para a efetiva democratização das comunicações. Numa jogada inteligente, que parte do risco real de invasão estrangeira na produção de conteúdo, a Abert também se fantasia de nacionalista para exigir medidas de proteção à cultura nacional.
Já no que se refere aos critérios de participação, os empresários exigem uma composição que não representa a sociedade brasileira. Eles reivindicam uma reserva de 40% das vagas dos delegados e defendem uma conferência bastante restritiva, com apenas 300 participantes. No início, eles até propuseram 1/3 dos delegados, o que já gerou forte reação. “Será que os donos dos veículos de comunicação e das empresas de telefonia e internet representam 1/3 da população brasileira? Se isso fosse verdade, poderíamos comemorar a quebra da concentração de propriedade que marca a mídia no país, já que contaríamos com 60 milhões de operadores diferentes”, ironizaram Jonas Valente e Carolina Ribeiro, integrantes do Intervozes.
Governo rejeitará as chantagens?
Na reunião desta quarta-feira, sem a presença das oito entidades empresariais, o governo não se mostrou disposto a aceitar a chantagem dos barões da mídia na definição do regimento. Deixou implícito que realizará a Confecom mesmo com o boicote das corporações midiáticas. Também rejeitou qualquer limitação ao temário do evento e demonstrou simpatias com uma nova proposta de composição: 20% do poder público, 50% do setor de comunicação (na qual se daria a disputa aberta na eleição dos delegados entre os empresários e os meios alternativos) e 30% dos usuários da comunicação. Uma última rodada para fechar o regimento está agendada para 28 de julho.
Apesar da disposição manifesta de negociar com os empresários, não será nada fácil garantir sua participação na Confecom. Todas as reuniões da comissão organizadora têm sido tensas e longas, com os barões da mídia fazendo chantagens e ameaças. Evandro Guimarães, dirigente da Abert e funcionário da TV Globo, é o mais inflexível nas negociações. Da parte dos movimentos sociais, não se tolera qualquer recuo que descaracterize o objetivo do evento de apontar políticas públicas para democratizar os meios de comunicação. A batalha, como se previa, tem caráter estratégico.
Aumentar a pressão da sociedade
Segundo reportagem do TeleTime, agência especializada no setor, os barões da mídia temem que o evento reduza o seu descomunal poder econômico e político. “A Confecom deverá sair sem a presença dos empresários do setor. Essa posição, ainda tratada com reserva, mas confirmada informalmente por setores empresariais, parece ser o ponto final de uma série de acontecimentos cada vez mais complexos que cercam a organização dos trabalhos. Em essência, as empresas perceberam que, se continuarem a apoiar a organização da Confecom, endossarão um evento que será, inevitavelmente, de caráter crítico aos seus interesses”.
Nos próximos dias, a batalha de bastidores se acirrará. O lobby dos barões da mídia é poderoso. Conta com expressiva bancada no parlamento, atemoriza os mais vacilantes com o seu poder de manipular a “opinião pública” e tem seus agentes no Planalto. É preciso ver até onde o governo Lula está disposto a comprar a briga com este nefasto setor. Daí a urgência de reforçar a pressão social. Fóruns massivos, como o encontro paulista pela democratização da comunicação, em 1º de agosto, no Sindicato dos Engenheiros, ganham ainda maior relevância. A convocação da 1ª Confecom foi uma vitória dos movimentos sociais; não podemos deixá-la escapar pelos dedos.
Num primeiro momento, os donos da mídia se aproveitaram do corte no orçamento da Confecom - de R$ 8,2 milhões para R$ 1,6 milhão – para alegar dificuldades operacionais. O representante do Ministério das Comunicações, o assessor jurídico Marcelo Bechara, chegou a antecipar que o contingenciamento da verba “inviabiliza a conferência”, o que deve ter agradado os empresários. Como o recurso foi reposto por decisão do presidente Lula, que enviou projeto-lei ao Congresso, os empresários voltaram à carga para impor o temário e os critérios de participação no evento.
Visão excludente dos barões da mídia
Quanto ao temário, os barões da mídia, teleguiados pela Associação Brasileira das Empresas de Rádio e Televisão (Abert), defendem que a Confecom discuta exclusivamente o futuro da “era digital”. Eles rejeitam qualquer debate sobre monopolização do setor, desrespeito aos preceitos constitucionais sobre produção regional e diversidade informativa, inexistência de normas sobre o controle social, entre outros itens decisivos para a efetiva democratização das comunicações. Numa jogada inteligente, que parte do risco real de invasão estrangeira na produção de conteúdo, a Abert também se fantasia de nacionalista para exigir medidas de proteção à cultura nacional.
Já no que se refere aos critérios de participação, os empresários exigem uma composição que não representa a sociedade brasileira. Eles reivindicam uma reserva de 40% das vagas dos delegados e defendem uma conferência bastante restritiva, com apenas 300 participantes. No início, eles até propuseram 1/3 dos delegados, o que já gerou forte reação. “Será que os donos dos veículos de comunicação e das empresas de telefonia e internet representam 1/3 da população brasileira? Se isso fosse verdade, poderíamos comemorar a quebra da concentração de propriedade que marca a mídia no país, já que contaríamos com 60 milhões de operadores diferentes”, ironizaram Jonas Valente e Carolina Ribeiro, integrantes do Intervozes.
Governo rejeitará as chantagens?
Na reunião desta quarta-feira, sem a presença das oito entidades empresariais, o governo não se mostrou disposto a aceitar a chantagem dos barões da mídia na definição do regimento. Deixou implícito que realizará a Confecom mesmo com o boicote das corporações midiáticas. Também rejeitou qualquer limitação ao temário do evento e demonstrou simpatias com uma nova proposta de composição: 20% do poder público, 50% do setor de comunicação (na qual se daria a disputa aberta na eleição dos delegados entre os empresários e os meios alternativos) e 30% dos usuários da comunicação. Uma última rodada para fechar o regimento está agendada para 28 de julho.
Apesar da disposição manifesta de negociar com os empresários, não será nada fácil garantir sua participação na Confecom. Todas as reuniões da comissão organizadora têm sido tensas e longas, com os barões da mídia fazendo chantagens e ameaças. Evandro Guimarães, dirigente da Abert e funcionário da TV Globo, é o mais inflexível nas negociações. Da parte dos movimentos sociais, não se tolera qualquer recuo que descaracterize o objetivo do evento de apontar políticas públicas para democratizar os meios de comunicação. A batalha, como se previa, tem caráter estratégico.
Aumentar a pressão da sociedade
Segundo reportagem do TeleTime, agência especializada no setor, os barões da mídia temem que o evento reduza o seu descomunal poder econômico e político. “A Confecom deverá sair sem a presença dos empresários do setor. Essa posição, ainda tratada com reserva, mas confirmada informalmente por setores empresariais, parece ser o ponto final de uma série de acontecimentos cada vez mais complexos que cercam a organização dos trabalhos. Em essência, as empresas perceberam que, se continuarem a apoiar a organização da Confecom, endossarão um evento que será, inevitavelmente, de caráter crítico aos seus interesses”.
Nos próximos dias, a batalha de bastidores se acirrará. O lobby dos barões da mídia é poderoso. Conta com expressiva bancada no parlamento, atemoriza os mais vacilantes com o seu poder de manipular a “opinião pública” e tem seus agentes no Planalto. É preciso ver até onde o governo Lula está disposto a comprar a briga com este nefasto setor. Daí a urgência de reforçar a pressão social. Fóruns massivos, como o encontro paulista pela democratização da comunicação, em 1º de agosto, no Sindicato dos Engenheiros, ganham ainda maior relevância. A convocação da 1ª Confecom foi uma vitória dos movimentos sociais; não podemos deixá-la escapar pelos dedos.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
O vergonhoso papel da Igreja em Honduras
O golpe militar em Honduras relembra o triste papel da Igreja Católica na defesa dos privilégios dos ricaços na América Latina. Nas décadas de 1960/1970, a sua alta hierarquia organizou as marchas com “Deus, pela família e pela propriedade”, preparando o clima para a derrubada de presidentes nacionalistas. Com seu discurso anticomunista, ela deu apoio ostensivo a sanguinárias ditaduras. No Chile, ela abençoou o fascista Pinochet; na Argentina, alguns “religiosos” participaram até de sessões de tortura. Esta ligação carnal com os poderosos rachou a Igreja, com o florescimento da Teologia de Libertação e das Comunidades Eclesiais de Base, ligadas aos anseios populares.
Este setor progressista cresceu e jogou papel de destaque na luta pela democracia e por reformas profundas no continente. Mas com a ascensão do cardeal polonês Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, houve nova guinada direitista no Vaticano, que investiu para dizimar os religiosos mais engajados nas lutas dos povos “pelo reino de Deus na Terra”. A hierarquia ligada aos poderosos retomou a ofensiva e voltou a cometer atrocidades, como no frustrado golpe na Venezuela de abril de 2002, no apoio aos separatistas da Bolívia ou nas ações de desestabilização do governo de Cristina Kirchner na Argentina. Agora, ela novamente mostra sua fase horrenda em Honduras.
Papável com as mãos sujas de sangue
Logo após o golpe de 28 de junho, a Conferência Episcopal de Honduras divulgou nota de apoio aos militares e condenou o presidente Manuel Zelaya por “traição à pátria, abuso de autoridade e usurpação de funções”. Já o cardeal Oscar Rodrigues Maradiaga, que chegou a ser cotado para substituir o reacionário Wojtyla no Vaticano, implorou na TV que Zelaya não retornasse ao país. Agora, num habilidoso jogo de poder, a Igreja Católica tenta se cacifar politicamente. “Depois da clara aprovação do golpe, a máxima hierarquia eclesiástica reproduz, numa linguagem melosa e hipócrita, os convites ao diálogo, ao consenso e a reconciliação”, critica o filósofo Rubén Dri.
A alta hierarquia católica está temerosa com a onda de revolta da população. “O nosso país vive um caos. Não sabemos o que vai acontecer. Nas ruas, as manifestações ocorrem num ambiente de grande incerteza. As manifestações a favor do ex-presidente são muito agressivas, no sentido de que sujam tudo, e ocorreram vários atos de vandalismo em defesa de Zelaya”, apavora-se o elitista Carlos Nuñez, secretário particular do cardeal Maradiaga. A Igreja Católica de Honduras, bastante distanciada do povo, tem perdido prestígio no país. Em 2006, por exemplo, 15 paróquias foram assaltadas e 35 imagens sacras sumiram. No começo deste ano, ela solicitou proteção para os seus templos. Com o apoio ao truculento golpe militar, a tendência é a descrença aumente.
Rejeição nas bases católicas
A ação golpista do papável Oscar Rodrigues não foi consensual nas bases da igreja hondurenha. O bispo Luis Affonso, da Diocese de Copán, repudiou “a substância, a forma e o estilo com que se impôs ao povo um novo chefe do Poder Executivo”. Já a Rádio Progresso, ligada aos jesuítas e que se opôs ao golpe, foi invadida por 25 militares, que ordenaram o cancelamento “de maneira absoluta da programação” e agrediram os trabalhadores. Ela também gerou críticas do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), que condenou o golpe, e causou mal-estar até no Vaticano.
Segundo o correspondente do jornal Clarín em Roma, caiu a máscara do cardeal. “Considerado um papável no conclave de abril de 2005, que elegeu Bento 16, com seu gesto lamentável ele perdeu todas as chances que ainda tinha de ser o eventual sucessor do atual pontífice. Maradiaga, um dos mais conhecidos cardeais latino-americanos, com vastos contatos em todos os níveis da Cúria de Roma, fez mais do que apoiar o golpe. Sua Eminência é um inspirador dos golpistas. Ele os brindou com uma cobertura que os reforça e contribui ainda mais para ferir a causa democrática na America Latina, onde os golpes de Estado pareciam um anacronismo superado”.
O golpismo da Conferência Episcopal de Honduras confirma as opiniões do escritor uruguaio Jorge Majfud. “Na América Latina, o papel da Igreja Católica quase sempre foi o dos fariseus e dos mestres da lei que condenaram Jesus na defesa das classes dominantes. Não houve ditadura militar, de origem oligárquica, que não recebesse a benção de bispos e de sacerdotes influentes, legitimando a censura, a opressão e o assassinato em massa dos supostos pecadores... Agora, no século XXI, o método e os discursos se repetem em Honduras como uma chibatada no passado”.
Este setor progressista cresceu e jogou papel de destaque na luta pela democracia e por reformas profundas no continente. Mas com a ascensão do cardeal polonês Karol Wojtyla, o Papa João Paulo II, houve nova guinada direitista no Vaticano, que investiu para dizimar os religiosos mais engajados nas lutas dos povos “pelo reino de Deus na Terra”. A hierarquia ligada aos poderosos retomou a ofensiva e voltou a cometer atrocidades, como no frustrado golpe na Venezuela de abril de 2002, no apoio aos separatistas da Bolívia ou nas ações de desestabilização do governo de Cristina Kirchner na Argentina. Agora, ela novamente mostra sua fase horrenda em Honduras.
Papável com as mãos sujas de sangue
Logo após o golpe de 28 de junho, a Conferência Episcopal de Honduras divulgou nota de apoio aos militares e condenou o presidente Manuel Zelaya por “traição à pátria, abuso de autoridade e usurpação de funções”. Já o cardeal Oscar Rodrigues Maradiaga, que chegou a ser cotado para substituir o reacionário Wojtyla no Vaticano, implorou na TV que Zelaya não retornasse ao país. Agora, num habilidoso jogo de poder, a Igreja Católica tenta se cacifar politicamente. “Depois da clara aprovação do golpe, a máxima hierarquia eclesiástica reproduz, numa linguagem melosa e hipócrita, os convites ao diálogo, ao consenso e a reconciliação”, critica o filósofo Rubén Dri.
A alta hierarquia católica está temerosa com a onda de revolta da população. “O nosso país vive um caos. Não sabemos o que vai acontecer. Nas ruas, as manifestações ocorrem num ambiente de grande incerteza. As manifestações a favor do ex-presidente são muito agressivas, no sentido de que sujam tudo, e ocorreram vários atos de vandalismo em defesa de Zelaya”, apavora-se o elitista Carlos Nuñez, secretário particular do cardeal Maradiaga. A Igreja Católica de Honduras, bastante distanciada do povo, tem perdido prestígio no país. Em 2006, por exemplo, 15 paróquias foram assaltadas e 35 imagens sacras sumiram. No começo deste ano, ela solicitou proteção para os seus templos. Com o apoio ao truculento golpe militar, a tendência é a descrença aumente.
Rejeição nas bases católicas
A ação golpista do papável Oscar Rodrigues não foi consensual nas bases da igreja hondurenha. O bispo Luis Affonso, da Diocese de Copán, repudiou “a substância, a forma e o estilo com que se impôs ao povo um novo chefe do Poder Executivo”. Já a Rádio Progresso, ligada aos jesuítas e que se opôs ao golpe, foi invadida por 25 militares, que ordenaram o cancelamento “de maneira absoluta da programação” e agrediram os trabalhadores. Ela também gerou críticas do Conselho Latino-Americano de Igrejas (CLAI), que condenou o golpe, e causou mal-estar até no Vaticano.
