terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

O resgate do mundo do trabalho

Por Emir Sader, na Revista do Brasil:

Por volta dos anos 1960/1970, a sociologia do trabalho era a coqueluche no plano das ciências sociais. Poucas décadas depois, os temas do mundo do trabalho parecem relegados a um assunto entre outros, como se a atividade de trabalhar tivesse deixado de ser aquela que ocupa a maioria esmagadora da humanidade, em grande parte das suas vidas.

Por um lado, houve transformações reais no capitalismo, que modificaram o lugar do trabalho e sua própria natureza, nos processos de reprodução do capital. Inquestionavelmente, as relações formais de trabalho diminuíram, embora a produção tenha aumentado exponencialmente.

O pesadelo capitalista videofinanceiro

Por Gilberto Felisberto Vasconcellos, na revista Caros Amigos:

Capitalismo videofinanceiro é a centralização e a concentração de capital. Capitalismo monopolista.O conceito de capitalismo videofinanceiro foi inspirado na teoria de Ruy Mauro Marini sobre a superexploração do trabalho e na mais-valia ideológica de Ludovico Silva. Esta aumenta quanto mais a massa trabalhadora é marginalizada socialmente. A televisão é propriedade de clãs parentais. Estes são os latifundiários das ondas eletrônicas.

A credencial de Moraes para o STF

Por Tatiana Carlotti, no site Carta Maior:

Desonestidade intelectual, truculência no trato com a sociedade civil, incompetência na gestão de cargo público e, claro, ser golpista. Eis as credenciais salientadas sobre Alexandre de Moraes, na tribuna democrática do Largo São Francisco, na noite desta segunda-feira (20.02.2017).

Durante uma hora e meia, professores da Faculdade de Direito da USP, lideranças sociais, estudantis e populares participaram do ato de repúdio, organizado pelo Centro Acadêmico XI de Agosto (Direito-USP), às vésperas da sabatina do ministro na Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Se aprovado, Moraes ocupará o cargo até, pelo menos, 2043, legislando e criando jurisprudência sobre questões fundamentais da vida nacional. Trata-se de “mais um passo do processo do golpe que estamos vivendo no país”, conforme alertou Jorge Souto Maior, professor de Direito do Trabalho da USP.

Lições do 'Atletiba' contra a Globo

Por André Pasti, na revista CartaCapital:

O clássico de domingo, 19, entre Atlético-PR e Coritiba (o “Atletiba”) entrará para a história como um capítulo na luta contra o monopólio da Globo no futebol brasileiro. Os clubes negaram o péssimo acordo financeiro proposto pela emissora para transmitir a partida e decidiram exibir o jogo em seus canais no Youtube e Facebook.

Com a torcida nas arquibancadas e os jogadores prontos para o jogo, o inacreditável aconteceu: a Federação Paranaense de Futebol, a pedido da Rede Globo, impediu a transmissão da partida online. Só haveria jogo sem transmissão, em recado da Globo aos clubes “rebeldes”. Como os clubes não recuaram, a federação impediu a partida de acontecer.

Reinaldo versus Joice: frenesi na direita

Por Paulo Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

É curioso ver Reinaldo Azevedo em brigas. Muda o adversário, mas o roteiro que ele segue é sempre o mesmo. Zero em originalidade.

Desta vez, o alvo foi a jornalista Joice Hasselmann, com quem ele conviveu algum tempo na falecida TV Veja.

Num vídeo, ela o acusou de ter mudado. Joice pareceu especialmente magoada com uma expressão que Azevedo usou para designar o pessoal que vestia camisa verde-amarela e ia para as ruas contra Dilma: direita xucra.

O PSDB no segundo tempo do golpe

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

Peça 1 – o fator Alexandre de Moraes

Analise-se, primeiro, a ficha de Alexandre de Moraes:

1. Suspeitas de captar clientes entre grupos beneficiados por ele enquanto Secretário de Administração da gestão Gilberto Kassab na prefeitura de São Paulo.

2. Estimulador da violência inaudita da PM paulista contra estudantes secundários, inclusive permitindo o trabalho de grupos de P2 contra adolescentes.

3. Autor de um plano de segurança condenado unanimemente por todos os especialistas no tema.

4. Acusação de plágio em suas obras e uma resposta ridícula, na sabatina do Senado: a de que manifestações em sentenças de Tribunais superiores (no caso, da Espanha) não contempla direito autoral. Ora, ele copiou as manifestações sem aspas – isto é, apropriou-se do texto copiado.

Equador: êxitos da esquerda sem medo

Por Mark Weisbrot, no site Outras Palavras:

Em uma mudança apoiada e bem recebida por Washington, a América Latina está vivendo, nos últimos anos, uma guinada à direita. As três maiores economias da região – Brasil, Argentina e Peru – têm agora presidentes de direita com estreitas relações com Washington e sua política externa. A narrativa-padrão do “Consenso de Washington” ignora qualquer envolvimento dos EUA na região. Para ela, os governos de esquerda eleitos na América do Sul nas duas últimas décadas surfaram no boom das commodities para conquistar vitórias populistas, promovendo assistência aos mais pobres e um gasto supostamente insustentável. Quando este boom entrou em colapso, prossegue a narrativa, também desabaram as finanças dos governos de esquerda e, consequentemente, seus destinos políticos.

