quarta-feira, 19 de julho de 2017

Venezuela: A velha luta de classes nas ruas

Oposicionistas ateiam fogo nas cédulas e nas
atas eleitorais, ao fim de seu “plebiscito informal”
Por Laura Capriglione, de Caracas, no site Jornalistas Livres:

Quem há de dizer que a Venezuela é uma Ditadura? Se alguém sentia falta de uma consulta popular, o país realizou duas no mesmo dia! Uma foi convocada pelo governo do presidente Nicolás Maduro, na forma de uma simulação da eleição para os deputados da Assembléia Nacional Constituinte, que deverá ocorrer de verdade no próximo dia 30 de julho. A outra foi convocada pela Mesa de Unidade Democrática (MUD), a frente de partidos de oposição ao chavismo.

Foi um domingo alegre e iluminado em Caracas. Quente, como sempre. As ruas estavam cheias de famílias, já que 16 de julho é o Dia das Crianças venezuelano. Meninas e meninos com os rostos pintados como bichinhos, em roupas elegantes, viam-se por toda a cidade. As lojas estavam abertas. Nada havia que denunciasse a guerra civil ou os enfrentamentos dramáticos, cheios de sangue, ódio e ira, vistos todos os dias nas televisões e grandes jornais do Brasil. Mas a disputa renhida estava presente.


Petrobras a pleno vapor

Por Paulo Kliass, no site Carta Maior:

Um dos principais argumentos utilizados pelo bloco que se aventurou pela trilha do golpeachment referia-se à situação da Petrobrás. Como os argumentos relativos às chamadas pedaladas fiscais não paravam em pé, a estratégia foi bombardear o governo Dilma de todos os lados possíveis, até que se cristalizasse a narrativa da condenação pelo “conjunto da obra”.

Quanto àquele triste final dessa novela no Congresso Nacional, todos nos lembramos muito bem de como terminou. Ficou evidente a ausência de evidências para caracterizar qualquer crime de responsabilidade da Presidenta. Afinal, ela apenas havia adotado como procedimento aquilo que sempre vinha sido feito pelos seus antecessores em termos de créditos suplementares do Orçamento. Assim, o julgamento abandonou todo e qualquer embasamento jurídico que justificasse a decisão final. Seguindo o exemplo da sanha lançada pela República de Curitiba, abandonaram-se as provas para se contentar apenas e tão somente com as convicções.

terça-feira, 18 de julho de 2017

Jornalista vai penar com golpe trabalhista

Por Altamiro Borges

Por motivos óbvios, a imprensa privada fez intensa campanha pela aprovação da contrarreforma trabalhista do covil golpista de Michel Temer. Historicamente, os barões da mídia sempre detestaram a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), criada no governo de Getúlio Vargas, e nunca toleraram a organização sindical dos explorados. Neste sentido, não surpreende que mais de 90% das “reporcagens” publicadas nos jornalões e exibidas nas emissoras de tevê tenham sido favoráveis ao desmonte da CLT – conforme constatou a ONG Repórter Brasil. Quase não houve contraditório e o jornalismo deu lugar à propaganda abjeta e escancarada da “reforma” proposta pela quadrilha que assaltou o poder – com a ajuda inestimável da própria mídia golpista.

Ricardo Teixeira vai dedurar a Globo?

Por Altamiro Borges

No bilionário mundo do futebol, o cartola Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF, nunca escondeu suas íntimas ligações com os donos da Rede Globo. Com a notícia divulgada nessa terça-feira (18), de que a Justiça da Espanha emitiu ordem de prisão contra o suposto corrupto, a famiglia Marinho deve estar apavorada. Será que Ricardo Teixeira revelará os esquemas sinistros das transmissões dos jogos da seleção brasileira nos últimos anos? Nos últimos dias, o blogueiro Luis Nassif já vinha alertando para o risco da prisão e da delação bombástica do cartola. Neste domingo (16), o programa Domingo Espetacular, da Record, também trouxe uma reportagem do jornalista Luiz Carlos Azenha que menciona as maracutaias da CBF e da rival TV Globo.

Os sinais de que acabou o sonho de Doria

http://causaoperaria.org.br
Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Quando sinais partem de muitas direções com o mesmo sentido, na política, é sinal que não são apenas intrigas.