Segundo o correspondente do jornal Clarín em Roma, caiu a máscara do cardeal. “Considerado um papável no conclave de abril de 2005, que elegeu Bento 16, com seu gesto lamentável ele perdeu todas as chances que ainda tinha de ser o eventual sucessor do atual pontífice. Maradiaga, um dos mais conhecidos cardeais latino-americanos, com vastos contatos em todos os níveis da Cúria de Roma, fez mais do que apoiar o golpe. Sua Eminência é um inspirador dos golpistas. Ele os brindou com uma cobertura que os reforça e contribui ainda mais para ferir a causa democrática na America Latina, onde os golpes de Estado pareciam um anacronismo superado”.
O golpismo da Conferência Episcopal de Honduras confirma as opiniões do escritor uruguaio Jorge Majfud. “Na América Latina, o papel da Igreja Católica quase sempre foi o dos fariseus e dos mestres da lei que condenaram Jesus na defesa das classes dominantes. Não houve ditadura militar, de origem oligárquica, que não recebesse a benção de bispos e de sacerdotes influentes, legitimando a censura, a opressão e o assassinato em massa dos supostos pecadores... Agora, no século XXI, o método e os discursos se repetem em Honduras como uma chibatada no passado”.
quarta-feira, 22 de julho de 2009
Ministro-racista de Israel está no Brasil
Sem alardes ou críticas da mídia, já se encontra em visita oficial ao Brasil o ministro de Relações Exteriores de Israel, o racista assumido Avigdor Liberman. Segundo a nota da embaixada do país em Brasília, o objetivo da viagem de dez dias à América Latina, que também inclui a Argentina, Peru e Colômbia, “é desenvolver contato em novas direções, além das relações especiais com os Estados Unidos e os laços estreitos com a Europa”. Na prática, Israel procura sair do isolamento, decorrente da sua política agressiva, e evitar a crescente influência do Irã no continente.
Liberman já teve um encontro “cordial” com o governador José Serra, um almoço com a elite da Fiesp e participará de audiência com o presidente Lula. Temendo protestos públicos, foi montado enorme aparato de segurança para proteger o ministro-racista. Sua comitiva circulou pela capital paulista puxada por oito batedores da PM, além de dois veículos blindados. Contrariando a praxe diplomática, o carro que transportou Liberman foi dirigido por um membro da Shabak, a agência de “inteligência” de Israel. A Polícia Federal forneceu 15 agentes armados à comitiva, contra uma média de três para autoridades estrangeiras do mesmo nível.
Mídia blinda o terrorista
Como era de se esperar, a mídia hegemônica tem evitado críticas ao chanceler-racista. Inclusive, ela tentou desqualificar as corajosas declarações do secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, que acusou Liberman de ser “fascista e racista”. O oligárquico Estadão, que nunca escondeu as suas simpatias pelo sionismo, estampou o título maldoso “Funcionário do PT chama chanceler de Israel de fascista”, negando sua condição de dirigente petista. Numa jogada rasteira, o jornal ainda tentou estimular a cizânia entre Valter Pomar e o governo Lula. Sem citar a fonte, o texto afirma que um porta-voz do presidente considerou suas declarações “bastante grosseiras”.
Se fosse mais séria e pluralista, a mídia hegemônica deixaria de lado as fofocas maldosas e daria uma breve biografia do carrasco Avigdor Liberman. Bastaria reproduzir as declarações públicas do atual chanceler israelense, como fez recentemente o jornal Água Verde, publicado no Paraná. Seu dossiê lembra que Lieberman responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas, e que fundou o partido de extrema direita Yisrael Beitenu, que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as suas declarações racistas e criminosas, o jornal destaca algumas:
“Transformar o Irã num aterro”
- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;
- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;
- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Liberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.
- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Liberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;
- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;
- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”
- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;
- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;
- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.
Liberman já teve um encontro “cordial” com o governador José Serra, um almoço com a elite da Fiesp e participará de audiência com o presidente Lula. Temendo protestos públicos, foi montado enorme aparato de segurança para proteger o ministro-racista. Sua comitiva circulou pela capital paulista puxada por oito batedores da PM, além de dois veículos blindados. Contrariando a praxe diplomática, o carro que transportou Liberman foi dirigido por um membro da Shabak, a agência de “inteligência” de Israel. A Polícia Federal forneceu 15 agentes armados à comitiva, contra uma média de três para autoridades estrangeiras do mesmo nível.
Mídia blinda o terrorista
Como era de se esperar, a mídia hegemônica tem evitado críticas ao chanceler-racista. Inclusive, ela tentou desqualificar as corajosas declarações do secretário de relações internacionais do PT, Valter Pomar, que acusou Liberman de ser “fascista e racista”. O oligárquico Estadão, que nunca escondeu as suas simpatias pelo sionismo, estampou o título maldoso “Funcionário do PT chama chanceler de Israel de fascista”, negando sua condição de dirigente petista. Numa jogada rasteira, o jornal ainda tentou estimular a cizânia entre Valter Pomar e o governo Lula. Sem citar a fonte, o texto afirma que um porta-voz do presidente considerou suas declarações “bastante grosseiras”.
Se fosse mais séria e pluralista, a mídia hegemônica deixaria de lado as fofocas maldosas e daria uma breve biografia do carrasco Avigdor Liberman. Bastaria reproduzir as declarações públicas do atual chanceler israelense, como fez recentemente o jornal Água Verde, publicado no Paraná. Seu dossiê lembra que Lieberman responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas, e que fundou o partido de extrema direita Yisrael Beitenu, que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as suas declarações racistas e criminosas, o jornal destaca algumas:
“Transformar o Irã num aterro”
- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;
- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;
- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Liberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.
- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Liberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;
- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;
- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”
- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;
- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;
- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.
terça-feira, 21 de julho de 2009
E a “liberdade de imprensa” em Honduras?
O golpe militar em Honduras comprova, até para os mais tapados, que a tal “liberdade de imprensa” pregada pelos barões da mídia representa, na verdade, a “liberdade dos monopólios”. O discurso das corporações midiáticas é pura hipocrisia. Um jornalista hondurenho já foi assassinado em condições misteriosas; toda a equipe da Telesur, que dava um show na cobertura do trágico episódio, foi presa e expulsa do país pelos gangsteres golpistas; inúmeras rádios comunitárias foram atacadas; a Rede Globo de Tegucigalpa, que nada tem a ver com a Vênus enlameada brasileira, também foi fechada; até a CNN em espanhol foi proibida de exibir as cenas de violência nas ruas, que já causaram dezenas de mortes.
Apesar de toda esta brutalidade fascista, nenhum dos colunistas bem pagos da mídia hegemônica fez declarações inflamadas em defesa da “liberdade de imprensa”; nenhum meio privado criticou a brutal censura e as agressões aos jornalistas; nenhum editorial da “grande imprensa” questionou o fato de que a mídia hondurenha está nas mãos de meia dúzia de oligarcas reacionários, que clamaram pelo golpe e dão total respaldo à ditadura sanguinária. A máfia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que recentemente criticou o presidente Lula por suas “criticas descabidas ao enfoque do noticiário”, não se pronunciou contra os atentados à liberdade de expressão. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), bancada pelo CIA na sua campanha permanente contra a revolução cubana, também está quieta.
Defesa das atrocidades dos golpistas
Segundo relatos da própria Cruz Vermelha, os “gorilas” hondurenhos promovem as piores atrocidades, como invasões de casas, torturas, estupros e assassinatos, e a mídia hegemônica ainda tenta relativizar o papel dos ditadores. A Folha agora passou a qualificar o governo golpista de “interino”. A TV Globo critica o presidente deposto, Manuel Zelaya, por ele rejeitar um acordo de “conciliação nacional” com os bandidos. O Correio Braziliense chegou a justificar o golpe num texto repugnante. Alguns doentes mentais da revista Veja, travestidos de blogueiros, argumentam que a violenta deposição de Zelaya foi para “salvar a democracia”. São todos falsários quando pregam a “liberdade de imprensa”.
Para acompanhar o que de fato ocorre em Honduras é preciso furar o bloqueio dos barões da mídia. A Telesur, retransmitida pela TV Educativa do Paraná e por algumas emissoras comunitárias, continua exibindo cenas da violência dos golpistas e da crescente resistência dos hondurenhos. Pela internet, os sítios da Agência Boliviana de Notícias e o Aporrea, entre outros, trazem informações exclusivas dos movimentos sociais deste país. Na prática, estes veículos alternativos realizam a autêntica defesa da “liberdade de expressão”, enquanto a mídia hegemônica comprova que serve apenas aos interesses dos poderosos e às ambições do império. Seu discurso da “liberdade de imprensa” é puro cinismo!
Apesar de toda esta brutalidade fascista, nenhum dos colunistas bem pagos da mídia hegemônica fez declarações inflamadas em defesa da “liberdade de imprensa”; nenhum meio privado criticou a brutal censura e as agressões aos jornalistas; nenhum editorial da “grande imprensa” questionou o fato de que a mídia hondurenha está nas mãos de meia dúzia de oligarcas reacionários, que clamaram pelo golpe e dão total respaldo à ditadura sanguinária. A máfia da Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), que recentemente criticou o presidente Lula por suas “criticas descabidas ao enfoque do noticiário”, não se pronunciou contra os atentados à liberdade de expressão. A ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), bancada pelo CIA na sua campanha permanente contra a revolução cubana, também está quieta.
Defesa das atrocidades dos golpistas
Segundo relatos da própria Cruz Vermelha, os “gorilas” hondurenhos promovem as piores atrocidades, como invasões de casas, torturas, estupros e assassinatos, e a mídia hegemônica ainda tenta relativizar o papel dos ditadores. A Folha agora passou a qualificar o governo golpista de “interino”. A TV Globo critica o presidente deposto, Manuel Zelaya, por ele rejeitar um acordo de “conciliação nacional” com os bandidos. O Correio Braziliense chegou a justificar o golpe num texto repugnante. Alguns doentes mentais da revista Veja, travestidos de blogueiros, argumentam que a violenta deposição de Zelaya foi para “salvar a democracia”. São todos falsários quando pregam a “liberdade de imprensa”.
Para acompanhar o que de fato ocorre em Honduras é preciso furar o bloqueio dos barões da mídia. A Telesur, retransmitida pela TV Educativa do Paraná e por algumas emissoras comunitárias, continua exibindo cenas da violência dos golpistas e da crescente resistência dos hondurenhos. Pela internet, os sítios da Agência Boliviana de Notícias e o Aporrea, entre outros, trazem informações exclusivas dos movimentos sociais deste país. Na prática, estes veículos alternativos realizam a autêntica defesa da “liberdade de expressão”, enquanto a mídia hegemônica comprova que serve apenas aos interesses dos poderosos e às ambições do império. Seu discurso da “liberdade de imprensa” é puro cinismo!
segunda-feira, 20 de julho de 2009
Massacre em Honduras não existe nas TVs
Em junho passado, a mídia mundial deu enorme destaque para os protestos contra as eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Mahmoud Ahmadinejad. Mesmo criticando a “censura”, as redes de TV inundaram o planeta com cenas das “explosões espontâneas contrárias à ditadura islâmica”. A morte de uma jovem em Teerã teve overdose de exposição nas telinhas. O curioso é que o mesmo empenho na cobertura jornalística não se observa em Honduras, palco de um golpe militar que já causou dezenas de mortes. Dados oficiais da Cruz Vermelha contabilizam mais de 50 hondurenhos assassinados e cerca de mil lideranças oposicionistas presas e desaparecidas.
O repórter Laerte Braga, que mantém contatos com a resistência hondurenha, está indignado com o silêncio da mídia. Ele garante que já são mais de 150 executados no país. “Pessoas são mortas nas ruas de Tegucigalpa, muitas são conduzidas às prisões e os postos de saúde controlados pelos golpistas negam atendimento aos feridos”. Militares e esquadrões da morte invadem residências, saqueiam, estupram as mulheres e torturam. “Setores da resistência falam em banho de sangue, tamanha a selvageria dos militares. Porta-vozes da Cruz Vermelha se mostram horrorizados com a violência... Traficantes de drogas e quadrilhas com base em Miami estão em Honduras dando respaldo ao golpe e ocupam o Ministério da Justiça através de membros do esquadrão da morte”.
Mídia servil aos interesses do império
Para Laerte Braga, “há uma ação concentrada dos embaixadores dos EUA na região, em conluio com o governo paralelo dos EUA, para desestabilizar toda a área, provocar uma guerra e, assim, derrubar governos contrários aos interesses norte-americanos. Obama é um boneco, um objeto de decoração envolvido nas tramas golpistas... O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusou os golpistas de tentarem forçar uma situação de guerra para justificar uma intervenção militar norte-americana, mesmo que disfarçada com a presença de tropas de outros países, como já ocorre no Haiti”. O seu governo e o de El Salvador já reforçaram a presença de tropas nas fronteiras.
Com a mesma convicção, o jornalista Juan Gelman, do diário argentino Página 12, afirma que “a Casa Branca conhecia há meses o golpe que se preparava em Honduras, embora seus porta-vozes finjam agora sua inocência”. Ele lembra que o atual embaixador em Tegucigalpa, Hugo Llorens, privilegiou as relações com o general golpista Romero Vásquez desde a sua chegada ao país, em setembro passado. Cita ainda as declarações de Hillary Clinton contra o referendo convocado por Manuel Zelaya. “É difícil supor que os chefes militares de Honduras, armados pelo Pentágono e formados na Escola das Américas, tenham se movido sem a autorização de seus mentores”.
Golpistas corruptos e assassinos
Diante dos interesses imperiais dos EUA e do temor das elites locais com o avanço dos governos progressistas no continente, a mídia hegemônica evita mostrar as cenas de violência. Ela também ofusca os protestos diários e crescentes contra o golpe. As televisões privadas sequer denunciam que os “gorilas” são fascistas assumidos e corruptos processados. O general Romero Vásquez, autor do seqüestro do presidente Zelaya, foi preso em 1993, acusado de roubar 200 automóveis de luxo. Já o “ministro” Billy Joya foi chefe da divisão tática do Batalhão B3-16, o esquadrão da morte hondurenho que torturou e seqüestrou inúmeras pessoas nos anos 1980.
Nada disto aparece nas telinhas da televisão. O tratamento da mídia venal é totalmente diferente do exibido durante as “explosões espontâneas” no Irã. Manuel Zelaya era um obstáculo para os interesses do império na região. Ele rompeu o tratado de “livre comércio” com os EUA, firmou o acordo com a Alba (Alternativa Bolivariana das Américas) e aliou-se a Hugo Chávez, tão odiado e estigmatizado pela mídia imperial. Daí a cobertura tendenciosa. Sua linha editorial é evidente. Seguindo as ordens da Casa Branca, ela aposta na solução “negociada”, que inviabilize o retorno de Zelaya ao poder e legitime um “governo de conciliação nacional”. Tanto que vários veículos de comunicação já têm tratado o governo golpista como “interino”.