De oposição ao jornalismo chapa branca

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Antes de Dilma Rousseff cair, há quase um ano, alguns colunistas da velha mídia adoravam apontar o dedo para os blogueiros de esquerda como “chapa branca”. Mas o que aconteceu com eles após a saída do PT do governo? Continuam combativos defensores da ética na política ou depende? Confira três casos emblemáticos.

O dublê de historiador e comentarista Marco Antonio Villa era um dos mais ferrenhos opositores ao prefeito Fernando Haddad, do PT. Foi só João Doria Jr. ganhar a eleição que Villa ficou mansinho. Até parece assessor do prefeito, divulgando todas as ações do CEO de São Paulo nas redes sociais.

Aécio Neves anda sumido. Virou pó?

Por Altamiro Borges

No início de fevereiro, a Folha serrista – que nunca morreu de amores pelo cambaleante Aécio Neves – publicou uma matéria destrutiva contra o presidente nacional do PSDB. Segundo a reportagem, assinada por Bela Megale, Marina Dias e Maria Cesar Carvalho, “o ex-presidente da Odebrecht Infraestrutura, Benedicto Júnior, afirmou em sua delação premiada à Lava Jato que se reuniu com Aécio Neves (PSDB-MG) para tratar de um esquema de fraude em licitação na obra da Cidade Administrativa para favorecer grandes empreiteiras. A reunião, segundo o delator, ocorreu quando o tucano governava Minas Gerais”.

Romero Jucá e a “suruba selecionada”

Por Altamiro Borges

Na preparação do “golpe dos corruptos”, o senador Romero Jucá (PMDB-RR) nunca criticou os abusos do Ministério Público Federal (MPF) e o partidarismo de alguns ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Pelo contrário. Ele até incentivou estas práticas arbitrárias como forma de desgastar a presidenta Dilma e pavimentar o terreno para o impeachment. Numa conversa vazada com Sérgio Machado, ex-diretor da Petrobras, ele inclusive confessou que apenas o golpe poderia “estancar a sangria” das investigações sobre a corrupção na estatal. Por isto agora o chefão do PMDB, que inclusive foi defecado do “ministério de notáveis” do covil golpista, está preocupado com a “suruba selecionada” do STF.

PF tenta abortar candidatura de Lula

Por Altamiro Borges

Após as pesquisas que apontaram a disparada de Lula para a disputa presidencial de 2018, uma artilharia pesada passou a ser montada para abortar a sua candidatura. Como não dá para prendê-lo, já que inexistem provas sobre seus crimes – apenas “a convicção” dos jagunços da Lava-Jato –, o objetivo é inviabilizar a sua provável postulação. A mídia golpista deu os primeiros tiros – com o destaque para a capa da revista IstoÉ, também conhecida como “QuantoÉ” pela ação mercenária e venal dos seus donos. Agora, com estardalhaço, um delegado da Polícia Federal ingressa na cruzada de difamação contra Lula, talvez à procura de alguns minutos de holofotes da mídia golpista.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Quem vai sabatinar Alexandre de Moraes?

Ilustração: Bira Dantas
Por Altamiro Borges

Nesta terça-feira (21), a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) irá sabatinar Alexandre de Moraes, indicado pelo ilegítimo Michel Temer para ser ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) no lugar do falecido Teori Zavascki. O espetáculo burlesco será transmitido ao vivo pela TV Senado. Com amplo apoio dos golpistas e da sua mídia venal, o “plagiador” deverá ter seu nome aprovado. Afinal, ele foi escolhido com o nítido objetivo de “estancar a sangria” das investigações de corrupção, salvando a pele do Judas e dos senadores que o ajudaram a assaltar o poder. Basta conferir a relação dos integrantes da CCJ para ter certeza de que a sabatina será um jogo de cartas marcadas.

Temer já tem seis ministros delatados

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Passado o carnaval, no início de março o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, deve pedir e o ministro relator no STF Luiz Fachin deve autorizar o fim do sigilo sobre as delações da Odebrecht. Total ou parcialmente. Teori Zavascki pretendia fazer isso em fevereiro. Com sua morte, todos “ganharam algum tempo”, como previu Eliseu Padilha. Até lá, estará aberto um “bolão de apostas” que circula na Esplanada sobre quantos ministros de Temer serão delatados. Até agora são conhecidos seis: Padilha (Casa Civil/PMDB), Moreira Franco (Secretaria Geral/PMDB), José Serra (Relações Exteriores/PSDB), Bruno Araújo (Cidades/PSDB), Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações/PSD) e Marcos Pereira (MDIC/PRB), o último de que se tem notícia.

