quinta-feira, 7 de março de 2019

Nós precisamos voltar a sonhar

Por Joaquim Ernesto Palhares, no site Carta Maior:

Sonho [*] - John Lennon 


(tradução de Flávio Aguiar)

Sonhe que não há paraíso
É fácil, se você tentar.
Abaixo não há inferno
Acima, só estrelas pra se olhar
Sonhe com todo mundo
Vivendo apenas o presente…

Sonhe que não há países
Não é difícil não
Nada por que morrer ou matar
Num mundo sem religião
Sonhe com todo mundo
Vivendo sua vida em paz...

Pode me chamar de sonhador
Mas não estou só não
Quem sabe você um dia
Também nos dê a sua mão...

Sonhe que tudo é de todos
Será que você se esmera?
Um mundo sem ganância ou fome
Onde a fraternidade impera
Sonhe com todo mundo
Dividindo com todos tudo...

Pode me chamar de sonhador
Mas não estou só não
Quem sabe você um dia
Escolha o mundo sem divisão…


* Optei pelo verbo sonhar porque “Sonhe”, em português, tem a mesma sonoridade bonita de “Imagine” em inglês.

“Imagine”, em português, não tem a mesma beleza sonora.

Aproveitando a leveza do Carnaval, começo nossa conversa com a belíssima canção de John Lennon, traduzida especialmente para Carta Maior pelo companheiro Flavio Aguiar.

Carnaval vaia Bolsonaro

Editorial do site Vermelho:

O uso da cor laranja neste carnaval foi maior do que o usual. Cor imposta pela política: protestar contra o governo retrógrado de Jair Bolsonaro e seu partido, o PSL (Partido Só Laranja, como registraram foliões em Bezerros, PE), contra o qual se multiplicam as denúncias de uso de candidaturas de araque ("laranjas") para arrecadar ilegalmente dinheiro para as campanhas na eleição de 2018. Nesta quarta-feira de cinzas (6), o próprio Bolsonaro de certa forma passou recibo e deu mostras do incômodo com as críticas recebidas e divulgou, pelas redes sociais, uma mensagem obscurantista, obscena e grotesca contra o Carnaval, dirigida - pode se adivinhar - contra as críticas feitas a ele e à direita na festa popular.

Alexandre Frota tem biografia?

Bolsonaro vira chacota no mundo todo

Por Pedro Simon Camarão, no site da Fundação Perseu Abramo:

Jair Bolsonaro é capaz de fazer pelo Brasil coisas inimagináveis. Por exemplo, fazer com que veículos do mundo inteiro publiquem, assustados, que o presidente do Brasil postou um vídeo com conteúdo pornográfico em uma das suas redes sociais. A postagem não foi assunto apenas nos maiores veículos de comunicação do mundo, mas em todos os tipos. É algo impressionante. Na história recente, o único momento em que o Brasil foi notícia em todo o globo foi no dia da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva.

Bolsonaro e a quarta-feira de cinzas

Por Rafael da Silva Barbosa, no site Brasil Debate:

No mundo cristão, a quarta-feira de cinzas representa o encerramento de um ciclo com o reconhecimento da fragilidade humana [“lembre-se que você é pó e ao pó voltará”] e reflexão dos atos, sendo um momento de autoconsciência para mudança, em busca de uma condição humana mais evoluída.

A data é emblemática, mas, devido ao último acontecimento, ela passou a ser, também, urgente. Isto poque, no dia 05 de março, terça-feira de carnaval, assistimos a um dos fatos políticos mais bizarros e vexatórios da vida pública brasileira.

Seriam elas as coveiras da velha ordem?

Por Antonio Martins, no site Outras Palavras:

Lançada há pouco mais de dois anos – em outubro de 2016, quase simultaneamente na Polônia e na Argentina – a ideia da Greve Internacional de Mulheres pode transformar-se num dos fenômenos inesperados e explosivos, em uma década já marcada por sobressaltos. Amanhã, esperam-se, em 50 países, protestos e paralisações. Num certo sentido, pondera a escritora argentina Veronica Gago, elas ampliam o significado histórico do 8 de Março. Já não se trata apenas de afirmar os direitos que as sociedades patriarcais negam às mulheres há milênios – mas de, aos poucos, identificar ações concretas comuns, para resgatar estes direitos em todo o mundo. Quais seriam estas, porém?

As elites e o Brasil sanguinário

Por Roberto Malvezzi (Gogó), no site Correio da Cidadania:

Quando Bol­so­naro elo­giou a tor­tura e Bri­lhante Ustra como herói da pá­tria, e a dita so­ci­e­dade democrá­tica ficou em si­lêncio, acendeu-se o sinal ver­melho.