O repórter Laerte Braga, que mantém contatos com a resistência hondurenha, está indignado com o silêncio da mídia. Ele garante que já são mais de 150 executados no país. “Pessoas são mortas nas ruas de Tegucigalpa, muitas são conduzidas às prisões e os postos de saúde controlados pelos golpistas negam atendimento aos feridos”. Militares e esquadrões da morte invadem residências, saqueiam, estupram as mulheres e torturam. “Setores da resistência falam em banho de sangue, tamanha a selvageria dos militares. Porta-vozes da Cruz Vermelha se mostram horrorizados com a violência... Traficantes de drogas e quadrilhas com base em Miami estão em Honduras dando respaldo ao golpe e ocupam o Ministério da Justiça através de membros do esquadrão da morte”.
Mídia servil aos interesses do império
Para Laerte Braga, “há uma ação concentrada dos embaixadores dos EUA na região, em conluio com o governo paralelo dos EUA, para desestabilizar toda a área, provocar uma guerra e, assim, derrubar governos contrários aos interesses norte-americanos. Obama é um boneco, um objeto de decoração envolvido nas tramas golpistas... O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, acusou os golpistas de tentarem forçar uma situação de guerra para justificar uma intervenção militar norte-americana, mesmo que disfarçada com a presença de tropas de outros países, como já ocorre no Haiti”. O seu governo e o de El Salvador já reforçaram a presença de tropas nas fronteiras.
Com a mesma convicção, o jornalista Juan Gelman, do diário argentino Página 12, afirma que “a Casa Branca conhecia há meses o golpe que se preparava em Honduras, embora seus porta-vozes finjam agora sua inocência”. Ele lembra que o atual embaixador em Tegucigalpa, Hugo Llorens, privilegiou as relações com o general golpista Romero Vásquez desde a sua chegada ao país, em setembro passado. Cita ainda as declarações de Hillary Clinton contra o referendo convocado por Manuel Zelaya. “É difícil supor que os chefes militares de Honduras, armados pelo Pentágono e formados na Escola das Américas, tenham se movido sem a autorização de seus mentores”.
Golpistas corruptos e assassinos
Diante dos interesses imperiais dos EUA e do temor das elites locais com o avanço dos governos progressistas no continente, a mídia hegemônica evita mostrar as cenas de violência. Ela também ofusca os protestos diários e crescentes contra o golpe. As televisões privadas sequer denunciam que os “gorilas” são fascistas assumidos e corruptos processados. O general Romero Vásquez, autor do seqüestro do presidente Zelaya, foi preso em 1993, acusado de roubar 200 automóveis de luxo. Já o “ministro” Billy Joya foi chefe da divisão tática do Batalhão B3-16, o esquadrão da morte hondurenho que torturou e seqüestrou inúmeras pessoas nos anos 1980.
Nada disto aparece nas telinhas da televisão. O tratamento da mídia venal é totalmente diferente do exibido durante as “explosões espontâneas” no Irã. Manuel Zelaya era um obstáculo para os interesses do império na região. Ele rompeu o tratado de “livre comércio” com os EUA, firmou o acordo com a Alba (Alternativa Bolivariana das Américas) e aliou-se a Hugo Chávez, tão odiado e estigmatizado pela mídia imperial. Daí a cobertura tendenciosa. Sua linha editorial é evidente. Seguindo as ordens da Casa Branca, ela aposta na solução “negociada”, que inviabilize o retorno de Zelaya ao poder e legitime um “governo de conciliação nacional”. Tanto que vários veículos de comunicação já têm tratado o governo golpista como “interino”.
domingo, 19 de julho de 2009
A mídia patrocinou o golpe em Honduras
O jornalista Ernesto Carmona, numa minuciosa pesquisa publicada no sitio Rebelión, confirmou o que muitos já imaginavam. A maior parte da mídia hondurenha ajudou a preparar o clima para o golpe militar que depôs o presidente democraticamente eleito Manuel Zelaya no final de junho. Ela tem dado total apoio à sangrenta ditadura, que já matou dezenas de pessoas, decretou toque de recolher, censurou rádios comunitárias e jornais alternativos e transformou este pequeno país da América Central num campo de concentração. A mídia mundial nada fala sobre estas ligações macabras, até porque já apoiou outros golpes e ditaduras fascistas – como no caso do Brasil.
Segundo o estudo, a mídia hondurenha, a exemplo da brasileira, é altamente concentrada. Três famílias controlam os quatro jornais diários de circulação nacional e uma única família domina as redes de televisão e rádio. “Um reduzido grupo de empresários, que se apropriou do direito de informar, monopoliza a ‘liberdade de expressão’, posta a serviço dos seus próprios interesses políticos e econômicos, uma vez que explora um rentável negócio”. Conforme aponta, a mídia segue “uma orientação ideológica de direita e pertence a empresários que mantêm os diários como uma empresa mercantil. Seus vínculos com os grupos de poder político são muito estreitos, porque eles mesmos pertencem também a estes grupos de poder”.
Oligarcas dominam os jornais impressos
Dos quatro jornais, dois são editados na capital, Tegucigalpa (El Heraldo e Tiempo), e dois são impressos em San Pedro Sula, a segunda maior cidade do país (La Tribuna e La Prensa). Todos são comandados por velhos oligarcas, que controlam os dois partidos que se revezam no poder há décadas. La Tribuna tem como maior acionista o ex-presidente de Honduras, Roberto Flores Facussé (1998-2002), do Partido Liberal (PLH), um agrupamento de centro-direita, fundado em 1891, a qual pertence o presidente deposto. O seu setor mais à direita, comandado por Roberto Micheleti, orquestrou o golpe com aos generais corruptos, alinhados e adestrados nos EUA.
Já o jornal La Prensa pertence à família de Jorge Larach, que também é dona de El Heraldo. Sua linha editorial defende “a necessidade de que o país se abra aos conceitos modernos da economia de mercado” e atacou ferozmente à decisão de Zelaya de romper com o tratado de livre comércio (TLC) com os EUA. O diário El Heraldo, um dos mais raivosos no apoio ao golpe, é dirigido pelo filho de Jorge Larach, “membro das comissões de notáveis, sempre próximo ao presidente de turno e provedor da indústria de armas e de medicamentos do Estado”. Por último, o Tiempo pertence a Jaime Rosenthal, um poderoso banqueiro que também é secretário-geral do PLH e já disputou várias vezes a presidência de Honduras e sempre foi rechaçado nas urnas.
Um oligarca domina a TV
Já a televisão é controlada por uma única pessoa, José Rafael Ferrari, que também possui enorme presença nas rádios e é presidente da Fundação Teletón. Ele é dono de uma rede nacional e dirige canais com distintos nomes e afiliadas – canais 5, 13, 7. Suas emissoras omitem as manifestações contra os golpistas e as condenações internacionais ao golpe e dão amplo respaldo à ditadura de Micheleti. Nos seus telejornais diários, Honduras parece que foi salva da “ditadura chavista” de Zelaya e hoje vive no paraíso da democracia liberal e numa autêntica paz – a paz dos cemitérios.
As emissoras de rádio de alcance nacional também são dominadas por velhos oligarcas e existem somente duas revistas semanais – Hablemos claro e Honduras this week (nome em inglês, numa prova cabal de subserviência). “Todos estes personagens são defensores acirrados da ‘liberdade de imprensa’, tal como prega a Sociedade Interamericana de Imprensa (SID), os diários mais reacionários do continente, as cadeias internacionais de notícias, como a CNN, e todas as caixas de ressonância do golpe em Honduras”, ironiza Ernesto Carmona.
Segundo o estudo, a mídia hondurenha, a exemplo da brasileira, é altamente concentrada. Três famílias controlam os quatro jornais diários de circulação nacional e uma única família domina as redes de televisão e rádio. “Um reduzido grupo de empresários, que se apropriou do direito de informar, monopoliza a ‘liberdade de expressão’, posta a serviço dos seus próprios interesses políticos e econômicos, uma vez que explora um rentável negócio”. Conforme aponta, a mídia segue “uma orientação ideológica de direita e pertence a empresários que mantêm os diários como uma empresa mercantil. Seus vínculos com os grupos de poder político são muito estreitos, porque eles mesmos pertencem também a estes grupos de poder”.
Oligarcas dominam os jornais impressos
Dos quatro jornais, dois são editados na capital, Tegucigalpa (El Heraldo e Tiempo), e dois são impressos em San Pedro Sula, a segunda maior cidade do país (La Tribuna e La Prensa). Todos são comandados por velhos oligarcas, que controlam os dois partidos que se revezam no poder há décadas. La Tribuna tem como maior acionista o ex-presidente de Honduras, Roberto Flores Facussé (1998-2002), do Partido Liberal (PLH), um agrupamento de centro-direita, fundado em 1891, a qual pertence o presidente deposto. O seu setor mais à direita, comandado por Roberto Micheleti, orquestrou o golpe com aos generais corruptos, alinhados e adestrados nos EUA.
Já o jornal La Prensa pertence à família de Jorge Larach, que também é dona de El Heraldo. Sua linha editorial defende “a necessidade de que o país se abra aos conceitos modernos da economia de mercado” e atacou ferozmente à decisão de Zelaya de romper com o tratado de livre comércio (TLC) com os EUA. O diário El Heraldo, um dos mais raivosos no apoio ao golpe, é dirigido pelo filho de Jorge Larach, “membro das comissões de notáveis, sempre próximo ao presidente de turno e provedor da indústria de armas e de medicamentos do Estado”. Por último, o Tiempo pertence a Jaime Rosenthal, um poderoso banqueiro que também é secretário-geral do PLH e já disputou várias vezes a presidência de Honduras e sempre foi rechaçado nas urnas.
Um oligarca domina a TV
Já a televisão é controlada por uma única pessoa, José Rafael Ferrari, que também possui enorme presença nas rádios e é presidente da Fundação Teletón. Ele é dono de uma rede nacional e dirige canais com distintos nomes e afiliadas – canais 5, 13, 7. Suas emissoras omitem as manifestações contra os golpistas e as condenações internacionais ao golpe e dão amplo respaldo à ditadura de Micheleti. Nos seus telejornais diários, Honduras parece que foi salva da “ditadura chavista” de Zelaya e hoje vive no paraíso da democracia liberal e numa autêntica paz – a paz dos cemitérios.
As emissoras de rádio de alcance nacional também são dominadas por velhos oligarcas e existem somente duas revistas semanais – Hablemos claro e Honduras this week (nome em inglês, numa prova cabal de subserviência). “Todos estes personagens são defensores acirrados da ‘liberdade de imprensa’, tal como prega a Sociedade Interamericana de Imprensa (SID), os diários mais reacionários do continente, as cadeias internacionais de notícias, como a CNN, e todas as caixas de ressonância do golpe em Honduras”, ironiza Ernesto Carmona.
quinta-feira, 16 de julho de 2009
Congresso da UNE e manipulação da mídia
Após viajarem milhares de quilômetros em centenas de ônibus fretados, mais de 15 mil jovens de todos os recantos do país estarão reunidos em Brasília para participar do 51º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE). Durante cinco dias, eles esbanjarão energia, criatividade e garra em várias passeatas, em acirradas polêmicas nos 25 grupos de debate sobre temas candentes e em plenárias infindáveis. Não haverá cansaço ou desanimo, mas uma baita disposição para lutar por melhorias na educação e por mudanças profundas no país. Caso a mídia tupiniquim respeitasse a nossa juventude, o congresso seria manchete em todos os jornais e nas emissoras de TV e rádio.
Mas a mídia hegemônica prefere evitar qualquer engajamento dos jovens. Ela aposta sempre na alienação e ceticismo. Rejeita qualquer ação coletiva. Prefere estimular o consumismo doentio e o individualismo exacerbado. Por isso, o evento da UNE surge, no máximo, no pé de página dos jornalões tradicionais ou em rápidos flashes na TV. Quando ela trata do evento, é para atacar a organização juvenil e criminalizar suas lutas. Ela omite ou emite opiniões raivosas. Como nos ensina Perseu Abramo, no livro “Padrões de manipulação na grande imprensa”, a ocultação e a inversão da opinião pela informação são duas técnicas muito utilizadas pelos barões da mídia.
Padrões de manipulação da imprensa
“O padrão da ocultação se refere à ausência e presença dos fatos reais na produção da imprensa. Não se trata, evidentemente, de fruto do desconhecimento e nem mesmo de mera omissão diante do real. É, ao contrário, um deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade. Esse é um padrão que opera nos antecedentes, nas preliminares da busca da informação, isto é, no ‘momento’ das decisões de planejamento da edição, naquilo que na imprensa geralmente se chama de pauta... O padrão da ocultação é decisivo e definitivo na manipulação da realidade: tomada a decisão de que um fato ‘não é jornalístico’, não há a menor chance de que o leitor tome conhecimento de sua existência por meio da imprensa. O fato real é eliminado da realidade, ele não existe”, ensina o mestre na obra reeditada pela Fundação Perseu Abramo.
Já o segundo truque visa “substituir, inteira ou parcialmente, a informação pela opinião. O órgão de imprensa apresenta a opinião no lugar da informação, e com o agravante de fazer passar a opinião pela informação. O juízo de valor é inescrupulosamente usado como se fosse a própria mera exposição narrativa/descritiva da realidade. O leitor/espectador já não tem mais diante de si a coisa tal como existe ou acontece, mas sim uma determinada valorização que órgão quer que ele tenha de uma coisa que ele desconhece, porque o seu conhecimento lhe foi oculto, negado e escamoteado pelo órgão... Ao leitor/espectador não é dada qualquer oportunidade que não a de consumir, introjetar e adotar como critério de ação a opinião que lhe é autoritariamente imposta”.
O zumbido irritante da Folha
Estes e outros truques da manipulação estão presentes na cobertura do cativante evento da UNE. As emissoras de televisão, que falam para milhões de brasileiros, preferem ocultar o congresso; é como se ele não existisse. Já os jornalões tradicionais, que atingem pequenas faixas entorpecidas das camadas médias, optam por desqualificar os militantes estudantis e suas bandeiras. A opinião substitui a informação. Um caso emblemático é o da cobertura da Folha de S.Paulo, que ainda ilude os ingênuos com o seu falso ecletismo. Com o título “Patrocinada pela Petrobras, UNE faz manifestação contra a CPI”, um texto de pé de página investiu raivosamente contra o congresso.
Não há qualquer informação sobre a pauta do congresso, sobre os participantes ou sobre as lutas estudantis. O artigo hidrófobo destaca apenas que a Petrobras “direcionou R$ 100 mil ao evento” e que os universitários programaram uma manifestação contra a CPI do Senado. A exemplo dos ataques desferidos contra o MST e as centrais sindicais, que recebem verbas públicas para vários projetos culturais e educacionais, a Folha tenta caracterizar a UNE como “governista”. Também critica o fato dos líderes estudantis ocuparem postos no governo Lula. O cinismo é descarado.
Quem está de rabo preso?
Um simples anúncio publicitário da Petrobras na Folha custa muito mais do que o patrocínio ao congresso da UNE. Nem por isso, ela é governista. Pelo contrário. O jornal é um dos principais porta-vozes da oposição demo-tucana. Para ser coerente nas críticas ao uso das verbas oficiais, a Folha deveria rejeitar os milionários anúncios em suas páginas. O governo Lula também poderia ser mais ousado, evitando alimentar cobra. Quanto a tal CPI do Senado, o jornal não informa que ela foi instalada por imposição da própria mídia e serve aos propósitos da oposição demo-tucana. Já no que se refere aos líderes estudantis em postos do governo, a Folha confirma que tem nojo do povo. Para ela, trabalhador é para trabalhar; estudante é para estudar; e a elite é para governar.
