quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A luta contra a austeridade do "mercado"

Por Bruno Miller Theodosio, no site Brasil Debate:

O tema da austeridade é o eixo central em torno do qual se articula o futuro do Brasil. Somente a luta contra o corte de gastos poderá retomar o protagonismo do Estado enquanto agente econômico que permita às pessoas o acesso aos serviços públicos. A austeridade está colocada no Brasil como programa político para os próximos 18 anos através da PEC dos Gastos (EC-95/2016). O problema é que as despesas não poderão crescer além da correção pela inflação, mas o crescimento populacional continuará exercendo sua pressão e a demanda pelos gastos públicos aumentará; mas se os gastos não podem aumentar, haverá, relativamente, uma redução dos gastos em relação ao que se tem no presente. O futuro terá menos recursos para atender as necessidades da população.

A falha do efeito-facada

Por Tereza Cruvinel, no Jornal do Brasil:

A facada sofrida pelo candidato do PSL, Jair Bolsonaro, ao contrário do que foi amplamente esperado, não funcionou como fermento para sua candidatura, mostrou a pesquisa Datafolha realizada quatro dias depois do ataque.

Ele cresceu de 22% para 24%, vale dizer, dentro da margem de erro. Ficou longe de poder ganhar no primeiro turno, como previu seu filho Flávio, na hora quente da agressão.

Esta pesquisa, também por ter captado o efeito de três programas de rádio e televisão dos presidenciáveis, será um marco para os ajustes que os candidatos farão em seus discursos e táticas.

Barroso no STF: sem voto e sem razão

Por Marcos Coimbra, na revista CartaCapital:

Na sexta-feira 31 de agosto, o mês mais aziago de nossa história política, aconteceu um embate entre duas visões do Brasil no Tribunal Superior Eleitoral. Em um dos cantos do ringue, a defesa de Lula representava, através de seu cliente, o sentimento da maioria do País.

No outro, um grupo de magistrados, chefiados pelo ministro Luis Roberto Barroso, expressava os desejos da parte menor da sociedade, mas daquela que detém o poder econômico, a força política e que dirige as instituições culturais hegemônicas, em especial a “grande” imprensa.

Retrato dos EUA à espera do colapso

Por Chris Hedges, no site Outras Palavras:

O governo Trump não emergiu, prima facie, como Vênus numa meia concha do mar. Donald Trump é o resultado de um longo processo de decadência política, cultural e social. É produto da falência da democracia norte-americana. Quando mais o país mantiver a ficção de que é uma democracia que funciona, de que Trump e as mutações políticas à sua volta são de alguma forma um desvio aberrante que pode ser vencido nas próximas eleições, mais nos se precipitará em direção à tirania. O problema não é Trump. É um sistema político dominado pelo poder corporativo e mandarins dos dois principais partidos políticos, para os quais a sociedade não conta. Só será possível recuperar o controle político desmantelando o estado corporativo, e isso significa desobediência civil maciça e contínua, como aquela demonstrada neste ano por professores de todo o país. Se não nos levantarmos, entraremos numa nova idade das trevas.

O fascismo que bate à porta

Por Roberto Amaral, em seu blog:

Sem se dar conta dos riscos que corre, o país assiste à construção de um projeto político protofascista, com data marcada para instalar-se, sem previsão para nos deixar em paz. Só não vê quem considera mais cômodo ignorar os desafios, pensando que assim deles se livra, como o avestruz que enterra a cabeça para não ver o predador.

Estão presentes entre nós os elementos básicos das experiências históricas de construção de regimes fascistas. A primeira delas é a incapacidade, por parte das esquerdas, dos liberais, dos democratas em geral, de ver a serpente antes de ela saltar do ovo para cumprir com seu papel.

Bolsonaro e a facada do Datafolha

Por Kiko Nogueira, no blog Diário do Centro do Mundo:

O desempenho de Jair Bolsonaro no Datafolha se deve à sua capacidade de se superar no sentido da iniquidade.

Foi de 22% para 24%, dentro da margem de erro, portanto.

A rejeição, porém, foi de 39% para 43%. Perde para todos os concorrentes no segundo turno.

Bolsonaro chegou ao teto e não passa dali.

Carta de Lula ao Povo Brasileiro

Foto: Ricardo Stuckert
Do site Lula:

Curitiba, 11 de setembro de 2018

Meus amigos e minhas amigas,

Vocês já devem saber que os tribunais proibiram minha candidatura a presidente da República. Na verdade, proibiram o povo brasileiro de votar livremente para mudar a triste realidade do país.