Ontem, a Folha fez um editorial em que reduz o prefeito de São Paulo, João Dória, à condição que dava nome ao seu programa de televisão: aprendiz.

“Parece sinal de imperícia política que um prefeito recém-consagrado nas urnas consiga alienar simpatias até no núcleo de sua base de sustentação na Câmara Municipal.”

Junto com isto, no Estadão, a notícia de que os investimentos públicos em São Paulo cairão ao menor nível em uma década.

E o capitalismo morrerá de overdose?

Por Giuliano Battiston, no site Outras Palavras:

O diagnóstico de Wolfgang Streeck, diretor do Instituto Max-Planck de Colônia, é implacável: “A crise atual não é um fenômeno acidental, mas o auge de uma longa série de desordens políticas e econômicas que indicam a dissolução daquela formação social que designamos capitalismo democrático”.

“O capitalismo está morrendo de overdose de si mesmo.” Esta é a tese do sociólogo Wolfgang Streeck, diretor do Instituto Max-Planck de Colônia, um dos centros de pesquisa mais importantes da Europa. Em seu último livro, Como Acabará o Capitalismo? Ensaios sobre um Sistema Fracassado, Streeck conduz um diagnóstico impiedoso sobre a patologia do capitalismo democrático, aquela formação social particular que, no pós-guerra, havia alinhado democracia e capitalismo em torno de um pacto social que lhe conferia legitimidade. Por volta dos anos 1970, com o fim do crescimento econômico, e depois, com o avanço da revolução neoliberal, aquele pacto social começa a acabar. O capital avança, a democracia recua. Ele atropela as limitações políticas e institucionais que haviam contido o “espírito animal” do capitalismo. Que vence - mas vence demais… Hoje, a revolução cumprida, o capitalismo está em ruínas porque teve muito sucesso, diz Wolfgang Streeck.


A guerra final entre Temer e a Globo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A ópera do impeachment vai chegando a uma segunda onda decisiva, com o vale-tudo que se instaurou envolvendo os dois principais personagens da trama: a organização comandada por Michel Temer; e a organização influenciada pela Rede Globo.

Do lado da Globo alinha-se a Procuradoria Geral da República e a Lava Jato. Do lado de Temer, o centrão, o Ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), alguns grupos de mídia, como a Rede Record, e provavelmente políticos jogados no fogo do inferno, como Aécio Neves.

No pano de fundo, o agravamento da crise, com um plano econômico inviável aplicado por economistas radicais valendo-se do vácuo político. E, fora das fronteiras, ventos complicados ameaçando botar mais lenha na fogueira.

Briga de Temer e Globo é disputa de gangues

Por Joaquim de Carvalho, no blog Diário do Centro do Mundo:

A reportagem exibida pela Rede Record domingo sobre o esquema de sonegação da TV Globo não tem, propriamente, uma novidade, mas tem especial relevância por estar inserida no contexto da disputa entre Michel Temer e o grupo de comunicação da família Marinho. Há uma disputa que, se aprofundada, só trará benefícios ao Brasil.

O jornal O Dia publica hoje nota da coluna Esplanada, do jornalista Leandro Mazzini, que revela a disposição de Temer de se vingar do Grupo Globo. Através da TV, jornal, revista, rádio e site, a Globo, depois do furo jornalístico sobre a delação de Joesley Batista, passou a defender o afastamento de Temer.

Efeitos da 'reforma' trabalhista no campo

Por Caroline Nascimento Pereira e Ana Luíza Matos de Oliveira, no site Brasil Debate:

A nova proposta de reforma trabalhista no campo tem causado indignação em parte da sociedade, obviamente aquela provida de bom senso, pois o Projeto de Lei 6.442/2016, de autoria de Nilson Leitão (PSDB/MT), líder da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), propõe alterações nas leis trabalhistas no campo, que, se aprovadas, poderão levar o país aos tempos da escravidão novamente.