No livro citado, Perseu Abramo desmascara a frase publicitária do jornal. “A Folha está de rabo preso com o leitor só tem seu verdadeiro significado desvendado quando recolocada de pé sobre o chão e lida com a re-inversão dos seus termos: o leitor é que está de rabo preso com a Folha, e por extensão com todos os grandes órgãos de comunicação. Recriando a realidade à sua maneira e de acordo com seus interesses político-partidários, os órgãos de comunicação aprisionam seus leitores nesse círculo de ferro da realidade irreal e sobre ele exercem todo o seu poder. O Jornal Nacional faz plim-plim e milhões de brasileiros salivam no ato. Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil e Veja dizem alguma coisa e centenas de milhares de brasileiros abanam o rabo em sinal de assentimento e obediência”.
Mas a mídia hegemônica prefere evitar qualquer engajamento dos jovens. Ela aposta sempre na alienação e ceticismo. Rejeita qualquer ação coletiva. Prefere estimular o consumismo doentio e o individualismo exacerbado. Por isso, o evento da UNE surge, no máximo, no pé de página dos jornalões tradicionais ou em rápidos flashes na TV. Quando ela trata do evento, é para atacar a organização juvenil e criminalizar suas lutas. Ela omite ou emite opiniões raivosas. Como nos ensina Perseu Abramo, no livro “Padrões de manipulação na grande imprensa”, a ocultação e a inversão da opinião pela informação são duas técnicas muito utilizadas pelos barões da mídia.
Padrões de manipulação da imprensa
“O padrão da ocultação se refere à ausência e presença dos fatos reais na produção da imprensa. Não se trata, evidentemente, de fruto do desconhecimento e nem mesmo de mera omissão diante do real. É, ao contrário, um deliberado silêncio militante sobre determinados fatos da realidade. Esse é um padrão que opera nos antecedentes, nas preliminares da busca da informação, isto é, no ‘momento’ das decisões de planejamento da edição, naquilo que na imprensa geralmente se chama de pauta... O padrão da ocultação é decisivo e definitivo na manipulação da realidade: tomada a decisão de que um fato ‘não é jornalístico’, não há a menor chance de que o leitor tome conhecimento de sua existência por meio da imprensa. O fato real é eliminado da realidade, ele não existe”, ensina o mestre na obra reeditada pela Fundação Perseu Abramo.
Já o segundo truque visa “substituir, inteira ou parcialmente, a informação pela opinião. O órgão de imprensa apresenta a opinião no lugar da informação, e com o agravante de fazer passar a opinião pela informação. O juízo de valor é inescrupulosamente usado como se fosse a própria mera exposição narrativa/descritiva da realidade. O leitor/espectador já não tem mais diante de si a coisa tal como existe ou acontece, mas sim uma determinada valorização que órgão quer que ele tenha de uma coisa que ele desconhece, porque o seu conhecimento lhe foi oculto, negado e escamoteado pelo órgão... Ao leitor/espectador não é dada qualquer oportunidade que não a de consumir, introjetar e adotar como critério de ação a opinião que lhe é autoritariamente imposta”.
O zumbido irritante da Folha
Estes e outros truques da manipulação estão presentes na cobertura do cativante evento da UNE. As emissoras de televisão, que falam para milhões de brasileiros, preferem ocultar o congresso; é como se ele não existisse. Já os jornalões tradicionais, que atingem pequenas faixas entorpecidas das camadas médias, optam por desqualificar os militantes estudantis e suas bandeiras. A opinião substitui a informação. Um caso emblemático é o da cobertura da Folha de S.Paulo, que ainda ilude os ingênuos com o seu falso ecletismo. Com o título “Patrocinada pela Petrobras, UNE faz manifestação contra a CPI”, um texto de pé de página investiu raivosamente contra o congresso.
Não há qualquer informação sobre a pauta do congresso, sobre os participantes ou sobre as lutas estudantis. O artigo hidrófobo destaca apenas que a Petrobras “direcionou R$ 100 mil ao evento” e que os universitários programaram uma manifestação contra a CPI do Senado. A exemplo dos ataques desferidos contra o MST e as centrais sindicais, que recebem verbas públicas para vários projetos culturais e educacionais, a Folha tenta caracterizar a UNE como “governista”. Também critica o fato dos líderes estudantis ocuparem postos no governo Lula. O cinismo é descarado.
Quem está de rabo preso?
Um simples anúncio publicitário da Petrobras na Folha custa muito mais do que o patrocínio ao congresso da UNE. Nem por isso, ela é governista. Pelo contrário. O jornal é um dos principais porta-vozes da oposição demo-tucana. Para ser coerente nas críticas ao uso das verbas oficiais, a Folha deveria rejeitar os milionários anúncios em suas páginas. O governo Lula também poderia ser mais ousado, evitando alimentar cobra. Quanto a tal CPI do Senado, o jornal não informa que ela foi instalada por imposição da própria mídia e serve aos propósitos da oposição demo-tucana. Já no que se refere aos líderes estudantis em postos do governo, a Folha confirma que tem nojo do povo. Para ela, trabalhador é para trabalhar; estudante é para estudar; e a elite é para governar.
No livro citado, Perseu Abramo desmascara a frase publicitária do jornal. “A Folha está de rabo preso com o leitor só tem seu verdadeiro significado desvendado quando recolocada de pé sobre o chão e lida com a re-inversão dos seus termos: o leitor é que está de rabo preso com a Folha, e por extensão com todos os grandes órgãos de comunicação. Recriando a realidade à sua maneira e de acordo com seus interesses político-partidários, os órgãos de comunicação aprisionam seus leitores nesse círculo de ferro da realidade irreal e sobre ele exercem todo o seu poder. O Jornal Nacional faz plim-plim e milhões de brasileiros salivam no ato. Folha de S.Paulo, Estado de S.Paulo, Jornal do Brasil e Veja dizem alguma coisa e centenas de milhares de brasileiros abanam o rabo em sinal de assentimento e obediência”.
Jô Soares e o “caçador de marajás”
Nos momentos mais deprimentes das “baixarias na política”, como na atual crise do Senado, Jô Soares sempre leva ao seu programa da TV Globo várias comentaristas globais para espinafrar os políticos e desqualificar a política. São as tais “meninas do Jô”, sempre tão venenosas e cheias de certezas. No programa desta quarta-feira, as jornalistas Cristiana Lobo, Lúcio Hippolito, Lilian Witte Fibe, Flávia Oliveira e Ana Maria Tahan concentraram seus ataques no recente aperto de mão do presidente Lula ao senador Collor de Mello, numa solenidade pública em Alagoas. Para elas, travestidas de vestais da ética, este gesto seria a prova definitiva de que política não presta.
As “meninas do Jô” só deixaram da lembrar aos telespectadores sem memória que a candidatura de Collor de Mello, em 1989, foi fabricada nos sinistros laboratórios da própria TV Globo. Elas inclusive evitaram utilizar a expressão “caçador de marajás”, cunhada na época para alavancar o político alagoano e evitar a vitória de Lula, o temido líder grevista daquele período. Elas também nada falaram sobre a manipulação grosseira feita pelo Jornal Nacional da edição do debate entre os dois candidatos, nas vésperas daquele pleito. E ainda omitiram a informação de que a família de Collor de Mello ainda é proprietária da empresa afiliada da TV Globo em Alagoas.
Anarquista ao gosto do patrão
Diante das baixarias da famíglia Marinho, o recente aperto de mão é apenas um gesto protocolar! Com seu humor tendencioso, Jô Soares nunca cobrou qualquer autocrítica de seus patrões. Além das “meninas do Jô”, ele poderia ouvir o professor Venício de Lima, que no livro “Mídia: crise política e poder no Brasil” desmascara as manipulações da TV Globo na eleição do “caçador de marajás” e em outros episódios lamentáveis da nossa história recente. Também poderia convidar o professor Bernardo Kucinski, que no livro “A síndrome da antena parabólica” denuncia o total colapso da ética na mídia brasileira e o papel nefasto da famíglia Marinho na política nacional.
Até algum tempo atrás, Jô Soares ainda seduzia muita gente. Na época da ditadura, que contou com o apoio ativo da TV Globo até a reta final da campanha das “Diretas-Já”, ele fez um humor corajoso de denúncia da censura e dos militares. Após a conquista da democracia liberal, ele se deu por satisfeito e nunca mais incomodou os poderosos e os barões da mídia. Maroto, ele vestiu a oportuna fantasia do “anarquista”. O falecido professor Maurício Tragtemberg, um intelectual anarquista autêntico, costumava zombar destes anarquistas “riquinhos”, que fazem suas críticas comportamentais, mas não tem qualquer compromisso com a justiça social.
As “meninas do Jô” só deixaram da lembrar aos telespectadores sem memória que a candidatura de Collor de Mello, em 1989, foi fabricada nos sinistros laboratórios da própria TV Globo. Elas inclusive evitaram utilizar a expressão “caçador de marajás”, cunhada na época para alavancar o político alagoano e evitar a vitória de Lula, o temido líder grevista daquele período. Elas também nada falaram sobre a manipulação grosseira feita pelo Jornal Nacional da edição do debate entre os dois candidatos, nas vésperas daquele pleito. E ainda omitiram a informação de que a família de Collor de Mello ainda é proprietária da empresa afiliada da TV Globo em Alagoas.
Anarquista ao gosto do patrão
Diante das baixarias da famíglia Marinho, o recente aperto de mão é apenas um gesto protocolar! Com seu humor tendencioso, Jô Soares nunca cobrou qualquer autocrítica de seus patrões. Além das “meninas do Jô”, ele poderia ouvir o professor Venício de Lima, que no livro “Mídia: crise política e poder no Brasil” desmascara as manipulações da TV Globo na eleição do “caçador de marajás” e em outros episódios lamentáveis da nossa história recente. Também poderia convidar o professor Bernardo Kucinski, que no livro “A síndrome da antena parabólica” denuncia o total colapso da ética na mídia brasileira e o papel nefasto da famíglia Marinho na política nacional.
Até algum tempo atrás, Jô Soares ainda seduzia muita gente. Na época da ditadura, que contou com o apoio ativo da TV Globo até a reta final da campanha das “Diretas-Já”, ele fez um humor corajoso de denúncia da censura e dos militares. Após a conquista da democracia liberal, ele se deu por satisfeito e nunca mais incomodou os poderosos e os barões da mídia. Maroto, ele vestiu a oportuna fantasia do “anarquista”. O falecido professor Maurício Tragtemberg, um intelectual anarquista autêntico, costumava zombar destes anarquistas “riquinhos”, que fazem suas críticas comportamentais, mas não tem qualquer compromisso com a justiça social.
quarta-feira, 15 de julho de 2009
Congresso da UNE e desemprego dos jovens
A União Nacional dos Estudantes (UNE), entidade unitária dos universitários que sempre teve papel de destaque nas lutas democráticas e populares do Brasil, inicia hoje o seu 51º congresso. O evento reunirá mais de 15 mil jovens, cheios de energia e combatividade, em Brasília. Durante cinco dias, eles participarão de 25 mesas de debates plurais, discutindo os temas de maior relevo para a juventude. Ao final, aprovarão seu plano de lutas e elegerão a nova direção da entidade. A mídia hegemônica, que prefere noticiar fofocas e desfiles, possivelmente fará uma cobertura pífia deste evento de porte e destilará seu veneno, na linha da criminalização dos movimentos sociais.
Entre os temas que angustiam estes jovens conscientes e aguerridos, o da perspectiva de trabalho da juventude obrigatoriamente estará em pauta. A grave crise estrutural do capitalismo, acelerada pelo colapso da economia dos EUA, agrava um cenário que já era negativo e coloca em dúvida o futuro. Recente estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que o mercado de trabalho para os jovens brasileiros é marcado pelos altos índices de desemprego e informalidade. De acordo com o relatório “Trabalho decente e juventude no Brasil”, 67,5% dos jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados ou no mercado informal em 2006.
Falta de perspectiva dos jovens
O detalhado estudo, que tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 1992 a 2006, comprova que o déficit era maior entre as mulheres jovens (70,1%) do que entre os homens jovens (65,6%). O índice também era mais dramático entre os jovens negros (74,7%) do que entre os jovens brancos (59,6%). Já as jovens mulheres negras vivem, segundo a própria OIT, “uma situação de dupla discriminação”, de gênero e etnia. O desemprego e a informalidade afetavam 77,9% das jovens mulheres negras. Se o quadro já era grave antes da eclosão da crise capitalista, ele deve ter piorado na fase atual, segundo Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil.
Apesar de reconhecer os avanços nas políticas públicas de geração de emprego para juventude do governo Lula, a diretora da OIT avalia que eles ainda são insuficientes. Para ela, o desafio maior consiste “em melhorar a qualidade da educação”. A pesquisa indica que 7% dos jovens brancos tinham baixa escolaridade e que o número mais do que dobrava (16%) entre os jovens negros. Também aponta que dos 22 milhões de jovens economicamente ativos, 30% trabalhavam mais de 20 horas semanais, o que prejudica o seu desempenho escolar. “Há uma espécie de círculo vicioso: o jovem não entra no mercado porque não tem experiência, mas para ter experiência ele precisa estar dentro do mercado”, alerta Laís Abramo.
Políticas públicas mais ativas
Com as mesmas preocupações, o atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann, propõe medidas de maior impacto para encarar o drama da falta de perspectiva da juventude, principal vítima do desemprego, da precariedade e da informalidade. No livro “A batalha pelo primeiro emprego”, reeditado pela Publisher, ele afirma que é urgente a adoção de políticas públicas mais ativas. Ele não trata a educação como panacéia, já que muitos jovens saídos da universidade hoje estão desempregados. “No Brasil, o avanço da escolaridade do jovem não tem sido acompanhado da melhor inserção e trajetória no mercado do trabalho”. O problema, portanto, não reside unicamente na educação, como difundem a mídia e os neoliberais.
Entre outras propostas, Pochmann defende que o ingresso do jovem no mercado de trabalho seja adiado, dando-lhe mais tempo para o estudo. Os avanços tecnológicos, que impulsionaram ainda mais a produtividade, justificariam e tornariam viável esta medida. Ele lembra que nos chamados países desenvolvidos, a cada 10 jovens, seis se encontram em situação de inatividade; no Brasil, sete a cada 10 já trabalham. “A ampliação da idade para ingresso no trabalho decorre da maior ocupação do tempo livre das faixas etárias inferiores da população com educação e programas de treinamento profissional de iniciação ao trabalho”. Ele também defende “a obrigação legal por parte das empresas com mais de nove empregados de conceder tempo e condições de formação prática ao trabalhador jovem” e a drástica redução das horas-extras.