Nunca aceitei a injustiça nem vou aceitar. Há mais de 40 anos ando junto com o povo, defendendo a igualdade e a transformação do Brasil num país melhor e mais justo. E foi andando pelo nosso país que vi de perto o sofrimento queimando na alma e a esperança brilhando de novo nos olhos da nossa gente. Vi a indignação com as coisas muito erradas que estão acontecendo e a vontade de melhorar de vida outra vez.

Bolsonaro é o Trump brasileiro?

Por James N. Green, no site Carta Maior:

Não é surpresa para ninguém que Donald Trump esteja fora de controle.

As seções do novo livro de Bob Woodward, Medo, que foram divulgadas na semana passada, confirmam o que é amplamente conhecido: o presidente é um maníaco egocêntrico com a personalidade de uma criança de sete anos. Creio que o jovem D. Pedro II era muito mais maduro quando foi aclamado imperador em 1831 aos cinco anos de idade.

Mulheres se unem para frear Bolsonaro

Da Rede Brasil Atual:

Três dias bastaram para unir mais de 700 mil mulheres com um só objetivo: impedir a eleição de Jair Bolsonaro (PSL). No domingo, em meio ao temor de que o ataque com faca ao candidato aumentasse as intenções de voto nele, surgiu no Facebook o grupo de discussões “Mulheres contra Bolsonaro”.

De todos os cantos do Brasil, a maioria dessas mulheres reunidas neste grupo fechado - só entra quem é convidada ou aceita pelas administradoras - quer que, no primeiro turno, as colegas votem em quem quiserem, menos no candidato do PSL. E, caso ele alcance o segundo turno, votem no adversário do militar, seja quem for.

terça-feira, 11 de setembro de 2018

Ofensiva golpista e a contradição nacional

Por Ricardo Gebrim, no jornal Brasil de Fato:

Um conceito fundamental da interpretação do Brasil nos ajuda a compreender a dimensão da destruição em curso causada pela ofensiva desencadeada pelo golpe. 

Caio Prado Júnior iniciou sua grande obra, "A Formação do Brasil Contemporâneo", com a afirmação: "Todo povo tem na sua evolução, vista à distância, um certo 'sentido'. Este se percebe não nos pormenores de sua história, mas no conjunto dos fatos e acontecimentos essenciais que a constituem num largo período de tempo". Ao tratar de todo o "sentido" da colonização brasileira identificou o conflito central que marca nossa história, como sendo a contradição entre a nação e a não nação.

Prisão de Richa beneficia aliado dos Moro

Por Ricardo Costa de Oliveira, no blog Viomundo:

A prisão da família Richa, uma vez que a política tradicional paranaense é operada por famílias, representa mais um cálculo do partido político do judiciário e das fases da Lava Jato.

Muito tarde e muito pouco.

Já deveriam ter sidos presos há vários anos, pelo menos desde o massacre dos professores.

A notícia da prisão de Beto Richa, Fernanda Richa e de José Richa Filho, o Pepe, super-secretários na gestão anterior, beneficia diretamente a candidatura senatorial de Flávio Arns, aliado próximo de Rosângela Moro, esposa do juiz Sérgio Moro e também ofusca as manchetes políticas do dia sobre Haddad e Lula, em Curitiba, em um momento em que Haddad precisa de visibilidade para subir nas pesquisas ao lado de Lula.

Ditadura Globo-Lava Jato num beco sem saída

Por Jeferson Miola, em seu blog:

As pesquisas eleitorais confirmam que todos os arbítrios perpetrados contra Lula não surtiram os efeitos planejados pela ditadura Globo-Lava Jato.

É ainda mais paradoxal: aconteceu exatamente ao contrário do esperado. A cada dia fica mais claro que a ditadura se encontra num beco sem saída. Além de não ter nenhuma chance de vencer a eleição de outubro, assiste passivamente ao triunfo político, eleitoral e moral do Lula.

A respeito das novas mentiras de Palocci

Do site de Dilma Rousseff:

Sobre as velhas declarações de Antonio Palocci, exibidas mais uma vez como novas pela Rede Globo de Televisão, a Assessoria de Imprensa de Dilma Rousseff informa:

1. Em todos os períodos eleitorais do qual a Presidenta participou, a Rede Globo criou factóides a fim de atingir a imagem, a honra e a autoridade política de Dilma Rousseff. Foi assim em 2010, 2014 – nos dois turnos – e, agora, em 2018.

segunda-feira, 10 de setembro de 2018

O 'jornalismo' não vê o salto de Haddad

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Jair Bolsonaro passou de 22 a 24% no Datafolha. Estatisticamente, como já se disse, nada diante da megaexposição depois da facada recebida em rede nacional de TV.