Quando Moro disse que me­didas de ex­ceção eram ne­ces­sá­rias porque o Brasil vivia um mo­mento excep­ci­onal, era o fim da Cons­ti­tuição, da hi­e­rar­quia ju­rí­dica e era a aber­tura da ja­nela para um regime de ex­ceção.

Quando Guedes diz que a es­querda tem ca­beça mole, co­ração mole e a di­reita tem a ca­beça e co­ração duros, ele de­fine a es­sência di­fe­ren­cial entre esses seres hu­manos.

Bolsonaro resiste à chuveirada de urina

Por Paulo Moreira Leite, em seu blog:

A simples possibilidade de que o porno-presidente Jair Bolsonaro venha a ser denunciado na Câmara por quebra de decoro em função da "goldenshower" é uma demonstração do grau de degradação de um governo empossado há apenas dois meses.

Essa situação é uma demonstração de fraqueza congênita.

Estimula terríveis presságios para os aliados de Bolsonaro e acende luzes de esperança nos círculos adversários.

É bom cultivar um pouco de cautela, contudo, e não desprezar o arsenal de recursos à disposição da articulação política que levou Bolsonaro ao Planalto.

As mulheres e a luta socialista

Por Augusto Buonicore, no site da Fundação Maurício Grabois:

I. Os liberais e a igualdade da mulher

Os direitos políticos das mulheres constituem, atualmente, uma condição para qualquer democracia moderna – burguesa ou socialista. Hoje nenhum país que recuse os direitos políticos e sociais às mulheres poderia ser considerado democrático. Mas, esta é uma situação relativamente nova – nascida no século XX – e conquistada depois de muitas lutas.

Bolsonaro e a suprema obscenidade

Por Marcelo Zero

Não sei o que é mais obsceno, se o vídeo postado pelo capitão ou a indignação tardia daqueles que o ajudaram a se eleger.

Esperavam outra coisa de uma abominação intelectual e moral?

Qualquer pessoa medianamente informada sabia, há muito tempo, que o capitão sempre foi isso.

Uma obscenidade política ambulante que, em mais de três décadas de vida pública, se dedicou a defender as piores e mais desavergonhadas barbaridades.

Afinal, o que é mais obsceno, o vídeo ou a defesa entusiasmada da tortura e de torturadores?

Bolsonaro "toca reunir" aos fanáticos

Por Fernando Brito, no blog Tijolaço:

Reportagem de Talita Fernandes, na Folha, aprofunda aquilo que mais cedo se disse aqui: o surto de agressividade de Jair Bolsonaro nas redes sociais pode ter relação com uma espécie de “tocar reunir” da parcela fanatizada que o apoiava inicialmente, na qual se detectou – não me perguntem com quais instrumentos – alguma deterioração depois de 65 dias de governo.

(…) a primeira identificação de dissidentes se deu em fevereiro, no processo de fritura pública do ex-ministro Gustavo Bebianno, demitido por Bolsonaro após ter sido chamado por ele pelo Twitter de mentiroso.


quarta-feira, 6 de março de 2019

Devaneios do ministro e demência da educação

Por Fred Melo Paiva, na revista CartaCapital:

Pense naquela sua tia que compartilha correntes no WhatsApp, envia mensagens de alerta sobre os novos tipos de golpes que bandidos estão a aplicar na praça e, abduzida por insuspeita militância, bombardeia sua caixa de entrada com abaixo-assinados em série. Imagine que essa sua tia, hoje uma aplicada combatente da mamadeira de piroca, decidiu enveredar-se na trilha do comentário político ao inaugurar um canal no YouTube, onde é possível acompanhar seu pensamento vivo. Vociferante e furibunda com os inimigos, amável com os amigos, foi catapultada ao sucesso como “influenciadora digital” da nova direita, espécie de Alexandre Frota dispensada do filme pornô, embora suas vergonhas estejam à vista do internauta que se animar a assisti-las. 

Sanders e Ocasio-Cortez: socialistas dos EUA?

Por Mehdi Hasan, no site The Intercept-Brasil:

Você sabe o que realmente me irrita na cobertura da mídia sobre a política americana e, principalmente, sobre o Partido Democrata?

Busque no Google as palavras “moderado” ou “centrista” e um pequeno grupo de nomes aparecerá instantaneamente: Michael Bloomberg, Amy Klobuchar, Joe Biden e, sim, Howard Schultz.

Bloomberg é considerado um “líder do pensamento centrista” (Vanity Fair). Klobuchar é a “pragmatista direta” (Time). Biden é o “o mais puro centrista” (CNN) e o “último grito de alegria para democratas moderados” (New York magazine). Schultz é talentoso com entrevistas de alto escalãopara assentar o seu tom de “centrista independente” aos eleitores.