Pochmann destaca a urgência da luta contra os entraves neoliberais. “Uma estratégia nacional pelo primeiro emprego do jovem deve levar em consideração, em primeiro lugar, a necessidade do crescimento econômico sustentado por um período relativamente longo de tempo, em especial no Brasil que tem cerca de 1,5 milhão de pessoas que ingressam anualmente no trabalho... Sem isso, as medidas direcionadas ao ingresso da juventude no trabalho tornam-se insuficientes, parcialmente compensatórias e relativamente parciais”. A leitura do seu livro é obrigatória para os conscientes e combativos militantes da UNE, que lutam por mudanças profundas no Brasil.
Entre os temas que angustiam estes jovens conscientes e aguerridos, o da perspectiva de trabalho da juventude obrigatoriamente estará em pauta. A grave crise estrutural do capitalismo, acelerada pelo colapso da economia dos EUA, agrava um cenário que já era negativo e coloca em dúvida o futuro. Recente estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT) revela que o mercado de trabalho para os jovens brasileiros é marcado pelos altos índices de desemprego e informalidade. De acordo com o relatório “Trabalho decente e juventude no Brasil”, 67,5% dos jovens entre 15 e 24 anos estavam desempregados ou no mercado informal em 2006.
Falta de perspectiva dos jovens
O detalhado estudo, que tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad) de 1992 a 2006, comprova que o déficit era maior entre as mulheres jovens (70,1%) do que entre os homens jovens (65,6%). O índice também era mais dramático entre os jovens negros (74,7%) do que entre os jovens brancos (59,6%). Já as jovens mulheres negras vivem, segundo a própria OIT, “uma situação de dupla discriminação”, de gênero e etnia. O desemprego e a informalidade afetavam 77,9% das jovens mulheres negras. Se o quadro já era grave antes da eclosão da crise capitalista, ele deve ter piorado na fase atual, segundo Laís Abramo, diretora da OIT no Brasil.
Apesar de reconhecer os avanços nas políticas públicas de geração de emprego para juventude do governo Lula, a diretora da OIT avalia que eles ainda são insuficientes. Para ela, o desafio maior consiste “em melhorar a qualidade da educação”. A pesquisa indica que 7% dos jovens brancos tinham baixa escolaridade e que o número mais do que dobrava (16%) entre os jovens negros. Também aponta que dos 22 milhões de jovens economicamente ativos, 30% trabalhavam mais de 20 horas semanais, o que prejudica o seu desempenho escolar. “Há uma espécie de círculo vicioso: o jovem não entra no mercado porque não tem experiência, mas para ter experiência ele precisa estar dentro do mercado”, alerta Laís Abramo.
Políticas públicas mais ativas
Com as mesmas preocupações, o atual presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Marcio Pochmann, propõe medidas de maior impacto para encarar o drama da falta de perspectiva da juventude, principal vítima do desemprego, da precariedade e da informalidade. No livro “A batalha pelo primeiro emprego”, reeditado pela Publisher, ele afirma que é urgente a adoção de políticas públicas mais ativas. Ele não trata a educação como panacéia, já que muitos jovens saídos da universidade hoje estão desempregados. “No Brasil, o avanço da escolaridade do jovem não tem sido acompanhado da melhor inserção e trajetória no mercado do trabalho”. O problema, portanto, não reside unicamente na educação, como difundem a mídia e os neoliberais.
Entre outras propostas, Pochmann defende que o ingresso do jovem no mercado de trabalho seja adiado, dando-lhe mais tempo para o estudo. Os avanços tecnológicos, que impulsionaram ainda mais a produtividade, justificariam e tornariam viável esta medida. Ele lembra que nos chamados países desenvolvidos, a cada 10 jovens, seis se encontram em situação de inatividade; no Brasil, sete a cada 10 já trabalham. “A ampliação da idade para ingresso no trabalho decorre da maior ocupação do tempo livre das faixas etárias inferiores da população com educação e programas de treinamento profissional de iniciação ao trabalho”. Ele também defende “a obrigação legal por parte das empresas com mais de nove empregados de conceder tempo e condições de formação prática ao trabalhador jovem” e a drástica redução das horas-extras.
Pochmann destaca a urgência da luta contra os entraves neoliberais. “Uma estratégia nacional pelo primeiro emprego do jovem deve levar em consideração, em primeiro lugar, a necessidade do crescimento econômico sustentado por um período relativamente longo de tempo, em especial no Brasil que tem cerca de 1,5 milhão de pessoas que ingressam anualmente no trabalho... Sem isso, as medidas direcionadas ao ingresso da juventude no trabalho tornam-se insuficientes, parcialmente compensatórias e relativamente parciais”. A leitura do seu livro é obrigatória para os conscientes e combativos militantes da UNE, que lutam por mudanças profundas no Brasil.
segunda-feira, 13 de julho de 2009
Serra e o “futurismo” da Revista da Folha
Com a manchete “São Paulo futurista”, a Revista da Folha desde domingo ingressou com tudo na campanha presidencial do governador paulista José Serra. Quem lê a reportagem, que trata dos “rascunhos de uma São Paulo em projetos que somam R$ 32 bilhões”, é levado a acreditar que a capital, administrada pelo demo Gilberto Kassab, e o estado, comandado há décadas pelos tucanos, serão o paraíso do futuro. Não haverá mais congestionamentos quilométricos, moradias precárias, menores consumindo crack no centro da cidade, falta de canalização do esgoto, postos de saúde abandonados, escolas caindo aos pedaços. As maquetes exibidas seduzem os ingênuos!
A reportagem promete um território dos sonhos. “Um metrô conectando o centro ao aeroporto de Cumbica. Edifícios com arquiteturas de grife espalhados pela cidade... Recuperação de uma das regiões mais degradadas da cidade [a cracolândia na estação da Luz]... Um sistema de transporte público um tanto melhor do que esse que São Paulo hoje possui [qual?]... E a favela do futuro”. José Serra nem é entrevistado para não dar muito na cara. No seu lugar, seu fiel seguidor Kassab, que disse em recente entrevista que “durmo de paletó” para atender o chefe notívago, garante que a São Paulo futurista terá “melhor fluidez no trânsito, mais áreas verdes, mais segurança, mais emprego, mais educação e melhor prestação de serviços”.
Truque de edição esconde a realidade
O repórter Gustavo Fioratti até explica que os projetos estão apenas no papel, que pouca coisa de concreto foi encaminhada. Também observa que as mudanças “imaginadas” são fomentadas pelo “maior evento futebolístico do planeta” – a Copa do Mundo de 2014. E reconhece que tais obras dependerão, também, das verbas do governo federal. Mas estas ponderações ficam ofuscadas no meio das páginas com ilusórias maquetes e fotomontagens. O leitor incauto da Revista da Folha, principalmente das camadas médias alienadas, é induzido a crer no “futurismo” tucano. A vida é um inferno na maior metrópole do país, mas no futuro, com “Serra presidente”, será um paraíso!
A manobra lembra um alerta do falecido jornalista Aloysio Biondi, um exemplo de dignidade na profissão. No artigo “Mentira e caradurismo (ou: a imprensa no reinado de FHC)”, que serviu de posfácio do livro “Padrões de manipulação da grande imprensa”, de Perseu Abramo, outro ícone do jornalismo, ele mostra que a mídia hegemônica bajulou descaradamente o tucano FHC. “Sem medo de exagerar, pode-se comprovar que técnicas jornalísticas e a experiência de profissionais regiamente pagos foram utilizadas permanentemente para encobrir a realidade. Valeu lançar mão de tudo: de manchetes falsas, inclusive ‘invertendo a informação’, a colocar o lide no final das matérias, isto é, esconder a informação realmente importante nas últimas linhas”.
Um dos truques mais usados pela mídia no reinado de FHC foi o de prometer um futuro melhor sem base na realidade. O ilusionismo foi feito com base em “manchetes encomendadas”, “cifras enganosas” e “omissão escandalosa”. Na época, ele advertiu: “No jornalismo do reinado de FHC é bobagem confiar nos títulos e na abertura, ou primeiras linhas (lide) da matéria, que são sempre otimistas... Técnica de edição? Diariamente, os jornais estão cheios desses truques de esconder a verdade”. O alerta de Aloysio Biondi se encaixa perfeitamente na análise critica da reportagem dominical da Revista da Folha, uma peça descarada da campanha presidencial de outro tucano.
A reportagem promete um território dos sonhos. “Um metrô conectando o centro ao aeroporto de Cumbica. Edifícios com arquiteturas de grife espalhados pela cidade... Recuperação de uma das regiões mais degradadas da cidade [a cracolândia na estação da Luz]... Um sistema de transporte público um tanto melhor do que esse que São Paulo hoje possui [qual?]... E a favela do futuro”. José Serra nem é entrevistado para não dar muito na cara. No seu lugar, seu fiel seguidor Kassab, que disse em recente entrevista que “durmo de paletó” para atender o chefe notívago, garante que a São Paulo futurista terá “melhor fluidez no trânsito, mais áreas verdes, mais segurança, mais emprego, mais educação e melhor prestação de serviços”.
Truque de edição esconde a realidade
O repórter Gustavo Fioratti até explica que os projetos estão apenas no papel, que pouca coisa de concreto foi encaminhada. Também observa que as mudanças “imaginadas” são fomentadas pelo “maior evento futebolístico do planeta” – a Copa do Mundo de 2014. E reconhece que tais obras dependerão, também, das verbas do governo federal. Mas estas ponderações ficam ofuscadas no meio das páginas com ilusórias maquetes e fotomontagens. O leitor incauto da Revista da Folha, principalmente das camadas médias alienadas, é induzido a crer no “futurismo” tucano. A vida é um inferno na maior metrópole do país, mas no futuro, com “Serra presidente”, será um paraíso!
A manobra lembra um alerta do falecido jornalista Aloysio Biondi, um exemplo de dignidade na profissão. No artigo “Mentira e caradurismo (ou: a imprensa no reinado de FHC)”, que serviu de posfácio do livro “Padrões de manipulação da grande imprensa”, de Perseu Abramo, outro ícone do jornalismo, ele mostra que a mídia hegemônica bajulou descaradamente o tucano FHC. “Sem medo de exagerar, pode-se comprovar que técnicas jornalísticas e a experiência de profissionais regiamente pagos foram utilizadas permanentemente para encobrir a realidade. Valeu lançar mão de tudo: de manchetes falsas, inclusive ‘invertendo a informação’, a colocar o lide no final das matérias, isto é, esconder a informação realmente importante nas últimas linhas”.
Um dos truques mais usados pela mídia no reinado de FHC foi o de prometer um futuro melhor sem base na realidade. O ilusionismo foi feito com base em “manchetes encomendadas”, “cifras enganosas” e “omissão escandalosa”. Na época, ele advertiu: “No jornalismo do reinado de FHC é bobagem confiar nos títulos e na abertura, ou primeiras linhas (lide) da matéria, que são sempre otimistas... Técnica de edição? Diariamente, os jornais estão cheios desses truques de esconder a verdade”. O alerta de Aloysio Biondi se encaixa perfeitamente na análise critica da reportagem dominical da Revista da Folha, uma peça descarada da campanha presidencial de outro tucano.
domingo, 12 de julho de 2009
Lançado o livro “A ditadura da mídia”
A mídia hegemônica vive um paradoxo. Ela nunca foi tão poderosa no mundo e no Brasil, em decorrência dos avanços tecnológicos nos ramos das comunicações e das telecomunicações, do intenso processo de concentração e monopolização do setor nas últimas décadas e da criminosa desregulamentação do mercado que a deixou livre de qualquer controle público. Atualmente, ela exerce a sua brutal ditadura midiática, manipulando informações e deturpando comportamentos. Na crise de hegemonia dos partidos burgueses, a mídia hegemônica confirma uma velha tese do revolucionário italiano Antonio Gramsci e transforma-se num verdadeiro “partido do capital”.
Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura tendenciosa de inúmeros processos eleitorais. Alguns governantes, respaldados pelas urnas, decidem enfrentar, com formas e ritmos diferentes, esse poder que se coloca acima do Estado de Direito. Na América Latina rebelde, as mudanças no setor são as mais sensíveis.
No caso do Brasil, a mídia controlada por meia dúzia de famílias também esbanja poder, mas dá vários sinais de fragilidade. Na acirrada disputa sucessória de 2006, o bombardeio midiático não conseguiu induzir o povo ao retrocesso político. Pesquisas recentes apontam queda de audiência da poderosa TV Globo e da tiragem de jornalões tradicionais. O governo Lula, com todas as suas vacilações, adota medidas para se contrapor à ditadura midiática, como a criação da TV Brasil e a convocação da primeira Conferência Nacional de Comunicação.
Este quadro, com seus paradoxos, coloca em novo patamar a luta pela democratização da mídia e pelo fortalecimento de meios alternativos, contra-hegemônicos, de informação. Este desafio se tornou estratégico. Sem enfrentar a ditadura midiática não haverá avanços na democracia, nas lutas dos trabalhadores por uma vida mais digna, na batalha histórica pela superação da barbárie capitalista e nem mesmo na construção do socialismo. Aos poucos, os partidos de esquerda e os movimentos sociais percebem que esta luta estratégica exige o reforço dos veículos alternativos, a denúncia da mídia burguesa e uma plataforma pela efetiva democratização da comunicação.
O livro A ditadura da mídia tem o modesto objetivo de contribuir com este debate. Não é uma obra acadêmica, mas uma peça de denúncia política. Ela não é neutra nem imparcial, mas visa desmascarar o nefasto poder da mídia hegemônica e formular propostas para a democratização dos meios de comunicação. O livro foi prefaciado pelo professor Venício A. de Lima, um dos maiores especialista no tema no país, e apresenta também um comentário do jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele reúne cinco capítulos:
1- Poder mundial a serviço do capital e das guerras;
2- A mídia na berlinda na América Latina rebelde;
3- Concentração sui generis e os donos da mídia no Brasil;
4- De Getúlio a Lula, histórias da manipulação da imprensa;
5- Outra mídia é urgente: as brechas da democratização.
O exemplar custa R$ 20,00. Na venda de cotas para entidades (acima de 50 exemplares), o valor unitário é de R$ 10,00. Para adquirir sua cota, escreva para: aaborges1@uol.com.br.
Por outro lado, ela nunca esteve tão vulnerável e sofreu tantos questionamentos da sociedade. No mundo todo, cresce a resistência ao poder manipulador da mídia, expresso nas mentiras ditadas pela CNN e Fox para justificar a invasão dos EUA no Iraque, na sua ação golpista na Venezuela ou na cobertura tendenciosa de inúmeros processos eleitorais. Alguns governantes, respaldados pelas urnas, decidem enfrentar, com formas e ritmos diferentes, esse poder que se coloca acima do Estado de Direito. Na América Latina rebelde, as mudanças no setor são as mais sensíveis.
No caso do Brasil, a mídia controlada por meia dúzia de famílias também esbanja poder, mas dá vários sinais de fragilidade. Na acirrada disputa sucessória de 2006, o bombardeio midiático não conseguiu induzir o povo ao retrocesso político. Pesquisas recentes apontam queda de audiência da poderosa TV Globo e da tiragem de jornalões tradicionais. O governo Lula, com todas as suas vacilações, adota medidas para se contrapor à ditadura midiática, como a criação da TV Brasil e a convocação da primeira Conferência Nacional de Comunicação.