Ciro Gomes, de 10 para 13%, um resultado por certo expressivo, que muito tem a ver com a guinada de seu discurso para a defesa de Lula.

Mas Fernando Haddad dá um salto espetacular, passando de meros 4% para 9% e empatando estatisticamente com o “bolo” formado em segundo lugar pelo próprio Ciro, Marina Silva e Geraldo Alckmin.

Bolsonaro é candidato do setor financeiro

Por Joana Rozowykwiat, no site Vermelho:

“Bolsonaro é uma contradição”, diz a economista Leda Paulani. O motivo está no fato de o candidato do PSL ser alguém de origem militar, mas que abriu mão de pautas em defesa da soberania e do desenvolvimento nacional para agradar o mercado. Ao aproximar-se do guru Paulo Guedes, ele abraça o liberalismo econômico, mas ignora valores liberais, como respeito à individualidade e às crenças. “Juntou o pior dos dois mundos”, resume. Uma combinação que o financismo não rejeita, ao contrário.

“Eu não tenho nenhuma dúvida de que agora todo o setor financeiro vai cair de boca no Bolsonaro”, aposta Leda, que é professora da USP.

Toga e farda irmanadas na escalada fascista

ONU acusa Brasil de ‘má-fé’ contra Lula

Por Eduardo Guimarães, no Blog da Cidadania:

Pela segunda vez o Comitê de Direitos Humanos da ONU exorta o Brasil a respeitar o Pacto Internacional Sobre Direitos Civis e Políticos e acusa o país de violar os direitos humanos de Lula, a quem chama de vítima, e de violar a Convenção de Viena sobre Tratados internacionais. A ONU reafirma, em nota, que o Brasil tem obrigação de cumprir o tratado que assinou.

Veto militar a Lula é um risco para o país

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

Ao colocar as Forças Armadas no papel de guarda armada da Operação Lava Jato, o general Villas Boas compromete a função da instituição num regime democrático e prepara uma armadilha para o futuro dos militares brasileiros.

O veto a Lula representa um retorno ao projeto tacanho e autoritário de várias gerações de comandantes militares que tiveram um triste papel em nossa história política. Tentaram impedir a candidatura de Juscelino em 1955 e a posse de Jango em 1961, quando colocaram o país às portas de uma guerra civil. Organizaram o golpe de 64, pressionaram pelo AI-5 em dezembro de 1968 e, como se não fosse suficiente, em 1969 assumiram o governo num golpe dentro do golpe, entrando para o anedotário com o apelido divertido e corajoso de Três Patetas, criado por Ulysses Guimarães, primeira liderança civil da redemocratização.

Vamos conversar sobre fascismo e ódio?

Por Renata Mielli, no site Mídia Ninja:

Todos, independentemente da opinião que têm sobre este ou aquele político ou partido, precisam parar, respirar fundo e recompor suas posturas e comportamentos, sem precisar abrir mão de suas opiniões, antes que seja tarde demais para o convívio entre diferentes. Ter uma visão crítica sobre os acontecimentos - mesmo sobre aqueles que vão ao encontro das suas opiniões - é fundamental neste momento.

Ao longo desse conturbado processo político que o Brasil vive, pelo menos desde 2013, um fenômeno perigoso tem sido o protagonista: o discurso de ódio. Ele emergiu das profundezas para se tornar o principal ingrediente da acirrada disputa entre dois projetos antagônicos de país, de sociedade.

Globonews e a miséria do jornalismo

Por Luis Nassif, no Jornal GGN:

A entrevista de Fernando Haddad à bancada da Globonews é reveladora de um dos vícios mais entranhados no jornalismo brasileiro: a incapacidade dos entrevistadores de analisar realidades complexas.

Eles fazem um tipo de pergunta padrão e esperam uma resposta padrão para a qual já tem engatilhada uma tréplica padrão. Quando o entrevistado sofistica um pouco a análise e inclui outros elementos na resposta, provoca um curto-circuito nas cabeças dos entrevistadores. E eles não sossegam enquanto não receber a resposta padrão, para poderem rebater com a tréplica padrão.