Lula e a tragédia dos Lula da Silva

Por Cynara Menezes, no blog Socialista Morena:

Imagine seu pai. Ele inventa se tornar sindicalista e presidente de sua entidade de classe. Ele inventa ser político. Ele inventa ser presidente do Brasil. Ele se torna o presidente mais popular da história. Ele é preso injustamente. Independentemente de como você aja ou faça, sua vida é um contínuo turbilhão, trazido por seu pai, seu querido pai. E tudo que ele fez de “errado” foi querer o melhor para o povo mais sofrido do país…

Governo Bolsonaro é uma pornochanchada

Por Miguel do Rosário, no blog Cafezinho:

No boletim Focus divulgado hoje, a estimativa do mercado para o PIB de 2019 caiu para 2,3%. Economistas experientes, contudo, sabem que esses números são otimistas demais, e que se crescermos um pouco mais de 1% já será muito.

A OCDE reduziu sua estimativa de crescimento do PIB brasileiro este ano para 1,9%.

O tal mercado, entidade que significa, em verdade, a opinião de meia dúzia de operadores da bolsa e diretores de banco, tornou-se, no Brasil, mais um centro de difusão de irracionalidade.

Crianças e os banqueiros: em nome de Arthur

Por Tarso Genro, no site Sul-21:

Alguns nazistas até hoje negam os fornos de Auschwitz. Os experimentos “científicos” com seres humanos como cobaias e a criminalização e extinção em massa de toda uma comunidade cultural e étnica é suprimida da sua memória: negam a “solução” final e alegam que apenas combatiam em defesa da Alemanha, contra os banqueiros judeus, contra a “decadência europeia”, pelo fim da humilhação alemã ao fim da 1a. Guerra mundial. A negação do mundo real faz parte, tanto da construção do “mito” político moderno, como da sua negação quando a História volta o seu curso de civilidade mínima.

Um capitalismo de vigilância

Por Shoshana Zuboff, no jornal Le Monde Diplomatique-Brasil:

Aquele dia de julho de 2016 foi particularmente difícil para David. Ele passara longas horas ouvindo testemunhas de litígios relacionados a seguros em um tribunal empoeirado de Nova Jersey, onde, na véspera, uma queda de energia havia danificado o sistema de ar-condicionado. Finalmente em casa, imergiu no ar fresco como quem mergulha no mar. Pela primeira vez no dia, respirou fundo, pegou uma bebida e subiu para tomar um longo banho. A campainha tocou no exato momento em que a água começou a correr sobre seus músculos doloridos. Interrompendo o banho, vestiu uma camiseta e uma bermuda e desceu as escadas correndo. Ao abrir a porta, viu-se diante de dois adolescentes sacudindo seus aparelhos de celular bem na sua cara.

O 'excrementíssimo' presidente Bolsonaro

Por Ivana Bentes, no sie Mídia Ninja:

E Bolsonaro, o “excrementíssimo” presidente da República, deu um tiro no pé: o presidente do Brasil responde as provocações dos blocos de carnaval de rua, que em todo Brasil viralizaram o “Ei Bolsonaro vai TNC” e outros impropérios, tentando desqualificar a maior e mais amada festa de rua popular brasileira com uma imagem garimpada nas redes para “horrorizar” o cidadão de bem! Como se o carnaval de rua fosse um vídeo pornográfico da deep web! Proibido para a família brasileira!

Bolsonaro tenta desmoralizar o carnaval

Da Rede Brasil Atual:

Jair Bolsonaro (PSL) foi o presidente da República mais lembrado da história em um carnaval com apenas dois meses de mandato. Mas a forma como os foliões o homenagearam nos blocos de rua deixou o chefe do Executivo sem rumo. Xingamentos, vaias e fantasias de laranjas em blocos de rua por todo o país, latas e pedras atiradas contra seu boneco em Olinda (PE), redes sociais tomadas por postagens ironizando e esculachando os dois primeiros meses de sua gestão, entre outras manifestações, deram o tom dos quatro dias da maior festa popular do Brasil. Irritado, Bolsonaro postou um vídeo obsceno de dois homens em um bloco de rua em São Paulo, dizendo que a cena seria comum em "blocos de rua no carnaval brasileiro".

Por esquerdas plurais e democráticas

Por Flavio Aguiar, no site Carta Maior:

A primeira condição para ser de esquerda hoje é parar de falar “na esquerda” e passar a falar “nas esquerdas”. É preciso acabar com o que chamo de “síndrome do banco da frente”, descrita mais ou menos assim: na nossa Kombi (sou do tempo das heróicas Kombis) é de esquerda quem senta comigo no banco da frente; dali pra trás e pra fora é tudo traidor do proletariado e da revolução que está nos esperando já no primeiro cruzamento. O diabo deste tipo de pensamento, que vigorou e ainda vigora por áreas do sentimento de ser “vanguarda”, é que não há cruzamento: esta estrada não tem fim.