Este quadro, com seus paradoxos, coloca em novo patamar a luta pela democratização da mídia e pelo fortalecimento de meios alternativos, contra-hegemônicos, de informação. Este desafio se tornou estratégico. Sem enfrentar a ditadura midiática não haverá avanços na democracia, nas lutas dos trabalhadores por uma vida mais digna, na batalha histórica pela superação da barbárie capitalista e nem mesmo na construção do socialismo. Aos poucos, os partidos de esquerda e os movimentos sociais percebem que esta luta estratégica exige o reforço dos veículos alternativos, a denúncia da mídia burguesa e uma plataforma pela efetiva democratização da comunicação.
O livro A ditadura da mídia tem o modesto objetivo de contribuir com este debate. Não é uma obra acadêmica, mas uma peça de denúncia política. Ela não é neutra nem imparcial, mas visa desmascarar o nefasto poder da mídia hegemônica e formular propostas para a democratização dos meios de comunicação. O livro foi prefaciado pelo professor Venício A. de Lima, um dos maiores especialista no tema no país, e apresenta também um comentário do jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, ouvidor da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Ele reúne cinco capítulos:
1- Poder mundial a serviço do capital e das guerras;
2- A mídia na berlinda na América Latina rebelde;
3- Concentração sui generis e os donos da mídia no Brasil;
4- De Getúlio a Lula, histórias da manipulação da imprensa;
5- Outra mídia é urgente: as brechas da democratização.
O exemplar custa R$ 20,00. Na venda de cotas para entidades (acima de 50 exemplares), o valor unitário é de R$ 10,00. Para adquirir sua cota, escreva para: aaborges1@uol.com.br.
sábado, 11 de julho de 2009
Visita à rebelde e criativa Rádio Favela
Em 9 de julho, enquanto a elite paulista festejava o feriado da fracassada “revolução oligárquica de 1932”, estive em Belo Horizonte para uma agenda carregada. Pela manhã, audiência pública na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, requerida pelo deputado Carlin Moura (PCdoB) para debater os desafios da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. Na seqüência, um almoço com comunicadores populares, entre eles integrantes da combativa Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (Abraço), o incansável jornalista Luis Carlos Bernardes, o Peninha, e o legendário Edivaldo Amorim, Didi, presidente da Associação Brasileira de Canais Comunitários (Abccom). O papo foi excelente – só faltou a indispensável cachaça mineira. Depois, uma conversa com o atual presidente do Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais, o classista Aloísio Morais.
Todas as atividades foram riquíssimas. Para encerrar o educativo dia, o jornalista Kerison Lopes organizou uma marcante visita à Rádio Favela FM. No alto do morro da Serra, a maior favela de BH, uma prova inconteste do heroísmo e criatividade do povo brasileiro. Num pequeno sobrado, vários jovens envolvidos na programação desta rádio comunitária. Fundada em 1981, ela enfrentou violenta repressão, inúmeras prisões e processos; teve seus equipamentos várias vezes destruídos ou escondidos às pressas – como retrata o belo filme “Uma onda no ar”. Com muita persistência, ela conquistou a comunidade e, após quase 20 anos de heroísmo, conseguiu a sua outorga legal.
Um exemplo para o Brasil
No estúdio bem equipado, dois comentaristas esculhambam a elitização do futebol mineiro, com a cobrança de elevados ingressos na Libertadores da América, que terá o Cruzeiro na decisão. “O futebol é do povo, não é da elite que come caviar e toma champanhe”, dispara um dos locutores. Na varanda, que dá uma vista panorâmica da capital mineira, o ativo Misael dos Santos mostra as marcas das algemas que ficaram de uma de suas prisões, “quando a rádio era chamada de pirata”. Lembra sua mudança forçada para São Paulo, mas que o levou a trabalhar como operador de som nas greves operárias do ABC e a conhecer o líder grevista Lula, o atual presidente do Brasil.
Misael fala empolgado da programação da Rádio Favela, que toca todo tipo de música, presta diversos serviços à comunidade e dá informações aos ouvintes, sempre numa linguagem popular e com abordagens críticas. “A elite metida do país apanha bastante na rádio”. Este comunicador e guerreiro popular também lembra os prêmios da emissora, que inclusive foi condecorada duas vezes pela ONU por sua atuação no combate às drogas e à violência. Hoje o sinal da rádio atinge vários municípios da região metropolitana de Belo Horizonte e tem uma maiores audiências do Estado.
Que bom seria para a consciência crítica da sociedade se o Brasil tivesse milhares de emissoras comunitárias legalizadas como a Rádio Favela. A ditadura midiática não teria o mesmo poder de manipulação que dispõem atualmente. Misael, obrigado pela aula!
Todas as atividades foram riquíssimas. Para encerrar o educativo dia, o jornalista Kerison Lopes organizou uma marcante visita à Rádio Favela FM. No alto do morro da Serra, a maior favela de BH, uma prova inconteste do heroísmo e criatividade do povo brasileiro. Num pequeno sobrado, vários jovens envolvidos na programação desta rádio comunitária. Fundada em 1981, ela enfrentou violenta repressão, inúmeras prisões e processos; teve seus equipamentos várias vezes destruídos ou escondidos às pressas – como retrata o belo filme “Uma onda no ar”. Com muita persistência, ela conquistou a comunidade e, após quase 20 anos de heroísmo, conseguiu a sua outorga legal.
Um exemplo para o Brasil
No estúdio bem equipado, dois comentaristas esculhambam a elitização do futebol mineiro, com a cobrança de elevados ingressos na Libertadores da América, que terá o Cruzeiro na decisão. “O futebol é do povo, não é da elite que come caviar e toma champanhe”, dispara um dos locutores. Na varanda, que dá uma vista panorâmica da capital mineira, o ativo Misael dos Santos mostra as marcas das algemas que ficaram de uma de suas prisões, “quando a rádio era chamada de pirata”. Lembra sua mudança forçada para São Paulo, mas que o levou a trabalhar como operador de som nas greves operárias do ABC e a conhecer o líder grevista Lula, o atual presidente do Brasil.
Misael fala empolgado da programação da Rádio Favela, que toca todo tipo de música, presta diversos serviços à comunidade e dá informações aos ouvintes, sempre numa linguagem popular e com abordagens críticas. “A elite metida do país apanha bastante na rádio”. Este comunicador e guerreiro popular também lembra os prêmios da emissora, que inclusive foi condecorada duas vezes pela ONU por sua atuação no combate às drogas e à violência. Hoje o sinal da rádio atinge vários municípios da região metropolitana de Belo Horizonte e tem uma maiores audiências do Estado.
Que bom seria para a consciência crítica da sociedade se o Brasil tivesse milhares de emissoras comunitárias legalizadas como a Rádio Favela. A ditadura midiática não teria o mesmo poder de manipulação que dispõem atualmente. Misael, obrigado pela aula!
sexta-feira, 10 de julho de 2009
Uma rádio a serviço das lutas populares
Neste mês de julho, o Jornal Brasil Atual, transmitido diariamente nos 98,1 FM da Rádio Terra de São Paulo, completa seis anos de programação de alta qualidade. Ele apresenta reportagens ao vivo, entrevistas, noticiário local, nacional e internacional e programas especiais, com destaque para temas relacionados ao mundo do trabalho, aos movimentos sociais e à cultura brasileira. Ele conta com o apoio de inúmeras entidades – Departamento Intersindical de Estudos e Estatísticas Socioeconômicas (Dieese), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Carta Maior, Caros Amigos, Observatório Social e Oboré, entre outras.
O Jornal Brasil Atual é dirigido pelo experiente jornalista Colibri e é coordenado por Terlania Bruno. Na edição de hoje (10/7), por exemplo, ele entrevista o ex-deputado Aldo Arantes, que comenta o início da “Operação Tocantins” de busca dos corpos dos guerrilheiros do Araguaia; já o jornalista Beto Almeida, da direção da Telesur, analisa a revolta contra o golpe de Honduras. A rádio também possui vários colunistas, que tratam da “defesa do consumidor”, “meio ambiente”, “saúde do trabalhador”, “questão de gênero” e “coisas do Brasil”. Numa delas, “O outro lado da notícia”, faço criticas às manipulações da mídia. Publico abaixou as três mais recentes.
As homenagens ao Plano Real
Nos últimos dias, os jornalões decadentes e as redes privadas de TV têm feito grande alarde para “comemorar” o 15º aniversário do Plano Real. O rejeitado FHC tem sido bajulado por articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu da moita para criticar a excessiva exposição do seu ex-ministro e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. A exagerada exposição tem nítidos objetivos eleitorais. Tanto que o governador José Serra, que nem era muito favorável ao Real, mas hoje é o presidenciável tucano, também ganhou os holofotes da mídia.
Mas o Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. Ele trouxe enormes prejuízos para os trabalhadores. A estabilização conservadora da economia causou recordes de desemprego, brutal arrocho de salários, explosão da informalidade e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das estatais, na abertura indiscriminada da nossa economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores. Tanto que nas eleições de 2002, FHC foi rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite e manipula, mas o povo não é trouxa!
Golpe militar em Honduras
A brutal e ilegal deposição do presidente Manuel Zelaya de Honduras, na madrugada de 28 de junho, causa calafrios nos latino-americanos, incluindo os brasileiros. Ela lembra o período dos golpes militares e das ditaduras sanguinárias no continente. Exatamente por isso, ela precisa ser rechaçada pela sociedade. O povo hondurenho tem saído às ruas todos os dias, em manifestações gigantescas, para condenar os golpistas. Tem enfrentado a violenta repressão dos gorilas, que já causou dezenas de mortos e feridos. O povo hondurenho necessita da nossa ativa solidariedade. É urgente se indignar e despertar, não aceitando as manipulações da maior parte da mídia.
Alguns blogueiros trogloditas da Veja tem defendido os fascistas. Já a CNN, poderosa emissora dos EUA que transmite para bilhões de pessoas no mundo, tem procurado relativizar o golpe, exibindo manifestações da elite branca hondurenha e atacando o presidente democraticamente eleito. Não há como atenuar o papel destes golpistas. Eles são fascistas, assassinos e racistas. O ministro golpista de Relações Exteriores, Ortez Colindres, reagiu às criticas do presidente Obama com a seguinte frase: “Esse negrinho [Barack Obama] nem sabe onde fica Tegucigalpa, a capital de Honduras”. A frase racista indica o desespero dos golpistas, cada vez mais isolados no país e no mundo. É urgente ir às ruas para gritar “fora os golpistas de Honduras”.
Visita do ministro-terrorista de Israel
Está agendada para final de julho a visita oficial ao Brasil do ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, um fascista assumido. Criador de um partido de ultradireita, defende o extermínio de palestinos e a invasão de países vizinhos. Já chegou a propor que os milhares de prisioneiros palestinos fossem afogados no Mar Morto. Cínico, ofereceu ônibus para transportá-los. Em dezembro de 2008, ele defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, dizendo que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”. Em junho de 2009, ele ameaçou “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio com armas nucleares. Lieberman é um monstro, semelhante aos carrascos nazistas que dizimaram o povo judeu. Ele também está envolvido em inúmeras irregularidades. Inclusive já foi processado por ligação com o crime organizado, como a Máfia Russa e tráfico de drogas.
Vamos ver qual será o comportamento da mídia. Em maio último, ela fez um escarcéu contra a visita ao país do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo deu destaque a um pífio protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi festejado pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA. Na seqüência, a mesma mídia divulgou mentiras sobre fraude nas eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos a Ahmadinejad. Será que agora ela também fará um escarcéu contra a visita de Lieberman. Será que noticiará os protestos contra sua visita? É bom acompanhar atentamente para ver se ela apóia o carrasco israelense.
O Jornal Brasil Atual é dirigido pelo experiente jornalista Colibri e é coordenado por Terlania Bruno. Na edição de hoje (10/7), por exemplo, ele entrevista o ex-deputado Aldo Arantes, que comenta o início da “Operação Tocantins” de busca dos corpos dos guerrilheiros do Araguaia; já o jornalista Beto Almeida, da direção da Telesur, analisa a revolta contra o golpe de Honduras. A rádio também possui vários colunistas, que tratam da “defesa do consumidor”, “meio ambiente”, “saúde do trabalhador”, “questão de gênero” e “coisas do Brasil”. Numa delas, “O outro lado da notícia”, faço criticas às manipulações da mídia. Publico abaixou as três mais recentes.
As homenagens ao Plano Real
Nos últimos dias, os jornalões decadentes e as redes privadas de TV têm feito grande alarde para “comemorar” o 15º aniversário do Plano Real. O rejeitado FHC tem sido bajulado por articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu da moita para criticar a excessiva exposição do seu ex-ministro e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. A exagerada exposição tem nítidos objetivos eleitorais. Tanto que o governador José Serra, que nem era muito favorável ao Real, mas hoje é o presidenciável tucano, também ganhou os holofotes da mídia.
Mas o Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. Ele trouxe enormes prejuízos para os trabalhadores. A estabilização conservadora da economia causou recordes de desemprego, brutal arrocho de salários, explosão da informalidade e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das estatais, na abertura indiscriminada da nossa economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores. Tanto que nas eleições de 2002, FHC foi rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite e manipula, mas o povo não é trouxa!
Golpe militar em Honduras
A brutal e ilegal deposição do presidente Manuel Zelaya de Honduras, na madrugada de 28 de junho, causa calafrios nos latino-americanos, incluindo os brasileiros. Ela lembra o período dos golpes militares e das ditaduras sanguinárias no continente. Exatamente por isso, ela precisa ser rechaçada pela sociedade. O povo hondurenho tem saído às ruas todos os dias, em manifestações gigantescas, para condenar os golpistas. Tem enfrentado a violenta repressão dos gorilas, que já causou dezenas de mortos e feridos. O povo hondurenho necessita da nossa ativa solidariedade. É urgente se indignar e despertar, não aceitando as manipulações da maior parte da mídia.
Alguns blogueiros trogloditas da Veja tem defendido os fascistas. Já a CNN, poderosa emissora dos EUA que transmite para bilhões de pessoas no mundo, tem procurado relativizar o golpe, exibindo manifestações da elite branca hondurenha e atacando o presidente democraticamente eleito. Não há como atenuar o papel destes golpistas. Eles são fascistas, assassinos e racistas. O ministro golpista de Relações Exteriores, Ortez Colindres, reagiu às criticas do presidente Obama com a seguinte frase: “Esse negrinho [Barack Obama] nem sabe onde fica Tegucigalpa, a capital de Honduras”. A frase racista indica o desespero dos golpistas, cada vez mais isolados no país e no mundo. É urgente ir às ruas para gritar “fora os golpistas de Honduras”.
Visita do ministro-terrorista de Israel
Está agendada para final de julho a visita oficial ao Brasil do ministro de Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, um fascista assumido. Criador de um partido de ultradireita, defende o extermínio de palestinos e a invasão de países vizinhos. Já chegou a propor que os milhares de prisioneiros palestinos fossem afogados no Mar Morto. Cínico, ofereceu ônibus para transportá-los. Em dezembro de 2008, ele defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, dizendo que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”. Em junho de 2009, ele ameaçou “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio com armas nucleares. Lieberman é um monstro, semelhante aos carrascos nazistas que dizimaram o povo judeu. Ele também está envolvido em inúmeras irregularidades. Inclusive já foi processado por ligação com o crime organizado, como a Máfia Russa e tráfico de drogas.