Entre os principais pontos – e na mesma linha da reforma trabalhista – destacam-se: predominância do negociado sobre o legislado, ou seja, acordos entre as partes sem o devido respaldo das garantias legais; pagamento do trabalhador com moradia ou alimentação como parte do salário, incluindo também a possibilidade de pagamento com parte da produção ou concessão de terras; autorização do trabalho aos domingos e feriados sem necessidade de laudos; fim das horas in itinere (tempo de deslocamento em veículos da empresa, onde não há transporte público); extensão da jornada de trabalho por até 12 horas; substituição do repouso semanal por contínuo, com até 18 dias de trabalho seguidos; possibilidade de venda integral das férias; revogação da NR-31, norma que regulamenta os procedimentos de segurança e saúde no campo e instituição da jornada intermitente no campo (em que o funcionário pode trabalhar em horários específicos do dia, quando houver demanda, sem uma jornada contínua).

Cadê a delação do Palocci contra a Globo?

Fantástico prova que Moro precisa da Globo

http://pataxocartoons.blogspot.com.br/
Do site Lula:

A matéria do Fantástico no último domingo sobre a sentença do juiz Sérgio Moro é uma peça de propaganda, não de jornalismo, muito menos de análise de uma sentença.

Ela ignora lacunas na sentença do juiz de primeira instância, distorce ou ignora a natureza de documentos apresentados pela defesa bem como a opinião de juristas que apontam falhas na decisão de Sergio Moro. A propaganda opressiva da Globo contra Lula para influir em decisões da justiça contra o ex-presidente com fins políticos é inclusive um dos temas de comunicado feito ao alto comissariado da ONU de direitos humanos sobre as violações, públicas e notórias, cometidas por Sergio Moro contra Lula, como a divulgação pública de escutas ilegais e o grampo dos advogados do ex-presidente.

Brasil renuncia ao papel de líder regional

Por Tereza Cruvinel, em seu blog:

Depois de ter desempenhado um ativo papel de líder regional na América do Sul, durante os anos Lula, sob Temer o Brasil renunciou à condição que lhe é reservada por sua dimensão e peso político e econômico. Enquanto isso, governos vizinhos vão assumindo maior protagonismo e responsabilidade no enfrentamento dos problemas regionais, como faz o presidente colombiano, Juan Manuel Santos. Ele viajou ontem para Cuba em busca de apoio para um esforço diplomático concertado das nações sul-americanas e caribenhas em favor de uma solução para a crise política na Venezuela. Segundo o Financial Times, a iniciativa de Santos teria o apoio do México e da Argentina. O Brasil não é sequer mencionado nesta movimentação. Há um claro alinhamento da política externa de Temer, chefiada pelo tucano Aloysio Nunes Ferreira, com a oposição venezuelana, o que desqualifica o Brasil como integrante de qualquer esforço conciliador.

A ofensiva da direita na América Latina

Do site do PT:

A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores, senadora Gleisi Hoffmann, denunciou a perseguição que ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem sofrido no Brasil durante intervenção, neste domingo (16), na abertura do 23º encontro do Foro de São Paulo, na Nicarágua.

Ela está em Managua acompanhada pela secretária executiva do Foro de São Paulo e de Relações Internacionais, Monica Valente; a secretária de Mulheres, Laisy Morière; do vice-presidente do PT,Luiz Dulci; Kjeld Jakobsen, Artur Henrique e Selma Rocha.

O encontro reúne diversos partidos de esquerda da América Latina e Caribe e será realizado até a próxima quarta-feira (19). Em sua fala, Gleisi denunciou a perseguição que Lula está sofrendo pelo judiciário brasileiro, principalmente pela figura de Sérgio Moro, alertou sobre a atuação direita reacionária e golpista.

Após 'reforma', Bradesco e Caixa demitem


Com quase 10 mil vagas eliminadas apenas neste ano, o setor financeiro prepara-se para mais redução de postos de trabalho. Imediatamente depois da sanção do projeto de "reforma" trabalhista, agora Lei 13.467, Bradesco e Caixa Econômica Federal anunciaram programas de demissão voluntárias. O banco público havia encerrado em março um programa que teve 4.645 adesões, de acordo com a Comissão Executiva dos Empregados (CEE) da Caixa.

No caso do Bradesco, o programa de demissão voluntária (PDV), anunciado na quinta-feira, mesmo dia da sanção da lei, começou hoje (17) e vai até 31 de agosto. O banco não divulgou metas de adesão, afirmando apenas, em nota, que o plano "não afetará o elevado padrão de qualidade dos serviços prestados aos seus clientes e usuários".