Por que perseguem Lula?

Sabatina de Moraes: jogo de cartas marcadas

Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Conhece aquele jogo em que todo mundo já sabe quem vai ganhar antes mesmo do juiz apitar o início da partida? São favas contadas e cartas marcadas. Não tem erro.

É este o clima que cerca a sabatina de Alexandre de Moraes no Senado nesta-terça feira, principal fato político da semana.

Desde que seu nome foi indicado por Michel Temer para a vaga de Teori Zawascki, Moraes desfila pelo Senado, sempre acompanhado de uma comitiva de assessores e seguranças, como se estivesse passando a tropa em revista.

"O golpe não terminou", afirma Dilma

Por Marco Weissheimer, no site Sul-21:

Quase seis meses depois da votação da última etapa do impeachment no Senado Federal, Dilma Rousseff olha para esse período não como uma página virada na sua história de vida ou na história política do país, mas sim como um processo em andamento. “O golpe não acabou”, afirma, advertindo para os riscos que a democracia brasileira corre com o desenrolar do processo golpista. Em entrevista ao Sul21, concedida em seu apartamento em Porto Alegre, Dilma Rousseff fala sobre as raízes profundas e aparentes do golpe, denuncia o desmonte de políticas sociais e de setores estratégicos para o país, como as indústrias naval e petrolífera, e aponta as tarefas que ela considera prioritárias para a esquerda e para todas as forças progressistas do país:

O ‘golpe dos corruptos’ e o neoliberalismo

Por Marco Aurélio Cabral Pinto, no site Brasil Debate:

Cumpre-se lembrar que brasileiros foram aqueles que aqui se estabeleceram com o objetivo de ordenar a exportação do pau-brasil. Havia ferreiros, marceneiros, açougueiros, assim como brasileiros, aos quais cabia o fornecimento da valiosa madeira. Eram então poucos, mas, a eles, progressivamente, se incorporaram índios Tupi-Guarani, que enxergaram nos portugueses poderosos aliados contra adversários de etnias diversas, conhecidas como Jê.

Portanto, na origem do Brasil se encontra a inserção como elemento subordinado na hierarquia poder-dinheiro internacional. Aos dominadores externos importou, ao longo de toda a formação histórica, que as elites aliadas locais promovessem a ordem social para boa organização da produção.

Se a Globo quiser, Doria trairá Alckmin

Por Renato Rovai, em seu blog:

Hoje, São Paulo amanheceu completamente imunda exatamente porque a gestão de João Doria Jr, o mister Dorian Gray, varre menos as ruas do que a de Haddad, segundo a insuspeita (neste caso) Folha de S. Paulo.

Mas isso não quer dizer nada para o prefeito marqueteiro. Ele pegou sua vassoura e saiu atrás de um bloco fazendo graça e brincando de trabalhar. E foi parar na Globo, como sempre.

Todos os dias ele aproveita a Globo e outros veículos de mídia para se dedicar à sua campanha. Isso mesmo, campanha. O atual prefeito não saiu do palanque por um dia sequer. E isso tem um único motivo. Ele é candidato em 2018.

Perguntas de Cunha não interessam à mídia?

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

É impressionante como, por conveniente seletividade, a grande imprensa simplesmente ignora tudo o que pode ser a mais explosiva revelação dos escândalos políticos em que o Brasil mergulho: as conexões entre Eduardo Cunha, o agente do impeachment, e Michel Temer, seu beneficiário, mesmo depois de o primeiro ter fornecido, publicamente, os temas e o roteiro – o que, no jornalismo, chamamos pauta – para que tudo seja investigado.

Perguntas que brotam das perguntas que Eduardo Cunha dirige a Temer para que – se o juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara Criminal Federal de Brasília não fizer como Sérgio Moro, vetando aquilo que possa ser (palavras dele) ameaça ao atual presidente.

Brotam, mas ninguém se aventura a fazê-las.

A economia oscila entre o fato e a versão

Por Marcio Pochmann, na Rede Brasil Atual:

A discussão a respeito da situação econômica atual no Brasil tem sido no mínimo excêntrica, pois parece resultar de certa confusão que se generaliza, muitas vezes, da inadequada interpelação do fato (a realidade econômica) por versões (narrativas) produzidas nas distintas análises sobre a realidade. Sobre a recessão econômica (o fato), por exemplo, não tem havido, em geral, maiores discordâncias entre analistas.

Entretanto, quando se trata de narrativas sobre a recessão, bem como sua possível superação, tende a predominar intensa controvérsia. De certa forma, a manifestação ideológica de um discurso que tende a expressar diferenças significativas entre análises de personagens distintos, como no caso do político e do técnico, conforme ensinou Max Weber. Enquanto o primeiro estaria mais comprometido com o convencimento de outros (independente de sua versão ser a verdadeira), o segundo preocupar-se-ia mais com a verdade (independente do convencimento de outros).