Vamos ver qual será o comportamento da mídia. Em maio último, ela fez um escarcéu contra a visita ao país do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo deu destaque a um pífio protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi festejado pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA. Na seqüência, a mesma mídia divulgou mentiras sobre fraude nas eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos a Ahmadinejad. Será que agora ela também fará um escarcéu contra a visita de Lieberman. Será que noticiará os protestos contra sua visita? É bom acompanhar atentamente para ver se ela apóia o carrasco israelense.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
A juventude e o direito à comunicação
Após intensa e prolongada pressão dos movimentos sociais, o governo Lula finalmente convocou a 1ª Conferência Nacional da Comunicação para os dias 1, 2 e 3 de dezembro. Foi preciso dobrar a resistência dos barões da mídia, que exercem enorme influência na chamada “opinião pública”, contam com expressiva bancada de deputados e senadores e estão infiltrados no próprio Palácio do Planalto, principalmente através da figura do ministro das Comunicações, Hélio Costa – ou melhor, do ministro da TV Globo. A convocação da conferência já representa uma vitória das forças progressistas e populares e é um marco histórico na luta pelo avanço da democracia no Brasil.
A exemplo das outras 53 conferências institucionais promovidas pelo governo, ela será precedida das etapas municipais (até 31 de agosto) e das etapas estaduais (até 31 de outubro). Sua comissão organizadora já está em pleno funcionamento, apesar das justas críticas a sua composição – que exagerou na representação dos empresários e discriminou inúmeros movimentos sociais. Dos três titulares do Legislativo, por exemplo, dois são ligados às empresas de radiodifusão. Os barões da mídia, que não queriam a conferência, farão de tudo agora para emplacar as suas posições. Daí a necessidade dos movimentos sociais priorizarem, desde já, esta batalha de caráter estratégico.
Entrave ao avanço civilizatório
A luta pela democratização da comunicação tem tudo a ver com as aspirações da juventude. Não haverá avanços civilizatórios sem que se supere o poder concentrado e manipulador da ditadura midiática. Da mesma forma como a água suja que sai das torneiras gera doenças, as informações distorcidas, a cultura enlatada e entretenimento consumista que jorram pelos jornais impressos e pelas redes de rádio e televisão também nos contaminam e causam sérios danos à saúde mental. Da mesma forma como já encaramos a educação, saúde e saneamento como direitos humanos, hoje é premente encarar a comunicação de qualidade e plural como direito humano inalienável.
Atualmente, em decorrência dos avanços tecnológicos nas comunicações e telecomunicações, da lógica monopolista do capitalismo e da desregulamentação neoliberal, a mídia exerce um poder descomunal na sociedade, manipulando informações e deformando comportamentos. No campo informativo, ela criminaliza os movimentos sociais, discrimina segmentos da população, justifica guerras, torturas e genocídios “bushianos”, agenda a política, fabrica “caçadores de marajás” e “príncipes da Sorbonne”, destrói reputações, desestabiliza os governos progressistas e promove “golpes midiáticos”, entre outros graves atentados à democracia, as leis e ao Estado de Direito.
No campo comportamental, a mídia mercantiliza vida. O que importa é o ter e não o ser. Como afirma o mestre Eduardo Galeano, para os barões da mídia o “tempo livre é tempo prisioneiro; as casas muito pobres não têm cama, mas tem televisão, e a TV está com a palavra. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada a serviço da necessidade de vender... As mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera”. A sociedade é escravizada pela mídia!
Neste sentido, o professor Dênis de Moraes acerta ao dizer que a mídia tem hoje um duplo papel. Como instrumento ideológico, que nada tem de neutra ou imparcial, ela é a principal apologista do deus-mercado. Já como poderosa empresa capitalista, ela busca apenas elevar os lucros. “As corporações da mídia projetam-se, a um só tempo, como agentes discursivos, com uma proposta de coesão ideológica em torno da globalização, e como agentes econômicos proeminentes no mercado mundial, vendendo os próprios produtos e intensificando a visibilidade dos anunciantes. Evidenciar esse duplo papel é decisivo para entender a sua forte incidência na atualidade”.
Mídia concentrada e manipuladora
Hoje, a mídia hegemônica não tem mais nada do romantismo da fase inicial do jornalismo. Ela é uma poderosa empresa capitalista, ligada ao capital financeiro e, inclusive, à indústria de armas. No mundo, ela está nas mãos de duas dezenas de corporações, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões. São proprietárias de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços online, portais e provedores de internet. AOL-Time Warner, Viacom, Disney, News, Bertelsmann, NBC-Universal, Comcast e Sony, as oito principais no ranking da mídia e do entretenimento, visam impor seu domínio empresarial e sua hegemonia no planeta.
Já no Brasil, que teve um processo sui generis de concentração, ela é ainda mais anômala. Como aponto no livro A ditadura da mídia, “a ausência de legislação proibitiva da propriedade cruzada, o desrespeito à Constituição, o respaldo da ditadura militar, as relações promiscuas com o Estado e a própria lógica monopolista do capital, entre outros fatores, explicam sua brutal concentração. Na década passada, nove famílias dominavam o setor: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Mesquita (Estado), Frias (Folha), Nascimento e Silva (Jornal do Brasil) e Levy (Gazeta). Hoje são apenas cinco, já que as famílias Bloch, Levy e Nascimento faliram e o clã Mesquita atravessa uma grave crise financeira”.
Neste quadro totalmente distorcido, a Rede Globo ocupa posição hegemônica. Possui 35 grupos afiliados que controlam, ao todo, 340 veículos. Sua influência é forte não apenas no setor de TV. O conteúdo gerado pelos 69 veículos próprios do grupo carioca é distribuído por um sistema que inclui 33 jornais, 52 rádios AM, 76 rádios FM, 11 rádios OC, 105 emissoras de TV, 27 revistas e 17 canais, nove operadoras de TV paga e mais 3.305 retransmissoras. Como sintetiza o professor Venício A. de Lima, “o sistema brasileiro de mídia, além de historicamente concentrado, é controlado por poucos grupos familiares, é vinculado às elites políticas locais e regionais, revela um avanço sem precedentes das igrejas e é hegemonizado por um único grupo, a Rede Globo”.
Esta brutal concentração garante à mídia hegemônica enorme capacidade de manipular “corações e mentes”. No mundo todo, ela a dita moda e vende produtos descartáveis. Ela induz a sociedade a acreditar nas falsidades imperialistas, seja ao divulgar 935 mentiras para justificar o genocídio de um milhão de iraquianos ou ao pregar o “mundo sem fronteiras” e sem controle do capital – o que acelerou a atual crise capitalista, responsável por milhões de desempregados e pela falta de perspectiva para a juventude. Já no Brasil, ela clamou pelo golpe de 1964, apoiou a sanguinária ditadura, sabotou as campanhas das “diretas-já” e do impeachment de Collor, elegeu presidentes fantoches neoliberais e desestabilizou governos progressistas.
O papel destacado da juventude
Diante deste breve diagnóstico, não dá para se omitir na preparação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. O combativo movimento estudantil brasileiro, de ricas tradições, tem enorme responsabilidade nesta jornada. A conferência será uma chance impar na história para envolver amplos setores no esforço pedagógico para debater “da comunicação que temos à comunicação que queremos”. Também será a oportunidade para apresentar várias propostas concretas visando democratizar os meios de comunicação – entre elas, a do fortalecimento da rede pública, da revisão das outorgas e renovações das concessões às emissoras privadas de rádio e televisão, do incentivo à radiodifusão comunitária, do estímulo à inclusão digital e do novo marco regulatório.
Sem derrotar a ditadura midiática, não haverá avanços na democracia e nem luta dos brasileiros contra a barbárie capitalista; a perspectiva de superação deste sistema de opressão e exploração, de construção do socialismo renovado, ficará ainda mais distante. O desafio agora é o de marcar as conferências em cada município e estado, mobilizar multidões e formular propostas. A guerra contra os barões da mídia, com o seu corrosivo poder de manipulação, será titânica. A juventude, maior vítima da contaminação midiática, poderá ter papel de destaque neste processo. É o seu futuro que está em jogo. Depois, não adianta reclamar do poder nefasto da mídia hegemônica.
A exemplo das outras 53 conferências institucionais promovidas pelo governo, ela será precedida das etapas municipais (até 31 de agosto) e das etapas estaduais (até 31 de outubro). Sua comissão organizadora já está em pleno funcionamento, apesar das justas críticas a sua composição – que exagerou na representação dos empresários e discriminou inúmeros movimentos sociais. Dos três titulares do Legislativo, por exemplo, dois são ligados às empresas de radiodifusão. Os barões da mídia, que não queriam a conferência, farão de tudo agora para emplacar as suas posições. Daí a necessidade dos movimentos sociais priorizarem, desde já, esta batalha de caráter estratégico.
Entrave ao avanço civilizatório
A luta pela democratização da comunicação tem tudo a ver com as aspirações da juventude. Não haverá avanços civilizatórios sem que se supere o poder concentrado e manipulador da ditadura midiática. Da mesma forma como a água suja que sai das torneiras gera doenças, as informações distorcidas, a cultura enlatada e entretenimento consumista que jorram pelos jornais impressos e pelas redes de rádio e televisão também nos contaminam e causam sérios danos à saúde mental. Da mesma forma como já encaramos a educação, saúde e saneamento como direitos humanos, hoje é premente encarar a comunicação de qualidade e plural como direito humano inalienável.
Atualmente, em decorrência dos avanços tecnológicos nas comunicações e telecomunicações, da lógica monopolista do capitalismo e da desregulamentação neoliberal, a mídia exerce um poder descomunal na sociedade, manipulando informações e deformando comportamentos. No campo informativo, ela criminaliza os movimentos sociais, discrimina segmentos da população, justifica guerras, torturas e genocídios “bushianos”, agenda a política, fabrica “caçadores de marajás” e “príncipes da Sorbonne”, destrói reputações, desestabiliza os governos progressistas e promove “golpes midiáticos”, entre outros graves atentados à democracia, as leis e ao Estado de Direito.
No campo comportamental, a mídia mercantiliza vida. O que importa é o ter e não o ser. Como afirma o mestre Eduardo Galeano, para os barões da mídia o “tempo livre é tempo prisioneiro; as casas muito pobres não têm cama, mas tem televisão, e a TV está com a palavra. As mercadorias em oferta invadem e privatizam os espaços públicos. A cultura do consumo, cultura do efêmero, condena tudo à descartabilidade midiática. Tudo muda no ritmo vertiginoso da moda, colocada a serviço da necessidade de vender... As mercadorias, fabricadas para não durar, são tão voláteis quanto o capital que as financia e o trabalho que as gera”. A sociedade é escravizada pela mídia!
Neste sentido, o professor Dênis de Moraes acerta ao dizer que a mídia tem hoje um duplo papel. Como instrumento ideológico, que nada tem de neutra ou imparcial, ela é a principal apologista do deus-mercado. Já como poderosa empresa capitalista, ela busca apenas elevar os lucros. “As corporações da mídia projetam-se, a um só tempo, como agentes discursivos, com uma proposta de coesão ideológica em torno da globalização, e como agentes econômicos proeminentes no mercado mundial, vendendo os próprios produtos e intensificando a visibilidade dos anunciantes. Evidenciar esse duplo papel é decisivo para entender a sua forte incidência na atualidade”.
Mídia concentrada e manipuladora
Hoje, a mídia hegemônica não tem mais nada do romantismo da fase inicial do jornalismo. Ela é uma poderosa empresa capitalista, ligada ao capital financeiro e, inclusive, à indústria de armas. No mundo, ela está nas mãos de duas dezenas de corporações, com receitas entre US$ 8 bilhões e US$ 40 bilhões. São proprietárias de estúdios, produtoras, distribuidoras e exibidoras de filmes, gravadoras de discos, editoras, parques de diversões, TVs abertas e pagas, emissoras de rádio, revistas, jornais, serviços online, portais e provedores de internet. AOL-Time Warner, Viacom, Disney, News, Bertelsmann, NBC-Universal, Comcast e Sony, as oito principais no ranking da mídia e do entretenimento, visam impor seu domínio empresarial e sua hegemonia no planeta.
Já no Brasil, que teve um processo sui generis de concentração, ela é ainda mais anômala. Como aponto no livro A ditadura da mídia, “a ausência de legislação proibitiva da propriedade cruzada, o desrespeito à Constituição, o respaldo da ditadura militar, as relações promiscuas com o Estado e a própria lógica monopolista do capital, entre outros fatores, explicam sua brutal concentração. Na década passada, nove famílias dominavam o setor: Marinho (Globo), Abravanel (SBT), Saad (Bandeirantes), Bloch (Manchete), Civita (Abril), Mesquita (Estado), Frias (Folha), Nascimento e Silva (Jornal do Brasil) e Levy (Gazeta). Hoje são apenas cinco, já que as famílias Bloch, Levy e Nascimento faliram e o clã Mesquita atravessa uma grave crise financeira”.
Neste quadro totalmente distorcido, a Rede Globo ocupa posição hegemônica. Possui 35 grupos afiliados que controlam, ao todo, 340 veículos. Sua influência é forte não apenas no setor de TV. O conteúdo gerado pelos 69 veículos próprios do grupo carioca é distribuído por um sistema que inclui 33 jornais, 52 rádios AM, 76 rádios FM, 11 rádios OC, 105 emissoras de TV, 27 revistas e 17 canais, nove operadoras de TV paga e mais 3.305 retransmissoras. Como sintetiza o professor Venício A. de Lima, “o sistema brasileiro de mídia, além de historicamente concentrado, é controlado por poucos grupos familiares, é vinculado às elites políticas locais e regionais, revela um avanço sem precedentes das igrejas e é hegemonizado por um único grupo, a Rede Globo”.
Esta brutal concentração garante à mídia hegemônica enorme capacidade de manipular “corações e mentes”. No mundo todo, ela a dita moda e vende produtos descartáveis. Ela induz a sociedade a acreditar nas falsidades imperialistas, seja ao divulgar 935 mentiras para justificar o genocídio de um milhão de iraquianos ou ao pregar o “mundo sem fronteiras” e sem controle do capital – o que acelerou a atual crise capitalista, responsável por milhões de desempregados e pela falta de perspectiva para a juventude. Já no Brasil, ela clamou pelo golpe de 1964, apoiou a sanguinária ditadura, sabotou as campanhas das “diretas-já” e do impeachment de Collor, elegeu presidentes fantoches neoliberais e desestabilizou governos progressistas.
O papel destacado da juventude
Diante deste breve diagnóstico, não dá para se omitir na preparação da 1ª Conferência Nacional de Comunicação. O combativo movimento estudantil brasileiro, de ricas tradições, tem enorme responsabilidade nesta jornada. A conferência será uma chance impar na história para envolver amplos setores no esforço pedagógico para debater “da comunicação que temos à comunicação que queremos”. Também será a oportunidade para apresentar várias propostas concretas visando democratizar os meios de comunicação – entre elas, a do fortalecimento da rede pública, da revisão das outorgas e renovações das concessões às emissoras privadas de rádio e televisão, do incentivo à radiodifusão comunitária, do estímulo à inclusão digital e do novo marco regulatório.