Moro: “xeque mate” e cheque sem fundos

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Quem leu a sentença do juiz Sergio Moro que condenou o presidente Lula, sem as paixões imediatistas determinadas pela luta política em curso (da qual ela faz parte), pode até compreender os elogios solidários de alguns dos seus pares corporativos que circularam com uma rapidez estranha, mas dificilmente ficará convencido que tal decisão poderia prosperar num tribunal neutro, sem o uso das “razões de exceção”, que tem pautado – até aqui – as ações penais contra o ex-presidente. Falta de fundamentação lógica, método indutivo-analítico na apreciação dos depoimentos sem cotejamento do seu valor probatório, eleição de relevância e irrelevância de fatos, segundo uma opção já feita pela condenação, e claro viés político. Sequência do massacre midiático, patrocinado de forma consciente pela maioria da mídia tradicional, que foi guindada, inclusive, à condição de processante “ex-oficio”, através da suas manchetes arbitrárias.

segunda-feira, 17 de julho de 2017

O momento da virada contra a fascismo

Por Mauro Santayana, em seu blog:

A condenação de Lula sem provas, por um crime que não cometeu - não recebeu, não usufruiu, nunca teve o tal triplex em seu nome - com a argumentação, como nos filmes de ficção científica, vide "A Nova Lei - Minority Report", de que tinha a intenção de eventualmente praticá-lo - a quase dez anos de prisão e a mais de sete de ostracismo político, precisa servir de alerta final, talvez o mais significativo até agora, antes que se proceda à inexorável entrega do país ao fascismo nas eleições do ano que vem.

O passo dado pelo Juiz Sérgio Moro foi de sutileza paquidérmica, do ponto de vista do desrespeito, desconsideração e desprezo pelo Estado de Direito, e, como já dissemos tantas vezes aqui, já estava sobejamente anunciado.

Delação de Palocci apavora a Rede Globo

Com Temer, a CLT é enterrada

Por Rodrigo Martins, na revista CartaCapital:

Último país das Américas a abolir a escravidão, em 1888, o Brasil tardaria mais quatro décadas para reconhecer a necessidade de o Estado mediar as relações entre o capital e o trabalho livre. A Constituição Republicana de 1891 ignorou solenemente o tema.

Apenas com a reforma constitucional de 1926 abriu-se a possibilidade de o Congresso legislar sobre o trabalho. Essa abertura teve, porém, pouco resultado efetivo até a Revolução de 1930, com a ascensão de Getúlio Vargas.

Ao instituir o salário mínimo, regular a duração da jornada, assegurar descanso semanal remunerado e férias, além de oferecer planos de aposentadoria, Vargas acenou com a promessa de inclusão das massas desdenhadas desde os tempos do Brasil Colônia.

Porque a direita teme a eleição de 2018

Por José Carlos Ruy, no site Vermelho:

Em toda a história republicana o Brasil nunca viveu uma crise semelhante à atual, caracterizada pelo maior e mais profundo divórcio entre o governo federal e o conjunto da nação.

Os brasileiros não se reconhecem neste governo federal, que não elegeram. E, pior que isso, não há nenhum outro elemento que dê legitimidade ao usurpador Michel Temer e sua turma.

Há, antes, a percepção, que se generaliza, de ser um governo golpista que age contra os interesses dos brasileiros e da nação, promovendo um enorme ataque contra a democracia, os direitos sociais e a soberania nacional.

A Justiça é para todos no Brasil?

Por Marcelo Zelic e Cecília Capistrano Bacha, no site Jornalistas Livres:

No final dos anos 1970 o Senador Teotônio Vilela, um liberal, em suas andanças pelo país pregando a redemocratização, pronunciou palavras que merecem registro e meditação. Dizia ele: “As decisões dos tribunais são a última etapa da vida do direito. Sem um funcionamento adequado da organização judiciária, o país caminharia para a desordem e a descrença nas suas instituições políticas.”

A sentença do juiz Sérgio Moro condenando o ex-presidente Lula com base em suposições e desconsiderando as provas contidas nos autos, tornou-se, conforme declaração de seus advogados, “um processo ilegítimo e usado para fins políticos”, retrocedendo o funcionamento da organização judiciária para as práticas da ditadura militar combatidas pelo Menestrel de Alagoas, como Teotônio era chamado à época.