Sem derrotar a ditadura midiática, não haverá avanços na democracia e nem luta dos brasileiros contra a barbárie capitalista; a perspectiva de superação deste sistema de opressão e exploração, de construção do socialismo renovado, ficará ainda mais distante. O desafio agora é o de marcar as conferências em cada município e estado, mobilizar multidões e formular propostas. A guerra contra os barões da mídia, com o seu corrosivo poder de manipulação, será titânica. A juventude, maior vítima da contaminação midiática, poderá ter papel de destaque neste processo. É o seu futuro que está em jogo. Depois, não adianta reclamar do poder nefasto da mídia hegemônica.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Obama e os ditadores racistas de Honduras
“Esse negrinho [Barack Obama] nem sabe onde fica Tegucigalpa”. A frase racista do “ministro” das Relações Exteriores de Honduras, Enrique Ortez Colindres, indica o desespero dos golpistas, cada vez mais isolados no país e no mundo. Além dos protestos diários e massivos da população contra a deposição ilegal e brutal de Manuel Zelaya, esse arremedo de ditadura militar não conta com o apoio de nenhum governo do planeta, nem o do “império do mal”. Daí a reação racista e apavorada contra o presidente dos EUA, que se recusou a receber os gorilas golpistas.
O caráter fascista do golpe em Honduras é evidente – apenas o Correio Braziliense, a CNN e os colunistas trogloditas da Veja tentam acobertar. Até a TV Globo e outros veículos têm tratado os golpistas de “golpistas”. A Folha evita rotular a ditadura hondurenha de “ditabranda”. As cenas exibidas na mídia são de violenta repressão às manifestações populares, com mortes e dezenas de feridos. Há relatos sobre o fechamento de rádios e jornais – mas até agora a máfia da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) não se pronunciou em defesa da “liberdade de expressão”. Os golpistas só contam com o apoio declarado dos direitistas mais truculentos e inábeis.
O suspeito papel dos EUA
Diante do total isolamento interno e externo, qual a duração desta ditadura sanguinária? Não dá ainda para prever. Ela depende da correlação de forças internas, da capacidade de pressão dos setores democráticos e populares de Honduras, e também da interferência externa. Neste caso, os EUA jogam um papel chave. Barack Obama rejeitou os golpistas, mas até agora o império evita medidas mais incisivas. Parece apostar numa solução “negociada”, que tire de cena os “gorilas”, mas que também barre o retorno ao governo de Manuel Zelaya, que recentemente rompeu um acordo bilateral (TLC) com os EUA e aderiu a Alternativa Bolivariana das Américas (Alba).
É sempre bom lembrar que o golpe desfechado em 28 de junho teve os “requintes” das operações da CIA, a temida agência terrorista dos EUA. O presidente Zelaya foi seqüestrado de madrugada e enviado, encapuzado, para Costa Rica; uma carta de renúncia foi falsificada; as embaixadas de Cuba e Venezuela foram atacadas; a TV pública foi destruída. Também é fato que os EUA têm uma base militar em Palmerola e sempre tiveram vários “consultores militares” neste país. John Negroponte, o servidor terrorista de Bush, até hoje é chamado de “vice-rei de Honduras”. Para a jornalista Stella Calloni, com tamanha presença, “é impossível que os EUA ignorassem o golpe”.
Obama, tratado indignamente pelos golpistas, está na berlinda. Caso silencie, terá dado apoio na prática ao primeiro golpe militar da sua gestão, em nada se diferenciando de Bush. Caso tente uma manobra, ele também será julgado pela história. Como anteviu o escritor uruguaio Eduardo Galeano, pouco antes de sua posse, “Obama, primeiro presidente negro da história dos EUA, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá, ele nunca esqueça isso”.
O caráter fascista do golpe em Honduras é evidente – apenas o Correio Braziliense, a CNN e os colunistas trogloditas da Veja tentam acobertar. Até a TV Globo e outros veículos têm tratado os golpistas de “golpistas”. A Folha evita rotular a ditadura hondurenha de “ditabranda”. As cenas exibidas na mídia são de violenta repressão às manifestações populares, com mortes e dezenas de feridos. Há relatos sobre o fechamento de rádios e jornais – mas até agora a máfia da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP) não se pronunciou em defesa da “liberdade de expressão”. Os golpistas só contam com o apoio declarado dos direitistas mais truculentos e inábeis.
O suspeito papel dos EUA
Diante do total isolamento interno e externo, qual a duração desta ditadura sanguinária? Não dá ainda para prever. Ela depende da correlação de forças internas, da capacidade de pressão dos setores democráticos e populares de Honduras, e também da interferência externa. Neste caso, os EUA jogam um papel chave. Barack Obama rejeitou os golpistas, mas até agora o império evita medidas mais incisivas. Parece apostar numa solução “negociada”, que tire de cena os “gorilas”, mas que também barre o retorno ao governo de Manuel Zelaya, que recentemente rompeu um acordo bilateral (TLC) com os EUA e aderiu a Alternativa Bolivariana das Américas (Alba).
É sempre bom lembrar que o golpe desfechado em 28 de junho teve os “requintes” das operações da CIA, a temida agência terrorista dos EUA. O presidente Zelaya foi seqüestrado de madrugada e enviado, encapuzado, para Costa Rica; uma carta de renúncia foi falsificada; as embaixadas de Cuba e Venezuela foram atacadas; a TV pública foi destruída. Também é fato que os EUA têm uma base militar em Palmerola e sempre tiveram vários “consultores militares” neste país. John Negroponte, o servidor terrorista de Bush, até hoje é chamado de “vice-rei de Honduras”. Para a jornalista Stella Calloni, com tamanha presença, “é impossível que os EUA ignorassem o golpe”.
Obama, tratado indignamente pelos golpistas, está na berlinda. Caso silencie, terá dado apoio na prática ao primeiro golpe militar da sua gestão, em nada se diferenciando de Bush. Caso tente uma manobra, ele também será julgado pela história. Como anteviu o escritor uruguaio Eduardo Galeano, pouco antes de sua posse, “Obama, primeiro presidente negro da história dos EUA, concretizará o sonho de Martin Luther King ou o pesadelo de Condoleezza Rice? Esta Casa Branca, que agora é sua casa, foi construída por escravos negros. Oxalá, ele nunca esqueça isso”.
terça-feira, 7 de julho de 2009
Terrorista de Israel e silêncio da mídia
Nos meses de abril e maio passado, a mídia hegemônica fez um baita escândalo contra a visita ao Brasil do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, que estava agendada há meses para assinar vários acordos comerciais de interesse dos dois países. A TV Globo chegou a dar destaque a um reduzido protesto da comunidade israelense no Rio Janeiro. Alegando compromissos eleitorais, o governo iraniano cancelou a viagem na última hora, o que foi comemorado como “uma vitória dos direitos humanos” pela mídia colonizada, ventríloqua dos interesses imperiais dos EUA.
Logo na seqüência, em junho, a mesma “grande imprensa” fez o maior escarcéu com o resultado das eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Ahmadinejad. Ela amplificou a mentira de que a eleição fora fraudada. Nem o alerta de um diretor da “informada” CIA, confirmando a legitimidade do pleito, serviu para acalmar os ânimos colonizados dos barões da mídia. Eles não disfarçaram o temor com a rebeldia crescente do Irã, que coloca em risco os “valores ocidentais” e desafia o decadente imperialismo. Nos mesmos dias, o assassinato de dezenas de indígenas no Peru, um país vizinho, foi ofuscado pelas manchetes contra a “fraude” no Irã. Haja engodo!
Rechaçar a visita do ministro-terrorista
Agora, esta mesma mídia manipuladora silencia sobre a visita ao Brasil, em julho, de um dos maiores carniceiros da Israel, o ministro de Relações Exteriores Avigdor Lieberman. Neste caso, não há dúvidas ou suspeitas: Lieberman é um racista assumido, que prega descaradamente ações terroristas. O jornal Água Verde, publicado no Paraná, preparou um dossiê sobre esse asqueroso personagem que, evidentemente, não será reproduzido pela chamada “grande imprensa”. Vale à pena conhecer sua história, até para organizar, desde já, protestos contra a sua indesejada visita.
“Virá ao Brasil no final deste mês de julho o racista e terrorista israelense Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, com a única tarefa de pressionar o governo brasileiro a romper relações com o Irã, país com o qual o Brasil tem ótimas relações comerciais. Em todo o país estão sendo organizadas manifestações de repúdio à vinda de Lieberman, um judeu sionista (racista) nascido na Moldávia.
Lieberman participou da quadrilha liderada por Ariel Sharon e responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas. Ele é fundador do partido de extrema direita Yisrael Beitenu (“Israel é nossa casa”), que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as declarações racistas e criminosas do terrorista Lieberman destacamos as seguintes:
“Transformar o Irã num aterro”
- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;
- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;
- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Lieberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.
- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Lieberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;
- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;
- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”
- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;
- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;
- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.
Logo na seqüência, em junho, a mesma “grande imprensa” fez o maior escarcéu com o resultado das eleições no Irã, que garantiram 64% dos votos para Ahmadinejad. Ela amplificou a mentira de que a eleição fora fraudada. Nem o alerta de um diretor da “informada” CIA, confirmando a legitimidade do pleito, serviu para acalmar os ânimos colonizados dos barões da mídia. Eles não disfarçaram o temor com a rebeldia crescente do Irã, que coloca em risco os “valores ocidentais” e desafia o decadente imperialismo. Nos mesmos dias, o assassinato de dezenas de indígenas no Peru, um país vizinho, foi ofuscado pelas manchetes contra a “fraude” no Irã. Haja engodo!
Rechaçar a visita do ministro-terrorista
Agora, esta mesma mídia manipuladora silencia sobre a visita ao Brasil, em julho, de um dos maiores carniceiros da Israel, o ministro de Relações Exteriores Avigdor Lieberman. Neste caso, não há dúvidas ou suspeitas: Lieberman é um racista assumido, que prega descaradamente ações terroristas. O jornal Água Verde, publicado no Paraná, preparou um dossiê sobre esse asqueroso personagem que, evidentemente, não será reproduzido pela chamada “grande imprensa”. Vale à pena conhecer sua história, até para organizar, desde já, protestos contra a sua indesejada visita.
“Virá ao Brasil no final deste mês de julho o racista e terrorista israelense Avigdor Lieberman, ministro das Relações Exteriores de Israel, com a única tarefa de pressionar o governo brasileiro a romper relações com o Irã, país com o qual o Brasil tem ótimas relações comerciais. Em todo o país estão sendo organizadas manifestações de repúdio à vinda de Lieberman, um judeu sionista (racista) nascido na Moldávia.
Lieberman participou da quadrilha liderada por Ariel Sharon e responde a processos na Justiça por envolvimento com o crime organizado (Máfia Russa), incluindo tráfico de drogas. Ele é fundador do partido de extrema direita Yisrael Beitenu (“Israel é nossa casa”), que apoiou o atual primeiro-ministro Benjamin Netanyahu em troca de cargos no governo. Entre as declarações racistas e criminosas do terrorista Lieberman destacamos as seguintes:
“Transformar o Irã num aterro”
- Em 1998, ele defendeu a inundação do Egito através do bombardeio da Represa de Assuã;
- Em 2001, como ministro da Infraestrutura Nacional de Israel, propôs que a Cisjordânia fosse dividida em quatro cantões sem governo palestino central e sem a possibilidade dos palestinos transitarem na região;
- Em 2002 o jornal israelense Yedioth Ahronoth publicou a seguinte declaração de Lieberman: “As 8 da manhã nós vamos bombardear todos os seus centros comerciais, à meia-noite as estações de gás, e às duas horas vamos bombardear seus bancos”.
- Em 2003 o diário israelense Haaretz informou que Lieberman defendeu que os milhares de prisioneiros palestinos detidos em Israel fossem afogados no Mar Morto, oferecendo, cinicamente, ônibus para o transporte;
- Em maio de 2004, ele propôs um plano de transferência de territórios palestinos, anexando os territórios palestinos e expulsando a população nativa;
- Em maio de 2004, afirmou que 90% dos 1,2 milhão de cidadãos palestinos de Israel “tinham de encontrar uma nova entidade árabe para viver”, fora das fronteiras de Israel. “Aqui não é o lugar deles. Eles podem pegar suas trouxas e dar no pé!”
- Em maio de 2006, ele defendeu o assassinato dos membros árabes do Knesset (Parlamento israelense) que haviam se encontrado com os membros do Hamas integrantes da Autoridade Palestina para discutir acordos de paz na região;
- Em dezembro de 2008, defendeu o uso de armas químicas e nucleares contra a Faixa de Gaza, afirmando que seria “perda de tempo usar armas convencionais. Devemos jogar uma bomba atômica em Gaza para reduzir o tempo de conflito, assim como os EUA atacaram em Hiroshima na Segunda Guerra”, afirmou em entrevista em jornal israelense Haaretz;
- Em junho de 2009, discursou no Knesset israelense ameaçando “transformar o Irã num aterro”, através do bombardeio do país com armas nucleares.
segunda-feira, 6 de julho de 2009
Mídia oculta os desastres do Plano Real
Na semana passada, os jornalões decadentes e as emissoras privadas de televisão fizeram grande alarde para “comemorar” o aniversário do Plano Real. O desgastado FHC foi bajulado por vários articulistas e âncoras de TV, sendo apresentado como o “salvador da pátria”, que “estabilizou a economia e derrotou a inflação”. O ex-presidente Itamar Franco até saiu do limbo para criticar a excessiva exposição do seu ministro da Fazenda e para se assumir como o autêntico “pai do Real”. O tucano José Serra também ganhou os holofotes da mídia, numa nítida campanha pré-eleitoral.
No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.
“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!
No livro “Era FHC: a regressão do trabalho”, escrito em conjunto com Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (IPEA), argumentamos que o Plano Real não foi toda essa maravilha pintada pela mídia. A estabilização conservadora da economia causou recorde de desemprego, brutal arrocho de salários, precarização do trabalho e o desmonte das leis trabalhistas. Ela foi imposta com base na privatização criminosa das empresas estatais, na abertura indiscriminada da economia, na desnacionalização das empresas e na mais descarada orgia financeira. O Brasil se transformou no paraíso dos rentistas, dos especuladores.
“Afora os marqueteiros oficiais, todos concordam que o resultado final desta política de FHC foi um grande desastre. Nestes oito anos, o Brasil regrediu brutalmente nas relações de trabalho. Os milhões de desempregados, de brasileiros que subsistem no mercado informal, de precarizados e dos que perderam seus parcos direitos sentiram na carne os efeitos desta política”, afirmava-se na apresentação do livro, publicado em agosto de 2002. Dois meses depois, o presidente FHC seria rechaçado pelas urnas, o que evidencia que o povo brasileiro, diferentemente na mídia venal, não esqueceu os efeitos destrutivos e regressivos do Real. A mídia omite, mas o povo não é bobo!
Assinar:
Postagens (Atom)